sábado, 6 de fevereiro de 2016

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Jornalistas cariocas em campanha salarial : patrões insistem em proposta rebaixada. Nova negociação no dia 25


Intransigência à mesa. Mais uma vez, as empresas de jornais e revistas demonstraram desrespeito pela categoria dos jornalistas e na mesa redonda realizada nesta quarta-feira (3/2) na Superintendência Regional de Trabalho e Emprego do Rio de Janeiro (SRTE), insistiram na proposta rebaixada de R$ 1.660 para o piso salarial. O valor é 30% inferior ao piso estadual de R$ 2.432,72 fixado em lei. Uma nova rodada de negociação na SRTE foi marcada para o próximo dia 25.

O Sindicato recusou a proposta já rejeitada em assembleia pelos jornalistas. Diante disto, os representantes patronais informaram que voltarão à mesa após o assunto ser discutido em assembleia pelos proprietários das empresas. A expectativa é que uma nova proposta seja apresentada no dia 25. Ficou evidenciada durante a reunião na SRTE a estratégia dos patrões de retardar ao máximo as negociações da Campanha Salarial 2015 apostando na manutenção do impasse, visando, com isto, desgastar o Sindicato com a categoria.

Fonte: Sindicato do Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro

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A história reescrita... e o cafezinho que mudou opiniões e mentes

por José Esmeraldo Gonçalves
Quem disse que a história não é uma disciplina dinâmica? Com o tempo, os fatos são reinterpretados, acomodam-se às circunstâncias, adaptam-se às campanhas político-partidárias.
A morte recente de um embaixador que teve alto cargo no Itamaraty no governo Geisel, em plena ditadura, levou parte da mídia a acionar a tecla delete sobre o passado. Sob a motivação da homenagem ao embaixador, o Itamaraty da ditadura chegou a ser exaltado como uma ilha de rara competência e muita democracia.
Não foi bem assim.
Documentos levantados pela Comissão da Verdade e papeis que perderam o selo de top secret no Departamento de Estado, em Washington, provam que o Itamaraty nunca foi uma "ilha de democracia' em meio ao regime ditatorial. Ao contrário, foi um braço de longo alcance do governo militar. Diplomatas foram cassados, outros relegados a postos obscuros e exilados foram vigiados e perseguidos. Na outra ponta, certas carreiras ganharam impulsos extraordinários. Mesmo quando a ditadura fez a coreografia política de deixar o poder mantendo no lugar o alegórico José Sarney, funcionários do Itamaraty, a "ilha de democracia", ainda tiveram respaldo suficiente para destruir documentos comprometedores, assim como fez a maioria dos setores administrativos da ditadura na superfície ou nos porões.
O Itamaraty colaborou com a Operação Condor que funcionou até 1980 e tem marcas de assassinatos políticos nas coronhas que circularam pelas ditaduras do Cone Sul.
Um dos artigos publicados recentemente celebra a atuação do falecido embaixador Luiz Felipe Lampreia quando, no posto de porta-voz do Itamaraty, durante o governo Geisel - o ministro das Relações Exteriores era o notório Azeredo da Silveira -, "abriu" a instituição aos jornalistas credenciados e procurou manter boas relações com a imprensa. Um coisa, digamos, gentil.
Também não foi bem assim.
Em 2008, em depoimento ao Centro de Documentação (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, o próprio embaixador Lampreia reconhece que aquele relacionamento "amistoso" com a mídia era, na verdade, uma política do governo militar.
Reprodução Estadão
O Brasil tinha naquele momento sérias disputas com a Argentina, incluindo aí a questão de Itaipu e o projeto argentino da hidrelétrica de Corpus, com o qual os militares brasileiros não concordavam. Em meio a esse clima, Buenos Aires enviou para Brasilia um embaixador que, segundo gravações do CPDOC, começou a "trabalhar" a imprensa brasileira, convidando jornalistas para um café quase que diário. Segundo Lampreia, o argentino influenciava os jornalistas. No depoimento, ele usa a expressão "fazia a cabeça das moças", ao destacar que a maioria entre os repórteres era de mulheres. A imprensa brasileira, "influenciada" pelo cafezinho do embaixador argentino, na avaliação do governo militar revelada por Lampreia em áudio, passava a refletir as posições de Buenos Aires. Foi assim, como uma reação estudada do Itamaraty, que Lampreia assumiu o cargo de porta-voz e adotou a precisamente a estratégia argentina de cafezinho e relações-públicas com os jornalistas. Ele instituiu um briefing diário no Itamaraty. Ou seja, a "aproximação" com os jornalistas relembrada nessa semana, após a morte de Lampreia, era uma tática do governo Geisel. É fato que, além da rubiácea com as repórteres, Lampreia procurou os donos dos principais jornais. A estratégia funcionou. O depoimento do embaixador ao CPDOC inclui um trecho revelador: "Aí o Geisel ficou perplexo, e chamou o Silveira e disse: 'O que você fez com o Estado de São Paulo para o Estado de São Paulo mudar completamente de ponto de vista?', conta ele, para exemplificar como o governo operou naquele momento para mudar opiniões e mentes da grande mídia.
E, no caso específico, nem precisou apelar para a grosseira censura.

Médico veterinário é proibido de prestar atendimento gratuito a animais de pessoas carentes

por Flávio Sépia
Corporativismo é uma prática que atenta contra a liberdade das pessoas. Talvez o exemplo mais dramático e que já está ganhando toque de bandidagem é o ataque dos taxistas a motoristas e passageiros do Uber. Combater Airbnb, Neflix e outros aplicativos que derrubam privilégios também é uma outra face do corporativismo. Os corporativistas, assim como os monopolistas e formadores de carteis e trustes defendem o mercado livre mas apenas quando não os atinge.
Além do corporativismo institucional, há o explícito e violento praticado pelas milícias. E há também o que é motivado pelo interesse político. Lembro que quando foi lançado programa Mais Médicos os líderes elitistas da categoria detonaram um campanha violenta contra o programa. Hoje, tiraram a boca do trombone.  Não só o reconhecido sucesso do programa que levou profissionais a municípios remotos mas a adesão dos jovens médicos brasileiros calaram os tais líderes que mais faziam política partidária do que qualquer outra coisa.
Mas o corporativismo pode chegar a atitudes ainda mais cruéis. Os jornais noticiaram recentemente que o médico veterinário Ricardo Camargo foi obrigado a interromper atendimento gratuito a cães e gatos de pessoas carentes em sua clínica, em São Carlos, interior de São Paulo. O Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV-SP) implicou com a ação beneficente que, segundo cartolas da veterinária, contraria o código de ética da profissão e o ameaçou com sanções. Se isso é ética, é melhor mudar o código. Ele foi ameaçado de processo e de cassação do seu registro profissional. A atitude diz mais sobre o corporativismo do que qualquer crítica que poderia ser escrita neste post.
O VÍDEO QUE O MÉDICO VETERINÁRIO POSTOU NA SUA PÁGINA (E QUE EM POUCO TEMPO ATINGIU 6 MILHÕES DE VISUALIZAÇÕES) PODE SER VISTO NO YOU TUBE. CLIQUE AQUI

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

O jornal New York Times mostra como transformou o seu "arquivo morto" de fotos em fonte de conteúdo inédito


A propósito de um tema que preocupa fotógrafos e pesquisadores brasileiros e já abordado neste blog - o fato de alguns veículos não mais guardarem as "sobras" de imagens digitais, limitando-se a arquivar apenas o material publicado -, é oportuna uma matéria publicada ontem no Poynter.  
Segundo o site especializado em notícias sobre jornalismo, o New York Times montou um projeto exploratório do seu próprio acervo de fotos. A ideia é garimpar fotos não publicadas e recuperar histórias que o jornal desprezou ou não aproveitou na época por erro de avaliação dos editores ou até mesmo preconceito. 
A matéria cita o caso de uma foto de Martin Lurther King. Em junho de 1963, o NYT publicou um foto cortada, praticamente em close, do líder da campanha pelos direitos civis dos negros. A busca no arquivo mostrou que, no negativo sem corte, King aparece em uma mesa, durante um debate em que foi criticado por militantes negros. A partir daí, o NYT recuperou um contexto histórico inédito e subestimado pelo jornal na ocasião. 
A possibilidade de transformar em valioso conteúdo o que jornais e revistas costumavam chamar de "arquivo morto" é quase infinita. No caso do NYT, são cerca de 5 milhões de ampliações fotográficas arquivadas e 300 mil rolos de negativos.O que o jornal pretende agora é compartilhar com os leitores a rica história que as "sobras" mantiveram escondidas.


A foto acima, da cantora e atriz Lena Horne, em 1964, é um exemplo do aproveitamento criativo de uma imagem desprezada na época. Ela foi fotografada em um apartamento para uma matéria sobre seu novo show. O NYT não usou essa foto nem abordou o contexto em que foi feita. Na época, a cantora tentava alugar um apartamento e foi rejeitada por imobiliárias e síndicos que se recusavam a receber afro-americanos. Lena Horne, indignada, comprou o prédio inteiro. O sorriso, na foto, é da nova proprietária do apartamento de cobertura. Reprodução: Poynter
LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO POYNTER, CLIQUE AQUI


terça-feira, 2 de fevereiro de 2016

Memórias da redação: as cartas que esclarecem a penúltima crise da revista Manchete antes da falência da Bloch

Há duas semanas, Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete, escreveu neste blog um artigo sobre "David Bowie, Justino Martins e o Rock". Muggiati citou uma das mudanças na condução da revista, em 1997, quando ele deixou a direção - tornou-se editor de Projetos Especiais - e o jornalista Tão Gomes Pinto foi importado da Pauliceia com a missão de reformar a Manchete. Pouco meses depois, como contou no mesmo artigo, Muggiati seria chamado a reassumir o cargo. "Em 31 de outubro, Dia das Bruxas, uma sexta-feira, o editor paulista pediu as contas e se mandou. Jaquito me ligou comunicando que eu estava de volta à direção da Manchete e que o fechamento da revista na segunda-feira seria por minha conta", escreveu ele no citado artigo.
Pois bem, nesses tempos em que o vice Michel Temer reabilitou a carta, um formato de mensagem que parecia aposentado pelos emails e whatsapps da vida digital, um dileto seguidor deste blog enviou reproduções da troca de cartas entre Tão Gomes Pinto e Jaquito, então presidente da editora. O leitor pede anonimato, diz que espera estar contribuindo para a "memória da redação" e revela o "documento" que explica com alguma dramaticidade o pedido de demissão referido pelo Muggiati (o famoso "Muggi das Crises" como Alberto Carvalho apelidou de tanto que era convocado para voltar à "cadeira elétrica" de diretor quando terremotos editoriais abalavam a revista).
Abaixo, as cartas que selaram aquele episódio de bastidores, o penúltimo conflito interno da revista antes da crise final, a falência, três anos depois.

O PEDIDO DE DEMISSÃO DE TÃO GOMES PINTO


A RESPOSTA DA DIREÇÃO DA BLOCH


ATUALIZAÇÃO: POR EMAIL, ROBERTO MUGGIATI ENVIA AO BLOG MAIS INFORMAÇÕES:

"Esclarecendo melhor. Sempre tive a impressão de que, enquanto vivesse, Adolpho Bloch não me tiraria da Manchete. Veja só as datas: Adolpho morreu em 19 de novembro de 1995. Em meados de 1996, Jaquito deu início ao seu projeto pessoal de salvar a revista. Assumiu a chefia da Manchete, como um espécie de diretor-tampão, o Roberto Barreira, até a chegada do Tão e seus dois escudeiros. O Roberto Barreira tinha a vantagem de falar italiano e assim ajudar o Carlo Rizzi na implantação do novo projeto gráfico. Essa, para mim, foi a grande inovação da Manchete. Por mais talento e intuição que tivesse, o nosso grande Wilson Passos não tinha as bases científicas do Rizzi, um dos melhores designers italianos. E também, àquela altura, o Wilson já tinha perdido o tesão com a Bloch. Com a reforma gráfica implantada - executada pelo Vincenzo Scarpellini, trazido da Itália para isso pelo Carlo - o triunvirato Tão-Otávio-Núnzio fechou a primeira edição na segunda-feira, 9 de outubro de 1996. No dia anterior, Adolpho completaria 88 anos. Como mencionei no artigo sobre Bowie, Justino e o rock, fechei a edição de Carnaval da Manchete de 1997 (Tão recebeu uma folga), editei os 52 fascículos de História do Brasil, encartados ao longo da Manchete na gestão do Tão e fiz a edição dos 45 anos da Manchete (e também o número extra da Fatos&Fotos sobre a morte da Princesa Diana, que saiu antes da Manchete). A edição Manchete/Marinha foi editado pelo nosso Alvimar. Os fascículos da História do Brasil foram diagramados pelo grande J.A.Barros. Já a Manchete 45 anos foi paginada com o Wilson Passos. A F&F de Lady Di, acho que foi com ambos, Passos e Barros. 
No mais, Dia das Bruxas, Tão vai passear pelo Catete e decide pedir o boné...
Um abraço do Muggi das Crises. 
P.S - A carta-resposta está muito melhor que a do Tão, acho que foi o Cony quem escreveu, não foi?"


Fotografia: Arquivo com 200 milhões de fotos que pertenciam a Bill Gates é vendido para bilionário chinês


A Sygma, fundada em 1973, foi uma das agências de fotografia mais próximas da Manchete. Durante décadas, a revista manteve um acordo preferencial com aquela que era então uma das líderes do mercado de fotojornalismo. Muitos fotógrafos da Sygma vinham ao Rio de Janeiro para cobrir o carnaval e se integravam às equipes da Manchete e Fatos & Fotos. A agência francesa reunia cerca de 200 dos maiores fotógrafos do mundo. Em 1999, Bill Gates adquiriu todo o acervo da Sygma. O objetivo de Gates, através da Corbis, nome da agência do fundador da Microsoft, era tornar-se o maior provedor de fotos da web. Atualmente, são cerca de 200 milhões de imagens, muitas disponíveis on line. Segundo a empresa, é a maior coleção de fotos do mundo. Provavelmente aquela que mais reúne fotos de celebridades de todas as épocas.
Pois os chineses, que estão comprando tudo, são os novos donos da Corbis. Bill Gates acaba de passar adiante, por valor não revelado, seu mega arquivo de fotos e vídeos. O Visual China Group é agora o detentor de imagens icônicas feitas pela Sygma ou adquiridas pela agência. Uma delas, a de Marilyn Monroe com a saia levantada nos bastidores das filmagens de "O Pecado Mora ao Lado". Fotos do massacre da Praça Tiananmen, em Pequim, também fazem parte do acervo vendido ao bilionário chinês Xiao Qiang. Essa série de fotos, aliás, está provocando polêmica, já que são imagens censuradas na China. A costureira Rosa Parks, pioneira da luta pelos direitos civis e protagonista da famosa cena em que se recusou a ceder seu lugar em um ônibus a um passageiro branco, também está lá. Fotos exclusivas de Jimi Hendrix, da queda do Xá do Irã, da explosão do dirigível Hindenburg, de Albert Einstein com a língua de fora, do Festival de Woodstock, da revolta do estudantes franceses em maio de 1968, tudo isso passa agora ao acervo chinês.

Boston Globe não é aqui...

Divulgação


por Leandro F. Linhares 
O filme "Spotlight, Segredos Revelados", de Tom McCarthy,  é sucesso de público e crítica e tem despertado, especialmente, a atenção de profissionais do jornalismo. Li na mídia alternativa na web bons comentários sobre a saga do Boston Globe. Já a mídia conservadora publicou algumas análises em benefício próprio e tentou se espelhar no que achou que viu na tela. Mas esse suposto reflexo parece bem fora de foco. Senão, vejamos.
A equipe do Boston Globe ganhou o Pulitzer pela série de reportagens sobre os casos sistêmicos de pedofilia envolvendo padres católicos. Bom explicar que eles foram premiados, em 2003, na categoria "Serviço Público" e não "Reportagem Investigativa". Por um motivo simples: o Boston Globe não descobriu os fatos, e esse ineditismo é condição do Pulitzer para premiar reportagens investigativas. Os acontecimentos abordados no filme eram de conhecimento público desde 2001, quando algumas vítimas abriram processos contra padres. O Pulitzer considerou, com justiça, que o Boston Globe contribuiu para melhorar a vida das pessoas e protegê-las ao alertar sobre o caso e deixar a comunidade católica, em especial, mais atenta ao problema.
Não foi pouco o serviço prestado pelo jornal ao despertar consciências e acordar autoridades civis e eclesiásticas. E este é o toque 'romântico' do jornalismo: ajudar a promover mudanças justas e importantes para a sociedade. E é este tipo de motivação, certamente, o impulso que ainda leva muitos profissionais a escolher esse árduo ofício.
É curioso observar que o filme, assim como a reportagem real do Boston Globe, não demoniza personagens ou faz cargas iradas contra fulanos. Como se raciocinasse que as pessoas passam e os problemas ficam, o foco dos repórteres não é a cruzada messiânica. É a denúncia dos fatores que levaram à ocorrência da pedofilia quase como uma "norma do sistema". Independentemente das pessoas envolvidas e de responsabilidades individuais, o que resulta de bom para a sociedade é que reportagens desse quilate ajudam a construir mecanismos de proteção que dificultam ou impedem a repetição dos casos. Para alcançar tal objetivo, foi fundamental à equipe poder contar a história de forma independente, apoiada por diretores que protegeram a autonomia dos repórteres.
Haveria no contexto de produção da série de matérias do Boston Globe muitas lições úteis às grandes corporações da mídia brasileira. Mas temos uma estrutura familiar, política e ideológica muito particular nas grandes empresas de comunicação. Podemos supor que um simples telefonema de um cardeal amigo paralisaria uma dessas séries de reportagens por aqui - isso se ela sequer começasse - e há fartos exemplos ao longo da história facilmente identificáveis por centenas de coleguinhas que atuam ou atuaram em redações. O cinema tem outros exemplos de filmes baseados em reportagens investigativas que seriam inimagináveis na grande mídia brasileira. Quem não lembra de "O Informante", de Michael Mann, de 1999? Relatava um fato real ocorrido cinco anos antes: um ex-executivo da indústria do fumo denuncia crimes da indústria que adiciona aos cigarros componentes químicos que potencializam o fator viciante da nicotina. Imagina as corporações jornalísticas brasileiras investindo contra um poderoso anunciante?
É ruim, hein? Não há nada parecido no currículo nacional.
Houve até quem comparasse "Spotlight" com a atual cobertura jornalística da "Lava Jato'. Há semelhanças em um aspecto: as matérias sobre a Lava Jato também não seriam consideradas investigativas pelo Pulitzer já que em geral reproduzem fatos vazados de depoimentos de delatores premiados. Ou seja, como Spotlight, têm base em processos judiciais e não em levantamento jornalístico. Watergate, um caso clássico de jornalismo investigativo, é exemplar. O próprio Washington Post noticiou a invasão do escritório do Partido Democrata como um "assalto". Coube a Bob Woodward e Carl Bernstein estabelecer, meses depois, através de uma fonte própria, a ligação entre a Casa Branca, de Nixon, e a operação de espionagem contra os democratas. Não foi a polícia, nem a justiça, não foi o promotor, nem o juiz, nem o "japonês, não foi vazamento seletivo nem ocasional. Foi o jornalismo investigativo.
Entre as muitas diferenças que turvam o espelho e a comparação entre Spotlight e Lava Jato estão o interesse político mas do que ético, a difícil e quase impossível sobrevivência de repórteres independentes na grande mídia, o engajamento partidário, a disputa pelo poder e os poderosos interesses financeiros. É bom ou quer mais?
Melhor ver a equipe do Boston Globe em ação. Sonhar não custa nada.

Tecnologia: seus arquivos no fundo do mar... a "nuvem" vai mergulhar

Reprodução
por Clara S. Britto
Muito em breve, suas fotos, documentos, textos, em resumo, toda sua memória digital deverá ir para o fundo do mar. A Microsoft Corporation testa a instalação de centro de dados submarinos. Explica-se: um dos maiores gastos na manutenção desses complexos é com o ar condicionado indispensável para a conservação operacional dos circuitos e placas. Além disso, 75% do planeta está sob água. Daí, que há mais espaço disponível e barato no mar do que na terra. O New York Times revela que está em curso o Projeto Natick para desenvolvimento e montagem de centro de dados submarinos. Isso significa que a "nuvem", hoje dispersa em vários países, vai mergulhar. A ideia foi apresentada à empresa por Sena James, um ex-submarinista da Marinha americana. Além da refrigeração natural, os novos centros de memória demonstram respostas mais rápidas e podem ser facilmente expandidos.  Outras empresas pesquisam o aperfeiçoamento de centros de dados sob o ponto de vista de consumo de energia. Há projetos para aproveitamento de energia eólica a partir de torres instaladas na superfície e até uso de energia gerada pela marés ou correntes submarinas. Por outro lado, grupos de ambientalistas pedem mais informações sobre o impacto ambiental dos futuros centros de memória submarinos. A empresa informa que não haverá resíduo de produtos e abriu a página oficla do projeto para dialogar com especialistas e ecologistas. Os primeiros campos de testes serão o litoral da Flórida e o Mar do Norte. Mas há um longo caminho a percorrer.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Memórias da redação: o censor que avisou "vou ali e volto já"...

(do livro "Aconteceu na Manchete: as histórias que ninguém contou")
Na sua crônica na Manchete n°2.258, em 1995, o jornalistas Fernando Morais conta o "causo" do "Fantasma do Ataliba". Para os velhos jornalistas, a historia não é nova, mas é bom que a rapaziada da mídia atual conheça a outra metade da missa: "Em 1945, o apurado olfato de Assis Chateaubriand farejou que a ditadura do Estado Novo estava nos estertores. Um belo dia, ele acordou e, sem consultar ninguém, deu a ordem a todos os jornais da sua rede para enxotar das redações os censores do DIP. Secretário do "Estado de Minas", em Belo Horizonte, Carlos Castelo Branco chegou ao jornal e transmitiu a ordem do chefe a Ataliba, o censor que por oito anos decidiu o que o jornal podia ou não publicar: 'Ataliba, hoje você não vai ler o jornal na redação. Se quiser ler o "Estado de Minas" vai ter que comprá-lo na banca amanhã de manhã'. No que o censor respondeu: 'Não tem importância, seu Castelo. Eu vou embora mas qualquer dia eu volto'".

Deu no site PetaPixel: Nikon é enganada e dá prêmio para imagem montada no photoshop


A foto premiada e...

...o fundo branco em recorte flagrado por internautas provando que o avião foi 'aplicado' na foto.

O vacilo da Nikon gerou...

...memes na web. 

por Ed Sá
A Nikon caiu nas manhas da web. A gigante da fotografia publicou um anúncio em sua página no Facebook para parabenizar o fotógrafo Yu Wei Chay, que captou um avião perfeitamente enquadrado pelo pórtico de uma escadaria. Beleza. Só que a foto é uma grosseira e photoshopada montagem. No minuto seguinte ao anúncio, internautas perceberam a mancada e a Nikon passou a ser trolada na rede. O fotógrafo enganador revelou que usou uma Nikon D90 em f / 2.8 e 1/1600 e ganhou de presente uma bolsa para guardar seus equipamentos.

Organização social, ONG, terceirização... esse "carnaval" dura o ano inteiro...




por Flávio Sépia
Já se vão quase 20 anos. Em maio de 1998, no embalo do neoliberalismo determinado pelo chamado Consenso de Washington,  o governo FHC sancionou a lei que criou as "organizações sociais". Uma espécie de cavalo-de-troia para a privatização descontrolada de serviços públicos. Entrelaçado com o poder  - muitas são ligadas a políticos e igrejas, "centros sociais", redutos "comunitários", tal sistema fincou bases empresariais e prosperou nos governos Lula, Dilma, nas administrações estaduais e municipais sob o comando dos mais variados partidos. Hoje, são uma máquina tão gigantesca quanto obscura atrelada aos serviços públicos em todas as instâncias. Como parte da meta de "estado mínimo", são obviamente exaltadas pela mídia conservadora. Contudo, pipocam denúncias sobre várias OS em todo o país. Superfaturamento, falta de fiscalização, gastos descontrolados, precariedade na prestação de serviços, há de tudo na caixa-preta apenas eventualmente entreaberta. A lei que criou as OS  qualifica como "organizações sociais" pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde. Um amplo e fértil campo de atuação. Políticos que defendiam as OS falavam que elas significariam economia e racionalização de custos. Você acreditou? Pois é. Só agora, no rastro dos escândalos, autoridades começam a falar em - apenas para dar um exemplo -, determinar que as compras para abastecer as entidades dominadas por OS obedeçam aos preços praticados pelo poder público. Ué, esse cavalo até agora corria solto, sem rédeas, ao vento dos interesses privados? No passado recente, já surgiram denúncias sobre ONGs e OS que administram serviços públicos. Logo foram esquecidas ou perderam força. Agora, em função da crise em hospitais, as suspeitas estão de volta. Se vão originar, investigações, processos e efetiva fiscalização, quem vai saber?

A festa dos blocos: Como canta o samba da Mangueira, o Rio "que hoje brinca de viver a emoção"...

O Chora Me Liga na Av. Atlântica. Foto de Fernando Maia/Riotur

Bloco da Preta, no Centro. Foto de Fernando Maia/Riotur

Céu na Terra. Foto de Fernando Maia/Riotur

Nas ruas de Santa Teresa, ainda o Céu na Terra. Foto de Fernando Maia/Riotur

Em SantaTeresa. Foto de Fernando Maia/Riotur

Desliga da Justiça. Foto de Fernando Maia/Riotur

Nova geração do Desliga. Foto de Fernando Maia/Riotur


Me Esquece. Foto de Alexandre Macieira/Riotur

No Jardim Botânico.Foto de Alexandre Macieira/Riotur

Gigantes da Lira. Foto de Alexandre Macieira/Riotur


Se Não Quiser me Dar Me Empresta, na Vieira Souto, Ipanema. Foto de Alexandre Macieira/Riotur

Spanta. Foto de Fernando Maia/Riotur

Spantinha. Foto de Fernando Maia/Riotur

Suvaco de Cristo. Foto de Fernando Maia/Riotur

Timoneiros de Madureira. Foto de Alexandre Macieira/Riotur.

domingo, 31 de janeiro de 2016

"Alô, burguesia de Ipanema": é o Simpatia na Avenida...


FOTOS DE FERNANDO MAIA/RIOTUR






É o 32° Carnaval do Simpatia. Ontem, cerca de cem mil cariocas e turistas homenagearam Chico Buarque, recentemente hostilizado por playboys e coxinhas desocupados no Leblon. O bloco volta a desfilar no próximo domingo. Abaixo, a letra do samba, com referência a Chico Buarque e ao personagem "Esmeraldo Simpatia é Quase Amor", criado por Aldir Blanc e inspiração do bloco fundado em 1984.  Fotos de Fernando Maia/Riotur

sábado, 30 de janeiro de 2016

Eu, hein? A pessoa acordou infeliz e escreveu que este carnaval é o "rosto trágico do Brasil". Uáu! Dá-lhe rede social...

por Omelete
Quando nasceu a internet? Não há uma precisão absoluta sobre a data. Na década de 1980, teve início a interligação de computadores em nível mundial. Mas o conceito de rede de informações, usando diversas tecnologias, começou na Segunda Guerra Mundial. E, desde 1960, universidades americanas estudavam a interligação de computadores para fins acadêmicos, enquanto instituições governamentais perseguiam os mesmos objetivos, com foco militar. Inglaterra e França desenvolviam pesquisas semelhantes. Mas só na década de 1990, tudo isso se juntou e a web foi efetivamente incorporada pelas pessoas, passando a influenciar comportamentos, opiniões, ideias e hábitos. Cresceu, ganhou vida própria.
E é isso que, aos poucos, torna-se um pesadelo para alguns setores. A web não respeita fortalezas, corporações, nem as grandes e nem as pequenas fortalezas. Não é revolucionária, mas não é conservadora, não é imbatível, nem absolutamente confiável, mas não se pode desprezá-la. É tudo isso ao mesmo tempo. Conecta quase 3 bilhões de pessoas. Quem vai pôr um laço no pescoço dessa pantera? Daí, algumas torres corporativistas, se agitam. Por trás do Uber, que roda sobre uma reserva de mercado, está a web. E isso vale para milhares outros aplicativos que ligam diretamente o usuário ao fornecedor. As reações são físicas - como no caso das agressões a motoristas do Uber -, comerciais (por parte de setores que querem acabar com a neutralidade da rede), políticas (por parte de lobistas que tentam influenciar legislações e impôr taxas fiscais) e até censórias, com teor ideológico e objetivos de conter opiniões. Agora mesmo, em Brasília, atuam junto ao Congresso milícias lobistas que tentam engessar novos modelos de negócio. A Netflix, por exemplo, é alvo de operadoras, de conglomerados de TV por assinaturas e aberta. O serviço streaming de vídeos, que veio para ficar, incomoda corporações e senhores de antigos engenhos.
A web também faz a velha mídia se mexer. E como faz. Para usar uma terminologia ultrapassada, os chamados "órgãos" de imprensa estão desorganizados diante da rede que veio para confundi-los. O monopólio da opinião aos poucos se abala. Ao mesmo tempo em que obrigatoriamente embarcam na onda, sabem que no momento em que entram na teia de informações passam a ser apenas mais um entre milhões e milhões de canais. Os leitores têm acesso ao contraditório que é, muitas vezes, onde mora a informação mais confiável. Conversando outro dia com um jornalista de uma geração intermediária entre a produção de informação na velocidade atual e o modo ainda quase artesanal de menos de duas décadas atrás, ouvi um comentário revelador. Não são apenas a velocidade e a concorrência acirrada que a internet impôs ao impresso. A interação incomoda muito mais. Antes, um repórter ou colunista escrevia sua matéria e, se editores e "aquários" de diretores não reclamassem, tudo ia bem. Hoje, a reação da rede social é uma incógnita exasperante para quem exercia o ato de opinar ou informar em mão única. Sim, as cartas à redação eventualmente metiam bronca, mas não só demoravam a chegar como eram, e são, meticulosamente selecionadas pelos veículos. Como fisicamente não podem mesmo publicar todas, o argumento da filtragem é conveniente para remover inconveniências. Sendo, assim, nunca houve "ameaça" do tamanho das rede sociais. Em certos casos, é um soco no estômago da arrogância. Acabou o conforto. "Haters" ou não, todos têm seu espaço para opinar. Melhor do que o silêncio obrigatório, uma espécie de transtorno compulsivo que era a velha regra. No mínimo, é bom ter como desabafar.
Hoje, por exemplo, uma colunista que não me parece pessoa a quem se possa encontrar em um bloco escreve que o atual carnaval está tingido de amargor. Sério? Não vi isso nas ruas. A pessoa diz que o carnaval é a máscara da tragédia do Brasil. Jura? A bateria que passou aqui agora não tinha nenhum baixo astral. A figura traça um quadro tenebroso, diz que o país está em ruínas, e aparentemente se incomoda com o fato de a massa ignara ficar nas ruas atrás de tamborim e não avançando sobre os formuladores do caos. Quase pensei em me internar em um mosteiro lendo Gustavo Corção até quarta-feira de Cinzas. Mas não vou. A tal pessoa generaliza e imagina pretensiosamente que é a voz messiânica dos brasileiros, é f... Não dá apenas suas opinião, fala gravemente em nome dos que não sabem pensar. Imagina, uma crise dessas e os desmiolados curtindo a festa. Ela deve achar que algupem tem que levar a "luz" as trevas populares. Diria, sem medo de errar, que o povão que cai no samba, essa bela tradição (e que gera recursos, o turismo, cria empregos e hotéis lotados no Rio, Salvador, Recife etc) trabalha mais para tirar o país da crise do que zélites e coxinhas de salão. Os Estados Unidos atravessaram crise, com desemprego, pessoas endividadas, incertezas (mesmo para os padrões deles) e não cancelaram o 4 de julho; a Espanha atolada não quebrou as castanholas; a Itália não parou de se reunir em tornos de pastas e vinhos; Portugal não tornou o bacalhau fora de lei. Então porque vestir a máscara da tragédia no meio da bateria? Mas, claro, quem preferir chorar sob o edredon, ralar o joelho na escadaria da Penha pra pedir anos dourados ou enterrar a cabeça na areia, esteja à vontade."Nóis vai se alienar", tá bom pra senhora?  

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Deu no Granma: refugiados desfilarão na cerimônia de abertura da Olimpíada


O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o alemão Thomas Bach, anunciou, ontem, em Atenas, que um grupo de refugiados irá participar da cerimônia de inauguração dos Jogos Olímpicos de 2016, no dia 5 de agosto, no Rio de Janeiro. São atletas de elite que tiveram de fugir de seus países expulsos pela guerra. Essa delegação especial virá em penúltimo lugar, à frente da equipe brasileira que fecha o desfile. Segundo Bach revelou ao Granma, o COI quer, com isso, enviar ao mundo "uma mensagem de esperança e confiança".

Mané estagiário reproduz como verdadeira "notícia" criada por site de humor...

por Flávio Sépia
Midia de fino trato tem caído nas pegadinhas da internet. Dessa vez o mico do foi do portal UOL, que divulgou como verdadeira, ontem, notícia publicada em um site de humor venezuelano. A matéria diz que falta pasta de dente no país porque o povão tem mania de escovar os dentes três vezes ao dia. O que o UOL achou que era "notícia" era a piada do dia no site Un Mundo Triagular publicada como se fosse um comunicado oficial. Saca só o texto original em que o mané estagiário do UOL acreditou:

"La ministra de Salud, Luisana Melo, aseguró que la escasez de crema dental en el país se debe a que la gente se cepilla los dientes tres veces al día, cuando según ella "con una vez es más que suficiente".

Asimismo también afirmó que esta "cultura" de cepillarse "tantas veces" al día ha sido inculcada por odontólogos malintencionados y el capitalismo salvaje que nos empuja al consumismo extremo. "¿Recuerdan la propaganda de Colgate que decía que antes de irse a acostar chiqui-chiqui-chiqui? Bueno, esa es una campaña que ha formado parte de la guerra económica. Por eso es que el pueblo hoy en día no consigue pasta dental", expresó.

Para culminar, Melo invitó al pueblo venezolano a cepillarse sus dientes 365 veces al año, debido a que "todos tenemos que unirnos para combatir la crisis económica".