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sábado, 21 de agosto de 2021

Pandemia, aqui me tens de regresso... • Por Roberto Muggiati

 

“Quero beber, cantar asneiras” – quem melhor antecipou o espírito da pandemia foi Manuel Bandeira. Guimarães Rosa, talvez só um pouquinho: “Viver é muito perigoso”. Sério demais pro meu gosto. 

A pandemia fez do comum dos mortais aquilo que nem milhares de páginas de Sartre e Heidegger conseguiram. Viver o hoje. Abraçar o caos. Ela o obrigou a adotar o bordão de Chiquita-bacana-lá-da-Martinica, que, existencialista com toda a razão, “só faz o que manda o seu coração”.

Há quem não goste, há quem impaciente. Pô, quando é que vai acabar esse desgracido baile de máscaras? 

O “novo normal” já passou sem sequer chegar. Ficamos pro que der e vier, sem eira nem beira, seguindo nosso caminho aos trancos e barrancos. Antenados no alerta dos baianos: “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.

O ansiado fim da pandemia colocou a vida no palco do Teatro do Absurdo: somos todos vagabundos anônimos à beira da estrada esperando um Godot que nunca vai chegar. 

Da minha parte, não tenho queixas. Desde que a Manchete faliu há vinte e um anos eu já vivia confinado, antes disso até merecera do Alberto o apelido de Eremita. Continuei escrevendo matérias sobre deus-e-todo-o-mundo (já leram A influência cultural do chapéu coco?), traduzindo livros (entre os últimos as "bacantes" Patricia Highsmith e Amy Winehouse. Apesar da Covid-19, não renunciei minha à saidinha diária. Escrevi até um “haicai safado”:

Pandemia?

Mamma Mia!

saio todo dia...

Além dos haicais, continuei cultivando outro dos meus cacoetes, rabiscar caras & bocas em discos de isopor de minipizzas. 

À guisa de despedida, com um viés levemente narcísico (sim, venho me reconciliando também com a canastrice dos clichês), ofereço a tapa minha carantonha oitentona, ostentando com orgulho os rascunhos de autorretrato que chamo de meus emuggis...


sexta-feira, 16 de abril de 2021

World Press Photo 2021 - Deu Brasil na cabeça - O país das tragédias inspira os fotojornalistas vencedores

Com imagens do incêndio no Pantanal, como essa de um macaco calcinado, o brasileiro Lalo  de Almeida foi um dos vencedores do World Press Photo 2021. Ele cobriu a tragédia para a Folha de São Paulo/Panos Pictures. 


Um voluntário procura focos sob uma ponte. Foto de Lalo de Almeida/Folha de São Paulo/
Panos Pictures


A dramática luta contra o fogo. Foto de Lalo de Almeida/Folha de São Paulo/Panos Pictures


por José Esmeraldo Gonçalves

O fotojornalista brasileiro Lalo de Almeida ganhou o primeiro lugar na categoria Série Meio Ambiente do World Press Photo 2021. Ele fotografou para a Folha de São Paulo e Panos Pictures a devastação no Pantanal. Queimadas fora de controle, o clima de impunidade estimulado pela política antiambientalista do governo Jair Bolsonaro e o período de estiagem local foram o combustível para a destruição. O quadro final: milhares de animas mortos, um dos mais importante biomas do planeta em cinzas e cerca de 160 mil quilômetros consumidos pelo fogo, um terço do Pantanal. A série de Lalo de Almeida denuncia mais essa tragédia brasileira. Com o mundo ainda chocado pelo desmatamento da Amazônia, o Brasil ofereceu ao planeta esse novo trauma. Segundo investigações da Polícia Federal, os incêndios foram provocados por empresários do agronegócio até agora impunes 


O abraço resgatado ganhou prêmio principal do WPP 2021. Foto de Mads Niessen/Politiken

Outra tragédia, essa global, foi o campo de inspiração para o vencedor do prêmio principal do World Press Photo 2021, o fotojornalista Mads Niessen. Mas o Brasil, mais uma vez, é protagonista. E, de novo, em uma calamidade que, pelas proporções dramáticas que alcançou aqui, tem as digitais  criminosas de Jair Bolsonaro. 

Niessen fotografou a cena comovente para o jornal Politiken. Na imagem, Rosa Lunardi, 85 anos, é abraçada pela enfermeiro Adriana Souza, no lar Viva Bem, em São Paulo. Empatia, solidariedade, compreensão e compaixão. Tudo aí. O abraço, o primeiro em cinco meses que a idosa recebeu, foi possível graças a cuidados especiais. Ela envolve a enfermeira que, além da máscara, veste uma proteção de plástico que casualmente ganha forma de de asas de anjo. 

Ambos os fotojornalistas cumpriram a função diante dos fatos. Levá-los além da notícia, traduzir dramas em imagens e, ao mesmo tempo, lançar uma mensagem ao mundo. 

O Brasil é que não se sai bem nas fotos. Assim como a destruição programada do meio ambiente, a Covid 19 é potencializada aqui pelo negacionismo do sociopata que governa o país. 

NO SITE DO WORLD PRESS PHOTO, FOTOS DOD VENCEDORES EM TODAS AS CATEGORIAS AQUI

domingo, 3 de janeiro de 2021

50 países já estão vacinando. E a terra de Jair do Caixão não tem sequer seringas

Folha levou quase um ano para ligar, em editorial, uma coisa à outra. Como os fatos demonstram no noticiário do jornal, a incompetência de Jair do Caixão na pandemia mata milhares de brasileiros. E é crime continuado.

segunda-feira, 16 de março de 2020

Se segura, malandro...

Reprodução 


O  Ministério da Saúde foi elogiado nos meios de comunicação, até com repetitiva ênfase e pressa, pela transparência, pela comunicação e pelos anúncios iniciais de
preparação dos serviços públicos para enfrentar a pandemia. 

Mas começa a recebe as primeiras críticas.

Especialistas agora admitem que o governo deixou exposto seu nervo neoliberal ao não tomar medidas restritivas logo no começo. Foi a a linha "o Estado não deve se meter na vida do cidadão", defendida por Demétrio Magnoli em participações na Globo News.

Assim aeroportos, portos e demais fronteiras ficaram abertos, sem vigilância, sem controle. E esse método, o da Casa da Mãe Joana, em que o Brasil é único, foi várias vezes defendido em coletivas. Ora, se até o capitão inativo diz que a epidemia é exagerada pela mídia e distribui cumprimentos em aglomeração de pessoas, porque seus auxiliares iriam na contramão do pensamento do chefe?

Só agora, governos estaduais começam a fechar escolas, proibir grandes eventos etc. Para  autoridades federais, a palavra até agora foi apenas "recomendação" e não proibição.

O Globo de hoje, no estilo ficha caindo, aponta que a evolução de casos no Brasil segue "tendência do fracasso europeu". "Só um grupo de países asiáticos conseguiu evitar o crescimento exponencial do novo coronavírus", diz o jornal. Esses países foram rigorosos ao decretar medidas restritivas, decretar, não "recomendar".

Um dos efeitos do último verbo o Rio viu ontem nas praias e botecos lotados, apesar da "recomendação" do governo do estado.