quarta-feira, 16 de dezembro de 2020
terça-feira, 15 de dezembro de 2020
Vazou telefonema de Bolsonaro para Biden
- Alô, alô, Bolsonaro espinquing, Bidê tá aí? Baiden. Desculpe, Damares tá me corrigindo aqui.
- Could you put a translator on the line... não entendi, o senhor é algum tipo de entregador? O pedido do presidente Joe Biden já chegou. O senhor é do Mc Donalds?
- Mc Donalds? Meu filho zero 3 trabalhou no Popeyes, talkey?
- Zero? Desculpe, vou desligar, estamos ocupados, senhor.
- Stop, stop. Quero dar minhas congratulations pro Dr. Baiden. Me presidente do Brazil, me brazuca amigo. Quero dar um happy birthday pra ele, happy birthday to you em nome aí do povo do Brasil
- Ah, really?, o senhor se recusou a reconhecer a vitória do presidente Joe Biden...
- No, no, mistake, mistake, foi Mouron que não me deixou ligar, aimesorry, aimesorry
- O senhor queria invadir os Estados Unidos, a CIA alertou
- No, no, outro mistake... é a mídia safada que inventa, fuck news, fuck news
- What? A CIA disse que o senhor vinha com pólvora...
- No, no, pólvora pra comemorar, comé Damares, como fala? Fireworks, fireworks!
- Motherfucker!
- O que? Sim dou lembrança pra minha mãe, obrigado!
- Sorry, Mr. Biden não pode falar agora, está entrando no túnel...
segunda-feira, 14 de dezembro de 2020
Ocupação gourmet. Torres e shopping no Ibirapuera. Área cobiçada há muito anos finalmente vai ser conquistada por empresários.
por Ed Sá
Contam os mais velhos que ao ser aterrada a praia, à altura da Glória, para a realização do Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, em 1953, surgiu a ideia de ampliar o projeto rumo ao vizinho Flamengo.
Aterros no Rio não eram novidade. Ali perto, toda a região da Avenida Beira Mar e do Aeroporto Santos Dumont eram áreas conquistadas ao Atlântico. A Beira Mar tornou-se uma avenida com prédios então luxuosos. Anos depois, quando o projeto do Aterro do Flamengo começou a tomar forma, logo um lobby de empreiteiros, com apoio de pelo menos um grupo de mídia, defendeu que parte do novo território não fosse inteiramente reservado para um parque público, mas que se permitisse a construção de prédios residenciais. O então Distrito Federal ou o novo Estado da Guanabara poderia vender terrenos e a cidade ganharia um novo bairro elegante.
Felizmente, o Rio ganhou muito mais com a resistência de quem manteve o parque, hoje um patrimônio dos cariocas.
Certas parcerias entre interesses empresariais associados a políticos costumam ser letais para a qualidade da vida urbana. Quando se discutia a transformação do Parque Lage em instituição pública, como é até hoje, um poderoso grupo manobrou para comprar o local e tentou pressionar governantes a permitirem ali a construção de um cemitério vertical. O que seria hoje um crime ambiental também não vingou, para sorte do Rio.
A ambição privada está sempre à espreita. Agora São Paulo é a vítima. E o Ibirapuera o alvo. A anunciada privatização do parque inclui concessões para potencializar o lucro dos investidores. Acredite, serão construídos no local um shopping e três torres para hotel, apart-hotel e escritórios. Tais empreendimentos vão configurar um presentão: além dos terrenos serem públicos os construtores estarão isentos do IPTU. Ou seja, a população vai perder duas vezes. Não terá acesso a uma parte do parque e a cidade perderá arrecadação de um tributo importante, o que não é pouca coisa já que a área em questão é nobre. Dizem que uma das interessadas é uma empresa chamada Time for Fun... bota divertimento nisso.
ATUALIZADO EM 15/12.
O RIO DEVE MUITO A QUEM DEFENDEU, PROJETOU E CONSTRUIU
O ATERRO DO FLAMENGO
O amigo J.A.Barros, um dos mais ativos participantes deste blog, comentou sobre o post que relata a ameaça ao Parque Ibirapuera, em São Paulo - e que também se refere ao Aterro, no Rio -, e indagou sobre o grupo de pessoas que lutou pelo mais belo parque carioca.
Este adendo faz justiça a esses verdadeiros heróis, que legaram um presente para a cidade e para as gerações que os sucederam. Um tempo em que os interesses particulares ainda eram desafiados e se construíam espaços para a população, sem distinguir ricos e pobres, e não se destruíam ou roubavam das cidades áreas públicas, transformando-as em uma espécie de clube particular.
Ao vencer as eleições para o Estado da Guanabara, em 1960, Carlos Lacerda convidou Lotta Macedo Soares para colaborar com o seu governo. Já se falava em construir pistas na área aterrada. Ela sugeriu a implantação de um grande parque. Com apoio de Lacerda, assumiu a responsabilidade e convidou o arquiteto Afonso Reidy para se integrar ao projeto, que logo enfrentou resistência. Um diretor de Urbanização da Sursan (Superintendência de Urbanismo e Saneamento do Estado da Guanabara) queria, em vez do Parque, construir no local quatro avenidas e prédios à beira-mar. A pressão foi tamanha por parte do diretor e aliados no mercado imobiliário e na mídia que Lacerda foi obrigado a demitir o sujeito e nomear Enaldo Carvo Peixoto para a Sursan. Foi formado um grupo de trabalho do qual participavam Lotta, Afonso Reidy e Lotta, Jorge Machado Moreira (projeto arquitetônico), Berta Leitchic (engenharia, Ethel Bauzer Medeiros (recreação), Carlos Werneck de Carvalho, Sérgio Bernardes e Hélio Mamede (desenvolvimento de projetos), Luiz Emygdio de Mello Filho, botânico, Hélio Modesto, que fazia importante ligação com a administração estadual. Também atuaram no grupo Maria Augusta Leão da Costa Ribeiro, Flávio de Britto Pereira, Alexandre Wollner, Cláudio Marinho de A. Cavalcanti, Maria Hanna Siedlikowski, Maria Laura Osser, Gelse Paciello da Motta, Juan Derlis Scarpellini Ortega, Júlio César Pessolani Zavala, Sérgio Rodrigues e Silva, Mário Ferreira Sophia, Fernanda Abrantes Pinheiro e Swany Rodrigues e Silva. E foram contratados Roberto Burle Marx e Arquitetos Associado, o Laboratório de Estudos Marinhos de Lisboa e o designer americano Richard Kelly.
VOCÊ PODE CONHECER MUITO MAIS DESSE CAPÍTULO QUE ORGULHA OS CARIOCAS NO SITE DO INSTITUTO LOTTA - https://institutolotta.org.br/o-parque-do-flamengo
domingo, 13 de dezembro de 2020
Sadomasô nos aeroportos
por O.V. Pochê
Se você é sadomasoquista e antigamente gastava uma grana em casas especializadas em S&M. Poupe seu dinheiro. Apenas com o que gasta em taxas de embarque você poderá ter prazer em sofrer á vontade em aeroportos. E não só os do Brasil. Dos procedimentos de segurança e de scanner corporal, passando pelos atrasos e remanejamentos de voos, conexões demoradas, filas e, agora, os protocolos da Covid-19, você poderá ser um figurante do filme "50 tons de cinza" sem sair da sala de espera.
Há situações ridículas também, algo que certamente o passageiro evitar viver em qualquer outro lugar, mas que em aeroporto se submete numa boa. O vexame se normalizou, digamos.
O site Illumeably publica uma seleção de fotos de algumas dessas situações constrangedoras pelas quais milhões de pessoas pagam cara. Para sofrer ou pagar mico.
Em tempos de Bolsonaro, o jornalismo investigativo, quem diria, sumiu ou quando aparece fica constrangido
E a Época? O repórter Guilherme Amado foi o autor do furo jornalístico da semana; a matéria sobre os relatórios da ABIN para jogar no forno de pizza a roubalheira detectada no caso das "Rachadinhas", o escândalo em banho maria que envolve a facção no poder.
Foi uma novidade na fase atual da grande mídia. As revistas de informação, Veja, Istoé, Época, há muito perderam o apetite para matérias de "denúncia". Seja porque perderam a fonte de abastecimento que brotava na Lava Jato, seja porque participaram ativamente do processo que levou Bolsonaro ao poder e, ainda agora, mantém o pé de apoio no governo através de afinidades profundas com o czar da política econômica, Paulo Guedes.
Em outros tempos, a matéria de Guilherme Amado seria capa, sem dúvida, ganharia bom espaço no Jornal Nacional, repercussão ampla na Folha, Estadão etc.
Tente imaginar a ABIN fazendo hora extra para produzir relatórios em defesa de um filho do Lula ou a filha da Dilma. Sacou o barulho de muitos megatons? Já estou até vendo os editoriais praticamente pedindo a intervenção da Quarta Frota americana, a polícia do Atlântico Sul, para "salvar a democracia brasileira". Miguel Reale se descabelava. Janaína Paschoal estaria a ponto de se enrolar na bandeira do Brasil e se imolar em praça pública. Roger correria pelado na Paulista em puro desespero. O MBL em peso ameaçaria se atirar do Edifício Itália. As senhoras de Copacabana e seus maridos de gordas aposentadorias e fraldas idem ocupariam a Av.Atlântica pedindo a ocupação militar de Brasília, de preferência bombardeando o Planalto, o Alvorada e o apê do Lula em São Bernardo.
Pois é.
Vivemos novos tempo. A grave denúncia de Guilherme Amado mereceu da Época apenas uma chamadinha de capa.
Quase constrangida.
sábado, 12 de dezembro de 2020
Irã condena jornalista à morte. Teocracias costumam fazer isso...
A Anistia Internacional denuncia a execução do jornalista opositor Ruhollah Zam. Ele foi enforcado hoje. A Suprema Corte do Irã manteve a condenação apesar dos apelos de várias organizações de direitos humanos. Zam foi condenado por, segundo o governo, liderar protesto contra os aiatolás em 2019. Chegou a se asilar na França, mas durante uma viagem ao Iraque foi capturado por militares iranianos. "O contrarrevolucionário Zam foi enforcado durante a manhã, após a confirmação de sua sentença pela Suprema Corte devido à gravidade dos crimes cometidos contra a República Islâmica", anunciou a televisão estatal". Parte da esquerda brasileira apoia a violenta teocracia iraniana, assim como paparica os religiosos fundamentalistas tupiniquins. Se quer sair do buraco junto às novas gerações, a esquerda deveria rever essas posições. No mínimo, em nome da democracia.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2020
PSG e Istambul Basaksehir fazem história ao parar o jogo em protesto contra o racismo. Desde 2014, furar a bola diante de ofensas raciais já deveria ser uma forma de luta
A efetiva reação dos jogadores ao racismo no futebol pode alertar dirigentes,. Que caiam na real e finalmente aprendam que apenas "campanhas educativas" não são suficientes para reprimir um crime.
A frase de Coltescu - "aquele negro ali" - ecoou no estádio vazio em função das restrições impostas pela pandemia. Liderados inicialmente por Demba Ba, ao qual se juntaram Neymar e Mbappé, os jogadores abandonaram o gramado. O jogo só foi concluído no dia seguinte, com a substituição do quarto árbitro.
Em 2014, Aranha foi alvo de racismo em jogo na Arena do Grêmio. O goleiro fechava o gol na vitória do Santos por 2x0 sobre o gaúchos, quando uma torcedora gremista o chamou de 'macaco". Ele tentou parar o jogo, o árbitro não o ouviu, os demais jogadores apenas mostraram solidariedade. E bola que segue. Leia, abaixo, no destaque, o nosso post publicado na época.
Já há alguns anos, este blog se manifesta favorável a uma campanha para sensibilizar os jogadores de futebol a interromper a partida sempre que vierem das arquibancadas ofensas racistas. Sentam na bola e esperam a polícia e os cartolas agirem, identificarem os racistas, botarem os canalhas pra fora e prendê-los devidamente.
Obviamente, esse tipo de campanha não vai partir de jornais, TVs e emissoras de rádio que têm interesses no futebol. O goleiro Aranha bem que tentou parar o jogo mas o juiz fingiu que não ouviu. Os colegas demonstraram solidariedade mas seguiram tocando a bola.
Um jogador sob bombardeio de ofensas e até de objetos lançados por racistas perde as condições psicológicas para continuar jogando, pode até perder a cabeça, partir para as arquibancadas e tentar resolver a questão no braço. E, se o fizer, não poderá ser criticado por isso. Retirá-lo de campo é premiar o racismo. Então, só resta uma atitude decente e segura: interromper o jogo.
A sociedade tem que se mexer. O Bom Senso Futebol Clube também. Chega de campanhas, faixas, apelos. Já se viu que nada disso tem funcionado. Ou a lei é imposta ou o Brasil, a CBF, a Fifa e as Federações estaduais, além dos dirigentes do clubes, Ministério dos Esportes, ministério da justiça, Ministério Público, seremos todos cumplicies de racismo.
Mas será longo o caminho, apesar da atitude dos jogadores do PSG e do Istanbul Basaksehir. Na última terça-feira, 8, no jogo do Palmeiras contra o Libertad, o atacante Rony se ajoelhou no gramado em apoio a Webo e à luta antirracista. A Conmebol ameaça multar o Palmeiras. Alega que o gesto de Rony fere o regulamento da Libertadores, que condena manifestações políticas, comerciais, pessoais, religiosas... Essa última categoria, contudo, não é objeto de ameaças de multa. Jogadores religiosos praticam o exibicionismo da fé, rotineiramente, em campo, sem contestação da cartolagem.
Parar o jogo até que os racistas sejam identificados e presos é uma arma poderosa. Que essa tenha sido apenas a primeira vez e que os jogadores, a partir de agora, "furem a bola" a cada ofensa racista.
Vivemos uma "ditabranda", Folha de São Paulo?
Ameaçada de morte por milícias bolsonaristas, a cientista política Ilona Szabó está morando no Canadá. Ela acaba de lançar o livro "A defesa do espaço cívico", onde aponta graves riscos à democracia desde que o sociopata chegou ao poder. No começo do ano passado, certamente por acreditar em alguma boa intenção dos novos governantes, a liberal Ilona aceitou um convite de Sergio Moro para participar do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Logo foi bombardeada pelas milícias. Bolsonaro rapidamente cancelou a nomeação. Por ter aceitado participar do governo, ela recebeu críticas à esquerda e ameaças à direita. Em entrevista ao Globo, Ilona Szabó conta que foi avisada de que estava sendo monitorada e de que poderia receber falsas acusações. Isso deve ser as "ditabranda" da qual a Folha de São Pàulo tanto fala.
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
União Europeia promulga lei que pode atingir o Brasil
Esta semana a UE assinou uma lei que á ao bloco o poder de proibir viagens e congelar bens de indivíduos, entidades e empresas envolvidas ou associadas à violação dos direitos humanos, incluindo genocídio, escravidão, prisões extrajudiciais e assassinatos, violência de gênero, tráfico de seres humanos e outros abusos. Não se trata de algo simbólico. A lei pode impedir viagens de infratores, cpngelar bens de indivíduos e impor sanções. O Brasil atual, sob a presidência do sociopata, já se encaixa em algumas dessas cláusulas.
Paolo Rossi e a saga dos "carrascos" da seleção brasileira
por Niko Bolontrin
Morreu Paolo Rossi. O "carrasco" do Brasil na Copa de 1982. O atacante que acabou com a festa de uma seleção que era favorita naquele ano.
Rossi é apenas mais um dos "carrascos" que eliminaram a seleção brasileira em Copas. A lista é longa. O uruguaio Ghiggia em 1950; o húngaro Kocsis em 1954; o português Eusébio em 1966; o holandês Cruyff em 1974; em 1978, o Brasil foi eliminado por saldo de gols; em 1986, o "carrasco" atendia pelo apelido de "fogo amigo" (o pênalti perdido por Zico contra a França); em 1990, o argentino Caniggia eliminou o Brasil; em 1998, naquela tragédia do Stade de France, a seleção cometeu tantos erros na final, com Ronaldo exposto ao ridículo, que nem precisava de "carrasco". Mesmo assim, tinha um lá: Zidane. Em 2006, a França, e novo eliminou o Brasil, dessa vez com Henri; em 2010, o holandês Sneijder tirou a seleção brasileira da Copa; em 2014, todo um time de "carrascos", a Alemanha, fez do Brasil a "vadia" do futebol; em 2018, o "carrasco" pode ter sido Lukaku. Curiosamente, ele não fez gols, mas criou jogadas e parecia assustar a defesa brasileira, abrindo espaço para De Bruyne. E Fernandinho fez um contra. A Bélgica eliminou o Brasil. Todos os citados acima tiveram a honra de despachar a seleção pentacampeão.
Em 1958, 1962,1970, 1994 e 2002, os "carrascos" estavam do nosso lado. Pelé, Garrincha, Jairzinho e Tostão, Romário e Bebeto, Ronaldo e Ronaldinho trouxeram os títulos pra casa.
E no Catar? É cedo ainda, a pandemia atrapalha a evolução de alguns. A França, o grande fantasma da seleção brasileira, deverá vir com Mbappé, mais maduro e experiente, Pogba, Greizmann; Argentina com Messi e Dybala? O inglês Harry Kane?
Ou, finalmente, Neymar?
A vida virou simulação...
por Ed Sá
O pessoal endoidou. Só o desvario explica algumas novas tendências de comportamento. Chamam de "experiência". Por exemplo: o sujeito pode viver a "experiência" de voar em avião. Pode optar por fazer todos os procedimentos de check in, despacho de bagagem etc, embarcar em jato que decola, oferece serviço de bordo e faz um voo de 10 minutos. Isso é moda em algumas capitais asiáticas.
Em Brasília, inaugura-se em breve uma variável dessa "experiência". Um velho Focker foi reformado, estacionado no pátio de um igreja evangélica e poderá receber "passageiros" para uma simulação de voo, mediante o pagamento de uma "passagem", claro. O voo oferecerá também serviço de bordo, som ambiente que imita barulho de turbinas, avisos do comandante e outras realidades virtuais. No caso, óbvio, sem decolar. O que, tratando-se do Focker, avião que era um notório "fazedor de viúvas", é bem mais seguro.
O Globo de hoje publica mais uma dessas esquisitices em voga. Se você não pode viajar porque a pandemia está braba e o dólar idem. relaxe. A matéria sugere transformar sua casa em um "hotel". Para isso, indica lojas on line que vendem roupões e pantufas, mostra como arrumar a cama com lençóis e travesseiros típicos de hotéis, caixinhas de som para reproduzir muzaks, dicas de receitas, "caixa do café da manhã" e até "cheirinhos de férias (fragrâncias como "Lobby 5 estrelas" ou "Hotel-fazenda").
A "experiência" é brega, mas aproveite. E pare de dizer que não tem para onde ir nas próximas férias.
terça-feira, 8 de dezembro de 2020
Feminismo 2020: do discurso aos tiros, facadas e tesouradas • Por Roberto Muggiati
“O problema é que eu odiava a ideia de ter de servir aos homens.”
SYLVIA PLATH
A nova palavra da moda é “misandria” (ódio ou aversão aos homens), o oposto da nossa popular – e milenar – misoginia. A misandria acaba de ser posta em circulação pelas neofeministas francesas no rastro do livro-manifesto Moi les Hommes, Je les Déteste/Eu odeio os homens, que sai no Brasil pela Record e promete ser um dos lançamentos mais polêmicos de 2021. A autora, a francesa Pauline Harmange, 25 anos, tem toda a razão do mundo para odiar os homens. Trabalhou muito tempo numa organização que cuida de vítimas de estupro e assistiu de perto à violência e à impunidade. Pauline extravasa sua raiva e sensação de impotência diante da brutalidade masculina no plano do discurso teórico, valendo-se das palavras. Eu queria lembrar aqui casos célebres de mulheres que decidiram partir para uma retaliação física contra os machões.
I Shot the Sheriff
• Uma destas mais notáveis heroínas foi Valerie Solanas, autora do SCUM Manifesto, lançado em 1968 pela Olympia Press, editora parisiense que publicava em inglês livros proibidos nos Estados Unidos, como Lolita, de Vladimir Nabokov, e Almoço Nu, de William Burroughs. SCUM era a sigla de Society for Cutting Up Men/Sociedade para Esquartejar os Homens, a palavra “scum” (escória) representava para Solanas como as mulheres eram tratadas pelos homens. Na infância sofreu na pele abusos sexuais do pai; aos onze anos, a mãe a mandou morar com o avô, um alcoólatra que a surrava constantemente e depois a botou na rua. Sua experiência como mendiga e prostituta foi relatada na peça teatral Up Your Ass. Valerie entregou o manuscrito para a apreciação do artista pop Andy Warhol, que o acabou perdendo e se recusou a compensá-la pelo prejuízo. No dia 3 de junho de 1968, Valerie foi ao ateliê de Warhol em Nova York e deu três tiros no artista. Só acertou um, mas o suficiente para que Warhol sofresse sequelas menores para o resto vida. Solanas foi condenada a passar três anos num hospital psiquiátrico, O médico que a avaliou disse que exibia uma “reação esquizofrênica, do tipo paranoide com marcas de depressão e potencial suficiente para agir". Warhol se recusou a testemunhar contra ela. A ousadia de suas ideias e o atentado a Warhol causaram um impacto profundo no movimento feminista. Vários grupos radicais surgiram, como a Frente de Libertação Feminina; filmes foram rodados, como Scum Manifesto (1976), em que a atriz de O ano passado em Marienbad, Delphine Seyrig, lê o texto histórico de Valerie. Morta em 1988, aos 52 anos, de enfisema e pneumonia, Solanas entrou para a galeria das mártires feministas do século 20.
Por um punhado de propinas
Penis et circenses
• Na noite da véspera de São João de 1993, um episódio sangrento na Guerra dos Sexos abalou a América e repercutiu no mundo inteiro. O ex-marine John Wayne Bobbitt, 26 anos, chegou em casa bêbado e surrou e estuprou a mulher. O que não era novidade para Lorena Bobbitt, equatoriana, manicure, 22 anos. Em quatro anos e quatro dias de casamento, fora submetida a todo tipo de agressões físicas a abusos sexuais, incluindo estupro e sodomização forçada. Enquanto o marido dormia, Lorena foi à cozinha tomar uma água. Viu sobre a pia uma faca de trinchar perus de 20 centímetros e teve uma ideia. Ergue os lençóis que cobriam o corpo nu de John Wayne e cortou a parte superior do pênis do marido. Em seguida, saiu de carro e jogou o pedaço do membro decepado num descampado nos arredores da pequena cidade onde moravam, Manassas, Virginia, que até então só guardava a fama de ter sido o local da primeira batalha na Guerra da Secessão (1861-65). Milagrosamente, depois de horas de busca, a polícia encontrou o pedaço do pênis, ainda em condições de reimplante, o que aconteceu com sucesso após dez horas de cirurgia.
A imprensa não poupou superlativos em suas manchetes. A CASTRAÇÃO MAIS MIDIÁTICA DA HISTÓRIA. UMA TRAGÉDIA GREGA, UM THRILLER DE TERROR, UMA COMÉDIA DE HUMOR NEGRO. Pela primeira vez em seus 172 anos de vida, o New York Times publicou a palavra “pênis” em sua primeira página (usava o eufemismo “órgão sexual masculino”.) O julgamento duplo também foi uma festa para a mídia. John foi inocentado pela acusação de abusos corporais e estupro, Lorena, pela acusação de castração sem chance de defesa. Bobbitt, cujo nome homenageava o ator John Wayne, símbolo dos valores da direita e do machismo, foi crucificado por uma nova onda de protestos feministas. Ele investiu na sua celebridade estrelando um filme pornô, John Wayne Bobbitt Uncut (jogando com o duplo sentido de “sem cortes/sem censura”), seguido de uma banda de rock (The Severed Parts, “as partes seccionadas”) e uma sequência pornô em 1996, Frankenpenis, que não tiveram o mesmo sucesso, mas Uncut se tornou um dos pornôs mais vendidos da história.
Depois do seu êxito fugaz, John Bobbit trabalhou como garçom, motorista de limusine, entregador de pizza, lutador de luta livre, recepcionista de boate e operador de guindaste. Em 1994, foi preso por bater numa stripper em Las Vegas durante sua turnê Love Hurts. Casou-se de novo e adotou o sobrenome da esposa, Joana Ferrell, mas o casal se divorciou em 2004 depois que a mulher o denunciou por maus-tratos.
Lorena, por sua vez, recuperou a identidade com seu sobrenome de solteira (Gallo), fundou a Lorena’s Red Wagon, uma organização de ajuda a mulheres e crianças vítimas de violência doméstica. John, que diz ter ido para cama com mais de 70 mulheres desde a operação, acabou ficando sem lugar na vida de Lorena. Ela é casada há 15 anos e tem uma filha de catorze. Seu marido, segundo ela conta, dorme todas as noites ao seu lado, de barriga para cima e muito tranquilo.
O alcance do episódio na cultura popular é imenso. As expressões “Bobbittized punishment” (castigo bobbittizado) e “Bobbitt procedeure” (procedimento Bobbitt) ganharam reconhecimento social. Nos anos 1920, Babbitt (título do romance de Sinclair Lewis), simbolizava o cidadão conformista da época. Bobbitt poderia muito bem definir o cidadão dilacerado do final do século 20.
Tiros e tesouradas no Russell
• E o nosso cotidiano na Manchete, o maior império de comunicação do Brasil? É hora de desfazer uma mentira hedionda. Aquele companheirismo nostálgico tão decantado só é compartilhado pelos homens. A mulher na Bloch sofria os maiores abusos e humilhações – e ai daquela que ousasse reclamar ao patrão ou apontar seus molestadores, seria sumariamente demitida por justa causa. Havia homens decentes nas redações, mas grassava também na Bloch uma legião de bolinadores compulsivos, beliscadores de peitinhos, apalpadores de nádegas e o que mais se pudesse imaginar. Os sátiros de plantão do palácio de cristal do Russell agiam amparados por sua total garantia de impunidade. Se pudesse voltar àqueles tempos, eu espalharia placas por todos os andares: PROIBIDO APALPAR AS COLEGUINHAS. Vou lembrar aqui alguns casos mais notórios da Guerra dos Sexos na Bloch.
Em 1969, contratado em Paris por Justino Martins, chega ao Rio de Janeiro o chefe de arte Serge Elmalan, com sua mulher e o nobre mastim do casal. Responsável pela diagramação da recém-criada revista feminina Desfile, Serge logo se envolve com a produtora de moda Regina Guerra – o nome não podia ser mais sugestivo, e agourento. Já no início da relação, num surto de ciúme, a belicosa rainha desfere três ou quatro tiros no Beau Serge. Uma bala se aloja numa área melindrosa da clavícula. Adolpho Bloch despacha Elmalan de ambulância, helicóptero e jato executivo para o maior cirurgião cardiovascular do mundo, o Dr. Michael DeBakey, de Houston, Texas. O grande especialista sentencia: “É melhor não mexer nisso...” E o canhoto Serge teve de seguir diagramando com a asa quebrada pela vida afora. Mas a história não acaba aí. Ao voltar recuperado ao trabalho, Serge ainda sofria a ameaça da amante injuriada. Toda tarde, no fim do expediente, o Marechal – chefe de segurança informal do Adolpho – se esgueirava por entre as árvores da Praça do Russell à procura da pistoleira. E Serge saía sempre escondido no assoalho do carro de um colega.de redação.
Alguns contínuos se destacaram nessa área. Um deles, recém-casado, recusou-se a fazer sexo com a Censora do governo militar, que o recebeu em sua casa de peignoir entreaberto para examinar a arte final de um número do EleEla. Outro contínuo topava qualquer parada, como ir para a cama com Marisa Raja Gabaglia quando coletava sua crônica da semana; e com Jean Genet, hospedado no Hotel Glória, quando entregava ao escritor famoso revistas e jornais que chegavam pelo malote de Paris. Marisa se celebrizaria depois por seu Amor bandido com o cirurgião plástico que aderiu ao mundo do crime, Hosmany Ramos.
Entre os episódios marcantes, tem o de um fotógrafo, apelidado por motivos óbvios de Tripé, encarregado de fazer um retrato do Ziembinski. O teatrólogo o recebeu de baby doll no alto de uma escada que corria sobre rodinhas ao longo de sua imensa biblioteca. “Meu filho, quando não consigo achar um livro, sinto uma vontade louca de dar a bunda...” O Tripé deu no pé. Apelidei a irritação particular causada pelo sumiço do livro de Síndrome de Ziembinski.
Um dos principais diretores da empresa passava o dia sofrendo um bullying cruel do Adolpho. Ao voltar para casa, sofria toda a pressão da mulher para que reagisse até que uma noite, aos gritos de “Covarde!” ela quase o matou com um golpe de cinzeiro de cristal na testa.
Nelson Rodrigues dizia que sem dentadas não há amor possível. Dois redatores da Bloch sofreram mais do que mordidas. Um deles costumava trazer para o trabalho, visíveis no rosto, marcas de rotineiras batalhas conjugais. Imaginação não lhe faltava para criar as mais diversas explicações para as escoriações. Se o corte fosse no supercílio, a culpa era da freada busca que o lançou contra o espelho retrovisor; no queixo, o vilão era a lâmina do barbeador; a mordida no braço era atribuída ao cão feroz que perambulava no bairro. O outro, casado, foi seduzido pela beleza rústica de uma repórter. A moça era forte. Pernas de quem foi criada em fazenda, curtida pelo sol do centro-oeste, com mais músculos em um braço do que o jornalista tinha em todo o seu corpo de boêmio. Durante um embate, ele ao volante, o redator perdeu a paciência com os argumentos da mulher-maravilha em torno de uma discussão banal e jogou o carro sobre a calçada. Mandou que a moça desembarcasse. Ela o fez, mas antes arrastou o indigitado pelo colarinho e deu-lhe uns tapas e um soco que tirou sangue. Sem poder entrar em casa com a roupa tingida de vermelho, o nosso personagem voltou para a Bloch, pegou emprestada a camisa de um segurança e recolheu-se à segurança do lar.
Um incidente também insólito coroou o declínio e a queda do Império da Bloch, na segunda metade dos anos 1990, Adolpho já morto. Um dos mandarins da corte, que era amigo do Rei, teve seus privilégios mantidos pelo delfim. Entre eles o de ocupar um escritório num dos andares superiores do prédio do Russell, onde passava horas trancado com a secretária. Um dia, o mandarim desce esbaforido ao oitavo andar: “Jaquito! Ela está querendo me matar com tesouradas! Me arranje um segurança, por favor! Agora!”
A cena alimentou de fofocas por algum tempo aquela comunidade ameaçada pelo fantasma da falência e do desemprego. E então a tesoura foi recolhida e meses depois o casal beligerante se remendava os trapos em meio a braçadas de rosas. Como existe o amor bandido, existe também o amor sem vergonha e os dois seguiram juntos até que a morte do mandarim os separou.
Este foi um ano definitivo, 2020. A morte pegou pesado, Principalmente pela Covid-19 e pelo feminicídio, alimentado pela coabitação forçada da pandemia (só até junho tinham aumentado em 22,2% os casos de feminicidio, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.) Muitas mulheres estão clamando por vingança (não esqueçam as Femen, que têm peito aberto para isso, mas podem de repente se munir de revólveres, facas e tesouras.) E, falando de palavras novas, qual seria o antônimo de feminícídio? Homicídio já existe como genérico para a raça humana – o homem sempre mandou em tudo, principalmente na linguagem. Sugiro hominicídio, tem ainda a vantagem de lembrar o hominídio, que é o estágio mental destes assassinos de mulheres.
Do ponto de vista psicológico, a essa altura do campeonato, posso imaginar o pânico-paranoia que assola estes machões com culpa no cartório, fazendo-os reviver o pesadelo da vagina dentata, assumindo inconscientemente a postura defensiva dos jogadores de futebol que cobrem a genitália com as mãos na hora da cobrança da falta. Meu amigo, lembre o trinchante da Lorena, tem de ficar acordado 24 horas. E, do jeito que a coisa anda, duas mãos só não vão ser suficientes...
domingo, 6 de dezembro de 2020
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
Brasil rejeita 5G chinesa e vai adotar a versão paraguaia. Nem tudo está perdido. Conheça o Superprojetor que transforma sua TV em cinema...
por O.V.Pochê
A geringonça acima era anunciada na Manchete nos meses anteriores à Copa de 1982, na Espanha. Os aparelhos de TV eram ainda analógicos, telas minimalistas. Um "professor Pardal" não identificado inventou o "Superprojetor da TV Gigante. Prometia a visão dos jogos - e também de filmes e novelas - como se fossem um cinema em casa. A coisa garantia projetar na parede da sala do freguês uma imagem de 4m x 3m.
O treco tinha que ser acoplado ao televisor, vinha com lentes, adaptadores e cintas que amarravam o estranho equipamento ao televisor. Infelizmente, temos apenas a reprodução do anúncio. Não há registro da experiência dos consumidores. Se o seu pai ou avô tiver adquirido o Superprojetor pergunte pra ele se a invenção funcionava.
Pode ser útil a informação. Vem aí a Copa de 2022, no Catar. A maioria dos países verá os jogos em 5G. O Brasil ainda não sabe se terá o sistema. Bolsonaro não quer a tecnologia chinesas porque é comunista. A alternativa poderia ser a Suécia, mas pode haver represália dos vikings à destruição da Amazônia, cidadãos suecos poderão fazer passeatas indignadas pedindo boicote ao Bananão (como Ivan Lessa apelidava o Brasil) e negando 5G. Os Estados Unidos terão interesse em vender sua tecnologia, mas será que Joe Biden vai topar? Afinal o novo presidente americano até agora não foi reconhecido pelo tosco presidenciano brasileiro . A alternativa é invadir os Estados Unidos com as nossas tropas e pegar a 5G na marra. Se não rolar essa "Operação Tempestade em Washington", restará a Bolsonaro comprar a 5G paraguaia, Aquela do "la garantía soy yo". Mas em último caso, se a confusão tecnológica impedir a transmissão da Copa para o Bananão, dê uma busca nos antiquários. Vai ver você encontrará um Superprojetor ainda em forma.
Sem qualquer componente chinês. .
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Maradona se vai, mas deixa a lenda inesquecível
por José Esmeraldo Gonçalves
Gil Pinheiro, da Manchete, fez essa foto de Maradona e Zico, em 1981. A presença do argentino, no Brasil, provocou matérias que comparavam os dois. Talvez, não garanto, tenha sido depois de um amistoso entre Flamengo x Boca Juniors. Maradona x Zico: quem era melhor?
Tempos depois, Maradona escalou o futebol mundial, foi campeão do mundo em 1986, e a pergunta passou a ser: Maradona x Pelé: quem foi melhor?
Nos últimos anos, nova pergunta: Maradona ou Messi? Difícil comparar épocas, no caso dos tempos de Pelé e de Maradona, dez anos mais novo, gerações diferentes. Arrisco dizer que estão empatados como craques, mas Pelé fez mais, ganhou mais títulos, fez mais gols, tinha mais recursos técnicos, mais fundamentos, como falam os treinadores. Maradona, mais arte. Como Messi, aliás.
O que ninguém duvida é que Maradona está entre os maiores.
Se o futebol reeditasse um filme dos anos 1990, onde um fazendeiro do Iowa interpretado por Kevin Kostner constrói um campo de basebol na esperança de atrair um ídolo morto havia décadas e vê-lo jogar, Maradona teria vaga garantida e entraria naquele "Campo dos Sonhos" ao lado de Di Stéfano, Cruyff, Puskás, Garrincha, Yashin, Bobby Charlton, Eusébio, George Best, Didi, Just Fontaine, Nilton Santos...
Por falar em Garrincha. Essa comparação faria mais sentido. Maradona e Garrincha, dois poetas do futebol. Iguais na bola, semelhantes no drama.
Reveja um gol histórico de Maradona contra a Inglaterra AQUI
Livro sobre a Vaza Jato expõe as tripas da grande mídia...
terça-feira, 24 de novembro de 2020
O Vilarino fechou. E dai? Sempre teremos a Spaghettilândia! • Por Roberto Muggiati
Mais um templo da boemia carioca cerrou suas portas por causa da pandemia e outras mazelas nossas: o Vilarino, o sacrossanto local do encontro de Antônio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes. Mas nem tudo está perdido: a Spaghettilândia segue aberta. O leitor poderá interpelar: e que diferença faz,? Qual a contribuição da Spaghettilândia (!) para o patrimônio sociocultural brasileiro? Enorme, imensa, digo eu – e tomo a liberdade de transcrever uma crônica do confrade-in-Panis Ruy Castro endossando minha opinião:
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São Paulo, sábado, 13 de agosto de 2011 |
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RUY CASTRO O
mistério da Spaghettilândia
RIO DE JANEIRO - Dois grandes poetas, Augusto de Campos e Ferreira Gullar, estão brigando pela Folha a respeito de Oswald de Andrade. Começou quando Gullar, na Ilustrada, mencionou um almoço com Augusto na Spaghettilândia, no Rio, em 1955, em que, segundo Gullar, Augusto teria se referido a Oswald como "irresponsável", alguém a não se levar muito a sério numa possível revolução da poesia brasileira. Em réplica, Augusto negou que tivesse havido tal encontro na Spaghettilândia. Na tréplica, Gullar confirmou o almoço e deu a localização do restaurante. Disse que era perto do jornal onde trabalhava. Ora, como os jornais do Rio ficavam no centro, só pode ser a Spaghettilândia da rua Álvaro Alvim, na Cinelândia - não a de Copacabana ou a do Largo do Machado, que eram suas filiais. Talvez isto jogue alguma luz na refrega. Gullar reforçaria seu argumento se dissesse o que comeram -se é que comeram -, mas ainda não fez isto. Como ex-cliente da Spaghettilândia, posso arriscar alguns palpites. O forte do cardápio, vide o nome, era o espaguete, ao sugo ou à bolonhesa, sempre cozido demais, ou uma lasanha cujas lâminas de massa, presunto e mozarela também não eram de deixar saudade. Augusto, como bom paulistano e desconfiado das massas cariocas, não se passaria por essas sugestões, donde esnobaria o nhoque e a goela de pato da Spaghettilândia. Se o almoço de fato aconteceu, é mais provável que ele tenha optado pelo frango a passarinho ou por um infalível strogonoff, com pudim de Leite Moça na sobremesa. E, como nenhum dos dois era de beber, devem ter regado tudo com Caxambu. Acho comovente que a humilde Spaghettilândia, de pé até hoje e no mesmo lugar, fosse cenário de um almoço tão importante para os destinos da poesia nacional. Almoço esse de repente sub judice, com o garfo a meio caminho. PS (RM)• Para
encerrar: jornalista curitibano, na minha primeira incursão ao Rio de
Janeiro, em março de 1955, hospedado no apartamento de uma tia, eu costumava
comer na Spaghettilândia de Copacabana. Como o Ruy descreve, a comida da
Spaghettilândia não era de deixar saudade – mas seus preços eram imbatíveis e
a ambiência da Capital Federal persiste em minha memória até hoje. Copacabana
era um bairro elegante, suas ruas e calçadas impecavelmente limpas, as
pessoas bem vestidas. Sua Spaghettilândia, a maior de todas, vivia cheia de
gente que ainda sabia o que era ter um emprego: lojistas, balconistas,
bancários, jornalistas, estudantes e professores, funcionários públicos (os
chamados “barnabés”). Tive uma ideia: já que a pandemia impede o presencial, acho que vou providenciar uma delivery de sabor proustiano da Spaghettilândia para o Ruy Castro no seu apê do Leblon. O que vai ser, Ruy? Spaghetti ou lasanha? Será que ainda servem a famosa goela de pato? Recortes do Vilarino na Manchete (1952, 1953 e 1975
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domingo, 22 de novembro de 2020
Dá--lhe Crivella ! Prefeito garante Covid para todos no Réveillon carioca
Crivella está de saída da prefeitura do Rio mas não deixa de impor à cidade medidas irresponsáveis e eleitoreiras. Agora, o desprefeito vai permitir que os quiosques da orla façam aglomeração no Révellon, com direito a cercadinhos para convidados e shows. É fácil saber o que vai acontecer. Se cercadinhos privados são permitidos, porque o povão não pode levar para areia a cervejinha, o frango e a farofa? A Covid vai entrar em 2021 cheia de gás.
A essa altura o G-20 virtual está torcendo para a conexão da internet cair e Bolsonaro sair do grupo
Depois de pária vem o que? Nada. Na Índia, origem da palavra, pária é a casta mais baixa. Ontem , o anormal que preside o Brasil fez o pais descer mais alguns degraus rumo à exclusão do convívio internacional, à desclassificação global. Em um grotesco pronunciamento, negou o racismo, negou o meio ambiente, negou o enfrentamento científico da pandemia, negou, enfim, a sua suposta saúde mental. Os demais líderes do G-20 só faltaram entoar o coro "pede pra sair". Hoje, em novo pronunciamento diante dos chefes de Estado, tentou consertar as idiotices de ontem. Em vão. Na sequência, a conferência virtual abordou outros assuntos talvez torcendo para cair a internet e elemento não mais voltar à live.
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
Lobby ataca Mata Atlântica no Rio de Janeiro: diga não ao autódromo que destrói floresta
Quando política e interesse poderosos se juntam, a cidade perde. Como um rolo compressor, um projeto absurdo avança: a construção de um execrável autódromo na Floresta do Camboatá a custa do último reduto da Mata Atlântica em área plana da cidade.
Os lobistas e os políticos recrutados já tentaram envolver a FIA (Federação Internacional do Automobilismo) e os promotores da Fórmula 1. Aparentemente, sem sucesso. Jornais europeus e até o piloto Lewis Hamilton criticam o que pode se configurar um crime.
Ontem, a Comissão Estadual de Controle Ambiental rejeitou o pedido de licença ambiental, mas um grupo de conselheiros ligados ao governo estadual sensível ao lobby exigiu um "novo estudo". Isso significa que a pressão para a destruição de Camboatá avança, apesar do órgão de controle ambiental apontar vários locais alternativos para a construção de um autódromo sem que haja agressão à natureza. Fique atento. Você pode ajudar a evitar um delito ambiental em andamento. AQUI
Para jornalistas e não jornalistas - "No Rastro Digital do Dinheiro Público": um curso para pegar corrupto...
(Do Knight Center/LatAm Journalism Review)
Já está disponível a versão autodirigida do curso “No Rastro Digital do Dinheiro Público: Como fiscalizar gastos da União, estados e municípios". Isso significa que todos os conteúdos, como videoaulas, leituras, testes e outros materiais, estão abertos na plataforma de aprendizagem online do Knight Center, JournalismCourses.org.
É uma oportunidade a mais para jornalistas e não-jornalistas aprenderem sobre como o orçamento público funciona e como identificar potenciais casos de uso indevido do dinheiro do contribuinte.
“Capacitar e fomentar o acesso à informação em relação à fiscalização das contas públicas, amplia o controle social e contribui para o aprimoramento da qualidade e da legalidade do gasto'', disse o instrutor Gil Castello Branco, que tem uma larga experiência ensinando jornalistas a como acompanhar os gastos do governo.
A partir de exercícios práticos em bancos de dados disponíveis, o curso torna os participantes aptos a investigar a qualidade e legalidade das contas públicas e a apontar suspeitas de mau uso do dinheiro público nos diferentes níveis de governo.
“Eu gostei muito do Siga Brasil. É um banco de dados complexo, mas completo. É uma grande fonte de dados. Porém, é preciso aprender um pouco de AFO - Administração Financeira Orçamentária. O site Compara Brasil também é excelente, sendo uma importante fonte secundária” disse o jornalista e aluno do curso Carlos Eduardo Matos, baseado em Brasília.
Para o jornalista Germano Martins, as orientações sobre como navegar nos portais do governo federal e do Senado foram as mais úteis. "Eu pretendo colocar em prática apresentando pautas no meu ambiente de trabalho. O curso vai ajudar a elaborar essas pautas," disse.
Em sua versão original, o curso foi ministrado de 7 de setembro a 4 de outubro de 2020 e contou com 2.276 alunos registrados. A maior parte deles do Brasil, mas também de Angola, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, mas também de países como Argentina, Colômbia e México.
Este curso é uma parceria do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas com a Associação Contas Abertas, com apoio do Google News Initiative. Para saber mais sobre o curso e acessar seus materiais, visite a página dos cursos autodirigidos do Centro Knight.
LEIA A MATÉRIA COMPLETA AQUI
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
Panis EXCLUSIVO - O 5000º mergulho de um aventureiro em Manchete. Por Roberto Muggiati
Ao longo dos meus vinte e tantos anos como editor de Manchete, tive a primazia de registrar em primeira mão as façanhas de incontáveis aventureiros que saíram pelo mundo enfrentando os maiores desafios dos esportes radicais. Assim foi com o Príncipe D. João de Orleans e Bragança em seus primeiros ensaios surfísticos; com os irmãos Metsavah em suas incursões de snowboard nos Andes (Oskar se tornaria depois o criador da Osklen); com Pepê na asa delta; Rico e Ricardo Bocão brilhando nas pranchas; e com o saudoso alpinista Mozart Catão, que, depois de conquistar o Kilimanjaro e o Everest (lembro as pontas dos dedos da mão que perdeu, congeladas ao tirar a luva para fotografar o feito), morreu no Aconcágua soterrado por uma avalanche em 1998, aos 35 anos, como seu homônimo Wolfgang Amadeus.
Neste 2020 fatídico, desafiando também a pandemia, um de nossos mais ativos aventureiros, Carlos Eduardo Carvalho Lima (completa 80 anos em abril) acaba de atingir uma marca notável no ranking internacional. Fez, nas ilhas Maldivas, Oceano Índico, o mergulho número 5000 em seus mais de 40 anos de fotografia submarina, amplamente documentados pelas revistas Manchete e Geográfica.
Carlos Eduardo relatou o feito com exclusividade para o Panis Cum
Ovum:
“Os moradores de Veligandu ficaram orgulhosos por eu ter escolhido o atol para o mergulho histórico. Mergulhei com a dive master, ela preparou um cartaz comemorativo e filmou a aventura. À noite, me convidou para participar de uma cerimônia com os mergulhadores presentes exibiu partes do vídeo e me ofereceu um diploma celebrando a marca. Foi uma cerimônia que me deixou emocionado!
Mais comovente foi a paisagem submarinha que os arrumadores do meu bangalô fizeram com folhas com peixes-palhaço, arraias, tartarugas, um barquinho a vela e gaivotas. Um trabalho artístico!
Doeu o coração ter de
desmanchar o arranjo sobre a cama para podermos dormir.”