por JJcomunic
Por volta dos anos 1970 ou 1980, alguém se posta no meio da Redação da Manchete, e o exemplo vale para todos os veículos da época, e passa a pronunciar frases ou expressões ininteligíveis como:
"Chegou o email?"
"Viu o site oficial do Roberto Carlos?"
"Já posso bai xar os arquivos?"
"Alguém tem o celular do Delfim Netto?"
"Já foi no Google?"
"Manda o link para a homepage do Banco Central"
"A internet caiu?"
"Pelé ficou de mandar fotos digitais em alta resolução?"
"A perna da miss tem celulite, avisa que vai precisar de um photoshop"
"Salvou o texto?"
"Copia e cola"
A autor de tais frases, além de incompreendido, correria o sério risco de ser olhado com desconfiança.
Agora, imagine outra cena. Virado o século, já nos anos 2000, um jornalista igualmente incauto passa a pronunciar nas atuais Redações de jornais e revistas frases incompeensíveis para as novas gerações:
"O texto terá quantas laudas?"
"Preciso de papel carbono para fazer cinco cópias do texto"
"Já mandaram ampliar as fotos?"
"Alguém tem o número do bip do assessor da Petrobras?"
"Pede ao Departamento de Pesquisa para mandar a pasta do Kennedy"
"Cadê a mesa de luz?"
O autor de tais indagações também não seria considerado uma pessoa normal. Muito justamente, seria visto pelas novas gerações como alguém que passou os últimos quinze ou vinte anos em uma daquelas cápsulas de congelamento.
Em tempo:
Lauda: papel próprio para receber os textos datilografados. Geralmente tinham cabeçalho, tal qual um formulário, onde se escrevia o título da matéria, nome do autor. Havia também espaço para anotações do diagramador.
Cópias: às vezes eram necessárias cinco cópias de cada texto.
Bip: na ausência de celulares, plantonistas e repórteres usavam o Bip, um receptor de sinais que indicava ao portador que devia ligar com urgência para um determinado telefone.
Pesquisa: na falta do Google, jornais e revistas mantinham um sistema de clipping de reportagens e notícias gerais.
(Do livro Aconteceu na Manchete - as histórias que ninguém contou - Desiderata)
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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3 comentários:
Sem falar que qualquer acontecimento jornalístico registrado fotograficamente, as redações só teriam em suas mãos as fotos respectivas 24 horas depois ou mais dependendo da região em que ocorreu o fato. Na Europa, de um modo geral, no dia seguinte as fotos chegariam nas redações.
Hoje, com as máquinas digitais e a Internet, alguns minutos depois as fotos chegariam nas redações.
Ai, ai... vontade de chorar...
Ai, ai... vontade de chorar...
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