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sexta-feira, 16 de abril de 2021

Quando as linhas do tempo se cruzam • Por Roberto Muggiati

No sábado 16 de dezembro de 1989, o torcedor vascaíno Luis Inácio ‘Lula’ da Silva vibrava com a conquista do bicampeonato brasileiro num gol de cabeça de Sorato em pleno Morumbi. No dia seguinte, Lula era derrotado no pleito presidencial por Collor de Mello, sua candidatura fatalmente minada pela revelação do caso da filha ilegítima Lurian e pela fake news de que o PT havia orquestrado o sequestro do empresário Abílio Diniz, libertado pontualmente às 17 horas, depois do encerramento da votação.
O tempo passou, Collor deu no que deu, Lula chegou lá em 2002, tinha tudo para elevar o Brasil ao almejado estado de justiça social, mas se cercou das piores companhias – companheiros nada camaradas – que levaram por água abaixo seu idílico projeto político.
Hoje, mais de 30 anos depois do gol de Sorato, o cruzmaltino Lula, por uma goleada de 8 a 3 no STF (gols contra de Nunes, não confundir com o “Artilheiro-das-decisões”; de Marco Aurélio Mello, já-vai-tarde; e do Presidente Fux), se viu isento das condenações da Lava Jato e reconquistou seus direitos eleitorais. À noite, numa atuação impecável no Maracanã, um Vasco desacreditado deu um baile (3X1) num Flamengo que pensa ter o rei na barriga. O terceiro gol do Vasco foi de Morato com a comemoração a la Edmundo, dois dias depois o ídolo vascaíno, pelo apertado placar de 6X5 viu o STF votar a prescrição de suas penas por crimes de trânsito na Lago em 1995. (Ainda sobre a derrota do Flamengo, o grande castigado foi o são-paulino Rogério Ceni, que escapou de tomar aquele gol do Sorato porque só seria contratado como quarto goleiro do São Paulo no ano seguinte, 1990, aos dezessete anos.) 
Enquanto isso, acuado pela CPI da Covid e por mais de 100 pedidos de impeachment protocolados na Câmara, nosso mandatário supremo, proclama: “Só Deus me tira da cadeira presidencial!” Será que desta vez o Santo Pai vai conseguir segurar a barra do Messias?

terça-feira, 29 de março de 2011

Rogério Ceni: bola na rede e um nome na história

por Eli Halfoun
Os 100 gols que colocaram o goleiro Rogério Ceni, do São Paulo, na história do futebol servem também para mudar o conceito que se tinha (ainda tem) da posição sempre reservada para o ruim de bola: nas peladas de rua ou em terrenos baldios quem vai (ia?) para o gol é o pior do time. Não será mais: Rogério Ceni mudou esse conceito. Agora o goleiro precisa ser craque – e não só na sua posição. Nos campinhos de futebol a meninada disputa a posição de goleiro como antes só se disputava a de atacante, aquele que sempre aparece mais porque mesmo sendo perna de pau faz aquilo que é a essência do futebol: o gol. Rogério Ceni está mostrando que goleiro não só evita gols como também pode fazê-los. É muito mais pela valorização da posição de goleiro do que pelo número gols convertidos que Rogério Ceni entra para a história do futebol. Agora pereba não precisa mais ir para o gol: o máximo que ainda consegue é ser gandula. (Eli Halfoun)