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segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

Ocupação gourmet. Torres e shopping no Ibirapuera. Área cobiçada há muito anos finalmente vai ser conquistada por empresários.

 


por Ed Sá

Contam os mais velhos que ao ser aterrada a praia, à altura da Glória, para a realização do Congresso Eucarístico Internacional do Rio de Janeiro, em 1953, surgiu a ideia de ampliar o projeto rumo ao vizinho Flamengo. 

Aterros no Rio não eram novidade. Ali perto, toda a região da Avenida Beira Mar e do Aeroporto Santos Dumont eram áreas conquistadas ao Atlântico.  A Beira Mar tornou-se uma avenida com prédios então luxuosos. Anos depois, quando o projeto do Aterro do Flamengo começou a tomar forma, logo um lobby de empreiteiros, com apoio de pelo menos um grupo de mídia, defendeu que parte do novo território não fosse inteiramente reservado para um parque público, mas que se permitisse a construção de prédios residenciais. O então Distrito Federal ou o novo Estado da Guanabara poderia vender terrenos e a cidade ganharia um novo bairro elegante. 

Felizmente, o Rio ganhou muito mais com a resistência de quem manteve o parque, hoje um patrimônio dos cariocas.

Certas parcerias entre interesses empresariais associados a políticos costumam ser letais para a qualidade da vida urbana. Quando se discutia a transformação do Parque Lage em instituição pública, como é até hoje, um poderoso grupo manobrou para comprar o local e tentou pressionar governantes a permitirem ali a construção de um cemitério vertical. O que seria hoje um crime ambiental também não vingou, para sorte do Rio.

A ambição privada está sempre à espreita. Agora São Paulo é a vítima. E o Ibirapuera o alvo. A anunciada privatização do parque inclui concessões para potencializar o lucro dos investidores. Acredite, serão construídos no local um shopping e três torres para hotel, apart-hotel e escritórios. Tais empreendimentos vão configurar um presentão: além dos terrenos serem públicos os construtores estarão isentos do IPTU. Ou seja, a população vai perder duas vezes. Não terá acesso a uma parte do parque e a cidade perderá arrecadação de um tributo importante, o que não é pouca coisa já que a área em questão é nobre. Dizem que uma das interessadas é uma empresa chamada Time for Fun... bota divertimento nisso.

ATUALIZADO EM 15/12.

O RIO DEVE MUITO A QUEM DEFENDEU, PROJETOU E CONSTRUIU 

O ATERRO DO FLAMENGO


FOTO DE ALEXANDRE MACIEIRA - RIOTUR - DIVULGAÇÃO

O amigo J.A.Barros, um dos mais ativos participantes deste blog, comentou sobre o post que relata a ameaça ao Parque Ibirapuera, em São Paulo - e que também se refere ao Aterro, no Rio -, e indagou sobre o grupo de pessoas que lutou pelo mais belo parque carioca. 

Este adendo faz justiça a esses verdadeiros heróis, que legaram um presente para a cidade e para as gerações que os sucederam. Um tempo em que os interesses particulares ainda eram desafiados e se construíam espaços para a população, sem distinguir ricos e pobres, e não se destruíam ou roubavam das cidades áreas públicas, transformando-as em uma espécie de clube particular. 

Ao vencer as eleições para o Estado da Guanabara, em 1960, Carlos Lacerda convidou Lotta Macedo Soares para colaborar com o seu governo. Já se falava em construir pistas na área aterrada. Ela sugeriu a implantação de um grande parque. Com apoio de Lacerda, assumiu a responsabilidade e convidou o arquiteto Afonso Reidy para se integrar ao projeto, que logo enfrentou resistência. Um diretor de Urbanização da Sursan (Superintendência de Urbanismo e Saneamento do Estado da Guanabara) queria, em vez do Parque, construir  no local quatro avenidas e prédios à beira-mar. A pressão foi tamanha por parte do diretor e aliados no mercado imobiliário e na mídia que Lacerda foi obrigado a demitir o sujeito e nomear Enaldo Carvo Peixoto para a Sursan. Foi formado um grupo de trabalho do qual participavam Lotta, Afonso Reidy e Lotta, Jorge Machado Moreira (projeto arquitetônico), Berta Leitchic (engenharia, Ethel Bauzer Medeiros (recreação), Carlos Werneck de Carvalho, Sérgio Bernardes e Hélio Mamede (desenvolvimento de projetos), Luiz Emygdio de Mello Filho, botânico, Hélio Modesto, que fazia importante ligação com a administração estadual. Também atuaram no grupo Maria Augusta Leão da Costa Ribeiro, Flávio de Britto Pereira, Alexandre Wollner, Cláudio Marinho de A. Cavalcanti, Maria Hanna Siedlikowski, Maria Laura Osser, Gelse Paciello da Motta, Juan Derlis Scarpellini Ortega, Júlio César Pessolani Zavala, Sérgio Rodrigues e Silva, Mário Ferreira Sophia, Fernanda Abrantes Pinheiro e Swany Rodrigues e Silva. E foram contratados Roberto Burle Marx e Arquitetos Associado, o Laboratório de Estudos Marinhos de Lisboa e o designer americano Richard Kelly.

VOCÊ PODE CONHECER MUITO MAIS DESSE CAPÍTULO QUE ORGULHA OS CARIOCAS NO SITE DO INSTITUTO LOTTA -  https://institutolotta.org.br/o-parque-do-flamengo

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

Dados de milhões de brasileiros estão ameaçados - Privatização do Dataprev e Serpro pode gerar a maior invasão de privacidade já vista no mundo...




A mídia neoliberal brasileira sequer discute o assunto. Na verdade, omitiu dos brasileiros essa perigosa consequência ao noticiar o recente e açodado pacote de privatizações anunciado pelo governo federal.

O site de tecnologia ZDNet destacou o tema na sua edição americana, com artigo da jornalista Angélica Mari, e foi direto ao ponto. Dados pessoais e profissionais de cidadãos brasileiros estão ameaçados pela privatização de duas grandes empresas públicas; o Dataprev e o Serpro. O primeiro cuida de todas as informações para o sistema de assistência e seguridade social do Brasil. O segundo é responsável pelas informações fiscais, pelo controle da receita e gastos públicos, dados do imposto de renda, entre outros, além de demais aspectos das relações dos cidadãos com o governo. Se a anunciada privatização se consumar, dados confidenciais de milhões de brasileiros poderão ser manipulados pela empresa privada que comprar toda a movimentação das operações de cada cidadão. 

Um manifesto divulgado pelos funcionários do Dataprev alerta para essa enorme apropriação de informações pessoais. O documento foi encaminhado à Câmara dos Deputados, onde os funcionários levantam a importante questão e argumentam, também, que o Dataprev é lucrativo e não depende de fundos federais.

O que está sendo gestado é a mais gigantesca invasão de privacidade já implementada por um governo.

PARA LER A MATÉRIA DO ZDNET, CLIQUE AQUI