quarta-feira, 21 de abril de 2021
Na capa da New Yorker, reconstruir...
Ligue o rádio...
por Ed Sá
Em 1971, há 50 anos, Roberto Carlos (que festeja os 80) emplacava Detalhes, Debaixo dos caracóis dos seus cabelos e Amada amante. Mas o que mais tocava nas rádios naquele ano? Lembra? Algumas dicas da Rádio Panis:
Ê Baiana, Clara Nunes; Maggie May, Rod Stewart; Never Can Say Goodbye, Jackson 5; You've got a Friend, James Taylor; My Sweet Lord. George Harrison; Me & Bobby McGee, Janis Joplin; Não Quero Dinheiro, Tim Maia; Lonely Days, Bee Gees; Mother, John Lennon/Plasctic Ono Band; Desacato, Antonio Carlos e Jocafi; Fire And Rain, James Taylor; Construção, Chico Buarque; Brown sugar, Rolling Stones.
OUÇA JAMES TAYLOR AQUI
OUÇA GEORGE HARRISON AQUI
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OUÇA JANIS JOPLIN AQUI
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Superliga Europeia: cartel norte-americano tentou implodir futebol europeu. Torcida reagiu e o ataque foi neutralizado. Mas a cavalaria ianque vai voltar a atacar
Do Twitter |
Um cartel formado por empresários norte-americanos aliciou dirigentes de clubes e tentou sequestrar o futebol europeu. O grupo anunciou a criação de uma Superliga fora dos calendários da UEFA e FIFA e seduziu cartolas com a promessa de milhões de euros a mais de faturamento do que, por exemplo, na Champions. Alguns clubes recusaram a proposta, mas 12 dos principais times toparam participar da liga pirata: Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham.
As torcidas, principalmente a dos times ingleses, reagiram com manifestações nas ruas e protestos nas redes sociais. O clamor foi tamanho que a Superliga ruiu. Impressionados com a forte rejeição ao projeto oito times desistiram da empreitada. Até essa manhã sobraram apenas Barcelona, Real Madrid, Juventus e Milan.
Havia muito de estranho na tal Superliga. Como anomalia no lado esportivo, os doze "fundadores" teriam vagas cativas, ou seja, mesmo que perdessem todos os jogos não seriam desclassificados para o torneio do ano seguinte. Outros participantes seriam "convidados" para completar o grupo de 20 clubes, sendo que esses estariam sujeitos à desclassificação. Assim, a Superliga seria uma espécie de "camarote vip" do futebol europeu.
Nitidamente, é uma jogada financeira. Não por acaso, um dos animadores da pirataria é ex-diretor do Morgan, um dos bancos envolvidos e fraudes e manobras ilícitas na venda de créditos hipotecários durante a crise de 2008, que foi condenado em vários países. Pois a grana que foi o fator que deslumbrou cartolas europeus vinha do Morgan.
A Superliga desmoronou mas os aliciadores já avisaram que voltarão a atacar.
O episódio deixa duas lições em uma elogiável constatação. Primeiro, o chamado "mercado" formado por especuladores quer abocanhar o futebol mesmo que implodam regras; segundo, para eles o esporte não interessa, mas o lucro que pode auferir dele, tanto que o regulamento despreza parâmetros esportivos, como classificação decidida em campo; terceiro, não por acaso, coube aos torcedores do país que criou o futebol e o transformou em paixão mundial defendê-lo do ataque do cartel norte-americano.
30 anos depois: o filme "Instinto Selvagem" volta em versão restaurada com direito a extras e cruzada de pernas em 4K
por Ed Sá
No verão de 1991, o diretor Paul Verhoeven. filmava em São Francisco um dos grandes blockbusters dos anos 1990. O filme chegou aos cinemas no ano seguinte com Sharon Stone, aos 32 anos, capaz de acordar o monge mais devoto e a noviça menos rebelde. No auge da beleza e sensualidade, a atriz, no papel da escritora Catherine Tramell, uma verdadeira arma de destruição em massa do tédio mais agudo.
Basic Instinct (Instinto Selvagem, no Brasil) tem ainda no elenco Michael Douglas, George Dzundza, Jeanne Tripplehorn, entre outros. Douglas podia opinar sobre a escolha da atriz que viveria Tramell. Na lista de estrelas que o ator não aprovou ou que recusaram o papel constava metade de Hollywood. Kim Basinger, Julia Roberts, Greta Scacchi, Meg Ryan, Michelle Pfeiffer, Kathleen Turner, Ellen Barkin, Mariel Hemingway e Demi Moore foram cogitadas. Um agente ofereceu Sharons Stone. Douglas entendeu que ela era pouco conhecida, Determinada - como contou em entrevista - Sharon Stone escolheu um vestido justo, decotado, um figurino que imaginou ser próprio de Catherine Tramell, e foi conversar com Verhoeven. Saiu da entrevista com o papel.
Trinta anos depois, a tecnologia a devolve aos cinemas e plataformas de streaming. Sem data para chegar ao Brasil, Instinto Selvagem será relançado na França, Alemanha e Austrália em junho e julho em resolução 4K. Como os negativos sumiram, segundo a gerente do projeto Sophie Boyer, o filme foi recuperado graças ao fortuito achado de uma cópia da cópia em rolos esquecidos de internegativos em 35mm. Mas não se preocupe: a famosa cruzada de pernas de Sharon Stone vem aí mais nítida do que nunca.
A restauração foi supervisionada por Paul Verhoeven, com direito a bônus. No pacote, cenas não aproveitadas na época, em parte por causa da censura, e um documentário sobre os bastidores da produção e entrevistas recente do elenco e equipe técnica.
terça-feira, 20 de abril de 2021
PANIS EXCLUSIVO A FOTO DO FATO: Palmípede foge do mentecapto
BRASÍLIA, despacho do setorista Sarmento • As emas do Palácio do Planalto já tiveram melhores senhorios. Elas reclamam de serem perseguidas pelo atual mandatário, que as alinha entre os integrantes da mídia inimiga. Em 23 de julho de 2020, uma destas inocentes aves foi perseguida pelo Presidente, que tentava convencê-la a todo custo das virtudes da cloroquina. Agora, com a abertura da CPI da Covid, o animal pretende arrolar ao processo o flagrante do fotógrafo Adriano Machado, da agência Reuters. Segundo seus advogados, o preito do palmípede está amparado pelo recente gesto de cientistas e pesquisadores, incluindo três ganhadores do prêmio Nobel, que se uniram por meio de uma carta para defender o exercício da ciência no Brasil e criticar a atuação do governo durante a pandemia.
É preciso levar a sério o bicho. Como consignou Jackson do Pandeiro em O canto da ema:
A ema gemeu
No tronco do juremá […]
[…] Você bem sabe
Que a ema quando canta
Vem trazendo no seu canto
Um bucado de azar […]
Ouçam o forró arretado do velho Jackson
https://www.youtube.com/watch?v=MlXPAWo9Sb0
PS – O jornalista francês Pierre Accoce abalou o mundo em 1976 com a publicação (em colaboração com Pierre Rentchnick) do livro Ces Malades Qui Nous Gouvernent/Estes doentes que nos governam (ou seria “Estes dementes que nos desgovernam”?). Accoce preparava uma edição atualizada do livro, mas morreu no ano passado. Em agosto. De desgosto.
A Ciência encurrala Bolsonaro (mensagem para a CPI do Genocídio)
A notícia Nagle da Leda Fake: jornalista divulga "denúncia" mentirosa de "plano" de Lula e do STF para matar Bolsonaro
Leda Nagle não pode negar que provou o "sucesso" na internet. Ontem, ela estourou na web com uma mentira galopante. Foi a líder em citações negativas. Acima alguns poucos exemplos entre milhares. A jornalista bolsonarista, com ar solene e dramático, anunciou que a PF havia descoberto um plano arquitetado por Lula para matar o Bozoroca.
segunda-feira, 19 de abril de 2021
domingo, 18 de abril de 2021
Caso Henry: o Pequeno Polegar
Reprodução |
O chamado caso Henry está documentado em fotos, mensagens e vídeos.
Talvez uma dos mais comoventes entre as peças reunidas pela polícia seja um pequeno filme de celular, feito pela babá, que mostra o menino caminhando no corredor do apartamento. O vídeo foi enviado para a mãe da pequena vítima e o objetivo era atestar que ele sofrera violência por parte do padrasto. Henry mancava, impressiona ver a fragilidade da criança.
Presos, os suspeitos - o casal Jairo de Souza Santos Júnior, vulgo Dr. Jairinho, e Monique Medeiros da Costa e Silva, a mãe de Henry - posaram para a foto oficial de acusados. Nos Estados Unidos, esse tipo de pose para os arquivos policiais chama-se mugshot. Aqui, é "boneco". A mídia divulgou as fotos de Jairo e Monique diante do tradicional painel métrico. A imagem revela um dado curioso. O vereador mede 1,90 e mãe de Henry 1,80. Segundo testemunhas, Henry era vítima constante de violências. Vivia assustado. Imagina-se o grau de intimidação que sofria. O menino tinha 1,15 de altura e pesava 25 kg.
Entende-se porque ele enviou tantos e repetidamente ignorados os pedidos de socorro.
Seu pesadelo era a "terra dos gigantes".
Quem não leu Charles Perrault e seu Le Petit Poucet? No conto, um menino chamado Pequeno Polegar luta para sobreviver a ogros terríveis.
A diferença é que Perrault deu ao seu conto o final feliz que Henry não teve.
Fotomemória da redação - Félix, o papel do goleiro do Fluminense
por Guina Araújo Ramos (do blog Bonecos da História)
Continuando a modesta série de jogadores que fotografei durante treinos de time de futebol – que não são muitos, não me preocupei em guardar este tipo de material, que o grau de informalidade era muito grande, sem uniformes oficiais etc –, trago um registro feito no estádio do Fluminense, no bairro das Laranjeiras.
Trata-se do goleiro Félix, apelidado de Papel (pela magreza), campeão mundial em 1970. Só que, à época, não mais atuando como goleiro profissional, mas na função de treinador de goleiros do Fluminense.
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Félix no Fluminense - Rio, 1979. Foto Guina Araújo Ramos |
Após longa carreira na Portuguesa de Desportos, Félix foi contratado em 1968 pelo Fluminense, e daí convocado para a seleção que disputou (e ganhou) a Copa do Mundo de 1970. Apesar de muita vezes criticado, Félix viveu, no correr da década, a melhor fase da sua carreira, como participante da “Máquina Tricolor” que ganhou cinco campeonatos cariocas e o brasileiro de 1970.
Voltando para São Paulo, Félix continuou próximo ao futebol, dirigindo alguns times e coordenando escolinhas. Faleceu em agosto de 2012, em São Paulo.
A matéria é do meu tempo de colaborador eventual da Manchete Esportiva (que fotografar esporte não era o meu forte...), acredito que de 1979, só não tenho como pesquisar.
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Félix no treino, Rio,. 1979. Foto de Guina Araújo Ramos |
Certamente era daquelas matérias que fazem um balanço da situação do jogador, agora uma pessoa “normal”. Mostrava que Félix se mantinha no futebol, agora deslocado para a função de treinar outros goleiros. Embora seja uma atividade que tinha tudo a ver com a sua experiência, não creio que a cumprisse com tanto prazer assim, e creio que é o que as fotos parecem demonstrar.
Importante mesmo é relembrar o goleiro Félix, grande profissional que, acima de tudo, e com fundamental atuação, fez parte da equipe mais admirada do futebol brasileiro, o do tricampeonato, na Copa de 1970, no México.
Deste grande feito fui mero telespectador... Passo então a bola ao coleguinha José Esmeraldo Gonçalves, que resumiu muito bem a trajetória de Félix em texto no “Blog que virou Manchete”, ilustrado pela “Edição Histórica da Manchete - Copa 70 - A Glória do Tri”, com fotos de Jáder Neves e Orlando Abrunhosa, e texto de Ney Bianchi.
Visite o blog Bonecos da História, clique AQUI
Na capa da Time:
Na quarta-feira, 21 e quinta, 22, líderes mundiais se reunirão virtualmente para discutir o futuro do planeta. É a Cúpula do Clima. O Brasil vai participar. Espera-se mais um vexame. O governo Bolsonaro levará para a conferência sua política ambiental declaradamente ditadas por madeireiros, garimpeiros, latifúndios, pecuaristas e ocupantes ilegais de terras públicas e reservas. E, como último fato, o afastamento do delegado da PF que emitiu notícia-crime conta o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
A Time levanta um debate mundial, que vai além do desvario brasileiro. Os governos estão longe de cumprir as metas de controle das emissões de carbono e do aquecimento global. A revista defende que a pandemia deve ter como consequência mudanças de paradigmas rumo a um mundo menos hostil à natureza e mais amigável com a única "casa" que a humanidade possui: o planeta.
sábado, 17 de abril de 2021
sexta-feira, 16 de abril de 2021
Quando as linhas do tempo se cruzam • Por Roberto Muggiati
World Press Photo 2021 - Deu Brasil na cabeça - O país das tragédias inspira os fotojornalistas vencedores
Um voluntário procura focos sob uma ponte. Foto de Lalo de Almeida/Folha de São Paulo/ Panos Pictures |
A dramática luta contra o fogo. Foto de Lalo de Almeida/Folha de São Paulo/Panos Pictures |
O fotojornalista brasileiro Lalo de Almeida ganhou o primeiro lugar na categoria Série Meio Ambiente do World Press Photo 2021. Ele fotografou para a Folha de São Paulo e Panos Pictures a devastação no Pantanal. Queimadas fora de controle, o clima de impunidade estimulado pela política antiambientalista do governo Jair Bolsonaro e o período de estiagem local foram o combustível para a destruição. O quadro final: milhares de animas mortos, um dos mais importante biomas do planeta em cinzas e cerca de 160 mil quilômetros consumidos pelo fogo, um terço do Pantanal. A série de Lalo de Almeida denuncia mais essa tragédia brasileira. Com o mundo ainda chocado pelo desmatamento da Amazônia, o Brasil ofereceu ao planeta esse novo trauma. Segundo investigações da Polícia Federal, os incêndios foram provocados por empresários do agronegócio até agora impunes
O abraço resgatado ganhou prêmio principal do WPP 2021. Foto de Mads Niessen/Politiken |
Outra tragédia, essa global, foi o campo de inspiração para o vencedor do prêmio principal do World Press Photo 2021, o fotojornalista Mads Niessen. Mas o Brasil, mais uma vez, é protagonista. E, de novo, em uma calamidade que, pelas proporções dramáticas que alcançou aqui, tem as digitais criminosas de Jair Bolsonaro. Niessen fotografou a cena comovente para o jornal Politiken. Na imagem, Rosa Lunardi, 85 anos, é abraçada pela enfermeiro Adriana Souza, no lar Viva Bem, em São Paulo. Empatia, solidariedade, compreensão e compaixão. Tudo aí. O abraço, o primeiro em cinco meses que a idosa recebeu, foi possível graças a cuidados especiais. Ela envolve a enfermeira que, além da máscara, veste uma proteção de plástico que casualmente ganha forma de de asas de anjo.
Ambos os fotojornalistas cumpriram a função diante dos fatos. Levá-los além da notícia, traduzir dramas em imagens e, ao mesmo tempo, lançar uma mensagem ao mundo.
O Brasil é que não se sai bem nas fotos. Assim como a destruição programada do meio ambiente, a Covid 19 é potencializada aqui pelo negacionismo do sociopata que governa o país.
NO SITE DO WORLD PRESS PHOTO, FOTOS DOD VENCEDORES EM TODAS AS CATEGORIAS AQUI
quinta-feira, 15 de abril de 2021
quarta-feira, 14 de abril de 2021
Fotografia - Como uma onda
Foto de Affonso Dalle/Divulgação |
por Niko Bolontrin
A dica é de um leitor. Veja essa foto da famosa (para os surfistas) "laje de Ipanema". É do fotógrafo especialista Affonso Dalle, capturada hoje. O surfista na "remada" é o Tiaguinho Arraes. No Instagram está postada uma sequência da série. E o site do Globo publica outras. AQUI
Já viu e ouviu a última do Lennon? Tem clipe novo na área...
por Ed Sá
Nunca antes visto. A mídia digital não fala em outra coisa hoje. Em 1969, JohnLennon e Yoko Ono ensaiam “Give Peace a Chance”, antes do lançamento oficial. O vídeo acaba de vir a público. Foi gravado pelo cinegrafista Nic Knowland e pelo técnico de som Mike Lax e mostra Lennon e Ono executando uma versão demo improvisada da música em seu quarto no Sheraton Oceanus Hotel nas Bahamas. O vídeo é a primeira gravação até agora conhecida da melodia de "Give Peace a Chance". É também uma bed in do casal no sofá. Eles estavam nas Bahamas por causa da condenação de Lennon em um processo por porte de cannabis nos EUA. É simplesmente a primeira apresentação da icônica canção. São quase três minutos de imagens, som e irreverências. Tem uns toques caseiros, Lennon improvisa. Yoko ri. Estavam casados apenas há dois meses e tudo isso aconteceu depois do famoso bed in do Hilton em Amsterdam. A gravação oficial de "Give Peace a Chance" aconteceu em Montreal, depois desse ensaio informal das Bahamas. Recém-descoberto, a demo foi restaurada em 5K
Em 2018, um engenheiro de som encontrou em uma caixa com rótulo errado outra gravação inédita da mesma música, mas apenas áudio.
Essa versão "tosca" e histórica revelada agora, supervisionada por Yoko Ono, faz parte da comemoração dos 50 anos do álbum John Lennon/Plastic Ono Band (1970) que será lançado no dia 23 de abril.
VEJA O VÍDEO INÉDITO DE "GIVE PEACE A CHANCE" AQUI