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quarta-feira, 21 de abril de 2021

Superliga Europeia: cartel norte-americano tentou implodir futebol europeu. Torcida reagiu e o ataque foi neutralizado. Mas a cavalaria ianque vai voltar a atacar

Do Twitter
por Niko Bolontrin

Um cartel formado por empresários norte-americanos aliciou dirigentes de clubes e tentou sequestrar o futebol europeu. O grupo anunciou a criação de uma Superliga fora dos calendários da UEFA e FIFA e seduziu cartolas com a promessa de milhões de euros a mais de faturamento do que, por exemplo, na Champions. Alguns clubes recusaram a proposta, mas 12 dos principais times toparam participar da liga pirata: Milan, Arsenal, Atlético de Madrid, Chelsea, Barcelona, Inter Milão, Juventus, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Real Madrid e Tottenham. 

As torcidas, principalmente a dos times ingleses, reagiram com manifestações nas ruas e protestos nas redes sociais. O clamor foi tamanho que a Superliga ruiu. Impressionados com a forte rejeição ao projeto oito times desistiram da empreitada. Até essa manhã sobraram apenas Barcelona, Real Madrid, Juventus e Milan. 

Havia muito de estranho na tal Superliga. Como anomalia no lado esportivo, os doze "fundadores" teriam vagas cativas, ou seja, mesmo que perdessem todos os jogos não seriam desclassificados para o torneio do ano seguinte. Outros participantes seriam "convidados" para completar o grupo de 20 clubes, sendo que esses estariam sujeitos à desclassificação. Assim, a Superliga seria uma espécie de "camarote vip" do futebol europeu. 

Nitidamente, é uma jogada financeira. Não por acaso, um dos animadores da pirataria é ex-diretor do Morgan, um dos bancos envolvidos e fraudes e manobras ilícitas na venda de créditos hipotecários durante a crise  de 2008, que foi condenado em vários países. Pois a grana que foi o fator que deslumbrou  cartolas europeus vinha do Morgan. 

A Superliga desmoronou mas os aliciadores já avisaram que voltarão a atacar. 

O episódio deixa duas lições em uma elogiável constatação. Primeiro, o chamado "mercado" formado por especuladores quer abocanhar o futebol mesmo que implodam regras; segundo, para eles o esporte não interessa, mas o lucro que pode auferir dele, tanto que o regulamento despreza parâmetros esportivos, como classificação decidida em campo; terceiro, não por acaso, coube aos torcedores do país que criou o futebol e o transformou em paixão mundial defendê-lo do ataque do cartel norte-americano.