segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
"Melô do assédio" - Na pior letra do ano, mulher é "filé-mignão"
por Pedro Juan Bettencourt
Tudo bem que letra de música sertaneja não está aí para abafar ninguém. Mas Luan Santana exagerou na rima de 'paixão' com 'Adão' e filé 'mignão'. As redes sociais caíram matando no que chamam de "pior letra do ano". O versinho está na música “Check-In”, que o poeta lançou nesse fim de semana. O site SRZD recolheu da web alguns exemplo da indignação da galera.
domingo, 10 de dezembro de 2017
Embalos de sábado à tarde: confraternização de fim de ano dos Amigos da Bloch
Ontem, sábado, o Graça da Vila, no Catete, recebeu os Amigos da Bloch para o tradicional encontro de confraternização
de fim de ano.
de fim de ano.
Hora de despachar 2017 e que venha um 2018 bem melhor.
Entre os colegas presentes, Jileno, Fuks, Ana Lúcia Bizinover, Dalce, Amaury, Lairton, Jussara, Maria Alice, Décio, Tânia, Marco Antonio, Fernanda, Antonio, Gilmar, Paulo Roberto, Daniel, Ari, Liane, Ana Laura, Flávia, Reinaldo, Alex, Nilton Rechtman, Nilton Ricardo, Gavino, Regina, Tiana, Vargas, Bia, Márcia, Kátia, Elço, Luís Carlos, Angela, Athayde, Paulo, Adriana, Fátima, Gerson e Geraldo Felipe.
Luiz Carlos Maciel: o demolidor de dogmas...
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Reprodução Instagram |
Há dois anos, circulou nas redes sociais um post realista e nada surpreendente. O jornalista, escritor e dramaturgo Luiz Carlos Maciel, que morreu ontem aos 79 anos, avisava ao distinto público estava precisando trabalhar. No seu apelo, a constatação de que o envelhecimento, no Brasil, é quase criminalizado para quem não tem os privilégios nem os podres poderes da elite que se superaposenta..
"Um tanto constrangido, é verdade, mas sem outro jeito, aproveito esse meio de comunicação, típico da era contemporânea e de suas maravilhas, para levar ao conhecimento público o fato desagradável de que estou sem trabalho e, por conseguinte, sem dinheiro. É triste, mas é verdade. Estou desempregado há quase um ano. Preciso urgentemente de um trabalho que me dê uma grana capaz de aliviar este verdadeiro sufoco. Sei ler e escrever, sei dar aulas, já fiz direções de teatro e de cinema, já escrevi para o teatro, o cinema e a televisão. Publiquei vários livros, inclusive sobre técnicas de roteiro, faço supervisão nessas áreas de minha experiência, dou consultoria, tenho – permitam-me que o confesse – muitas competências. Na mídia impressa, já escrevi artigos, crônicas, reportagens… O que vier, eu traço. Até represento, só não danço nem canto. Será que não há um jeito honesto de ganhar a vida com o suor de meu rosto? Luiz Carlos Maciel.
Enquanto lia e pensava sobre aquele duro S.O.S, via em um canto datado da estante velhos jornais, livros e revistas nos quais Maciel estava presente direta ou indiretamente.
O título mais comum na mídia, hoje, ao noticiar sua morte, refere-se ao "guru da contracultura". Nos anos 1960 e 1970, principalmente, Maciel foi o autor e mensageiro que levou a esquerda a quebrar dogmas. Em livros, ensaios e perfis, mostrou que no idealismo e no comportamento de muitos jovens também havia uma herança caduca de preconceitos a dispensar. Maciel ofereceu alternativas para um tempo em que o túnel estava quase fechado e sem luz.
Por tudo isso, aquele franco apelo de Luiz Carlos Maciel não combinava com o seu legado e a importância do seu ativismo cultural. Ali na estante estava amarelada e rota uma pequena memorabilia da sua atividade jornalística, do Flor do Mal ao Pasquim e a edição brasileira do Rolling Stone, que dirigiu, além de autores que ajudou a introduzir nas universidades, nos botecos de Ipanema e em seus assemelhados Brasil afora. No Pasquim, sua coluna Underground era um farol, como se dizia então, um GPS da contracultura como é dito hoje. Mas Maciel também atuou na mainstream da mídia, como Última Hora, Correio da Manhã, Jornal do Brasil, colaborou com revistas da Bloch e trabalhou na Fatos & Fotos.
Soube da morte do Maciel ontem à noite por uma mensagem de Roberto Muggiati, que peço licença para transcrever:
"Viu aí? Foi-se o nosso Maciel. Omitiram que ele trabalhou na Bloch nos anos 70 - não lembro bem onde, mas não foi na Manchete. Como depoimento pessoal posso dizer que em Curitiba, em 1959, com 22 anos, eu invejava Maciel, um ano mais jovem, que havia acabado de publicar um livro que corri para comprar, Samuel Beckett e a solidão humana, nos Cadernos do Rio Grande, editados pela Secretaria de Cultura gaúcha. Éramos, então, uma mistura de comunistas e existencialistas exaltados e apaixonados pela vida - em 1960, Maciel foi estudar teatro nos Estados Unidos, com uma bolsa da Fundação Rockefeller; e eu fui estudar jornalismo em Paris, com uma bolsa do governo francês. A ditadura militar atropelou nossos sonhos em 1964, mas na sua fase light (que iria até o final de 1968), ainda nos permitiu uma atuação ideológica: Maciel teve um papel preponderante nas montagem de O Rei da Vela (1967), de Oswald de Andrade, pelo Teatro Oficina de São Paulo. E eu lançaria um livro ostensivamente engajado, Mao e a China, cinco dias antes da decretação do AI-5, na sexta-feira 13 de dezembro de 1968.
Abolidos todos os direitos civis no país, a resistência política seria exercida de forma violenta nos Anos de Chumbo pela guerrilha urbana, com os consequentes assassinatos e torturas nos porões da ditadura. Aqueles desprovidos de temperamento suicida, optaram por um modo mais sutil de combate. Encontramos então na contracultura que embalava o mundo no final dos anos 60 uma maneira de fazer política pelas beiradas e brechas do Sistema. Meu segundo livro, em 1973, Rock: o grito e o mito, teve como subtítulo A música pop como forma de comunicação e contracultura. Luiz Carlos Maciel foi ainda mais fundo, assinando a coluna Underground no Pasquim e dirigindo a versão brasileira da revista Rolling Stone.
Nos anos 70 circulou também pelas redações da Bloch, onde formou um trio imbatível com Narceu de Almeida e Luiz Carlos Cabral. Um dia, os três – mais a atriz Maria Claudia, sua mulher, que o acompanharia até o fim - debandaram para as areias de Búzios e Cabo Frio: segundo Jaquito, foram “jogar pingue-pongue contra o vento...”. Era o Grande Desbunde, a outra face da moeda dos Anos de Chumbo. Maciel resistiu sempre, tornando-se o “Papa da Contracultura” no Brasil".
Por uma dessas armadilhas da vida, Luiz Carlos Maciel parte quando mais fará falta. Basta olhar em volta: o túnel fecha de novo e volta a se apagar em tempo de retrocessos, preconceitos e obscurantismo.
sábado, 9 de dezembro de 2017
Sylvio Silveira versus Severino Dias - A GUERRA DOS CHEFS ou DUELO NO OSCAR CORRAL
Por Roberto Muggiati
A festa se perde na distância do tempo e a memória turva mal consegue
atravessar os vapores etílicos daquela noitada… Pudera: um grupo seleto de
jornalistas e executivos da Bloch – homens e mulheres – esperava o jantar havia
horas – três, quatro, não exagero – servido por garçons solícitos do que desejasse:
champanhe, vinho, uísque, caipirinha e o que mais se pudesse esperar de uma
adega bem sortida.
Era no apartamento de Oscar Bloch Sigelmann, no nono andar do edifício
Machado de Assis, na Avenida Atlântica, onde Adolpho e Lucy Bloch tinham sua
morada no segundo andar. Adolpho não estava presente, Oscar reinava supremo com
esta oportunidade rara de mostrar que era um “jolly good fellow”... A atração da noite seria um pato, menos
prosaicamente um canard à l’orange
preparado pelo diretor da sucursal da Manchete em Paris Sylvio Silveira, que
viajara especialmente para a ocasião.
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Sylvio Silveira. |
A Bloch sempre atraiu personagens de todos os matizes que, embora
representando uma engrenagem a mais na máquina, tinham sua história pessoal
muito rica. O gaúcho Sylvio Silveira fugiu um dia da mulher com a roupa do
corpo e foi parar em Paris no início dos anos 1950. Ninguém saberia explicar –
muito menos ele, que nem músico era – como de repente se viu liderando a melhor
orquestra de dança da França. Infelizmente, Sylvio não soube administrar o seu sucesso
e perdeu o lugar para Eddie Barclay, que virou um magnata da música e dos
discos na França e, milionário, passou a trocar de carro e de loura todo ano.
Barclay e o gaúcho eram trogloditas em matéria de música, mas Sylvio dizia que
ao band-leader bastava "benzer" o público com uma maraca, a rapaziada
da orquestra fazia o resto. De volta à rua da amargura, Sylvio acabou sendo
descoberto por Adolpho Bloch e virou seu factotum em Paris. Em pouco
tempo, Monsieur Silveirá se tornava a eminence grise da sucursal da Manchete
em Paris, plantada num prédio da Avenue Montaigne, uma das ruas mais chiques da
cidade: na cobertura morava Marlene Dietrich, que costumava tomar banho de sol
nua; outro morador ilustre era o cineasta Roman Polanski.
Sylvio não era jornalista, mas, como homem de confiança de Adolpho,
cuidava de tudo. (Os Bloch, perversamente, diziam sempre: “Ninguém sabe fazer
uma mala como ele”, aludindo, é claro às mil muambas que Sylvio era obrigado a
colocar entre roupas e sapatos, bugigangas que incluíam de perfumes e
bijuterias a queijos, patés e vinhos.) No auge da ditadura militar, os Bloch
ofereceram um jantar ao todo-poderoso Ministro da Economia Delfim Neto, em
visita a Paris, e Sylvio botou os jornalistas da sucursal (quase todos comunas
e exilados) na cozinha a descascar batatas e cebolas para o regabofe do Delfim.
Depois de décadas de Paris, Sylvio tornou-se exímio nas artes da
gastronomia. Mas esta sua performance no Rio acabaria em verdadeiro
desastre. Sylvio iria preparar no
apartamento do Oscar na Avenida Atlântica um canard à l'orange que era
sua especialidade. Inadvertidamente, por não ter escolha ou até por sacanagem,
Oscar deixou a infraestrutura a cargo de Severino Ananias Dias, o maître
de Adolpho, que via no Sylvio uma ameaça à sua hegemonia.
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Severino, Adolpho e Marechal. |
Como bom nordestino,
Severino tinha ambições políticas. Nas festas da Manchete, por pura gozação,
Cony sempre pedia que ele discursasse “em nome da redação da Manchete.”
Severino sentia-se lisonjeado e soltava o verbo. Foi assim que, num aniversário
do chefe, ele criou até um neologismo, ao se referir a “esta figura inevolúvel de Adolfo Blóqui...” Severino
se candidatou a deputado, mas não emplacou. Tempos depois, casou com uma jovem
do clã Avellino, detentor do poder em Vassouras, RJ. Elegeu-se prefeito de
Vassouras, importante município fluminense que completou 160 anos em setembro e
tem como lema Mihi
maxime debetur Brasiliae incrementum (A mim, mormente, é devido o progresso do
Brasil). Terminado o mandato, nos anos 1990, enquanto
procurava novos rumos políticos, ainda em Vassouras, Severino morreu metralhado
ao volante de seu carro, com a mulher ao lado, que nada sofreu. Acabou dando
seu nome à Escola Municipal Prefeito Severino Ananias Dias. Seu filho, Severino
Ananias Dias Filho, 33 anos, é o atual prefeito de Vassouras, até 2020.
Dezenas de editores e altos funcionários da Bloch — tinham de acordar
cedo no dia seguinte — mas ficaram horas tomando coquetéis aguardando que os
patos fornecidos pelo Severino descongelassem. Na espera, começaram até a rolar
piadas, típicas de jornalista. Havia na França um conhecido jornal satírico
chamado Le Canard Enchaîné (O pato acorrentado); canard, na verdade, é gíria para “jornal”.
O pato do Sylvio foi batizado de Le
Canard Déchaîné, o pato desvairado.
Severino fez os palmípedes chegarem às mãos de Sylvio duros como blocos
de gelo. Desesperado, Sylvio
tentou até apressar o descongelamento dos bichinhos com o secador de cabelos da
anfitriã, Inês. Finalmente, pouco antes das badaladas da meia-noite, os canards vieram à mesa, com uma bela e
apetitosa aparência. Mas os patos não haviam resistido ao supercongelamento:
sua carne ficou fibrosa e insossa. Com um sorriso nos lábios, o elegante
Monsieur Silveirá tentou dar o máximo do seu talento culinário, mas o boicote
ostensivo do Severino foi fatal e o pobre Sylvio acabou pagando o pato.
Cabe aqui outro bordão da Manchete: o francês fake “chose de loque” (coisa de louco), que nós transformamos em “chose de Bloch”.
Cabe aqui outro bordão da Manchete: o francês fake “chose de loque” (coisa de louco), que nós transformamos em “chose de Bloch”.
Viu isso? Lugar de William Waack foi ocupado...
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Reprodução Instagram |
Como naquele mesa ainda está faltando ele, o ex-funcionário Diego Rocha, que vazou o vídeo com o flagra de ofensas racistas de William Waack, voltou à Rede Globo e fez uma foto tranquilamente sentado na bancada do jornalista. Foi uma das imagens (ao lado) que mais repercutiram na semana que passou.
Ainda não se sabe quem volta ao trabalho antes se Guerrero, do Flamengo, que recebeu gancho da Fifa, ou Waack, afastado pela Globo. Um pegou um ano de suspensão. O outro sofreu impeachment sem prazo. Corredores da emissora especulam que ele volta em janeiro. Ao mesmo tempo, o SBT teria demonstrado interesse em colocar Waack no seu telejornal ao lado de Rachel Sheherazade.
Quanto à irônica foto de Diego Rocha em plena redação, é motivo de investigação interna na Globo que tenta descobrir como ele conseguiu entrar. Segundo o UO, ele teria ido antes do RH. Como se sabe e a internet curtiu, Diego publicou a foto nas redes sociais com a mensagem "O Que Acham?” e a hashtag #didiconoplimplim.
Guina Ramos lança livro com mais de 300 fotos
Mensagem de Aguinaldo Ramos, fotógrafo que trabalhou na Manchete
"Neste domingo, 10/12, a partir das 16h, participarei do FIM - Fim de Semana do Livro no Porto - Praça Mauá, no Espaço dos Escritores Independentes, com o lançamento (mais um!) do livro "Bonecos e Pretinhas" (ou, mais precisamente, Neste domingo, 10/12, a partir das 16h, participarei do FIM - Fim de Semana do Livro no Porto - Praça Mauá, no Espaço dos Escritores Independentes, com o lançamento (mais um!) do livro "Bonecos e Pretinhas" (ou, mais precisamente, "[O dos] Bonecos e [a das] Pretinhas".)
"Bonecos e Pretinhas" é uma novela ilustrada, com 81 páginas de texto e mais de 300 fotos, que conta a história do reencontro (e do possível encontro...) de um casal de (quase) históricos jornalistas, em meio a uma indecifrável oscilação entre Niterói e Rio de Janeiro e dentro do panorama geral do país.
Estando, porém, no FIM, e dada a gravidade do momento nacional, faz-se necessário relembrar o que já foi publicado: "2112 ...é o fim!", o livro que traça "uma espécie de painel do i(ni)maginável futuro do Brasil", através de crônicos contos que "descrevem" os próximos 100 anos, baseados estruturalmente em importantes obras literárias e exemplares acontecimentos históricos. Em suma, "o Brasil caindo nos contos de um futuro mal passado"...
Estes e todos os meus demais livros, todos publicados por Guina &dita, estarão, no atacado e no varejo, juntos com todos nós, no FIM!
Nos vemos lá!
Guina Araújo Ramos
sexta-feira, 8 de dezembro de 2017
Tancredo e as capas: aconteceu na Manchete
Por Roberto Muggiati
Esta história vai longe no tempo e tem muito parêntese, mas vale ser conhecida.
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Foto de Gervásio Baptista |
Em 1954, com apenas dois anos de vida, a revista Manchete enfrentava seu batismo de fogo na guerra das bancas – e se saía muito bem, graças à qualidade gráfica e à importância que dava ao fotojornalismo. A capa da edição extra sobre a morte de Getúlio Vargas trazia uma foto em preto-e-branco de Gervásio Baptista e tinha como foco central o deputado Tancredo Neves tomado por uma crise convulsiva de choro, cobrindo o rosto com as mãos. Tancredo quase não conseguira se eleger em 1950 para seu primeiro mandato federal. Graças àquela foto, Tancredo singraria vitorioso nas urnas vida afora.. Por isso, seria eternamente grato a Gervásio. Quando foi eleito para Presidente da República em 1985, Tancredo imediatamente convidou Gervásio para ser o fotógrafo oficial da Presidência.
Nas horas que antecederam a cerimônia de posse do primeiro Presidente pós-ditadura militar, no período batizado de Nova República, os acontecimentos se precipitaram. Na segunda-feira, 13 de março, na Casa da Manchete em Brasília, Adolpho Bloch recebeu Tancredo e dona Risoleta para um grande jantar. Para a ocasião, o chef da Bloch, Severino Ananias Dias, deslocou-se até a Capital Federal com uma equipe de cozinheiros e garçons e a fabulosa coleção de panelas de cobre da cozinha do Russell. Na manhã seguinte, durante uma missa de Ação de Graças, fotógrafos e câmeras de TV flagraram o Presidente apalpando insistentemente o estômago. (Nenhuma relação de causa e efeito entre o banquete da Manchete e o mal-estar de Tancredo, embora inimigos da Bloch – e não eram poucos – tenham espalhado que a cuisine do Severino foi fatal para Tancredo.).
Às 22:15 de 14 de março, véspera da posse, o Presidente era internado às pressas no Hospital de Base do Distrito Federal para receber soro. Com o diagnóstico de apêndice supurado, os médicos disseram à família que Tancredo precisava ser operado com urgência. A família preferia que ele fosse removido para São Paulo, tinha até um jatinho à disposição. Mas os médicos de Brasília não cederam. O próprio Tancredo se meteu na discussão: “Deixem-me tomar posse e depois façam comigo o que quiserem.”
Na antessala do centro cirúrgico, uma plateia seleta de parlamentares-médicos e ministros de Estado nomeados aguardava. O pesquisador médico Luís Mir, autor do livro O Paciente - O Caso Tancredo Neves (2010) (*) , descreve: "A certa altura, houve a possibilidade de invasão da sala de cirurgia até por médicos do próprio Hospital de Base de Brasília. Era impossível impedir a entrada das pessoas. Entre médicos e não médicos, chegaram a circular, no Centro Cirúrgico e dentro da sala de cirurgia, cerca de 60 pessoas. Quando se iniciou a operação, havia dentro da sala 25 pessoas. Um show, ruinoso para os médicos e para o paciente". Ao abrirem o peritônio do (im)paciente, os cirurgiões não encontraram nenhum “apêndice supurado”, o órgão estava perfeito. Inventaram então um novo diagnóstico, de “diverticulite”, doença de que a maioria dos brasileiros nunca tinha ouvido falar. Soube-se depois que Tancredo tinha um leiomioma benigno, mas infectado. Os facultativos ocultaram a existência de um tumor, receando o impacto que a palavra “câncer” poderia provocar.
No dia seguinte, o vice José Sarney assumiu a Presidência. Sarney manteve Gervásio como fotógrafo oficial. O “Calvário” de Tancredo (a imprensa brasileira adora um clichê) durou 38 dias, mas quem carregou a cruz foram os jornalistas, principalmente aqueles dos jornais diários, numa época em que a mídia impressa ainda não fora totalmente esvaziada pela TV e pela internet. Os fechamentos dos matutinos varavam a madrugada, colocando os editores e redatores à beira de vários ataques de nervos, minando sua saúde física e emocional. Pior ainda: a primeira fase do tratamento de Tancredo foi muito mal conduzida. O Hospital de Base do Distrito Federal estava com a Unidade de Tratamento Intensivo demolida, em obras – o estado de saúde do Presidente se agravou e ele teve de ser transferido em 26 de março para o Hospital das Clínicas de São Paulo. No período em que ficou internado, Tancredo sofreu sete cirurgias, que não surtiram efeito. Em 21 de abril, o porta-voz oficial da presidência , Antônio Britto, anunciava oficialmente a morte de Tancredo Neves por infecção generalizada, aos 75 anos.
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Foto de Gervásio Baptista |
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Foto de Gervásio Baptista |
Foi justamente na transferência de Tancredo de Brasília para São Paulo que vivemos um momento crucial na cobertura da Manchete. No dia 25 de março, segunda-feira, recebemos para o fechamento da edição as primeiras fotos de Tancredo Neves desde que fora internado – seriam também as últimas fotos do Presidente em vida. Tancredo e dona Risoleta, cercados pela grande (só em tamanho) equipe médica do Hospital de Base, posaram para Gervásio Baptista, que nos mandou as fotos com exclusividade. Essa atitude foi criticada; como fotógrafo da Presidência, ele deveria disponibilizar as imagens para todos os veículos. Mas a fidelidade do bom baiano para com a Bloch reinava acima de tudo. Como editor da revista, escolhi uma foto mais fechada de Tancredo com Dona Risoleta para a capa, com a chamada TANCREDO/A VOLTA POR CIMA. Estávamos eufóricos por fazer chegar aos brasileiros, quarta-feira em todas as bancas, uma mensagem de esperança: o Presidente de bom aspecto, elegante em seu robe de seda, um foulard bem transado em volta do pescoço, e a Primeira Dama, com uma roupinha esperta, de aparência rejuvenescida, ambos sorridentes.
Uma foto diz mais do que mil palavras. Ledo e ivo engano, como diria o Cony. Às seis da manhã de terça-feira toca o telefone em minha mesinha de cabeceira. Era o chefe de reportagem, Cesarion Praxedes: “Muggiati, deu merda. O Tancredo passou mal e está sendo levado para São Paulo.” Cabeça fria, raciocinei na hora: “Cesarion, nós temos o principal que é a capa exclusiva. Liga agora mesmo pra Lucas [a gráfica da Bloch] e manda trocar a chamada de capa e o título da abertura para TANCREDO/O DRAMA DO PRESIDENTE e vamos à redação para atualizar o texto. Dito e feito.
Já a revista de informação da Bloch, a Fatos, daria na capa a chegada de Tancredo ao Hospital das Clínicas em São Paulo, aquela em que o cotovelo do padioleiro passou como sendo a cabeça do Presidente (vejam post de quarta-feira, 6 de dezembro). Aqui o grande parêntese da história. Embora sua glória maior fosse uma revista semanal ilustrada, a Manchete, a Bloch sempre ambicionou ter uma revista semanal de informação, nos moldes da Time americana. Não por acaso, a Bloch deteve os direitos para o Brasil dos textos da Time de 1973 até quase a derrocada da empresa, em 2000. Mas fazer uma revista de opinião na Bloch era uma tarefa problemática, levando em conta os comprometimentos políticos da empresa. Houve até uma primeira tentativa, nos anos 70. Como a semanal, também ilustrada, Fatos&Fotos, era o primo pobre da Manchete, Jaquito – prevalecendo-se da exclusividade dos textos da Time – incumbiu Carlos Heitor Cony, editor da F&F, da transformação pioneira. Cony, macaco velho, sabia muito bem a roubada em que ia se meter. Mas Jaquito, não tendo coisa melhor para fazer na época, resolveu insistir. Voluntariou-se até a trabalhar como chefe de reportagem do Cony e instalou-se, um estranho no ninho, na redação de F&F, vociferando um dos bordões clássicos da Bloch: “Não quero que lhe falte nada!...” Cony não teve outra opção senão entrar no jogo. Um belo dia, ordenou ao seu “chefe de reportagem”:
– Jaquito, precisamos fazer urgente uma entrevista com o Paulo César Caju!
– Mas quem é Paulo César Caju? – replicou Jaquito. E Cony, incontinenti:
– Se você, como chefe de reportagem, ignora quem é Paulo César Caju, então se considere demitido!
Jaquito, abatido, o rabo entre as pernas, foi saindo pelo corredor, quando teve um repente e voltou:
– Peraí, Cony! Você não pode demitir um dos donos da empresa. Quem está demitido é você!
Um episódio que, de todas as redações do mundo, só poderia acontecer na Bloch, à beira-mar plantada. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos – e tudo terminou, não em pizza, mas na macunaímica feijoada das sextas no restaurante do terceiro andar à beira da piscina. A revista tipo Time da Bloch foi sepultada definitivamente quando Cony, tendo acompanhado Adolpho Bloch ao aeroporto do Galeão – o velho ia fazer uma cirurgia do coração nos Estados Unidos – disse ter lido nos olhos do Adolpho que ele não queria aquele tipo de revista...
Corte rápido. Passaram-se dez anos e, surpreendentemente, agora é o Cony quem proclama a necessidade absoluta de se criar na Bloch uma revista semanal de texto. Pragmático, acima de tudo, o nosso Cony. Em janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral elegeu Tancredo Neves para a Presidência da República, dando fim a 21 anos de ditadura militar, com cinco presidentes fardados. As relações de Tancredo com a Bloch sempre foram as melhores possíveis e Cony viu nisso a oportunidade de capitalizar circulação e prestígio para uma revista sintonizada com o peregrino da Nova República. Adolpho não vacilou: Tancredo seria para Fatos o que JK tinha sido para a Manchete. Um clima febril tomou conta da nova redação. Ney Bianchi, escolhido como chefe da sucursal da Fatos em Brasília, logo estabeleceu suas condições: uma casa na Península dos Ministros, com um mordomo juramentado; uma polpuda verba de representação para receber políticos e autoridades; dez ternos cortados pelo melhor alfaiate de Brasília; limusine com chofer e por aí vai.
O lance maior da Fatos só não contava com as rasteiras do destino e a vulnerabilidade da carne: a revista foi às bancas na sexta-feira, 17 de março, com a foto da posse do vice José Sarney na capa; mas, sem a estrela de Tancredo, não tinha gás para ir muito longe. Vale lembrar que na época existia uma profusão de semanais de informação no Brasil, mais até do que nos Estados Unidos ou na Europa. Havia a Veja, que depois de um começo incerto em 1968, graças à estratégia de assinaturas acabou se tornando uma potência (toda grande empresa usava Veja como uma ferramenta para seus executivos); havia a IstoÉ de Mino Carta, o editor-fundador da Veja; a Visão, do empresário Henry Maksoud, que tinha seu peso; e a Afinal, que durou de 1984 a 89. Na inflação desvairada do governo Sarney, Fatos foi se arrastando – hostilizada até dentro da própria Bloch como um estranho no ninho e uma fonte de prejuízo – até fechar em julho de 1986, um ano e quatro meses depois do seu lançamento.
Quanto ao Brasil e à sua Presidência, é outra história, tão tortuosa como a da Bloch: Washington Luiz deposto, Getúlio suicidado, Jânio renunciado, Jango deposto, Tancredo morto sem assumir, Collor impedido, Dilma impedida e Temer isso que todos estão vendo aí...
Só resta fechar com o humor mineiro do velho Tancredo Never: certa vez, numa roda de amigos no Senado, ele definiu seu epitáfio, que não chegou a ser gravado na lápide do cemitério ao lado da Igreja de São Francisco de Assis, em São João del-Rei:
“Aqui jaz, muito a contragosto, Tancredo de Almeida Neves!”
(*) O diretor Sérgio Rezende lançará no dia 14 de junho de 2018, o filme O Paciente, que focaliza os últimos dias de Tancredo. O ator Othon Bastos representará o político mineiro.
Você pode defender o meio ambiente com pequenas atitudes. Conheça o Guia da Pessoa Preguiçosa para salvar o mundo
O Centro de Informação das Nações Unidas (UNIC Rio) lança neste dia 10 de dezembro (Dia Internacional dos Direitos Humanos) a campanha digital ‘Guia do Preguiçoso para Salvar o Mundo’. São 42 dicas ilustradas de pequenas atitudes que contribuem para o desenvolvimento sustentável. A UNIC Rio lembra que os direitos humanos não são unicamente políticos ou civis, mas também econômicos, sociais, culturais e a cada dia mais ambientais.
O Guia do Preguiçoso dá dicas simples para a participação de cada um. Alguns exemplos: pagar as contas online e cancelar extratos bancários em papel evita a destruição de florestas. Apagar as luzes – inclusive da sala, se a iluminação da TV ou do computador forem suficientes – economiza energia. Comprar produtos que usem pouca embalagem. Reaproveitar a água da chuva para limpar calçadas e regar plantas. Comprar em lojas de segunda mão: produtos novos não são necessariamente melhores.A campanha entra no ar das redes da ONU Brasil a partir de 10 de dezembro.
Fonte: Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil
Jornalismo - Não passou da hora de sair da "bolha"?
Que os políticos, em Brasília, vivem em um universo encantado de benefícios, mordomias e modos de vida à parte, nós sabemos. Quando nos deparamos com aqueles sujeitos engravatados, a grande maioria deles, dando declarações apressadas à saída do Congresso temos a sensação clara de que são marcianos ou não estão no pleno uso das suas faculdades mentais. Mas quando dão entrevistas longas em programas de TV que tentam entendê-los a coisa fica muito pior. Quando têm tempo para elaborar ideias e análises sem links com a vida real aqui em baixo, aí temos certeza de que vivem um mundo bizarro e paralelo.
Quem trabalha, toma um cafezinho com os colegas, anda de metrô, conversa com o vizinho, vai ao clube, à academia, paga contas e vai ao supermercado não sabe do que aqueles caras estão falando. Da rotina de um trabalhador honesto não é, de um jovem que busca uma vaga no mercado de trabalho também não, de um idoso que espera atendimento em um hospital público, passa longe.
Ok, somos invisíveis para os políticos. Mas será que somos vistos e ouvidos pela grande mídia?
Se o padrão do jornalismo é reproduzir fontes oficiais explícitas ou disfarçadas de "um interlocutor do ministro...", se a "verdade" está apenas com o economista do "mercado", com a Fiesp, com o círculo de autoridades suspeitas que cerca um presidente igualmente suspeito e com o "consultor" da agroindústria ou com o enviado do Banco Mundial, há que duvidar.
Geralmente, a mídia dominante, por absoluta afinidade, reproduz o mundo irreal que os políticos habitam. Será que não cabe aos jornalistas tentar quebrar o padrão, alternar ângulos e pontos de vista, buscar o contraditório, duvidar, apurar que o buraco é mais em baixo?
A notícia filtrada pelos jogos vorazes dos mesmos e eternos personagens, não apenas os políticos, mas os "analistas" e "especialistas" com opiniões previamente aprovadas, uma espécie de "análise" de carta marcada que nunca surpreende, deixa de ser notícia, transforma-se em peça de divulgação de interesses ou de campanha paragovernamental, como se viu no caso da reforma trabalhista e, agora, no encaminhamento da reforma da Previdência. E se vê na cobertura da Lava Jato onde o "jornalismo" se alimenta apenas de comunicados oficiais ou de vazamentos. O que é cômodo, mas não é jornalismo. Para a grande mídia, a "fonte" é utilizada quase sempre para reforçar ou "autenticar" a versão politicamente oficial. Se os repórteres do Washington Post se limitassem a veicular a palavra oficial e os vazamentos controlados da Casa Branca, Watergate seria até hoje um endereço e não um escândalo que levou à renúncia de um presidente.
O repórter gaúcho Carlos Wagner, com sete prêmios Esso regionais nas costas, 31 anos de carreira no Zero Hora, ex-Coojornal, o veículo da famosa Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre que foi uma voz corajosa contra a ditadura nos anos 1970, levanta a questão do jornalista que gira em torno de si em um artigo publicado no seu blog. Leia abaixo:
Para ler a matéria completa, clique AQUI
Quem trabalha, toma um cafezinho com os colegas, anda de metrô, conversa com o vizinho, vai ao clube, à academia, paga contas e vai ao supermercado não sabe do que aqueles caras estão falando. Da rotina de um trabalhador honesto não é, de um jovem que busca uma vaga no mercado de trabalho também não, de um idoso que espera atendimento em um hospital público, passa longe.
Ok, somos invisíveis para os políticos. Mas será que somos vistos e ouvidos pela grande mídia?
Se o padrão do jornalismo é reproduzir fontes oficiais explícitas ou disfarçadas de "um interlocutor do ministro...", se a "verdade" está apenas com o economista do "mercado", com a Fiesp, com o círculo de autoridades suspeitas que cerca um presidente igualmente suspeito e com o "consultor" da agroindústria ou com o enviado do Banco Mundial, há que duvidar.
Geralmente, a mídia dominante, por absoluta afinidade, reproduz o mundo irreal que os políticos habitam. Será que não cabe aos jornalistas tentar quebrar o padrão, alternar ângulos e pontos de vista, buscar o contraditório, duvidar, apurar que o buraco é mais em baixo?
A notícia filtrada pelos jogos vorazes dos mesmos e eternos personagens, não apenas os políticos, mas os "analistas" e "especialistas" com opiniões previamente aprovadas, uma espécie de "análise" de carta marcada que nunca surpreende, deixa de ser notícia, transforma-se em peça de divulgação de interesses ou de campanha paragovernamental, como se viu no caso da reforma trabalhista e, agora, no encaminhamento da reforma da Previdência. E se vê na cobertura da Lava Jato onde o "jornalismo" se alimenta apenas de comunicados oficiais ou de vazamentos. O que é cômodo, mas não é jornalismo. Para a grande mídia, a "fonte" é utilizada quase sempre para reforçar ou "autenticar" a versão politicamente oficial. Se os repórteres do Washington Post se limitassem a veicular a palavra oficial e os vazamentos controlados da Casa Branca, Watergate seria até hoje um endereço e não um escândalo que levou à renúncia de um presidente.
O repórter gaúcho Carlos Wagner, com sete prêmios Esso regionais nas costas, 31 anos de carreira no Zero Hora, ex-Coojornal, o veículo da famosa Cooperativa de Jornalistas de Porto Alegre que foi uma voz corajosa contra a ditadura nos anos 1970, levanta a questão do jornalista que gira em torno de si em um artigo publicado no seu blog. Leia abaixo:
Para ler a matéria completa, clique AQUI
Fotógrafo Iaponã, que vive em Fernando de Noronha, expõe no Rio a intimidade da Ilha...
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Paloma Bernardi. Foto Iaponã/Divulgação |
Em cartaz na Cidades das Artes, na Barra da Tijuca, a exposição "Neuronhe-se", com o trabalho do fotógrafo Rildo Iaponã, pernambucano residente em Fernando de Noronha.
Iaponã fotografou atores e atrizes que há anos adotam a ilha como destino de folgas e férias.
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Fabiula Nascimento. Foto Iaponã/Divulgação |
Entre os fotografados, Paloma Bernardi, Carol Castro, Fabiula Nascimento e Paulinho Vilhena, que participa, junto com Iaponã, do projeto social "Casa Neuronha" que apoia jovens locais, faz campanha educativas sobre preservação da natureza e promoveu, recentemente, doação de óculos de grau para habitantes de Noronha.Iaponã revela uma face da Ilha tão natural quanto o seu belo ecossistema.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
Posto de Escuta - Em alta ansiedade, o Brasil é um filme de Mel Brooks
por O.V.Pochê
O Brasil precisa de ajuda psiquiátrica. A simples leitura dos jornais, a qualquer dia ou hora, vale por um diagnóstico. Já que a casta dirigente tem tantos privilégios, não custa incluir mais um: remédio traja preta de graça e para todos no café da manhã. Vai ver funciona. Confira o desvario da semana.
* O deputado Tiririca (segundo o dicionário, nome de uma planta daninha e também adjetivo que se dá a pessoas coléricas, furiosas) passou sete anos na Câmara dos Deputados em estado de catatonia política. Fez um primeiro e último discurso, ontem. De despedida. E saiu titirica. Decepcionado, vai deixar a política. Devia devolver os salários.
* A Istoé faz a festa da premiação Os Brasileiros do Ano, onde autoridades e réus dividiram a mesa e brindaram alegremente.
* Rogério 157 e preso e o primeiro procedimento da polícia é posar para selfies sorridentes com o preso.
* Um levantamento da Consultoria Legislativa do Senado, feito a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), demonstra que autoridades do Poder Judiciário, Ministério Público e Tribunais de Contas da União, dos estados e do Distrito Federal gastam R$ 1,6 bilhão anuais com auxílio moradia. Não dá para confiar em autoridades que não têm capacidade nem de pagar suas próprias contas. O auxílio moradia desse imenso bloco de marajás é de mais de 4 mil reais mensais, sendo que a maioria, apesar do mensalão oficial, mora em... casa própria. Randolfo apresentou Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para acabar com o exótico jabá residencial. Essa PEC vai ganhar auxílio moradia eterno nas gavetas do Senado.,.
* Pesquisa do Datafolha apurou que 60% dos brasileiros considera ruim ou péssimo o trabalho dos parlamentares. É a imagem do Congresso no buraco mais fundo desde 1993.
* Temer está sendo criticado por não ter comprado deputados na Black Friday. Economizaria dinheiro público na promoção.
* Perdeu, mamãe. Depois que um delator revelou que Geddel guardava dinheiro de propina no closet da mama e o Globo mostrou que dona Marluce controla os negócios da família e mantém os filhos em coleira curta, o clima ficou complicado para a matriarca baiana. Piorou mais ainda agora com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmando que a mama "tem papel ativo e relevante na lavagem de dinheiro". O acarajé de dona Marluce está assando...
* Vale-transporte: empresas de ônibus pagaram R$250 milhões a políticos do Rio de Janeiro. Dinheiro que, claro, saiu do preço da passagem que o carioca paga.
* Sem contar o PCC, quem mais ganhou dinheiro este ano foram as distribuidoras de gás. Com a nova política de preços imposta por Temer para ficar de bem como mercado, o gás aumentou 84% só esse ano.
* Governo Temer rouba bordão de Sílvio Luís. Propaganda federal surrupiou a famosa expressão "Olho no lance" criada pelo locutor esportivo. Silvio reclamou pelo twitter: "Sou roubado pelo Governo até no meu bordão, nem licença pediram". O Planalto se apropriou do bordão para campanhas sobre PIB, alta da Bolsa, aumento de emprego e outras manipulações.
O Brasil precisa de ajuda psiquiátrica. A simples leitura dos jornais, a qualquer dia ou hora, vale por um diagnóstico. Já que a casta dirigente tem tantos privilégios, não custa incluir mais um: remédio traja preta de graça e para todos no café da manhã. Vai ver funciona. Confira o desvario da semana.
* O deputado Tiririca (segundo o dicionário, nome de uma planta daninha e também adjetivo que se dá a pessoas coléricas, furiosas) passou sete anos na Câmara dos Deputados em estado de catatonia política. Fez um primeiro e último discurso, ontem. De despedida. E saiu titirica. Decepcionado, vai deixar a política. Devia devolver os salários.
* A Istoé faz a festa da premiação Os Brasileiros do Ano, onde autoridades e réus dividiram a mesa e brindaram alegremente.
* Rogério 157 e preso e o primeiro procedimento da polícia é posar para selfies sorridentes com o preso.
* Um levantamento da Consultoria Legislativa do Senado, feito a pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), demonstra que autoridades do Poder Judiciário, Ministério Público e Tribunais de Contas da União, dos estados e do Distrito Federal gastam R$ 1,6 bilhão anuais com auxílio moradia. Não dá para confiar em autoridades que não têm capacidade nem de pagar suas próprias contas. O auxílio moradia desse imenso bloco de marajás é de mais de 4 mil reais mensais, sendo que a maioria, apesar do mensalão oficial, mora em... casa própria. Randolfo apresentou Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para acabar com o exótico jabá residencial. Essa PEC vai ganhar auxílio moradia eterno nas gavetas do Senado.,.
* Pesquisa do Datafolha apurou que 60% dos brasileiros considera ruim ou péssimo o trabalho dos parlamentares. É a imagem do Congresso no buraco mais fundo desde 1993.
* Temer está sendo criticado por não ter comprado deputados na Black Friday. Economizaria dinheiro público na promoção.
* Perdeu, mamãe. Depois que um delator revelou que Geddel guardava dinheiro de propina no closet da mama e o Globo mostrou que dona Marluce controla os negócios da família e mantém os filhos em coleira curta, o clima ficou complicado para a matriarca baiana. Piorou mais ainda agora com a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmando que a mama "tem papel ativo e relevante na lavagem de dinheiro". O acarajé de dona Marluce está assando...
* Vale-transporte: empresas de ônibus pagaram R$250 milhões a políticos do Rio de Janeiro. Dinheiro que, claro, saiu do preço da passagem que o carioca paga.
* Sem contar o PCC, quem mais ganhou dinheiro este ano foram as distribuidoras de gás. Com a nova política de preços imposta por Temer para ficar de bem como mercado, o gás aumentou 84% só esse ano.
* Governo Temer rouba bordão de Sílvio Luís. Propaganda federal surrupiou a famosa expressão "Olho no lance" criada pelo locutor esportivo. Silvio reclamou pelo twitter: "Sou roubado pelo Governo até no meu bordão, nem licença pediram". O Planalto se apropriou do bordão para campanhas sobre PIB, alta da Bolsa, aumento de emprego e outras manipulações.
Suas conversas podem ter sido gravadas. Mas Joesley Batista e Moro não têm nada a ver com isso...
Sabia disso? Não apenas Joesley Batista, a força-tarefa do MPF e a onipresente NSA americana gravam conversas adoidado. O Google também pode fazer um tape básico dos seus papos. A informação está no Blue Bus, como dica da Shortlist, e pode ser útil para você. Para ouvir todas as gravações que o buscador eventualmente terá feito das suas pesquisas por voz e até de conversas aleatórias basta acessar na página da sua conta do Google, a seção ‘My Activity’ e selecionar ‘Voice & Audio’. Veja mais detalhes no Blue Bus, AQUI.
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
Lição grátis de jornalismo: cotovelos em capas sempre dão problema...
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Reprodução Mashable |
por José Esmeraldo Gonçalves
A Time divulgou sua tradicional capa de "Pessoa 2017": é dedicada às mulheres que quebraram o silêncio e revelaram casos de assédios sexuais. Para representar a reação feminina aos abusos, a revista reuniu Ashley Judd, Taylor Swift, Susan Fowler, Adama Iwu e Isabel Pascual, cujo nome foi alterado para proteger sua identidade.
Mas o que está intrigando os leitores é o cotovelo aparentemente aleatório que aparece no canto direito da capa. A informação é do Mashable.
O editor do TIME, Edward Felsenthal, diz que o detalhe simboliza mulheres e homens que ainda estão calados e no anonimato diante das violências que sofreram.
Mas nas redes sociais também há quem especule que o cotovelo fantasma pode ter sido uma falha no corte da foto.
O DIA EM QUE A REVISTA FATOS CONFUNDIU
O COTOVELO DE UM ENFERMEIRO COM
A CABEÇA DE TANCREDO NEVES
O cotovelo da Time remete a um certo cotovelo na revista Fatos, em 1985. Como todas as redações do país, a Fatos estava mergulhada até o pescoço na exaustiva cobertura da agonia de Tancredo Neves, que durou mais de um mês.
A cada fechamento, a revista atualizava em texto e fotos a luta dos médicos para salvar o presidente eleito, mas semana após semana corria o risco de chegar às bancas 48 horas depois - tempo gasto em preparação e impressão - desatualizada e com Tancredo Neves já morto.
Em um desses complicados fechamentos, quase no minuto final, chegam de Brasília fotos que mostrariam o presidente eleito, deitado em uma maca, a caminho da ambulância que o levaria em emergência ao aeroporto de onde seguiria para São Paulo. A foto da inesperada transferência do paciente era a mais atual e exclusiva, segundo Brasília. Apenas o fotógrafo da Fatos havia invadido o acesso à garagem do Hospital de Base e obtido um ângulo favorável. Claro, iria para a capa.
Já era quase meia-noite quando a redação inteira, já exausta, foi para a sala de projeção participar da escolha da melhor imagem da sequência da maca. Decepção total: nenhuma foto mostrava o rosto ou sequer a cabeça de Tancredo. A cena era muito confusa, médicos, enfermeiros e policiais cercavam o paciente. Mas a projeção de slides continuava, as fotos eram vistas e revistas. Em vão. A redação já estava quase desistindo de trocar a capa paginada antes quando uma voz não identificada, em plena escuridão da cabine de projeção, quebrou o silêncio e decretou:
- Olha a cabecinha dele ali, gente!
- Que cabecinha? - alguém duvidou.
- Ali - insistiu a voz -, no canto, a carequinha dele e um travesseiro!
Deu-se então um caso típico de alucinação coletiva, quase uma hipnose. A partir do momento em que a voz viu Tancredo, todos na cabine também tiveram a mesma visão. Era aquilo mesmo, lá estava a cabecinha de Tancredo. Como a foto era confusa, alguém sugeriu que a Arte fizesse um círculo vermelho em torno da tal carequinha para que os leitores identificassem mais rapidamente o que a redação levou mais de uma hora para perceber. E assim foi feito.
Fechamento concluído, todos foram para casa.
Um dia e meio depois, a revista impressa foi colocada na mesa do diretor. A capa estava perfeita, as chamadas idem. Só tinha um problema. O círculo vermelho não destacava nada que parecesse a cabecinha de Tancredo. Até porque não havia cabecinha coisa nenhuma. O que a capa mostrava claramente era o cotovelo de um dos enfermeiros, um cara tão parrudo que de fato a popular conexão do braco com o antebraço parecia mesmo um cabeção.
J.A. Barros, diretor de Arte da Fatos, colaborador deste blog, é testemunha daquela noite fatídica. É justo dizer que ele foi um dos mais resistentes a acreditar que via a ilustre cabecinha do presidente eleito. Mas, como todos os demais zumbis que passaram mais de um hora naquela sala de projeção, ele também foi induzido a ver a luz: a foto exclusiva de Tancredo na maca.
A cabecinha de Tancredo que dez ou doze pessoas viram naquela noite mística no escurinho da cabine tinha sido apenas produto de uma ocasional alucinação coletiva. Mas rendeu capa!.
Vem aí a reforma trabalhista robótica. Até 2030, robôs vão tomar até 800 milhões de empregos no mundo
A consultoria McKinsey Global Institute publica um relatório com uma conclusão nem um pouco animadora: até 2030, de 400 a 800 milhões de pessoas em todo o mundo perderão seus empregos para robôs.
Os países desenvolvidos sofrerão o impacto maior. Por causa dos baixos salários, nações em desenvolvimento vão demorar um pouco mais a trocar grande parte da mão-de-obra por máquinas ou androides inteligentes, mas serão afetadas mesmo assim. Operadores de máquinas e balconistas estão entre as categorias mais prejudicadas. Funções que exigem muita especialização, interação social e emocional vão resistir mais à automatização.
No cinema e nas histórias em quadrinhos, os robôs são quase sempre personagens gente boa. Essa imagem simpática vai mudar no momento em que você sair para tomar um cafezinho e ao voltar encontra um robô no seu lugar.
Os países desenvolvidos sofrerão o impacto maior. Por causa dos baixos salários, nações em desenvolvimento vão demorar um pouco mais a trocar grande parte da mão-de-obra por máquinas ou androides inteligentes, mas serão afetadas mesmo assim. Operadores de máquinas e balconistas estão entre as categorias mais prejudicadas. Funções que exigem muita especialização, interação social e emocional vão resistir mais à automatização.
No cinema e nas histórias em quadrinhos, os robôs são quase sempre personagens gente boa. Essa imagem simpática vai mudar no momento em que você sair para tomar um cafezinho e ao voltar encontra um robô no seu lugar.
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