terça-feira, 23 de outubro de 2012

Como se escreve essa palavrinha? É isenção ou i$enção?

por JJcomunic
Há poucos dias, a revista New Yorker declarou voto aberto a Barack Obama. Em editorial, “The choice” (“A escolha”), a publicação afirmou que o candidato democrata é a melhor opção para o país. Para a revista, Obama governa baseado na "justiça social, tolerância e igualdade". Valores que justificam a declaração de apoio. No caso, a revista faz um acordo honesto não com o candidato mas com seus leitores.
Taí um bom exemplo para a mídia brasileira. Assim como a liberdade de expressão é um conceito democrático, uma conquista social, a propalada "isenção" é figurinha que não existe. Só um sujeito que vive congelado em Saturno, imerso em gás paralisante, pode imaginar que o noticiário está imune às posições ideológicas ou financeiras dos grupos que controlam a mídia. No Brasil, apenas o Estadão e a Carta Capital  costumam definir em editoriais suas posições eleitorais. A maioria dos veículos prefere demonstrar a "isenção" impossível, em tese. Na prática, como peças de lego, as notícias são montadas, destacadas e omitidas ao sabor das opções políticas do veículo. Entre disfarçar e assumir, a primeira opção é apenas a mensagem mas a segunda seria bem mais honesta. Por que essa prática - a declaração pública de apoio eleitoral - não pega no Brasil?  Um hipótese: como não são poucos os veículos que têm interesse econômicos nas relações com o caixa público seja federal, estadual ou municipal geridos por governos de oposição ou situação, a impressão que fica é a de que simular ao máximo a "isenção" é conveniente, se não para a expressão livre e democrátrica, mas para os negócios, junto a governos. Se, em momento político, o veículo é contrário ao governo federal, por exemplo, portas sempre ficam ficam abertas em estados ou municípios governados pela oposição. Dá-se um jeito, tanto que há veículos "críticos" ao governo federal que mantém bons e pragmáticos negócios em ações com ministérios. Grande parte da mídia nacional ou regional tem um pé nesse cofre "suprapartidário", são parcerias com instituições ou empresas oficiais, que vão da promoção de eventos culturais ou empresariais a convênios, contratos para fornecimento de livros e material escolar, projetos educacionais em conjunto com ministérios, estatais ou secretarias, grandes campanhas etc etc. Claro, essa relação é histórica, não é novidade. Na época da ditadura, a correria das gráficas pertencentes a grandes veículos para imprimir, por exemplo, material do Mobral, era épica. Mais recentemente, quando a declaração de imposto de renda era feita majoritariamente por escrito, havia empresário da mídia que corria mais do que Usain Bolt para pegar uma parte do contrato milionário para imprimir milhões de formulários. Dizem que na véspera da distribuição dessas megaverbas, os hoteis de Brasilia recebiam tanta gente do ramo que mais pareciam sediar um congresso de comunicação. Mas essa é outra história. Ou seria a mesma?   

Um comentário:

debarros disse...

C'TOUT LA MÊME CHOSE. MEU CARO JJ.COMUNIC. DESDE IMEMORIAIS GOVERNOS QUE A EMPRESA PRIVADA E OUTROS "ESPÉCIMENS" VIVEM E SOBREVIVEM ÀS CUSTAS DO GOVERNO DO MOMENTO. É O JOGO JOGADO E OS PARTIDOS QUANDO GOVERNO ENTRAM E PASSAM A GOSTAR DESSE JOGO. É BOM PARA A SAÚDE E MUITO MAIS PARA OS SEUS BOLSOS. VOCÊ VIU OU SABE DE ALGUM POLÍTICO SAIR POBRE DO GOVERNO?