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sábado, 25 de setembro de 2021

Deu no G1: "PF recupera duas garrafas de vinho furtadas de adega do Ministério das Relações Exteriores e avaliadas em quase R$ 60 mil".


Fotos: Divulgação/PF

por O.V.Pochê

Gente fina tem mão leve. Um larápio que circula no MRE afanou da adega do Itamaraty garrafas de vinho Petrus Pomerol Grand Cru e Domaine de la Romanee-Conti. A Polícia Federal montou uma operação para resgatar as preciosidades. Estavam em São Paulo. O nome do autor do crime não foi revelado. O sujeito contou que vendeu a outro elemento, que foi localizado e cujo nome também é mantido em sigilo. 

Não faz sentido é manter em segredo a identidade da dupla de ladrões. Se fossem duas garraafas de cachaça 51 roubadas da adega do "seu' Mané os nomes dos meliantes já estmavam no Jornal Nacional. 

Um conselho de amigo. É bom o FBI verificar se não falta nada na adega da ONU. Sei lá, vai que...

Veja a matéria no G1 AQUI

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Instituto Rio Branco admite pela primeira vez uma diplomata negra. E a instituição existe há 73 anos...

Reprodução/Site Fala Piauí
Luana Alessandra Roeder, 28 anos, abandonada ao nascer na Maternidade Dona Evangelina Rosa, em Teresina, e posteriormente adotada pela agrônoma alemã Reinhild Roeder - que morava na praia de Barra Grande, litoral do Piauí - cursou Relações Exteriores na Universidade de Brasília.

No último dia 15, ela tomou posse no Itamaraty depois de aprovada no concurso público do Instituto Rio Branco.  O site Fala Piauí celebra a conquista da jovem piauiense.

O primeiro embaixador negro foi Benedicto Fonseca Filho, nomeado pelo ministro Celso Amorim, apenas em 2010. O Itamaraty empreende, hoje, ações afirmativas e fornece bolsas para afrodescendentes, mas, ao longo da sua história, acumulou episódios de racismo.

O ex-ministro do STF, Joaquim Barbosa, já revelou uma anotação no relatório do seu exame psicotécnico, quando fez concurso em 1980: “tem uma auto-imagem negativa, que pode parcialmente ter
origem na sua condição de colored”, escreveu o avaliador. E na entrevista com diplomatas, Barbosa ganhou um "regular" no quesito "aparência". Parte dessas informações estão no estudo "Da exclusão à inclusão consentidas: negros e mulheres na diplomacia brasileira", de Karla Gobo.

Luana é a primeira negra diplomata do Itamaraty, embora o Rio Branco tenha sido fundado em 1945, e chega 100 anos depois da primeira mulher, branca, diplomata, nomeada em 1918. Registre-se que depois disso o Itamaraty fechou as portas às mulheres: a segunda diplomata branca só assumiu um cargo em 1953, por força de um mandato de segurança.

Luana ganha o direito de representar o Brasil no ano em que serão comemorados os 518 anos do Descobrimento, os 198 de Independência e os 130 anos da Lei Áurea.

O site do Instituto Rio Branco ainda não registrou no seu canal de notícias a nomeação da primeira mulher negra.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

A história reescrita... e o cafezinho que mudou opiniões e mentes

por José Esmeraldo Gonçalves
Quem disse que a história não é uma disciplina dinâmica? Com o tempo, os fatos são reinterpretados, acomodam-se às circunstâncias, adaptam-se às campanhas político-partidárias.
A morte recente de um embaixador que teve alto cargo no Itamaraty no governo Geisel, em plena ditadura, levou parte da mídia a acionar a tecla delete sobre o passado. Sob a motivação da homenagem ao embaixador, o Itamaraty da ditadura chegou a ser exaltado como uma ilha de rara competência e muita democracia.
Não foi bem assim.
Documentos levantados pela Comissão da Verdade e papeis que perderam o selo de top secret no Departamento de Estado, em Washington, provam que o Itamaraty nunca foi uma "ilha de democracia' em meio ao regime ditatorial. Ao contrário, foi um braço de longo alcance do governo militar. Diplomatas foram cassados, outros relegados a postos obscuros e exilados foram vigiados e perseguidos. Na outra ponta, certas carreiras ganharam impulsos extraordinários. Mesmo quando a ditadura fez a coreografia política de deixar o poder mantendo no lugar o alegórico José Sarney, funcionários do Itamaraty, a "ilha de democracia", ainda tiveram respaldo suficiente para destruir documentos comprometedores, assim como fez a maioria dos setores administrativos da ditadura na superfície ou nos porões.
O Itamaraty colaborou com a Operação Condor que funcionou até 1980 e tem marcas de assassinatos políticos nas coronhas que circularam pelas ditaduras do Cone Sul.
Um dos artigos publicados recentemente celebra a atuação do falecido embaixador Luiz Felipe Lampreia quando, no posto de porta-voz do Itamaraty, durante o governo Geisel - o ministro das Relações Exteriores era o notório Azeredo da Silveira -, "abriu" a instituição aos jornalistas credenciados e procurou manter boas relações com a imprensa. Um coisa, digamos, gentil.
Também não foi bem assim.
Em 2008, em depoimento ao Centro de Documentação (CPDOC), da Fundação Getúlio Vargas, o próprio embaixador Lampreia reconhece que aquele relacionamento "amistoso" com a mídia era, na verdade, uma política do governo militar.
Reprodução Estadão
O Brasil tinha naquele momento sérias disputas com a Argentina, incluindo aí a questão de Itaipu e o projeto argentino da hidrelétrica de Corpus, com o qual os militares brasileiros não concordavam. Em meio a esse clima, Buenos Aires enviou para Brasilia um embaixador que, segundo gravações do CPDOC, começou a "trabalhar" a imprensa brasileira, convidando jornalistas para um café quase que diário. Segundo Lampreia, o argentino influenciava os jornalistas. No depoimento, ele usa a expressão "fazia a cabeça das moças", ao destacar que a maioria entre os repórteres era de mulheres. A imprensa brasileira, "influenciada" pelo cafezinho do embaixador argentino, na avaliação do governo militar revelada por Lampreia em áudio, passava a refletir as posições de Buenos Aires. Foi assim, como uma reação estudada do Itamaraty, que Lampreia assumiu o cargo de porta-voz e adotou a precisamente a estratégia argentina de cafezinho e relações-públicas com os jornalistas. Ele instituiu um briefing diário no Itamaraty. Ou seja, a "aproximação" com os jornalistas relembrada nessa semana, após a morte de Lampreia, era uma tática do governo Geisel. É fato que, além da rubiácea com as repórteres, Lampreia procurou os donos dos principais jornais. A estratégia funcionou. O depoimento do embaixador ao CPDOC inclui um trecho revelador: "Aí o Geisel ficou perplexo, e chamou o Silveira e disse: 'O que você fez com o Estado de São Paulo para o Estado de São Paulo mudar completamente de ponto de vista?', conta ele, para exemplificar como o governo operou naquele momento para mudar opiniões e mentes da grande mídia.
E, no caso específico, nem precisou apelar para a grosseira censura.