Esmeraldo, cabra velho de guerra, o seu texto falando dos carnavais passados e da presença da revista Manchete divulgando para o Brasil e para o mundo o que é uma festa de Carnaval, principalmente no Rio de Janeiro, me deixou baleado. Como diagramador e chefe de arte das revistas O Cruzeiro e Manchete posso entender, nos 46 anos em que trabalhei nessas empresas, a sua volta ao passado dos Carnavais vividos na cobertura dos desfiles das Escolas de Samba na Presidente Vargas, na Antonio Carlos e hoje na Sapucaí. Você não chegou a pegar esses desfiles na Av. Rio Branco.
Essas coberturas exigiam muito sacrifício de toda a equipe que trabalhava nos Carnavais. Não tinha hora. Na cobertura dos bailes, nos desfiles, não só das Escolas de Samba, a equipe se revezava para atender aos rígidos horários da direção dessas empresas para atender aos esquemas das gráficas e botar as revistas nas bancas. Era uma correria de tal ordem que, no fim das festas, o profissional queria uma boa cama para descontar as horas sem dormir que passou trabalhando. Com o advento da informática e dos computadores, o processo de como se fazer uma revista em apenas três dias melhorou consideravelmente e mais ainda com as máquinas fotográficas computadorizadas que acabaram de uma vez com os filmes e com a sua revelação fotográfica.
As redações ganharam umas três horas de trabalho abreviando a distribuição das revistas em todo o país. Atravessava-se as madrugadas trabalhando nos Carnavais. As equipes nas redações começavam a trabalhar a partir das 21 horas e só iam embora após o desfile da última Escola. Atualmente, com maior organização, a última Escola termina o seu desfile por volta das 6 horas da manhã. Muito antes, a última Escola acabava de desfilar às 11 horas ou depois do meio dia. Nessas madrugadas, você lembrou bem, a direção da empresa nos enchia de pão com ovo para podermos agüentar as horas acordadas trabalhando. O tempo passou rápido e hoje nos resta a lembrança dos Carnavais passados e dos amigos e companheiros, que ganhamos, como você e outros mais e a saudade eterna dos companheiros que foram fazer a cobertura de outros Carnavais em outras Sapucais e que um dia a eles iremos engrossar essa equipe tão heróica e competente que sabia fazer a cobertura de Carnavais e desfiles de Escolas de Samba.
3 comentários:
Valeu deBarros. Penso que essas coberturas são marcantes para todas as gerações de jornalistas que nelas se envolveram. O tempo passa, as tecnologias avançam, mas a dedicação dos profissionais continua a mesma. A agitação na avenida ganha hoje um dado a mais: repórteres e fotógrafos de revistas e jornais também fazem a cobertura multimidia para sites, blogs, facebook, twitter. É mais impressionante ainda o volume de informações geradas da Sapucaí em termos de fotos, vídeos e transmissão de TV. Um volume que rivaliza com Copa e Olimpíada mantidas as proporções já que os desfiles principais acontecem em apenas duas noites. Isso é a parte técnica, mas como não somos robôs e tantos bons companheiros de várias gerações se envolveram nesse trabalhos, o Sapucaí também gera lembranças. Foi o que eu senti, quis registrar isso.
Esmeraldo, a cobertura da Contigo das Escolas de Samba, pelo que você publicou no Blog, me faz lembrar com muita saudade das madrugadas na redação desenhando as páginas que iriam completar o número de Carnaval da revista Manchete e do infalível Pão com Ovo que acompanhava os nossos trabalhos.
Na Contigo tem Pão com Ovo?
Não tem pao com ovo, de barros, pena, mas tem café da manhã. Na verdade, os horários são diferentes: a redação trabalhou no sábado durante o dia, no domingo (de dia na redação e de noite no Sambódromo), na segunda (folga de dia e noite no sambódromo) e a terça o dia inteiro. Isso para fechar tudo do Rio; SP e Salvador são fechados em SP. Uma maratona que valeu a pena.
Postar um comentário