quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Abbey Road: a foto mais famosa dos Beatles faz 50 anos hoje

Foto de Iain MacMillan. 
Há cinco décadas, hoje.

Na manhã de 8 de agosto de 1969, o fotógrafo Iain MacMillan subiu em uma pequena escada, ajustou a Hasselblad e fez em 15 minutos as fotos de uma cena que se tornaria clássica: John, Ringo, Paul e George cruzando a faixa de pedestres da Abbey Road, a arborizada rua londrina onde ficavam os estúdios de gravação da banda.

À primeira vista a imagem pode parece casual. Mas além de ter obedecido a um esboço feito por Paul McCartney, os Beatles tiveram que repetir a cena seis vezes, enquanto um guarda interrompia o trânsito. Caminharam da esquerda para a direita, voltaram, pararam na faixa, de novo atravessaram a rua, e de novo, e mais uma vez... O esboço apenas posicionava os personagens, os demais elementos do cenário eram reais, nada foi colocado na rua para compor a cena.  incluindo o famoso Fusca.

A quinta chapa das únicas seis foi usada na capa do LP Abbey Road (lançado em 26 de setembro de 1969) e se tornou um clássico pop.

A foto não apenas virou, gerou lendas. Uma delas dizia que a capa sinalizava que Paul havia morrido: ele era o único a  caminhar descalço e estava de olhos fechados. A teoria do R.I.P pregava que o baixista estava vestido para ser enterrado pelo "padre", John e pelo "coveiro" George, Ringo era o "dono da funerária". 


Para comemorar os 50 anos de Abbey Road será lançado mundialmente em setembro próximo um álbum com quatro discos (Abbey Road Super De Luxe Box) e 40 faixas entre gravações, trechos de sessões de gravação, demos e um Blu-Ray. No pacote vem um livro de 100 páginas ilustradas, com prefácio de Paul McCartney e texto do historiador e produtor de rádio Kevin Howlett, que relata os meses que antecederam as sessões de gravação de Abbey Road, as reações ao lançamento e as influências musicais do álbum identificadas em cinco décadas de músicas. (José Esmeraldo Gonçalves)

Na capa da Time: o terrorismo dos supremacistas brancos é o novo pesadelo americano


A revista Time pergunta: "Por que a América está perdendo a batalha contra o terrorismo nacionalista branco?"

Os massacres em um país armado com fuzis de assalto são dramaticamente comuns nos Estados Unidos. Nos últimos anos, esses tiroteios passaram a ter como alvos preferenciais negros, imigrantes hispânicos, homossexuais e instituições religiosas. Tais crimes de ódio ganharam foco mais claro nos dois recentes atentados de El Paso e Dayton.

A Time ressalta que a imagem do terrorista presente nos pesadelos dos norte-americanos era a dos jihadistas. A essa percepção agora se acrescenta a dos supremacistas brancos típicos moradores de um típico subúrbio de classe média em típicas cidades do país.

"Desde o 11 de setembro" - informa a revista a partir de dados do governo - "ficou claro que nacionalistas brancos se tornaram o rosto do terrorismo na América. Supremacistas brancos e outros extremistas de extrema-direita foram responsáveis ​​por quase três vezes mais ataques aos EUA do que terroristas islâmicos. De 2009 a 2018, a extrema direita foi responsável por 73% das mortes domésticas relacionadas com extremistas, de acordo com um estudo de 2019 da Liga Anti-Difamação (ADL). Mais pessoas - 49 - foram assassinadas por extremistas de extrema-direita nos EUA no ano passado do que em qualquer outro ano desde o atentado de Oklahoma em 1995. O diretor do FBI Christopher Wray disse ao Congresso em julho que a maioria das investigações do terrorismo doméstico desde outubro estavam ligados à supremacia branca. No entanto, os líderes da nação não conseguiram enfrentar essa ameaça. Em mais de uma dúzia de entrevistas com a TIME, autoridades federais e de segurança nacional atuais e anteriores descreveram um sentimento de perplexidade e frustração ao observarem os avisos serem ignorados e a ameaça terrorista da supremacia branca crescer".

Os crimes de ódio ecoam a pregação e as atitudes racistas de Donald Trump. Lá o estágio dessa brutal estratégia política, agora acirrada pela campanha eleitoral, alcança a fase de colheita de sangue.

Em um distante país ao sul, com aspirações de clone da matriz, essa mesma política de ódio está em acelerada fase de semeadura.

quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Mídia: Quem é o roteirista que escreve o seriado "Brasil de Bolsonaro"?

* A mídia ainda não descobriu, e apenas suspeita de alguns nomes, o roteirista que aponta e desenvolve os temas que Bolsonaro despeja no twitter, em coletivas e palanques de inaugurações de obras passadas. Para usar linguagem do clã, o homem é um fuzil giratório de ódio: ataca o cinema, o STF, os governadores do Nordeste, os radares, as lombadas, a mídia, professores e universidades, as agências reguladoras, o IBGE, o Inpe, campanhas que retratam a diversidade brasileira. A cada dia um flash, como diria um autor de novelas. O problema é que o roteiro não é ficção. Em meio às frases de efeito e às opiniões que agitam as redes sociais de opositores e apoiadores, as medidas práticas provam que Bolsonaro tem um plano de governo que avança para o absolutismo. . 

* O Brasil não precisa de ministro das Relações Exteriores. Basta entrar no grupo do Whatsapp de John Bolton, conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, e cumprir as ordens de Donald Trump. Nos últimos dias, o governo brasileiro reteve cargueiros do Irã (finalmente liberados pela Justiça); agiu para corrigir a bagunça que arrumou na questão da hidrelétrica binacional de Itaipu e Paraguai com o objetivo de preservar o governo de ultra direita do país, segundo determinação dos Estado Unidos; proibiu a entrada no país de funcionários do governo da Venezuela; condenou os massacres em El Paso e Dayton, mas seguindo o figurino de Trump de lamentar as mortes, isentar as armas de culpa e não citar a conotação racista dos supremacistas brancos autores dos fuzilamentos;  e, para finalizar, depois que o secretário do Comércio dos Estados Unidos mandou o Brasil tomar cuidado para que o futuro Acordo Mercosul-União Européia não atrapalhe as relações de Brasília com Washington, Bolsonaro correu para transmitir o recado aos seus ministros: "É importante que nada no acordo entre Mercosul e União Europeia seja um impedimento para um acordo de livre comércio do Brasil com os Estados Unidos", repetiu, obediente.

*  O governo prometeu liberar RS$ bilhões para os deputados como acordo para a turma aprovar o confisco da Previdência. O presidente da Câmara não contava que o orçamento federal não tivesse dinheiro para cumprir a promessa. Daí, a própria Câmara vai ter que aprovar a mágica de fazer surgir a grana para os votantes. É como se um sujeito devesse dinheiro a traficantes e pedisse à "boca" para liberar a verba com a qual pagará a "firma". Até Rodrigo Maia ficou sem jeito. Bolsonaro seria mais discreto na transação se mandasse entregar malas de dinheiro no plenário.

* Em 2016, a Globo convidou Glória Pires para participar da bancada que comentava a entrega do Oscar. Só que a produção esqueceu de avisar a atriz para ver ou se informar sobre os filmes concorrentes. Resultado: Glória ficou boiando e quando era consultada pelos demais apresentadores repetia uma frase que virou meme e divertiu as redes sociais. "Não sou capaz de opinar". O coronel Darcton Damião, novo diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ressuscitou a frase ao assumir o cargo: "Aquecimento global não é minha praia. Não posso opinar". Acontece que é. O site do INPE informa que, entre outras atribuições, faz "a investigação física e química de fenômenos que ocorrem na atmosfera e no espaço exterior de interesse para o País. Realiza pesquisas e experimentos nos campos da Aeronomia, Astrofísica e Geofísica Espacial, Ciências Espaciais e Atmosféricas, Previsão de Tempo e Estudos Climáticos". Além disso, o Inpe, que vem incomodando Bolsonaro por insistir em divulgar provas científicas de que o desmatamento aumentou, monitora, por exemplo, as queimadas na floresta que prejudicam a formação de nuvens de chuva e produzem fuligem que faz a terra absorver mais calor. Embora diga que "não é sua praia", o coronel afirma não está convencido de que o aquecimento global é fato comprovado. Sobre acionar os satélites do Inpe para verificar se o planeta é plano ele não falou.

* Bolsonaro editou medida provisória desobrigando empresas de publicar balanços em jornais. Vá lá, só que ele falou claro que seu objetivo é retaliar a mídia que não o apoia. O governo também passou a privilegiar com verbas oficiais programas e apresentadores do tipo chapa banca. E a mídia acusava os governos passados de pretender "controlar" as notícias. 

terça-feira, 6 de agosto de 2019

Fotomemória da redação: Frederico Mendes entrevista um homem das cavernas. No caso, o ex-beatle Ringo...



Em 1980, Manchete enviou o repórter fotográfico Frederico Mendes ao México para encontrar um ex-beatle barbudo e maltrapilho. Era Ringo Starr, que filmava "Caveman - o homem das cavernas".

Depois das primeiras experiências cinematográficas - "Hard Day's Night, Help!, Magical Mystery Tour e Let It Be -, o baterista tentou engrenar uma carreira de ator. Atuou em "Candy', "O filho de Drácula" e outras irrelevâncias.

Não decolou.

Quando Manchete foi encontrá-lo, ele fazia o papel de um troglodita na  comédia pré-histórica que foi lançada em 1981.

Na entrevista, o ex-beatle corrigiu uma frase histórica de John Lennon publicada originalmente no London Evening Standard ("Somos mais populares do que Jesus").

"Não fomos mais importantes do que Jesus", disse Ringo a Frederico Mendes.

Finalmente, Jesus deve ter respirado aliviado.

Biblioteca Nacional disponibiliza a coleção digitalizada da Manchete Esportiva

A Biblioteca Nacional dá sequência ao projeto de digitalização das revistas da extinta Bloch Editores.

Depois da Manchete, estão disponíveis na seção de Periódicos do site da instituição a Manchete Esportiva, tanto as edições da primeira fase da publicação, na década de 1950, quanto os exemplares do relançamento da revista no final dos anos 1970.

A parte superior da barra à direita da homepage deste blog sinaliza os links para acesso aos respectivos acervos.

Também acaba de ser digitalizada a coleção da Manchete Rural.   

segunda-feira, 5 de agosto de 2019

Liberdade de expressão em risco: Repórteres Sem Fronteira pede apoio internacional para Glenn Greenwald, que recebeu ameaças do governo brasileiro




A organização internacional Repórteres Sem Fronteiras publicou no seu portal denúncia de intimidação e tentativa de desestabilização do site jornalístico Intercept Brasil após as graves denúncias contidas nos vazamentos das mensagens de procuradores e juiz responsável pela Lava Jato. Repórteres Sem Fonteiras pede apoio mundial aos jornalistas do site investigativo, especialmente ao editor Glenn Greenwald, que tem recebido ameças de morte e até de expulsão do Brasil.
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China X Estados Unidos: a guerra digital


Enquanto a política internacional discute a volta da Guerra Fria entre EUA e Rússia, uma guerra quente está em curso na Internet. Os contendores principais são China e Estados Unidos em plena competição tecnológica e corporativa. Os consumidores assistirão à disputa na palma da mão, mais precisamente na tela dos smartphones. O assunto é tema de capa da revista Courrier Internacional. (Flávio Sépia)

51, uma boa idéia. É a idade da modelo Stephanie Seymour, capa da Vogue italiana desse mês


A edição de agosto da Vogue Itália mostra a modelo Stephanie Seymour, 51, em forma espetacular em ensaio da fotógrafa Collier Schorr.
Em 1995, ela posou para a Vogue francesa, fotografada por Mário Testino (Clara S. Britto).

sexta-feira, 2 de agosto de 2019

Governo vai acabar com desmatamento e desemprego. Na real? Não, só nas estatísticas

por Flávio Sépia

Governos autoritários costumam brigar com números e estatísticas quando esses lhes são desfavoráveis. Nos anos 1950, um coronel chegou a proibir o filme Rio 40°, de Nelson Pereira dos Santos, sob a alegação de que na Cidade Maravilhosa  os termômetros não chegavam a tanto.  Na verdade, o calor foi pretexto, o que incomodava a censura era a temática do filme.
Nos anos 1970, dizia-se que a censura impedia a divulgação de temperaturas acima de 39º. Por dois motivos, segundo o da tesoura: para não criar pânico na população e para não dar aos trabalhadores motivo para reclamar, já que o trabalho naquelas condições podia se classificado como insalubre.

Na ditadura, o então ministro Delfim Neto mandava aumentar artificialmente a oferta de produtos perecíveis, como tomates, verduras etc, e com isso baixava o preço e falsificava os números da inflação. Hoje, Delfim nem precisaria fazer isso. Nas últimas décadas, a inflação passou a ser calculada a partir de uma cesta de produtos determinada pelas autoridades. Não é exatamente a cesta de produtos que você consome, por isso a sua inflação, a que você sente no bolso, é maior do que a inflação oficial.

O governo Bolsonaro está brigando com as estatísticas. Não gosta dos números do desmatamento da Amazônia aferidos por satélite, não acredita no cálculo de famintos, desconfia das pesquisas do IBGE e não acha que o Brasil tem tantos desempregados assim, Para ele, a solução é intervir nas estatísticas e fabricar números favoráveis. É o que está fazendo fazer ao demitir profissionais e desautorizar instituições.

Jornalismo por procuração: revistas e jornais brasileiros inventaram o "furo a pedido". Eram as matérias que interessavam à "estratégia" secreta da Lava Jato

As mensagens do grupo de procuradores reveladas pelo Intercept Brasil têm revelado em algumas ocasiões o lado servil da grande mídia. Estão presentes nos diálogos manobras para induzir jornais, revistas e jornalísticos da TV a publicar determinadas notícias com o objetivo de atingir supostos "inimigos" da operação ou criar situações para encurralar críticos ou contornar decisões judiciais que incomodavam a força-tarefa.
O site Brasil 247 registra que uma dessas manobras se confirma com a capa da Veja coincidente com a estratégia que os procuradores discutem no Telegram. Em trechos divulgados anteriormente já haviam sido citados outros veículos que seguiram coreografia "jornalística" em parceria com a Lava Jato. Depois dos procuradores trocarem mensagens sobre o ministro do STF, Dias Toffoli, a partir de uma interpretação criativa de um  depoimento do delator Léo Pinheiro, chegou à Veja um vazamento sobre o mesmíssimo assunto. 

quinta-feira, 1 de agosto de 2019

The Economist: na capa o projeto de Bolsonaro para a Amazônia


Mário Gonzalez: o adeus de uma lenda do esporte


O Gávea Golf em 1953: dia de Mário Gonzalez de campo. Foto Manchete

Em 1953, a primeira foto do golfista
publicada na recém-fundada Manchete
Um atleta brasileiro participou de 16 Copas do Mundo. Não, não foi um jogador de futebol, que não teria pernas para uma carreira não longa. 

O golfista Mário Gonzales, que se tornou uma lenda internacional do esporte, venceu torneios na Inglaterra, Espanha, Portugal, Argentina, Uruguai e Estados Unidos. Ele morreu ontem, aos 96 anos, no Rio. 

Em 1952, quando a Manchete começou a circular, Mário já era um dos grandes nomes do golfe e a revista registrava com frequência suas performances. Tornou-se uma lenda para golfistas do mundo inteiro.

O Gávea Golf, nos anos dourados, atraía grandes e elegantes plateias para vê-lo em ação.

Gonzalez em foto recente. CBG
Pouco antes dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Mário Gonzalez participou de um evento teste do campo de golfe construído para a Rio 2016. 

No Gávea Golf,  uma estátua do eterno campeão lembra aos jogadores um pioneiro do esporte no Brasil e um nome reverenciado nos principais centros de golfe do mundo.

Há 19 anos, a falência da Bloch Editores. O dia que nunca terminou...

Há 19 anos, um vendaval varreu a Bloch. Foto:bqvManchete.

Essa foto sintetiza o drama que os funcionários da Bloch Editores viveram no dia 1° de agosto de 2000. Papeis soltos no chão, pastas sobre a mesa, ordens de serviço que jamais seriam cumpridas.

Um aviso colado na porta principal do Edifício Manchete foi a trombeta silenciosa que anunciou a falência. Em poucas linhas, decretava o 'game over' da empresa e abria um vazio nas vidas de milhares de profissionais.

Carlos Heitor Cony recordou certa vez o clima de tragédia da rendição do prédio. Contou que na sua sala, antigo gabinete do Juscelino e do Dr. Alberto Sabin, que a ocuparam durante anos, havia seguranças e oficiais de justiça. Luzes apagadas, um lampião aceso que mal dava para iluminar o caminho, era impossível retirar as coisas pessoais. O jornalista e escritor desceu as escadas no escuro, um oficial de justiça a iluminar o caminho com uma lanterna. Cony escreveu que sentia-se amortecido, "sem acreditar que tudo aquilo acabou".

E esse era o sentimento comum a todos que deixaram às pressas o lugar ao qual suas vidas profissionais se ligaram por anos e décadas. A Bloch acabou, mas a Massa Falida da Bloch Editores, não. Ainda há um número reduzido de processos trabalhistas inconclusos. Embora a maioria dos ex-funcionários tenha recebido os valores de indenizações, são credores da correção monetária correspondente. Muitos fecharam acordos desfavoráveis na esperança de receberem mais rápido o total dos seus direitos. Há até quatro anos atrás a Massa Falida pagou três parcelas dessas indenizações. Surpreendentemente, tais pagamentos foram suspensos por decisão intempestiva de um antigo síndico. A Manchete possuía bens que garantiam parte dos pagamentos trabalhistas, prioritários segundo a lei. Mas além do tempo que costumam demandar, massas falidas têm uma característica: elas devoram os próprios patrimônios em custos legais e administrativos. Por isso, a cada dia que passa cresce o risco e se estreita a perspectiva de quitação final dos créditos trabalhistas.

Depois do drama, a longa e injusta espera.

Aqueles instantes dramáticos de 1° de agosto parecem fazer parte de um dia que nunca terminou.     

quarta-feira, 31 de julho de 2019

Gestão de crise: presidente empresta Bic para repórter anotar entrevista "fofa".

Você deve ter visto a postura corajosa do repórter Leonardo Vieira, do portal UOL, durante coletiva com o general Rego Barros, porta-voz de Bolsonaro. Vieira fez as perguntas necessárias e obrigatórias a um jornalista (veja o vídeo no post deste blog, abaixo: "Governo sinaliza trevas na relação com jornalistas").

O oposto disso está no Globo de hoje.

O jornal publica uma "entrevista" com Bolsonaro, que não é bem entrevista, apenas cede a palavra ao atual morador do Alvorada. No dia em que uma sequência de declarações indignas e bizarras do presidente ecoam na mídia e nas redes sociais, a matéria que ocupa uma página solenemente ignora a agressão de Bolsonaro ao presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, passa ao largo do vazamento de mensagens da Lava Jato e dispensa o assassinato de um chefe indígena, evita questionar o "entrevistado" sobre a recusa em receber o ministro de Relações Exteriores francês, Jean-Yves Le Drian, isso apenas para falar nas pautas jornalísticas de ontem.

Em suma, matéria passiva, que se limita a levantar a bola para presidente. O Globo foi apenas ator na gestão de crise que visa minimizar o impacto dos seus últimos e desastrados movimentos.

Um dos mandamentos do gerenciamento de imagens é abrir diálogo com a imprensa. Solícito, o "entrevistado", que tanto ofende jornalistas, emprestou a própria Bic para a repórter lavrar seu depoimento.

Durante muito anos, o slogan da marca no Brasil foi "Bic, é assim que se escreve".

Foi o que Bolsonaro fez especialmente para O Globo.
 

É o marketing, estúpido! - Quando presidentes "perebas" levam a bola pra casa. Documentário mostra quando a política tenta se apropriar do futebol

Cena do documentário "Memórias do Chumbo: o futebol nos tempos do Condor".
Foto:Reprodução

Como ferramenta para a busca da popularidade dos ditadores brasileiros, o  futebol cumpriu seu papel compulsório nos anos 1960-1970.

Campanhas de relações públicas das tropas escaladas para a comunicação dos governo introduziram Costa e Silva e Médici nos estádios e bastidores da então CBD e penduraram os generais na fama de alguns craques da seleção.  O envolvimento do governo com a seleção que se preparava para a Copa do México, encontros com jogadores até para almoços em palácio fartamente fotografados e o advento da Loteria Esportiva fizeram parte dessa ofensiva de marketing político.

O tema é tão atual que o atual inquilino do Planalto, o notório Bolsonaro, com a popularidade em baixa, segundo repetidas pesquisas, tem se escalado para assistir jogos do Palmeiras, do Flamengo e da seleção brasileira. Provavelmente nunca assistiu tanto futebol na vida. Em várias ocasiões, entrou em campo e recebeu vaias das torcidas, com alguns aplausos dos seus fanáticos seguidores.

Um bom momento para ver o documentário “Memórias do Chumbo: o futebol nos tempos do Condor”, produzido pelo jornalista e historiador Lúcio de Castro para o canal ESPN.

A referência à Operação Condor - aliança dos órgãos de informações do Cone Sul para assassinar políticos e militantes da esquerda - está presente no documentário que dedica um capítulo a cada um dos países envolvidos no braço do terrorismo de Estado, com a participação da CIA,  promovido pelas ditaduras do Brasil, Argentina, Chile e Uruguai.

O DOCUMENTÁRIO “MEMÓRIAS DO CHUMBO : O FUTEBOL NOS TEMPOS DO CONDOR" ESTÁ AQUI

terça-feira, 30 de julho de 2019

Ou dá ou desce: demitidos da Editora Abril receberão indenizações reduzidas após negociação selvagem...

O Portal Imprensa publica uma matéria contundente sobre os bastidores do polêmico acordo que a Abril, agora sob o controle de investidores, fez com centenas de funcionários demitidos em redações, gráfica e áreas administrativas.

A manobra vil que prejudicou os trabalhadores começou com os irmãos Civita, herdeiros do grupo, que mandaram funcionários embora pouco antes da decretação da Recuperação Fiscal do grupo. Com isso, as verbas rescisórias passaram a fazer parte do complicado processo judicial que, de cara, deu aos então controladores da Abril prazo de 180 dias para quitar a dívida trabalhista.

Com a venda do grupo, a negociação passou a se dar com os novos donos que adquiriam a Abril por uma pequena parcela em dinheiro mais a dívida que ultrapassa 1 bilhão de reais. Assim, quanto mais jogarem duro na negociação das dívidas bancárias e trabalhistas mais os investidores lucrarão com o negócio. E foi o que se deu. As verbas rescisórias serão pagas na maioria a prestação e com enormes descontos. Era isso ou praticamente ficar na saudade. Quem topu o acordo abre mão de reivindicar direitos na Justiça. Para quem não assinou o documento, resta entrar ações judiciais e encarar longa disputa.
Leia a matéria no Portal Imprensa AQUI

Governo sinaliza trevas na relação com jornalistas

A relação do governo com jornalistas vem emitindo seguidos sinais de trevas e autoritarismo. Demissões de profissionais por ingerência política, agressões e ameaças se sucedem. Dois exemplos atuais, apenas.

Na recente coletiva do porta-voz da Presidência, general Rego Barros, um episódio mostrou ao mesmo tempo a relação tensa entre repórteres que tentam exercer sua função dignamente - e não festejar o governo como certos comentaristas de TV preferem - e a estrutura oficial de comunicação do Planalto, o próprio Bolsonaro e seus ministros.

O repórter do portal UOL, Leonardo Vieira deu uma lição de integridade profissional ao questionar o porta-voz quando ele acusa o jornalista Glenn Greenwald, do Intercept Brasil, de "crime", que ele não consegue tipificar, por divulgar conteúdo basicamente jornalístico de mensagens trocadas por Sergio Moro e sua facção de procuradores.

Nesta mesma semana, o apresentador do Roda Viva, Ricardo Lessa, acusa a TV Cultura de censurar veladamente uma entrevista com o general Santos Cruz, ex-chefe da Secretaria de Governo há pouco tempo demitido por Bolsonaro.

Segundo Lessa, ao convidar o general para ir ao programa foi "aconselhado" a não fazer a entrevista. Como pediu que enviassem por escrito o veto, recebeu  autorização para gravar. Em represália, a TV Cultura fez algo inédito: pautou duas entrevistas para o mesmo dia do Roda Viva, sendo que o programa com Santos Cruz passou para meia noite. Às 10, horário habitual, foi pautada uma entrevista com o economista Bernard Appy sobre a reforma tributária, tema que ainda não começou a ser discutido no Congresso.

Lessa acusou a TV Cultura de atitude "indigna e vil". Antes, segundo o apresentador, os "aiatolás" da emissora do governo João Dória, vetaram pelo menos mais dois entrevistado: Gustavo Bebianno, ex-secretário geral da Presidência, e Marcos Truirro, secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério de Economia.

A Cultura divulgou nota explicando que exibiu dois programas na mesma noite porque planejou uma "maratona". E não respondeu à grave acusação de Lessa sobre a pressão para vetar Santos Cruz, nem comentou o impedimento de entrevistas com Bebbiano e Truirro.

VEJA AQUI TRECHO DO VÍDEO ONDE O REPÓRTER DO UOL FAZ A PERGUNTA QUE ENCURRALA O PORTA-VOZ DA PRESIDÊNCIA. AQUI

segunda-feira, 29 de julho de 2019

Publimemória: Acredite, isso já foi moda...


por Ed Sá

Em 1972, o movimento hippie decaía. Mesmo tardiamente, marcas populares brasileiras pegavam carona na contracultura fashion. O anúncio da extinta Ducal foi publicado no JB e na Fatos & Fotos. Os garotos-propaganda eram os Fevers, mas os estranhíssimos figurinos que eles mostram na foto não eram roupa de cena ou palco. Estavam à venda a preços módicos e por um sistema pioneiro de crediário. Os bichos-grilos não salvaram a Ducal. Pouco depois dessa campanha, a rede entrou em crise e começou a fechar lojas. A última apagou as luzes no começo dos anos 1980. 

domingo, 28 de julho de 2019

Ruth de Souza (1921-2019): o adeus da dama negra


Aos 98 anos, Ruth de Souza sai de cena. Ao longo da sua brilhante trajetória, ela acumulou pioneirismos: foi a primeira atriz negra a atuar no teatro, cinema e TV brasileiros; foi a primeira brasileira indicada a um prêmio internacional de Melhor Atriz (Festival de Veneza, 1954, filme "Sinhá Moça"); foi a primeira atriz brasileira a conquistar bolsa de estudos da Fundação Rockfeller para temporada nos Estados Unidos, onde passou um ano e atuou na peça "Dark of the Moon", de Howard Richardson e William Berney. Ela foi também a primeira negra a se apresentar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

E, por último, a primeira negra a sair na capa de uma revista brasileira. No caso, Manchete, em 1953. Dona Ruth foi fotografada por Zigmund Haar. Salomão Scliar fez o ensaio das páginas internas  e Neli Dutra entrevistou a atriz.