sábado, 12 de março de 2011
O flash mob da Azul no aeroporto...

O balanço dos blocos...
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Simpatia 2011: festa na Vieira Souto, Ipanema. Foto: Gonça |
No fim do anos 80 e começo dos 90, no clima da redemocratização, começou a ressurgir o carnaval de rua do Rio. Claro que havia blocos de rua, uns poucos, que resistiam. Mas foi a partir dessa época que por iniciativa dos moradores, sem apoio de governos, surgiram blocos como Simpatia Quase Amor, Barbas, Imprensa que eu Gamo, Suvaco e outros. O carnaval popular tomou as ruas e não parou mais de crescer. As autoridades tentam agora organizar a folia, marcar horários, disciplinar o trânsito, fornecer banheiros, itens necessários. Muita coisa funcionou melhor nesta temporada. Só que no pacote entram na dança autorizações para alguns blocos nitidamente comerciais. Neste fim de semana, saem os últimos blocos. É hora de uma avaliação do que rolou. Primeiro, colocando as coisas no lugar, é bom aposentar a frase "o Brasil para no carnaval". Ao contrário, o país se mexe, literalmente, e abre espaço para a movimentação de uma fantástica indústria de turismo e lazer. Nas grandes cidades, hoteis lotados, restaurantes idem, aviões, ônibus e filas de navios do cais do porto. Tudo isso gera emprego e arrecadação, coisas que cidade alguma pode desprezar. O desafio é conciliar a festa com os direitos de quem não gosta ou não quer participar do carnaval ou de quem quer sair no blocos, levar os filhos, sem correr o risco de ser esmagado. Em Ipanema, por exemplo, o caos se instalou. Que a prefeitura, ano que vem, repense algumas coisas. Por exemplo, transferir trios elétricos, como o da Preta Gil, o Afroreggae etc, para o centro da cidade onde já desfilam com sucesso, para citar os grandes blocos, o tradicional Bola Preta e o Monobloco. O trio elétrico da Preta, nada contra, conseguiu uma surpreendente autorização para desfilar na Vieira Souto já há dois anos e atrai milhares de pessoas ligadas em redes sociais. É, na verdade, um show sobre rodas. Poderia ir para o Riocentro ou para a Sernambetiba e levaria para lá a mesma multidão convocada por facebook e twitter. Copacabana também recebeu um trio elétrico alienígena, cujo desfile resultou até em tragédia. O Simpatia é outra história. Bloco nascido e criado aqui, está no seu terreiro, assim como a Banda de Ipanema. Mas até os seus dirigentes admitem que cresceu demais. Uma solução talvez seja seguir o exemplo do Suvaco que tenta conter o gigantismo saindo de manhã. Se o Simpatia botar o bloco na rua às 9h da matina vai certamente fazer diferença.
Desfilando em locais afastados um do outro, os grandes blocos que não têm vínculos com os bairros poderiam até sair no mesmo dia e horário. Dividiram a freguesia. Alô, Eduardo Paes, foi bonita a festa, pá. Mas dá para melhorar sem transformar a orla carioca em um circuito Barra-Ondina.
Para os ingleses, Dilma está entre as 100 mulheres mais inspiradoras
A presidente (ou presidenta como ela e Lula preferem) Dilma Rousseff é a única brasileira incluída na listas das “l00 mulheres mais inspiradoras da atualidade”, organizada e divulgada há dias pelo jornal britânico “The Guardian”. Dilma aparece na categoria política, que tem também a chilena Michele Bechelet, a alemã Ângela Merkel e a inglesa Margareth Tatcher. No texto que acompanha a foto de Dilma, a revista diz que ela foi “presa e torturada” e que agora vem enfrentando “uma grande prova - as enchentes que mataram centenas enterraram cidades inteiras”. Dilma está bem na fita. Por enquanto. (Eli Halfoun)
sexta-feira, 11 de março de 2011
Uma injustiça que precisa ser corrigida
É impressionante como a imprensa mobiliza os autores de novelas: em todas elas tem sempre um ou mais personagens dizendo que “isso é coisa da imprensa” ou “isso é invenção de jornalista”, quando se quer fugir da verdade ou desmentir um fato real. A imprensa nunca inventa nada (é feita por jornalistas e não por “inventores") e se às vezes comete exageros no noticiário é reflexo de uma informação que, de boca em boca, foi sendo distorcida pelo público. Você conta alguma coisa para quem conta para outro e mais outro e a informação real vai sendo transformada pelo exagero de quem a transmite (afinal, “quem conta um conto aumenta um ponto”). Estranho é que quase todos os hoje consagrados autores de novelas passaram por redações e sabem muito bem que os textos que fazem para suas novelas são injustos com os profissionais de imprensa que, repito, não inventam absolutamente nada: erram por falta de apuração adequada quando se deixam levar pelo disse me disse do público. A verdade é que artistas, celebridades e principalmente políticos se comportam mal e aí culpam a imprensa: é muito mais fácil empurrar a besteira para outro do que assumir o erro. A imprensa brasileira é, tenham certeza, uma das melhores do mundo e com erros e acertos tem sido fundamental para a democracia do país. Respeitem pelo menos isso. (Eli Halfoun)
Tragédia no Japão
Além das vidas perdidas, a tragédia no Japão tem uma assustadora consequência ecológica. Há décadas, quando o país decidiu investir em usinas nucleares, enfrentou resistência interna e externa. Muitos japoneses não gostavam da ideia pela lembrança traumática de Hiroshima e Nagasaki; a comunidade internacional temia a contrução de usinas em um país que é sujeito a frequentes terremotos. As usinas foram construidas, hoje se espalham pelo país. O governo assegurarou que as fundações dos prédios dos reatores resistiram a terremotos de altíssima intensidade. Aparentemente, subestimaram a natureza. Em meio ao noticiário sobre o terremoto e o tsunami chegam informações de que pelo menos uma instalação nuclear foi atingida. A radiação em torno da reator já aumentou mais de mil vezes. O governo ordenou a evacuação da população em um raio de 10km. Mas não há informações precisas sobre o alcance do vazamento. O fantasma de Chernobyl está aí com um terrível mostruário de um acidente nuclear.
Navio que trazia coleção de louças da Caras sofre acidente
A última edição da Caras informa aos leitores que o navio que trazia a louça que faz parte da coleção oferecida pela revista junto com cada exemplar vendido em bancas e supermercados sofreu um acidente. A publicação avisa que a distribuição das peças poderá sofrer alteração de ordem mas os colecionadores não serão prejudicados. Todas as peças previstas da Coleção Oriental serão distribuidas. A revista não informa que tipo de acidente vitimou a louça. Se foram piratas, sequestro, tsunami, espionagem ou algum leitor que detesta revista de celebridades.
Ontem e hoje, o que é melhor?
Anos atrás, meu caro Eli Halfoun, na segunda-feira de Carnaval todo mundo trabalhava. O comércio abria suas portas até meio dia e algumas lojas e escritórios até às catorze horas.
O feriado era mesmo na terça-feira e ninguém morria por trabalhar tanto. Muitas empresas pagavam os seus empregados no sábado. Depois passou a ser quinzenal e por fim por mês.
Bem, tudo era muito diferente naqueles anos. Não havia o "estica" que você lembra na sua postagem. Se o feriado era quinta-feira, todo mundo ia trabalhar na sexta-feira e no sábado que seguia ao que era chamado de "semana inglesa". O trabalho aos sábados era até o meio-dia.
Não sei dizer se a vida naquele tempo era melhor. Hoje, na verdade, existem muito mais recursos econômicos e financeiros do que naquela época.
Os bancos pagavam as pessoas para abrirem contas e hoje as pessoas pagam aos bancos para guardarem o seu dinheiro.
No meu entender isso já é uma diferença fundamental. O caixa do banco atendia os correntistas com um sorriso, davam bom dia ou boa tarde e com uma caneta de pena que molhava no tinteiro atualizava a sua carteira de deve e haver.
Não havia grandes filas nos caixas dos bancos. E a vida seguia tranqüila e serena sem ninguém ser assaltado à luz do dia, muito menos nas calçadas da Av. Rio Branco.
Essa época acabou, meu caro Eli Halfoun, o "estica" é um resultado do mundo moderno em que passamos a viver e nada mudará essa condição humana em que hoje se vive.
Sobreviver é o que se pode fazer de melhor.
Prepare-se: ainda tem feriados para esticar e “enforcar”
Não desanime: ainda tem muitos feriados para esticar (aliás, o Brasil é um elástico em matéria de prolongar feriados, incluindo o carnaval onde só é feriado mesmo e oficial na terça-feira). Anote aí o estica que se tem pela frente: de saída, em abril, chega a Semana Santa prometendo quatro dias (21 é Tiradentes e 22 a Paixão de Cristo e os outros ficam por nossa conta). Em maio (1) tem o Dia do Trabalhador, mas cai em um domingo, e em junho uma nova oportunidade de esticar com Corpus Christi, que cai em uma quinta-feira permitindo que, principalmente, o funcionalismo público enforque a sexta-feira. Os outros feriados oficiais cairão na quarta-feira, mas é sempre possível encontrar uma maneira de “enforcar” a sexta-feira. Os feriados das quartas-feiras são Independência do Brasil (7de setembro), Nossa Senhora de Aparecida (12 de outubro) e Finados (2 de novembro). Tem também a Proclamação da República (15 de novembro), mas esse cai em uma terça-feira e aí será preciso muita ginástica para “enforcar” o resto da semana. Se bem que tem sempre um jeitinho nesse país historicamente dos jeitinhos. (Eli Halfoun)
quinta-feira, 10 de março de 2011
Contigo! no Carnaval



Pela primeira vez, a Contigo! chega às bancas com uma edição inteiramente de Carnaval. É a única revista com carnaval da capa à contracapa. São 266 páginas e 361 fotos dedicadas à maior festa popular do mundo. Das escolas, camarotes, blocos e bailes do Rio ao espetáculo dos trios de Salvador e à impressionante concentração de foliões atraidos pelo Galo da Madrugada.
Ainda Manchete de carnaval...

De Carnavais e Escolas de Samba
quarta-feira, 9 de março de 2011
Passarela do tempo...


...as marcas do tempo no detalhe das duas credenciais acima.
A coluna de Arthur Xexéo, hoje, no Globo, comenta os desfiles das escolas de samba cariocas. Em um trecho, o cronista cita o carro King Kong, do Salgueiro, como uma alegoria que impressionou a avenida. “Se estivéssmos no tempo em que se conhecia o carnaval pela revista Manchete certamente o King Kong seria um dos maiores destaques da cobertura”. Xexéo tem razão. E a palavra Manchete, na crônica, acionou um link para a minha memória. Os cadernos especiais que o Globo lança na segunda e na terça de carnaval, muito bem feitos e chegando às bancas com impressionante agilidade, me lembram, de certa forma, a velha Manchete. Fotos abertas, sensualidade, panorâmicas, detalhes, estrelas nacionais e internacionais, está tudo ali. A extinta Bloch tinha um feeling excepcional para grandes eventos. Da morte de Getúlio aos enterros de Carmen Miranda e Chico Alves, das vitórias do Brasil nas Copas aos grandes crimes que eletrizavam o país e à visita do Papa João Paulo 2º, acontecimentos desse porte faziam girar ao limite as máquinas da gráfica de Parada de Lucas. Mas nenhum desses eventos alcançava a dimensão da cobertura do Carnaval. O livro “Aconteceu na Manchete – as histórias que ninguém contou” (Desiderata), escrito por jornalistas que atuaram nas redações do Russell, conta como funcionava essa engrenagem editorial, que mobilizava centenas de profissionais. A propósito, o nome deste blog – Pão com Ovo – é inspirado nos sanduiches que eram servidos nos agitadíssimos fechamentos das edições de Carnaval. Carlos Heitor Cony, que dirigiu muitas dessas edições, traduziu a expressão para latim - Panis Cum Ovum - e deu-lhe o lema visto no logotipo na barra direita desta página: “Dementia Omnia Vincit” (“A Loucura Sempre Vence”, na verdade, uma brincadeira do Cony com um “lema” que criou para Adolpho Bloch. Segundo ele, Adolpho fazia as maiores “loucuras” – como pedir que a redação preparasse uma edição da Manchete em russo, feita do dia para a noite – e ganhava dinheiro com esses projetos geralmente desaconselhados pela racionalidade dos seus assessores). A Manchete foi lançada em abril de 1952 e já em 1953, o Carnaval ganhava cobertura especial e capa. A partir daí, não parou mais. Normalmente, a Bloch lançava três edições da Manchete: a pré, a do Carnaval propriamente dito e a pós-carnaval, com as campeãs do ano. Além disso, mandava para as bancas outras três edições da Fatos&Fotos e mais uma da Amiga. Bem planejadas, as publicações alcançavam públicos diferentes. Manchete trazia a grandiosidade e as cores do espetáculo; Fatos&Fotos a sensualidade da passarela e dos bailes; Amiga flagrava as celebridades no samba, blocos e bailes. Somadas, vendiam em torno de 1 milhão e meio de exemplares. Por formação, sou um jornalista-revisteiro, participei de muitas dessas coberturas. E lá vai tempo. Não vi D.João 6º sambar na Vizinha Faladeira mas vou à Avenida desde 1976, há exatos 35 anos. Uma passarela que já foi na Presidente Vargas, em dois pontos, próximo à Candelária e depois da Central; na Antonio Carlos; na Sapucaí sem Sambódromo; e, finalmente, no conjunto desenhado por Niemeyer. Estive lá, mais uma vez, este ano, trabalhando para a revista Contigo. Gosto de ver as escolas, torço pela Mangueira, é um trabalho que faço com prazer. Mas em meio à cadência das baterias, a saudade é uma alegoria que insiste em desfilar na minha memória por alguns instantes. Os bastidores dos desfiles se transformavam – ainda são assim – em um ponto de encontro de colegas jornalistas. É onde revemos amigos de outras redações. É aí que o samba atravessa. Vejo que sou um dos remanescentes. Cadê o fotógrafo Sérgio de Souza, o gordo mais ágil do passarela? E Gil Pinheiro, Tarlis Batista, Roberto Barreira, Ney Bianchi, Leo Borges, Luiz Carlos de Assis, Fábio Abrunhosa, Henrique Diniz e outros que se foram? E os companheiros de várias gerações que estão na ativa em outros setores mas fizeram parte das equipes que levavam para as revistas o agito do Sambódromo como Orlando Abrunhosa, Alberto Carvalho, Arnaldo Risemberg, Ateneia Feijó, José Carlos Jesus, Frederico Mendes, Pedro Porfírio, Marcelo Horn, Renato Sérgio, Janir de Hollanda, Deborah Berman, Maria Alice, Ruth de Aquino e Gervásio Batista? E os editores que ficavam na retaguarda mas davam um jeito de ir à avenida em algum momento como Zevi Ghivelder, Lincoln Martins, Eli Halfoun, Moises Fuks, Cony e Roberto Muggiati? Este ano, vi lá o fotógrafo Helio Motta, na pista, e soube que Nilton Ricardo estava na torre fazendo as panorâmicas das escolas para a revista Caras; das gerações mais novas, J.Egberto trabalhando para a Contigo, além da Wal Ribeiro no camarote da Brahma e Jussara Razzé que colaborava com a assessoria de imprensa da Liesa e fez a maioria das fotos dos desfiles que ilustram este blog. Os cinco participaram de incontáveis coberturas para a Manchete. Se havia alguma coisa que os fotógrafos não poupavam era filme. Assim milhares de cromos Kodak desaguavam nas mesas dos editores antes de chegar aos diagramadores Wilson Passos, Nelson Gonçalves, Ezio Speranza, Jarbas Costa, Luiz Carlos Pauluze e J.A. Barros, este na ativa e um dos autores do livro Aconteceu na Manchete.
No Sambódromo, a criatividade sempre renovada
“Todo ano é a mesma coisa” – essa afirmação é repetida entra ano, sai ano em relação ao desfile das escolas de samba. É uma afirmação exagerada e mentirosa: o espetáculo pode ter (e tem) sempre a mesma característica e regulamento, mas as escolas de samba não fazem sempre a mesma coisa. Pelo contrário: a cada ano nos surpreendem com criatividade, que não se limita às fantasias e aos carros alegóricos. O desenvolvimento de um enredo (aliás, a escolha dos temas também está cada vez mais renovadora) permite criação em todos os quesitos, a começar pelo samba que ao longo da história foi ganhando renovação em melodia e letra. O resultado é que as escolas (pelo menos as de samba) continuam proporcionando “o maior espetáculo da terra”. Quando se pensa que tudo foi mostrado os carnavalescos (verdadeiros mágicos) nos mostram que é sempre possível inovar. Como, por exemplo, tem feito Paulo Barros que já é reconhecido como inovador e sem dúvida o mais ousado no desenvolvimento de um enredo. Pode-se até dizer sem medo de errar que Paulo Barros vai além, muito além, da nossa imaginação. Assim a apresentação da Unidos da Tijuca passou a ser a mais esperada porque certamente será a mais surpreendente.
Durante anos acompanhei de perto (como repórter) o desfile das escolas e nunca deixei de me surpreender com o espetáculo. Cada vez mais grandioso, criativo e perfeito, o que sempre me fez acreditar que se deve premiar todas as escolas, mas como a competição e as regras exigem exige um vencedor, que se escolha um, mesmo que todas sejam vencedoras. Desfile de escola de samba é uma aula de criatividade, beleza e superação que o Brasil dá ao mundo.(Eli Halfoun)
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Apoteose 2011. Foto: Jussara Razzé |
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Emoção na pista: Mangueira celebra Cartola. Foto Jussara Razzé |
Um enredo para um Joãosinho que se fez grande no samba
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Joãozinho Trinta na capa da Veja em fevereiro de 1980 |
Houve tempo em que os temas de enredo eram limitados e praticamente pré-determinados. Hoje qualquer tema é permitido e a escolha em homenagear personalidades tem sido uma das que mais emocionam o público. A homenagem que a Mangueira prestou a Nelson Cavaquinho foi emocionante. Embora a escolha pareça óbvia não entendo porque nenhuma escola homenageou Joãosinho Trinta, que daria um belíssimo enredo. Homenagear Joãosinho seria reconhecer que ele foi o responsável maior pelas mudanças que as escolas assimilaram através dos enredos que esse mago desenvolveu principalmente na Beija Flor. Joãzinho Trinta é mais do que um bom tema de enredo. É uma história (Eli Halfoun)