terça-feira, 11 de agosto de 2020
Temer: a segunda catástrofe do Líbano
Como não bastasse a tragédia que sofreu, o Líbano é vítima de uma segunda catástrofe: a chegada de Michel Temer, investigado em cinco inquéritos por corrupção desembestada.
Um suspeito investigado, Bolsonaro, nomeia outro enrolado, o aliado Temer, para representar o Brasil em visita de solidariedade.
Deve ser sacanagem.
Nas ruas de Beirute, os libaneses estão justamente protestando contra a corrupção.
No mesmo voo de Temer segue o notório Paulo Skaf, presidente da não menos notória Fiesp, que é também denunciado pelo Ministério Público por recebimento de propina.
Melhor o Líbano mandar um camburão para receber essa comitiva ficha-suja.
Crivella quer terceirizar as praias...
O prefeito do Rio, o "bispo" Marcelo Crivella, não administra os efeitos da Covid-19, cuida mesmo é da reeleição. Liberou ambulantes, comércio em geral, permite que o transporte público diminua a frota e superlote ônibus, entra na justiça para obrigar as crianças a voltarem às aulas e jamais conseguiu controlar efetivamente as praias e bares do Rio.
Agora, resolveu demarcar as areias e dividi-las em currais. Os cariocas terão que acessar um aplicativo para reservar lugar. Cada quadrado só poderá sr ocupado por quatro pessoas.
Logo aparecerão empresas para "colaborar''. Há muito tempo encontrar uma fórmula de privatizar a areia, assim como o foram os quiosques, é sonho de consumo de figuras influentes e que, não por acaso, são grandes contribuintes do caixa de campanhas eleitoras.
Volta e meio são lançados balões de ensaio dessa privatização. Os cercados do Réveillon em Copacabana, que a cada ano se espalham mais, são um exemplo prático dessa ofensiva empresarial de braços dados com a política.
Não há muitos detalhes sobre o projeto do "bispo". Não se sabe se será cobrado algum dindin para a sacolinha do município, se o aplicativo exigirá cadastro ou se será contratado pela prefeitura, se vai rolar um atalho para quem tiver prestígio no Piranhão. Se desembargadores terão preferência ou se um "cidadão, não, engenheiro" terá seu quadrado garantido.
O fato é que quem não tiver celular ou for um sem-plano de internet e não puder acessar o aplicativo não desce para areia. Vai lotar o calçadão.
Se o projeto do Crivella for adiante, não será difícil implantá-lo, são muitos os interessados na terceirização das praias. Difícil vai ser, passada a pandemia, desfazer os currais. Os empresários vão pegar o gosto da coisa. E logo a Câmara de Vereadores aprovará projeto liberando o loteamento.
Alguém duvida? Consulte os búzios que as ondas trazem...
sábado, 8 de agosto de 2020
Há 30 anos: carros soviéticos invadiam o Brasil....
Na capa do Extra, hoje: tudo em famiglia...
sexta-feira, 7 de agosto de 2020
Para justificar a destruição da Amazônia e as ameaças aos povos indígenas, Paulo Guedes apela até para o general Custer...
por O.V. Pochê
Paulo Guedes ostenta diplomas mas é tão primário quanto o chefe Bozoroca. Juntos, transformaram o Brasil em um pária internacional. No momento em que não apenas ambientalistas, mas investidores e grandes corporações, sinalizam que o Brasil escalou o absurdo quanto à destruição da Amazônia, o frasista comete mais uma. Durante o recente evento virtual Aspen Security Forum, promovido pelo centro de estudos norte-americano Aspen Institute. Guedes justificou o crime ambiental e humanitário com toscos argumentos Disse aos americanos que eles também destruíram suas florestas e falou que aqui "não teve exterminações", o que é mentira, o Brasil matou milhões de índios e continua matando. O Ministro da Economia também citou o general Custer, que comandou forças-tarefas para exterminar tribos no Velho Oeste. Então tá, Guedes, na imagem ao lado, Custer chega a Manaus.
Se esse raciocínio idiota de Paulo Guedes prevalecer, o Brasil pode pedir licença para praticamente tudo. Imaginem se o "chicago boy" fosse buscar outras justificativas tão grosseiras quanto aquelas que apresentou ao Aspen Institute. Seguem alguns subsídios para o sujeito usar em outras reuniões internacionais.
* Acabar com povos incômodos já que americanos eliminaram índios, os espanhóis exterminaram maias, incas, astecas, os australianos mataram aborígenes e colonizadores genocidas assassinaram milhões de africanos. No momento atual, pobre é chato, está sempre precisando de alguma coisa, seja saúde, educação ou respirador, assim não tem arrocho fiscal que resista.
* Europeus consumiram suas florestas como fontes de energia, porque pobre aqui teima em usar gás de cozinha caro?
* Japoneses até hoje contribuem com vigor para o extermínio de baleias. Podemos reforçar o almoço com todas espécies da Amazônia.
* Sukarno, na Indonésia dos anos 1960, eliminou o problema da oposição comunistas simplesmente abduzindo mais de 500 mil pessoas.
* Se, irritados com o ritual democrático, os militares brasileiros fecharam o Congresso, enquadraram o STF e fizeram o que quiseram do Brasil entre 1964 e 1985, algo semelhante quebraria o galho e resolveria um dos problemas do Guedes: ter que negociar com Câmara e Senado os pacotes econômicos empacados.
* Em vez de recomendar o isolamento social e distanciamento, governos, antigamente, confinavam leprosos e vítimas do cólera em ilhas ou complexos que eram verdadeiras prisões. Os doentes eram largados longe, mas não atrapalhavam a economia, como no caso da Covid.
quarta-feira, 5 de agosto de 2020
Mídia: quando uma entrevista interessar mais ao entrevistado do que ao leitor, desconfie...
terça-feira, 4 de agosto de 2020
Vírus X Sexo: a verdadeira sacanagem...
![]() |
| Na capa da Vogue Portugal, o beijo em tempo de coronavírus. |
Juan Carlos: o "Queiroz" espanhol
segunda-feira, 3 de agosto de 2020
Elon Musk, da Space X, privatizou os voos espaciais. Mas o Dr. No chegou antes
![]() |
| Dr. No, o primeiro empresário do espaço |
![]() |
| Em "Com 007 Só Se vive duas Vezes", de 1967, o sequestro de uma nave espacial. |
Cadê o repórter que estava aqui? Virou comentarista
domingo, 2 de agosto de 2020
Na Folha de São Paulo: liberdade para o vírus...
![]() |
| Reprodução Folha de São Paulo. |
Sociólogo e dublê de jornalista, Demétrio Magnoli é uma espécie de Bolsonaro ilustrado. Pelo menos em matéria de Covid-19. Ainda em março, quando a epidemia começava a desembarcar no Brasil, ele levava o liberalismo ao extremo e defendia que cada cidadão fosse livre para resolver se faria o isolamento social ou não. Quando os casos explodiram e as mortes idem, tornou-se menos explícito, mas a fagulha bozoroca jamais se apagou. É o que o sociólogo deixou claro em artigo na Folha, no último dia 31. O sujeito critica "professores recalcitrantes" por não voltarem às aulas. Isso com o Brasil explodindo de coronavírus e batendo recordes macabros a cada dia. Como não há sentido na volta dos professores apenas às salas de aula, o articulista, por extensão, pretende que os alunos também marquem um encontro com o vírus no transporte coletivo, por exemplo, e o levem para as escolas e lares. O artigo repercutiu nas redes sociais. E a falta de sensibilidade não foi exatamente elogiada. Magnoli desconhece a realidade dos professores aqui fora. Deve ter plano de saúde, por exemplo.
sábado, 1 de agosto de 2020
As folhas mortas da edição da Manchete que não aconteceu: 20 anos, hoje
![]() |
| Os prints da edição da Manchete que jamais foi impressa. |
![]() |
| Matéria de Rubens Barrichello. |
![]() |
| Uma das reportagens da edição. |
| É quase ilegível, mas o print é datado. 1° de agosto de 2000. 20 anos hoje. |
por José Esmeraldo Gonçalves
Em 2007, Carlos Heitor Cony recordou na Folha de São Paulo o último dia da Manchete. "Na minha sala, antiga sala de JK e do dr. Albert Sabin, que a ocuparam durante anos, havia seguranças, o oficial de justiça me esperando. Um lampião mal dava para iluminar o hall de entrada, impossível retirar minhas coisas pessoais".
Naquele 1° de agosto de 2000, a Manchete vivia a sua versão jornalística da Operação Dínamo, o nome que Churchill deu à caótica retirada de Dunquerque.
![]() |
| Crônica do Cony na Manchete que não aconteceu... |
Com os elevadores desligados, o oficial de justiça se dispôs a iluminar o caminho do Cony nas escadas até o térreo. Duvido que, naquele momento, o amigo lembrasse da crônica que entregara à redação no dia anterior. Cony publicou dezenas de livros e milhares de crônicas que viram a luz das livrarias e das bancas de jornais e revistas, mas aquela última, escrita para a Manchete, na penumbra do fim, estava destinada a ficar sem destino.
J.A. Barros, o diretor de Arte que paginou aquela edição, a chamou, em post recente neste blog, de "Manchete fantasma". As páginas foram montadas e finalizadas, mas jamais impressas. Barros já especulou que a Manchete que não existiu repousa em paz no HD de um computador qualquer lacrado naquele dia e leiloado depois como um item do que se tornaria a sucata lacrada pela justiça.
Perdeu-se por aí.
Pois aquela edição, a que não existiu, se recusou a morrer: deixou os prints que aqui, 20 anos depois, são exumados.
Por algum motivo, Cony, que normalmente fazia na revista crônica dos fatos, entregou à redação, na véspera da falência, um conto sobre um sujeito que ouvia As Time Goes By em uma noite de solidão.
"No matter what the future brings/As time goes by", diz um dos versos da canção de Herman Hupfeld.
Na língua de Camões, ou de Jesus, o "ex-míster" do Flamengo, "não importa o que o futuro traga com o passar do tempo".
quarta-feira, 29 de julho de 2020
Há 20 anos - A Manchete que não existiu
![]() |
| A "edição fantasma" da Manchete jamais foi para as bancas |
Quando a Bloch Editores foi à falência em 1° de agosto de 2000, há 20 anos, estava nas bancas uma edição da Manchete com Reynaldo Giannechini na capa.
Mas, para quem não sabe, houve uma edição que estava quase pronta e foi atropelada por oficiais de justiça. Essa Manchete jamais veio a público. Na capa, Rubem BarricheLlo. Com o prédio da empresa, na Rua do Russell, devidamente lacrado, a edição com o piloto não largou do grid.
Leiam o depoimento de J.A.Barros, diretor de Arte da revista.
"Na verdade, esse número da revista Manchete foi fechado na madrugada de uma terça-feira. Um caderno de 32 páginas mais a capa, que no caso era a do Rubem Barrichello. Com esse caderno, o número ficava fechado com as outras 48 páginas que já se encontravam em Lucas – onde ficava o Parque Gráfico da Bloch Editores. Se este último caderno mais a capa rodou em Lucas não sei dizer, porque na manhã de terça feira, por volta das 11 horas viemos a saber na redação da revista que a Bloch Editores tinha se declarado falida. Mas, acredito que alguém tenha em seus poder, senão a prova da revista completa impressa, a gravação em um disquete, ou mais de um, com todo o conteúdo dessa edição "fantasma" e, para mim, histórica", registra J.A.Barros.
20 anos da falência da Bloch Editores - Um drama sem fim...
Massas falidas são entidades que costumam ter a lentidão de um paquiderme a caminhar em um lamaçal. Gastam anos para cumprir seus objetivos, estão sujeitas a acidentes jurídicos de percurso que atrasam processos e, enquanto isso, montam um estrutura que, para se manter, vai consumindo o patrimônio da empresa falida.
Durante quatro anos a partir da falência, muitos ex-funcionários bateram portas em busca de informações sobre seus direitos. Foi um tempo de desorientação, de empurra-empurra, de desrespeito. Um desses ex-funcionários era José Carlos de Jesus, ex-chefe de reportagem da Manchete e ex-coordenador dos Cursos Bloch de Jornalismo e de Fotografia. Diante das dificuldades e da falta de informação e preocupado por saber que bens da empresa falida já eram vendidos em leilões, ele mobilizou um grupo de colegas, conseguiu uma audiência com a Juíza Maria da Penha Nobre Mauro, da 5ª Vara Empresarial, à frente da Massa Falida da Bloch Editores, para começar a entender, como credor trabalhista, o funcionamento daquele "monstro" burocrático do qual todos dependiam para receber o que a Bloch devia aos seus ex-empregados.
Havia patrimônio suficiente para cobrir a dívida trabalhista. Mas o histórico de muitas falências, especialmente de empresas jornalísticas, é o calote puro e simples, na cara de pau. Pense em algum extinto veículo do Rio, por exemplo, e encontrará um pilha de processos inconclusos e montanhas de dívidas trabalhistas.
Daqueles primeiros encontros com autoridades da Massa Falida da Bloch, surgiu a Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores. Incansável, José Carlos abriu canais de comunicação e de informação, passou a convocar assembleias dos ex-funcionários e a acompanhar o andamento do paquiderme. A primeira vitória foi o pagamento das indenizações aos ex-funcionários então habilitados, aí por volta de 2005. Estes receberam o chamado "valor principal". Ficou faltando a correção monetária devida. A segunda vitória foi o recebimento de uma parcela dessa correção. Nos anos seguintes, vieram mais duas parcelas. Na época, alguns advogados de renome e com vasta experiência no ramo, foram unânimes em reconhecer que sem a persistência de José Carlos e as reivindicações que encaminhava aos vários síndicos da Massa Falida, ao promotor do Ministério Publico e à juíza, tais pagamentos seriam postergados, como normalmente acontece. Aquelas vitórias foram importantes, mas infelizmente não se repetiram. Os credores trabalhistas passaram a acumular derrotas. Viram a justiça determinar que um item valioso do patrimônio da extinta Bloch - as obras de arte do Museu Manchete, que abrigava na sede da Rua do Russell a Coleção Manchete de Arte Moderna Brasileira - deveria se partilhado com os herdeiros de Adolpho Bloch, e mais, que esses herdeiros teriam o privilégio de escolher no acervo as obras mais valiosas. Os vários testemunhos que demostraram ao longo do processo que as obras de arte eram da empresa e não de pessoas físicas foram desprezados pela justiça. Outra derrota catastrófica foi a justiça desqualificar a TV Ômega como sucessora da TV Manchete. Com isso dívidas trabalhistas de ex-funcionários da Bloch que provaram trabalhar também para a TV Manchete e que haviam sido pagas inicialmente pela Õmega, compradora da TV dos Bloch, foram debitadas à Massa Falida da Bloch. E essa conta vai a milhões.
O fato é que, 20 anos depois, os ex-funcionários da Bloch ainda têm a receber. Ultimamente, José Carlos Jesus encaminhou pedidos à Massa Falida para a realização de pagamento de pelo menos mais uma parcela da correção monetária devida. Aparentemente, não foi ouvido. Isso apesar de ter até mesmo argumentado que a Covid-19 agravou a situação de muitos ex-funcionários da Bloch, o que é verdade comprovável. Uma angústia que é crescente à medida que o tempo passa e se sabe que o patrimônio que deveria garantir tais pagamentos sofre o risco permanente de ser consumido pela burocracia e por decisões judiciais como as exemplificadas acima.
ATUALIZAÇÃO em 01~8-2020 . Em mensagem enviada ao blog, José Carlos Jesus, presidente da Comissão dos Ex-Empregados da Bloch Editores e há quase 20 anos mobilizando os demais credores trabalhistas da extinta empresa, pede que seja registrado o justo reconhecimento pelas atuações da Juíza Maria da Penha Nobre Mauro e do ex-Promotor e hoje Desembargador Luiz Roldão de Freitas. À primeira, que permanece à frente da Massa Falida da Bloch Editores, e o segundo, que teve atuação no processo como representante do Ministério Público, Pela integridade, pela visão humana da lei, pelo respeito com que tratam e trataram os ex-empregados da Bloch, ele reitera que só tem a agradecer.
Agosto, 2000 - E a Manchete faliu - 20 anos depois, um relato de quem esteve no olho do furacão
Às vésperas da falência da Bloch, o Departamento Jurídico era, por motivos óbvios, o centro nervoso da empresa. Tensão, decepção, preocupação quanto ao futuro de todos e de cada um eram as sensações que nos acompanhavam de dia e nos tiravam o sono à noite.
Em 1993, eu já vivera de perto uma prévia desse drama. Era, então, secretária de Adolpho Bloch durante o período de retomada da Rede Manchete após uma das vendas fracassadas. Naquela ocasião, o futuro da empresa parecia comprometido, mas nada se comparava com aqueles últimos meses de sobrevida, às vésperas de agosto de 2000. Era como se um trem, sem freio, descesse uma montanha para um descarrilamento anunciado. Cobranças se sucediam, rolavam centenas de ações na Justiça, dívidas que se acumulavam, processos trabalhistas, impostos e tributos em
atraso crônico.
Seria exagero dizer que oficiais de Justiça faziam fila na porta do Russell, mas que eram figurinhas fáceis, cotidianas e insistentes na recepção do prédio lá isso eram. Conhecíamos todos eles pelo nome, tal a freqüência das visitas. No centro do furacão, eu e meus colegas do departamento, que sabíamos da gravidade da situação muito mais do que a grande maioria dos funcionários, precisávamos de um jogo de cintura extra. Fora das salas do jurídico, todos, claro, tinham noção de que a vaca estava indo para o brejo. O que sequer imaginavam é que o brejo estava logo ali.
Quem trabalhava naquela “sala da crise”, tal como o cinema conta que existe na Casa Branca, vivia uma situação desagradável. Era natural que mantivéssemos sigilo em torno de uma rotina que envolvia procedimentos legais, mas ao mesmo tempo ficávamos embaraçados diante das perguntas dos colegas. No meu caso, se já estava aflita com a perspectiva próxima de perder o emprego e de já saber que teria que lutar anos na justiça para receber indenizações,salários atrasados, FGTS etc, a angústia aumentava ao ver nos olhos dos funcionários que pediam informações certo desejo de ouvir uma notícia boa em meio àquele caos. Algo que lhes desse um mínimo de esperança. No fundo, eu sabia que não era esperança o que almejavam, e sim um milagre.
Quando o desastre já parecia mais próximo, até o bate-papo depois do expediente no bar do seu Manoel, que anos antes ganhou o apelido de Color Bar - em alusão às barras cromáticas que orientam ajustes de cores no início das transmissões de TV- mesmo regado a chope, já não era tão animado quanto antes. Lá, normalmente, jogava-se conversa fora. Na reta final, cada um de nós, em função dos problemas dos últimos meses quando fora instituído o precário pagamento através de vales, já com aperto financeiro, começava a fazer planos e contatos para dar a partida na difícil tarefa de tentar procurar emprego em um mercado a cada dia mais restrito.
Nas últimas semanas, quando cruzava os corredores da Bloch ainda movimentados e com a agitação característica das revistas, como se fosse um Titanic onde a orquestra tocava a poucos metros do iceberg, eu não podia deixar de pensar que a qualquer momento luzes se apagariam, elevadores seriam desligados, mesas e corações esvaziados. Ao solicitar a autofalência, a empresa alegou textualmente em correspondência enviada à Justiça que as dificuldades surgiram no início dos anos 1990 “quando começaram a repercutir no meio empresarial brasileiro os graves problemas advindos de cinco planos econômicos, cinco moedas diferentes e de uma inflação que chegou a 89% mensais”. (...) “Com o alto custo das operações, o universo empresarial brasileiro precisou recorrer ao sistema bancário, uns mais outros menos, dentro da normalidade tradicional do mercado. Assim, em 1991, a Rede Manchete de Televisão Ltda. obtivera um empréstimo de 3 milhões de dólares no Banco do
Brasil. Por exigência da diretoria do banco, a transação teve Bloch Editores S.A. como avalista” (...). “Foi o início do perverso processo que levaria a empresa a enfrentar a situação em que agora se encontra. Não se tratava de uma dificuldade de Bloch Editores S.A., mas da TV Manchete Ltda., o que levou Adolpho Bloch a vendê-la no ano seguinte”, sugere o documento, que aponta, mais adiante, outras dificuldades extremas como conseqüência de uma das tentativas de venda da Rede Manchete, transação que acabou cancelada pela justiça levando a TV a ser devolvida à Bloch com novas dívidas e compromissos não cumpridos, e da explosão dos juros sobre os empréstimos e dívidas como mais um subproduto das mal-sucedidas operações de transferência dos ativos e passivos da TV. A tempestade que atingiu a TV finalmente arrastou a Bloch. A carta enviada à Justiça referia-se, ainda, às duas mil famílias vinculadas à editora. De resto, as grandes vítimas de todo esse imbróglio.
![]() |
| No Departamento Fotográfico, os sinais do naufrágio da Bloch. |
Além desse evento, o clube realizava, entre outros, um baile pré-carnavalesco, chamado Uma Noite Nos Mares do Sul, que recebia das revistas Manchete e Fatos&Fotos uma ampla cobertura. Por conta dessa parceria tradicional o presidente do clube, Odárcio Ducci tinha ótima relação com alguns diretores da Bloch, entre os quais o jornalista José Rodolpho Câmara. Quando pedi demissão e informei que iria morar no Rio, Odárcio imediatamente me recomendou, por meio de uma caprichadíssima carta de referência, à diretora da revista Carinho, Marília Campos. Assim teve início, em maio de 1984, minha relação com a empresa onde trabalhei durante dezesseis anos: até o seu final, com a decretação da falência em agosto de 2000, e mais dois anos trabalhando para a massa falida, junto com um grupo de jornalistas que conseguiu, com autorização judicial, continuar editando algumas das revistas do grupo, como Manchete, Pais&Filhos, Ele&Ela e outras.
Curiosamente, ao lado de colegas que trabalharam na extinta editora, ainda mantive um vínculo com a revista Manchete. Em 2002, o empresário Marcos Dvoskin arrematou em leilão vários títulos de revistas da Bloch, entre os quais o da Manchete. Dvoskin resolveu lançar uma edição especial com a cobertura do carnaval, apostando em um público que durante anos se acostumou a ver na revista uma excepcional cobertura da folia. Para isso, por meio do editor Lincoln Martins, arregimentou um grupo de ex-funcionários da Bloch, entre repórteres, fotógrafos e coordenadores acostumados àquele trabalho. Entre 2002 e 2006, botamos o bloco da Manchete na avenida, tal como nos velhos tempos. Uma das compensações pelo árduo trabalho foi descobrir que a revista permanecia na memória afetiva de muita gente. Não eram poucos os que nos cumprimentavam e incentivavam. E aquelas edições especiais eram as primeiras a chegar às bancas, sempre na Quarta-Feira de Cinzas.
Uma vez por ano, Manchete voltava a brilhar, como uma alegoria do passado, em um campo onde já fora imbatível: sob o ritmo e as luzes do Sambódromo carioca.
(*) Relato publicado no livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou" (Desiderata) lançado em 2008.
Vinte anos depois da falência, a maioria dos ex-funcionários da Bloch ainda luta junto à Massa Falida da Bloch Editores para receber a correção monetária devida nas suas indenizações, enquanto outros ainda aguardam a conclusão dos seus processos.
domingo, 26 de julho de 2020
Nudez misteriosa nas ruas de Portland e... na Globo News
![]() |
| Foto de Dave Killien/The Oregon. |
por Ed Sá
Os protestos contra o racismo que agitam os Estados Unidos ganharam um motivação extra. Em meio à violência crescente da repressão ordenada por Donald Trump, que enviou tropas federais para agredir manifestantes, há um momento de calma. É quando aparece a "mulher misteriosa", como a mídia chama, que silencia as ruas, por alguns segundos, com sua nudez. Registre-se que em Portland em todo o Oregon, a nudez é uma forma de expressão protegida por lei. Daí, a polícia limita-se a observar.
![]() |
| Reprodução You Tube |
A foto acima, de Dave Killen, fotógrafo do The Oregonian e OregonLive, viralizou no mundo. Segundo Killien, ela apareceu de repente e adiantou-se rumo à linha de policiais. Usava apenas uma m[ascara. Fez alguns passos de balé, antes de se sentar no asfalto. A polícia parecia inicialmente surpresa, mas logo lançou gás de pimenta na direção da manifestante. Após a performance, ela sumiu. Alguém a chamou de "Naked Athena".
Veja a matéria em The Oregon, AQUI
Obra de Niemeyer, a torre da extinta TV Manchete, em Olinda, está abandonada
| Criação de Oscar Niemeyer, a torre da antiga TV Manchete, em Olinda (PE). ReproduçãoYou Tube |
Primeira obra do arquiteto Oscar Niemeyer em Pernambuco, a torre da Rede Manchete está abandonada, pichada e depredada, apesar de estar em curso um processo de tombamento na Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe).
O terreno, que pertence à massa falida da TV Manchete, virou a Ocupação Manchete, que abriga 200 famílias. Segundo matéria no Diário de Pernambuco, são duas construções: a torre e um prédio térreo, que abrigava estúdio, redação e ambientes administrativos.
| O mirante da torre. Reprodução Diário de Pernambuco |
"Sem telhas ou coberturas, o prédio térreo, dividido entre várias famílias, padece com goteiras e cheiro de mofo. A situação precária se repete nas outras construções irregulares do espaço - algumas são mais estruturadas, de alvenaria, enquanto outras são de madeira e lona plástica. A torre, de 83 metros de altura, não foi mexida pelos ocupantes do terreno, que se esforçam, na medida do possível, para preservá-la. Na base do imóvel há mato e entulho acumulados. A pichação está por todos os cantos. As instalações elétricas e hidráulicas, assim como resquícios da Manchete e da RedeTV, se não estão destruídos, foram furtados por vândalos. Está intacta escadaria de acesso à cúpula, que lembra um disco voador. Mas o ambiente é escuro e nos mais de 30 lances de escada se vê de tudo jogado pelos cantos - como restos de comida e lixo", diz a matéria.
A RedeTV chegou a usar as instalações alugadas à massa falida da TV Manchete, mas em 2017, com o fim da transmissão analógica, deixou o local.
Carlos Heitor Cony escreveu... Cadaverbrás, a nova concessionária federal
Uma crônica de Carlos Heitor Cony escrita para o Correio da Manhã nos anos 1960 circula na internet. As redes sociais, com razão, consideram-na atualíssima. Cony sequer imaginava que o Brasil, pouco mais de dois anos após seu falecimento, viveria essa tragédia política, econômica, moral, social e... mortal.
A Covid-19 atingiu o mundo inteiro, mas só aqui foi recebida pelo governo federal, a quem cabia coordenar o combate ao vírus, com cinismo, desprezo e crueldade. Somos o único país onde as autoridades maiores fizeram até campanha para combater não o vírus mas o isolamento social recomendado. O único país onde sobrou até verba no Ministério da Saúde, tão inoperante é. O único país que não deverá ter uma segunda onda da doença simplesmente porque ameaça ficar em uma interminável primeira onda. O único país que ao quinto mês da chegada no vírus ainda está em curva ascendente. O único país que criou um jargão idiotae irreal para as estatísticas de contaminação e mortes: o platô. E alguns estados até comemoram isso. Platô é o c******, é a estabilização no caos. Festejá-lo, em vez de buscar a curva descendente, é a incompetência confessada.
Nesse ritmo, o Brasil caminha acelerado para superar os Estados Unidos em todas as modalidades de estatísticas da Covid-19.
O Rio de Janeiro é um triste exemplo. A morte vai à praia. Bastou ensaiar o tal platô para a cidade entrar em liberou geral. Os resultado já aparece: a turma alegre que desfila sem máscaras conseguiu o que queria: o aumento do número de mortes nos grupos de risco.
O governo federal já pode criar a concessionária sugerida pelo Cony: a Cadaverbrás.
Não se pode mais alegar que Bolsonaro e Paulo Guedes não criam empregos. Há vagas para coveiros, marceneiros, motoristas de rabecão...
sábado, 25 de julho de 2020
Neymar e Mbappé: respeito...
![]() |
| Reprodução Folha de São Paulo |
Ontem, pouco antes do jogo PSG X Saint Étienne, no Stade de France, Macron entrou em campo para cumprimentar os jogadores. Diante do presidente, Neymar e Mbappé repetiram uma postura comum dos jogadores quando são repreendidos pelo árbitros. Mãos para trás. Só que esse comportamento dos jogadores é defensivo e serve para evitar que o árbitro interprete algum movimento de mão como tentativa de agressão. Não era o caso, foi por força de hábito.
Macron, aliás, deu sorte a Neymar que fez o gol do título do PSG na final da Copa da França. Já Mbappé não pode dizer o mesmo: o craque francês torceu o tornozelo ao sofrer uma entrada violenta do Perrin.





















