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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

Inteligência Artificial resgata uma autêntica canção dos Beatles... by Lennon

Lennon e o piano Steinway.
Foto de Peter Fordham 



por José Esmeraldo Gonçalves

Agora ao alcance de todos, a Inteligência Artificial, que os íntimos chamam de IA, gera polêmica entre especialistas de várias áreas. Há quem anuncie tempestades digitais de fake news, explosão de crimes cibernéticos e ondas de desemprego. Outros desprezam o pessimismo e advogam que os benefícios da IA serão maiores do que os possíveis riscos do mau uso da inovação. 

Pois a IA pede passagem ao caos anunciado, saúda a imprensa e apresenta uma boa causa. Graças à nova tecnologia, uma fita cassete rodada, enrugada e contaminada por ruídos magnéticos sobrenaturais foi ressuscitada como um Lázaro millennial subindo ao streaming. Como o mundo já sabe, a fita continha uma canção inédita gravada por John Lennon, ao piano, em 1977, no seu apartamento do Edifício Dakota, em Nova York. A IA foi usada para eliminar as interferências do tempo na desgastada gravação.  Limpa, a voz de Lennon - é a voz dele, não recriação digital - somou-se aos instrumentos de Paul McCartney, George Harrisson e Ringo Starr. E fez-se a mágica. "Now and Then", a canção, traz os Beatles de volta. 

Só um aviso aos fãs de cabelos brancos do quarteto de Liverpool: a música não vai tocar no programa Cavern Club, do DJ Big Boy, na Rádio Mundial. A IA não chega a tanto. Mas vc pode ouvi-la aqui no link abaixo. A propósito, o lendário Big Boy teria sido responsável por lançar no rádio a canção "Let It Be", em 1970. Conta-se o causo como o caso foi que em visita à Apple, em Londres, ele assistiu a uma das sessões de gravação da música ao lado de jornalistas convidados. Como tentava uma entrevista, levava um gravador Panasonic na mochila de grife "feira hippie" da General Osório. Assim, de volta ao Rio, Big Boy fez o "lançamento mundial" e pirata de "Let It Be". 

Ouça Now and Then

https://www.youtube.com/watch?v=AW55J2zE3N4

E veja a letra

Now And Then 

(John Lennon) 

I know it's true, it's all because of you

And if I make it through, it's all because of you

And now and then, if we must start again

Well, we will know for sure that I love you

I don't want to lose you, oh no, no, no

Lose you or abuse you, oh no, no, no, sweet darlin'

But if you have to go away

If you have to go

Now and then, I miss you

Oh now and then, I want it to return to me

I know return to me

I know it's true, it's all because of you

And if you go away, I know you never stay

I don't want to lose you, oh no, no, no

Abuse you or confuse you, oh no, no, no, sweet darlin'

But if you have to go

Well I will not stop you there

And if you have to go

terça-feira, 5 de outubro de 2021

Lizzie Bravo (1951-2021): a brasileira que cantou com os Beatles. Por Roberto Muggiati

Lizzie em Londres, 1968. Foto Álbum de família

Em 2011, a pedido da revista Contigo, Roberto Muggiati entrevistou Lizzie Bravo. Na época, ela preparava o livro Do Rio a Abbey Road, onde contou a grande aventura que foram os dois anos e oito meses vividos em Londres junto aos Beatles – e gravando com eles.  Elizabeth Villas Boas Bravo, a carioca da Penha, morreu hoje, aos 70 anos, vítima de problemas cardíacos. 

A seguir, você poderá ler a íntegra da entrevista.  


A brasileira que entrou para a lenda dos Beatles

Superastros exigem superfãs. Durante dois anos e oito meses, entre 1967 e 1969, a carioca Lizzie Bravo viu de perto John, Paul George e Ringo quase todos os dias na porta dos Estúdios de Abbey Road, e na Apple, em Londres. Mais do que isso, Lizzie gravou com os Beatles, quando tinha apenas 16 anos. Esta gravação  histórica, Across the Universe, marcou sua vida para sempre, entrou para a lenda dos Beatles e foi lançada pela NASA para o espaço profundo, a 431 anos-luz da Terra.

Ela adoraria ser “a garota dos olhos de caleidoscópio” (de Lucy in the Sky with Diamonds), mas se eternizou como “a esperança de óculos” na letra de Casa no Campo, de José Rodrix, seu marido em 1971. Os insondáveis caminhos que levaram Elizabeth Villas Boas Bravo, nascida no bairro carioca da Penha em 29 de maio de 1951, dão uma boa ideia de como pode ser rica a história individual de um ser humano. Lizzie conta:

— Quando nasci, meus pais moravam em cima do Cine Vaz Lobo. Quando eu tinha três anos, meu pai, Luiz Carlos Bravo, foi transferido para a Venezuela como gerente da Encyclopaedia Britannica (olhaí o inglês entrando já na minha vida...). Na volta ao Brasil, em 1962, a família se instalou no Leme e entrei para o colégio de freiras Stella Maris. Eu estudava piano e balé e era bandeirante naquela igreja ao lado do Rio Sul.  Meu pai um dia trouxe dos Estados Unidos um LP, Meet the Beatles. Pirei. Mas só a música dos carinhas não me bastava. A filha da empregada, Helena, insistiu que a gente fosse ao cinema para ver o primeiro filme dos Beatles, A Hard Day’s Night, chamado Os reis do Iê-Iê-Iê no Brasil. Era outra coisa não só ouvi-los, mas vê-los em movimento. A gente via uma sessão atrás da outra, se escondendo no banheiro para não pagar ingresso. Muitas meninas da época são minhas amigas até hoje. Eu e minha amiga Denise pedimos à família como presente de 15 anos uma viagem a Londres. Os Beatles pararam de excursionar em 1966, se não tomássemos uma atitude, nunca mais os veríamos “ao vivo”. Denise viajou um mês antes. Parti em 13 de fevereiro de 1967. Chorei sentada na poltrona do avião ao ver a família lá fora acenando para mim. Aí eu já era Lizzie (de Dizzy Miss Lizzy, gravado pelos Beatles), havia Elizabeths demais na minha turma na escola. Em Londres, Denise me recebeu ansiosa (‘Vamos, corra, menina!’), larguei a bagagem no hotel e me mandei com ela para os estúdios de Abbey Road. 

— Vi os quatro Beatles na noite daquele dia em que cheguei a Londres, 14 de fevereiro de 1967.  Eles saíram em dupla, primeiro John e Ringo, depois Paul e George.  Foi um choque – de um dia para o outro, eles viraram “de verdade!”.  Passei a freqüentar a porta de Abbey Road todo dia com a Denise.  De dia, as meninas eram muitas, mas poucas podiam esperá-los sair, tarde da noite.  As mais corajosas aturavam um frio de rachar, vento, chuva, neve – o que fosse.  Com minissaias e meias finas, sentadas na pedra gelada das escadas da porta de entrada de Abbey Road, congelávamos a bunda, cantando musicas dos Beatles para amenizar o sofrimento físico.  Nossa alimentação era precária, idas ao banheiro só em caso de emergência, porque a qualquer cochilo você deixaria seu Beatle favorito ir embora, depois de tantas horas de espera.

Não havia nenhum prêmio especial para as fãs, bastava estar perto dos ídolos e vê-los de vez em quando, bater um papinho, tirar fotos e pegar autógrafos. Mas, quase um ano depois de ter chegado a Londres, em 4 de fevereiro de 1968, Lizzie Bravo tirou a sorte grande. O feito está nos compêndios. Mark Lewisohn registrou em The Complete Beatles Chronicle:

“John e Paul se deram conta de que faltava à canção [Across the Universe] harmonias em falsete. Encontrar duas cantoras numa noite de domingo normalmente teria sido impossível, mas para os Beatles bastava dar um pulo até a frente do Estúdio da EMI e congregar duas das fãs que estavam sempre lá. Paul fez justamente isso, escolhendo Lizzie Bravo, uma brasileira de 16 anos, que morava perto de Abbey Road, e Gayleen Pease, 17, londrina, que naturalmente ficaram empolgadas por serem as únicas fãs jamais convidadas a contribuir para uma gravação dos Beatles.”

Lizzie não teve a dimensão do que estava acontecendo naquela hora:

— Estar no estúdio com os quatro Beatles, o George Martin, Mal (Evans), Neil (Aspinall) e minha amiga Gayleen naquele momento pareceu muito bacana, mas “normal”.  Afinal estava acostumada a vê-los quase todos os dias o ano todo de 1967.  Só muito mais tarde “caiu a ficha” do que tinha acontecido. Demorou um bocado para Across the Universe chegar às lojas. Primeiro eles doaram a canção para um disco de caridade, Nothing’s Gonna Change Our World, projeto do Príncipe Phillip.  Depois, ela saiu num LP chamado Rarities, e finalmente no Past Masters II, onde pode ser encontrada até hoje, agora remasterizada. O curioso é que nada mudou depois da gravação. Gayleen e eu continuamos esperando do lado de fora, e nossas amigas nos tratavam do mesmo jeito.  Ambas tímidas, pouco falávamos no assunto.

Em agosto de 1969, com o final das gravações do álbum Abbey Road, chegava ao fim a Era dos Beatles. Lizzie deixou Londres no finzinho de outubro.

— Estava cansada, queria passar um tempo no Rio e depois voltar (deixei caixas com minhas coisas por lá).  Mas...  em março de 1970 conheci o Zé Rodrix num ensaio do Som Imaginário com Milton Nascimento no Teatro Opinião em Copacabana. Começamos a sair, fomos morar juntos pouco tempo depois, dividindo um quarto-e-sala em Copacabana com os amigos Tavito e Marco Antonio Araujo. Casamos em dezembro do mesmo ano, 1970.  Marya nasceu dez meses depois, no final de outubro de 1971.  Eu e o Zé nos separamos pouco depois, em meados de 1972. Na época ele compôs sua obra-prima, Casa no Campo, perguntei a ele um dia o que queria dizer com aquele “eu quero a esperança de óculos” da letra. O Zé respondeu: “Mas a esperança de óculos é você, Lizzie!”

Existe vida depois dos Beatles? Com certeza. Lizzie voltou a viver fora do Brasil: em Caracas, após a separação; nos Estados Unidos entre 1984 e 1994. Tornou-se uma hábil fotógrafa, trabalhou como assistente de Egberto Gismonti, Naná Vasconcelos e Milton Nascimento, entre outros. Cantou com Joyce de 1980 a 1992 em discos, shows e turnês, inclusive no Japão e Estados Unidos. Gravou ainda com Milton, Egberto, Toninho Horta, Ivan Lins — a lista é interminável, uma verdadeira enciclopédia da MPB. Engana-se quem pensa que Lizzie Bravo só ouve os Beatles. Adora e ouve muito MPB, o que pode até chocar os beatlemaníacos mais extremados. Lizzie também é louca pela banda U2. Ao todo, desde os anos 80, já assistiu a 36 shows da banda. 

Marya Bravo, a filha de Lizzie, também se tornou cantora. Com cinco anos, gravou o conhecido jingle “Cremogema”, entre outros, e logo depois começou a cantar nos discos do Egberto e a fazer vocal com muitos nomes da MPB.  Aos 17 anos, foi para a Europa em turnê com o musical Hair e acabou ficando seis anos na Alemanha, com direito a marido e filha, Morgana, hoje com 18 anos. 

Pouca gente teve o privilégio de gravar com os Beatles. Profissionais, apenas o Eric Clapton e o Billy Preston. Yoko Ono fez um dueto com o John em Everybody's Got  Something to Hide Except for me and my Monkey e ela e Pattie Harrison fizeram vocais em Birthday. E, é claro, Lizzie e Gayleen.Mas ela faz questão de ressalvar:

— Não gosto de ser citada como "amiga dos Beatles".  Nunca fui amiga de nenhum deles.  Apenas uma fã privilegiada.  Quando as pessoas falam isso, eu respondo com uma pergunta: "Você deixaria seus amigos esperando você do lado de fora, na neve?”.

Pergunto a Lizzie: “E a importância na sua vida das seis palavras que você canta em Across the Universe: NOTHING IS GONNA CHANGE MY WORLD ?”

— Estas palavras mudaram o meu mundo para sempre.

A saga de Across the Universe continua viva. Um jogo de computador recente, Trivial Pursuit/The Beatles, tem uma pergunta dedicada a Lizzie e Gayleen: “Quais fãs dos Beatles foram convidadas por Paul a cantar os backing vocals em Across the Universe?” A canção foi mandada pela NASA para a Estrela do Norte, Polaris (a 431 anos-luz da Terra), em 4 de fevereiro de 2008, comemorando os 40 anos de sua gravação, os 50 anos da própria NASA, e os 45 anos do Deep Space Network, uma rede de antenas que apóia as missões de exploração do universo. Paul vibrou, na ocasião: “Incrível! Beleza, NASA. Mandem meu amor para os ETs.” 

Já Lizzie, com um humor mais para Lennon, comenta:

— Meu irmão, Ricardo, acha melhor eu não esperar para ver se eles vão gostar. Afinal são 400 e poucos anos para chegar lá e outros 400 e poucos para voltar... 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

Phil Spector: gênio do rock morre na prisão • Por Roberto Muggiati

 


Phil Spector em estúdio com John Lennon, que o chamou de "o maior produtor musical 
de todos os tempos, e...

... ao ser detido por assassinar a mulher, a atriz Lana Clarkson 

Al Pacino viveu o papel do produtor no longa-metragem "Phil Spector" em...

...uma caracterização perfeita, como se vê acima em cena do julgamento

Filho de imigrantes judeus nascido no Bronx, NY, em 26 de dezembro de 1939, Harvey Phillip Spector se tornaria uma das figuras mais importantes do rock. John Lennon, que recebeu sua ajuda na gravação de Imagine, o chamou “o maior produtor musical de todos os tempos”. Tom Wolfe, o papa do Novo Jornalismo, o definiu como “o primeiro magnata da juventude.”.  Spector ficou famoso ao criar a chamada Wall of Sound (parede sonora) – um complexo de técnicas de gravação que só ele sabia administrar e que ironicamente definia como “uma abordagem wagneriana do rock ‘n’ roll, sinfonietas para crianças.” Produtor convidado do álbum dos Beatles Let It Be, ele produziu All Things Must Pass de George Harrison e Rock ‘n’ Roll de John Lennon, além de discos dos Ramones, de Leonard Cohen, de Ika e Tina Turner.

Em 2003, Spector matou em sua casa, com um tiro de carabina na boca, a atriz Lana Clarkson. Em 2009, foi condenado a 19 anos de prisão. Ele morreu no sábado 16 de janeiro, aos 81 anos, de coronavirus num hospital-prisão de Stockton, Califórnia. Seu rumoroso julgamento foi tema de um longa-metragem, Phil Spector (2013), dirigido por David Mamet e estrelado por Al Pacino e Helen Mirren. Phil não só inspirou vários personagens ao cinema (um deles interpretado por John Turturro), como fez incontáveis “pontas”. A primeira, num episódio de Jeannie é um gênio, em 1967; a mais famosa de todas, na cena de abertura do Easy Rider (1969), com Peter Fonda e Denis Hopper. Vejam aí

https://www.youtube.com/watch?v=qqvI-DOIMEc

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Nos tempos da Frei Caneca: O Rei e o paletó do Ledo Ivo • Por Roberto Muggiati


Na reprodução, Roberto e Erasmo Carlos posam para a fotógrafa Eveline Muskat, da Manchete, em frente ao antigo Cine Bruni Flamengo, que estreava o filme Help, dos Beatles, em 1965. 

Novembro de 1965: O segundo filme dos Beatles, Help, estreava no Rio e eu estreava na Manchete. Depois de uma tranquila carreira na Gazeta do Povo, iniciada aos 16 anos na minha Curitiba natal, e de dois vitoriosos anos no Centre de Formation des Journalistes em Paris e três anos no Serviço Brasileiro da BBC em Londres, eu me via na estaca zero da profissão e num outro país: o Brasil da ditadura militar. Nada mais hostil a mim, descendente de velhos anarquistas italianos. 

Na Manchete, um estranho no ninho, fui encaixado na categoria de repórter especial porque falava várias línguas. Mas nada disso importava. Naquela casa de loucos, a ordem era o caos. Foi assim que, à hora do almoço num dia do fechamento da revista, recebi a incumbência de entrevistar Roberto Carlos sobre o novo filme dos Beatles. Como chegar ao Rei, que começava a se tornar uma figura inacessível? Naquele justo momento ele estava gravando seu programa na Rádio Guanabara, num arranha-céu da Cinelândia ao lado do Teatro Municipal. Tive de romper a barreira de uma turba de tietes (já não as chamavam mais de macacas de auditório) até chegar ao Rei. Ao contrário do que eu temia – e com uma simplicidade plebeia – topou me acompanhar até o Cine Bruni, na Praia do Flamengo, onde passava Help. Erasmo Carlos, seu parceiro no programa Jovem Guarda, da Record, que estreou em agosto daquele ano, também tripulava o conversível. A tarimbada fotógrafa Eveline Muskat sabia que tipo de imagem emplacava página dupla na revista e ordenou a RC que ficasse de pé no seu carrão conversível, com os braços abertos para a marquise ao fundo da foto com as letras garrafais HELP • SOCORRO • OS BEATLES. 

Ledo Ivo 

Agora era só voltar à redação e “bater” a matéria na velha Remington. Tarefa aparentemente fácil, se não envolvesse os novos deuses da canção, no caso o Rei em pessoa. Pouco tempo depois, Chico Buarque estourava com A Banda e a Manchete encomendou um perfil literário do jovem “cantautor” ao poeta Ledo Ivo, renomado tradutor de Rimbaud (autor de Le Bateau Ivre, que os invejosos da redação chamavam de Le Bateau Ivo.). 

Inseri o nome do Ledo Ivo porque ele é praticamente o personagem principal dessa história. Repórteres de elite como ele e outro poeta, Homero Homem, costumavam chegar à redação por volta das onze horas, tomar uns cafezinhos, jogar conversa fora e subir para o almoço no oitavo andar às treze horas. Não havia ar condicionado em Frei Caneca e ventiladores com pás enormes como hélices de avião, tentavam em vão aliviar o calor. Ao chegar, os jornalistas imediatamente se desfaziam dos seus paletós, que colocavam em cabides num closet à entrada da redação, Quando parti esbaforido atrás de Roberto Carlos, peguei às pressas meu paletó de tropical cinza e o vesti atabalhoadamente enquanto embarcava no carro da reportagem que nos levaria na caça ao Rei. Só nos corredores da Rádio Guanabara, ao levar a mão ao bolso em busca do meu caderninho de notas, me dei conta de que tinha pegado o paletó errado. O tropical cinza superpitex ejetou uma polpuda e surrada carteira de couro preta, com todos os documentos, dinheiros, talões de cheque e fotos de família a que tinha direito. Numa das fotos, Ledo e Leda, o casal. Apavorei. 

Ô cara azarado! Eu tinha de pegar logo o paletó do Ledo Ivo! Alagoano com fama de mau de humor e bom de peixeira, autor do romance Ninho de cobras... Aquela gafe certamente iria dar pano pra manga no meio jornalístico, entraria sem dúvida para o anedotário dos focas. 

De volta à redação, senti um sopro de esperança: os comensais ainda não haviam voltado. Adolpho Bloch caprichava nas suas cozinhas e dizia que “a Manchete era um grande restaurante que, por acaso, imprimia revistas...” Recoloquei cuidadosamente o paletó da discórdia no seu cabide e respirei aliviado. Ledo Ivo entrou para a Academia Brasileira de Letras – seu grande sonho – na sua 9ª tentativa, em 1986. Imortal, morreu em Sevilha aos 88 anos, em 2012, sem nunca ter chegado a saber das aventuras em que o seu paletó havia se metido meio século antes naquela conturbada hora do almoço em Frei Caneca.


quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Abbey Road: a foto mais famosa dos Beatles faz 50 anos hoje

Foto de Iain MacMillan. 
Há cinco décadas, hoje.

Na manhã de 8 de agosto de 1969, o fotógrafo Iain MacMillan subiu em uma pequena escada, ajustou a Hasselblad e fez em 15 minutos as fotos de uma cena que se tornaria clássica: John, Ringo, Paul e George cruzando a faixa de pedestres da Abbey Road, a arborizada rua londrina onde ficavam os estúdios de gravação da banda.

À primeira vista a imagem pode parece casual. Mas além de ter obedecido a um esboço feito por Paul McCartney, os Beatles tiveram que repetir a cena seis vezes, enquanto um guarda interrompia o trânsito. Caminharam da esquerda para a direita, voltaram, pararam na faixa, de novo atravessaram a rua, e de novo, e mais uma vez... O esboço apenas posicionava os personagens, os demais elementos do cenário eram reais, nada foi colocado na rua para compor a cena.  incluindo o famoso Fusca.

A quinta chapa das únicas seis foi usada na capa do LP Abbey Road (lançado em 26 de setembro de 1969) e se tornou um clássico pop.

A foto não apenas virou, gerou lendas. Uma delas dizia que a capa sinalizava que Paul havia morrido: ele era o único a  caminhar descalço e estava de olhos fechados. A teoria do R.I.P pregava que o baixista estava vestido para ser enterrado pelo "padre", John e pelo "coveiro" George, Ringo era o "dono da funerária". 


Para comemorar os 50 anos de Abbey Road será lançado mundialmente em setembro próximo um álbum com quatro discos (Abbey Road Super De Luxe Box) e 40 faixas entre gravações, trechos de sessões de gravação, demos e um Blu-Ray. No pacote vem um livro de 100 páginas ilustradas, com prefácio de Paul McCartney e texto do historiador e produtor de rádio Kevin Howlett, que relata os meses que antecederam as sessões de gravação de Abbey Road, as reações ao lançamento e as influências musicais do álbum identificadas em cinco décadas de músicas. (José Esmeraldo Gonçalves)

sábado, 10 de novembro de 2018

Submarino Amarelo - o livro psicodélico que mostra os Beatles lutando contra os Blue Meanies para evitar que Pepperland se transforme em uma paraíso sem partido está de volta, agora em formato de quadrinhos

por José Esmeraldo Gonçalves

O jornalista e escritor Elio Gaspari levantou a tese: 50 anos depois, 1968 finalmente terminou.

Será?

Gaspari se refere a ascensão da direita radical nas últimas eleições brasileiras, rasgando bandeiras e slogans dos jovens da década de 1960, sepultando uma era e conduzindo o país literalmente "aos costumes", jargão utilizado por antigos delegados de polícia ou "otoridades" de plantão quando determinavam a prisão de um indigitado qualquer da vez.

Faz sentido.

A geração de 1968 denunciava o militarismo, os de hoje, pelo menos os vitoriosos nas urnas, pedem a volta da ditadura; as passeatas daquela época reagiam contra prisões, torturas e assassinatos políticos; hoje, pedem a reativação de tudo isso contra os "esquerdistas", que são praticamente todos aqueles que não concordam com o "programa de governo" do grupo que chega ao poder; em 1968, o regime  moralista não ousou enquadrar o sexo livre, que agora parece provocar náuseas conservadoras, tanto que será criado o Ministério da Família para cuidar do "furo íntimo", como diria Millor Fernandes, ou regulamentá-lo e até estatizá-lo.

É possível, portanto, teorizar no sentido oposto: 1968 vai precisar é de um recomeço, naturalmente retrofitado. E de resistência. Pelo menos um dos símbolos pop daquela época já está de volta. O ano que, segundo Zuenir Ventura, não terminou, foi também o do lançamento do filme Yellow Submarine, dos Beatles. Para marcar a data, a editora Darkside lança uma edição em quadrinhos da história, adaptada pelo diretor e artista Bill Morrison, autor dos Simpsons. Além disso, o célebre longa-metragem criado pelo produtor Al Brodax e o diretor Bob Balser, e desenhado pelo estúdio do alemão Heinz Edelman, foi recentemente restaurado a partir dos negativos. Cada um dos 130 mil fotogramas foi trabalhando para recuperar cores e dinâmica originais do filme que se baseou nas músicas do disco  "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" lançado em 1967.

Yellow Submarine em formato clássico de quadrinhos é novidade, mas já em 1968, no mesmo o ano em que o filme foi lançado, chegou ao mercado uma versão em livro da viagem psicodélica dos Beatles a Pepperland. com os desenhos originais do longa.  Um exemplar resistiu na minha estante até os dias de hoje. Na versão brasileira, da editora Expressão e Cultura, Pepperland, o paraíso submarino do Sargento, ganhou a tradução tosca para Pilantrália, que rementia a Carlos Imperial e a Turma da Pesada em voga na época. Expressões como "superbacana", "vou deixar cair", "alegria, alegria" e os quatro "camaradinhas" também vinham dessa fonte nada psicodélica, mas não comprometeram o clima. Os vilões Blue Meanies, os malvados azuis, viraram Azulões. São eles que comandam a milícia de terríveis monstros que os Beatles enfrentam para evitar a destruição de Pepperland, terra de amor, liberdade e música, e salvar o mundo onde vive o Sargento Pimenta.


A capa da edição de 1968

A equipe que trabalhou na versão brasileira.  O escritor e jornalista Carlinhos de Oliveira , na época redator da Manchete, deu "apoio moral", fosse lá o que isso significava. 

A fúria dos Azulões que chega ao poder e tenta destruir um paraíso submarino onde o amor , a liberdade e a música vencem o ódio.  Qualquer semelhança...

A ditadura dos Azulões aplaude e incentiva os dedos-duros representados por uma luva com o indicador em riste. Eles querem que Pepperland seja uma terra sem partido.

Reproduções de "Os Beatles - Submarino Amarelo' - Editora Expressão e Cultura, 1968

A capa da edição de 2018, lançada há poucas semanas pela Darkside...

...agora em formato de quadrinhos assinados por Bill Morrison. Reproduções

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Há 50 anos • BEATLES: Caetano traduz o “álbum branco” para a Veja • Por Roberto Muggiati

Veja/Reprodução/Clique 2x para ampliar

Veja/Reprodução/Clique 2x para ampliar


Veja, 1968
por Roberto Muggiati

Na saída do filme Zuza Homem do Jazz, no Festival de Cinema do Rio, meu amigo Tárik de Souza, que trabalhava comigo na Veja em São Paulo há 50 anos, me faz uma reclamação – justíssima – com todo o peso de meio século.

Realmente, na matéria que publiquei no Panis sobre o turbulento primeiro ano da revista semanal de informação da Abril, esqueci de registrar outro feito da nossa editoria de Artes e Espetáculos. Em 22 de novembro de 1968 – uma sexta-feira – saía na Inglaterra o lendário “álbum branco” dos Beatles.

Seguindo as instruções de uma operação planejada com o rigor do lançamento de um foguete da NASA, nosso correspondente em Londres correu a uma grande loja de discos e comprou o vinil duplo, despachando-o imediatamente pelo malote da Varig para São Paulo. Na segunda-feira, 25/11, eu recebia o precioso álbum na redação e naquela noite mesmo, Tárik de Souza, repórter de música, ia buscá-lo em minha casa no Pacaembu e o levava esbaforidamente no seu Jeep para o apartamento de Caetano Veloso, na Avenida São Luís.

O tropicalista traduziu seis letras das trinta totais do revolucionário disco, que trazia as posturas politicamente ambíguas de John Lennon em Revolution 1 e Revolution 9.  Elas saíram publicadas na edição de 11 de dezembro de 1968 (prestem atenção: dois dias antes da sexta-feira 13 que nos brindou com o AI-5...).

A capa daquela edição era um besteirol pop sobre Pelé enquanto a Copa do México não vinha.

Curiosamente: a Realidade, mensal da Abril, foi na cola de nossa ideia e encomendou a tradução de letras do “álbum branco” a Carlos Drummond de Andrade. Se não me engano houve duas coincidências: Caetano e Drummond traduziram o curto e grosso Why Don’t We Do It In The Road?/Por que a gente não faz na estrada mesmo? e Blackbird/Pássaro preto. Pena que eu não tenho à mão as traduções do Drummond, mas posso garantir que foi um duelo mortal entre nossos dois grandes poetas, o mineiro e o baiano. Ah, sim, um detalhe típico daqueles Anos de Chumbo que começavam. Não conseguimos pagar o cachê combinado com Caetano porque ele estava preso incomunicável em local ignorado. Acho que o dinheiro depois foi repassado ao seu empresário Guilherme Araújo, quando Caetano e Gil iniciavam seu exílio londrino.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

"While my guitar gently weeps": The Guardian divulga versões inéditas de gravação dos Beatles


por Ed Sá 
Acabam de ser lançadas on line versões inéditas de While My Guitar Gently Weeps, consideradas por muitos como a maior contribuição de George Harrison para os Beatles.

A canção foi escrita por Harrison em 1968, depois de ter estudado a meditação transcendental com o Maharishi Mahesh Yogi na Índia. Uma das versões é de um demo gravado na caSa dele. Como no original, apresenta uma parte de guitarra de Eric Clapton.

O recém-remasterizado e lendário Álbum Branco será lançado em 9 de novembro e apresentará outras  gravações adicionais inéditas feitas durante as sessões de estúdio.

OUÇA UMA DAS FAIXAS AQUI

LEIA MAIS E OUÇA OUTRAS GRAVAÇÕES NO THE GUARDIAN. AQUI


sexta-feira, 4 de maio de 2018

Fake News na Memória: Beatles gravam Asa Branca e fazem turnê no Brasil. A mídia achou que a Sweet London era aqui...

Como informa no texto, a revista Intervalo "parou as máquinas"
para noticiar uma fantasiosa turnê dos Beatles no Brasil. Reprodução Pinterest

O Estadão anunciou que os Beatles gravariam Luiz Gonzaga. Reprodução


Fake news está na moda. Pra quem chegou agora, o fenômeno é associado principalmente às redes sociais.

Errou.

Muito antes da internet, a mídia imprensa vendia, às vezes, fantasias e ilusões. Os exemplos acima são da área do entretenimento. Isso não quer dizer que as editorias de política, polícia, esporte e outras não praticassem eventualmente o caô jornalístico. São muitos os exemplos que podem ser garimpados nos arquivos implacáveis. Tanto que o blog cria agora a rubrica "Fake News na Memória" para relembrar vacilos involuntários ou vaciladas intencionais bem antes dos bits, bytes e algoritmos da internet. Aceitamos sugestões.

As reproduções da Intervalo e do Estadão registram fake news que agitaram o Brasil.

A Intervalo, da editora Abril,  anunciou que os Beatles fariam shows no Rio e em São Paulo, com direito a desfiles apoteóticos nas avenidas das duas cidades.

Os Beatles ainda preparavam o hoje célebre Álbum Branco quando o Estadão, entre outros veículos,  entrou em modo êxtase em agosto de 1968 ao noticiar que o quarteto ia gravar a música Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira.

Os Beatles jamais vestiram o jibão e nem pensaram em forrock. Tinham mais o que fazer e nunca pediram visto para tocar nos trópicos. Ambas as notícias foram desmentidas pouco depois.

Durante algumas semanas, a pátria de sanfona sonhou que o sertão podia virar Sweet London.

E, sim, a fake news de Asa Branca foi inventada por Carlos Imperial. Com muitos amigos nos jornais e revistas da época, foi fácil para ele espalhar a "notícia". 

quinta-feira, 27 de abril de 2017

Liverpool comemora os 50 anos do disco "Sargent Pepper's lonely heart club band" e "arqueólogos" descobrem memorabilia dos Beatles


Foto BNPS/Reprodução Mirror (link abaixo)
por Jean-Paul Lagarride 

Liverpool se prepara para comemorar os 50 anos do lançamento de “Sargent Pepper's lonely heart club band”, um dos mais celebrados discos dos Beatles.

A data exata em que foi lançado o disco emblemático é 1° de junho de 1967.

O festival que vai abalar Liverpool, denominado “Sargent Pepper at 50: Heading for home”, terá música, balé, poesia e teatro com a participação de artistas de todo o mundo.

A data tem motivado descobertas da arqueologia pop. Um desenho à mão, de John Lennon, encontrado em sua antiga casa de Kenwood, em Surrey, onde escreveu grande parte do álbum, é uma dessas memorabilias garimpadas. O desenho, um estudo para a capa do LP, será leiloado nos próximos dias em Nova York. A matéria está no Mirror. LEIA AQUI 

Já The Guardian divulgou hoje uma gravação inédita do "Sgt Pepper's Lonely Hearts Club Band (Take 9)". A versão encontrada agora parece mais rústica, sem alguns vocais, e inclui uma conversa entre John Lennon e Paul McCartney sobre o que o baixista teria que fazer para não perder o fôlego.
LEIA NO GUARDIAN E VEJA O VÍDEO, CLIQUE AQUI

sábado, 4 de junho de 2016

Muhammad Ali: o homem que nocauteou o preconceito e encurralou um país...

O campeão "nocauteia" os Beatles em 1964. Foto de Charles L. Trainor/
Reproduzida do livro The Beatles, de Geoffrey Stokes
por José Esmeraldo Gonçalves
Cassius Marcellus Clay deixou os anos 60 para trás, mas os anos 60 jamais o deixaram.

O campeão tornou-se para sempre mito e símbolo de uma época. É célebre a sequência de fotos de Charles L. Trainor, fotógrafo do Miami News, onde Clay finge esmurrar os Beatles, outro ícone da década, em 1964.

Quem seguiu em frente rumo aos 70 em diante foi Muhammad Ali. Até ontem. O maior boxeador de todos os tempos, que sofria do Mal de Parkinson, morreu ao 74 anos em Phoenix, Arizona, após problemas respiratórios causados por choque séptico, segundo o seu porta-voz.

O primeiro nome, Cassius, a família lhe deu em homenagem ao abolicionista que libertou escravos. O segundo, Muhammad, ele assumiu quando se converteu ao Islã.  Ainda como Clay, ganhou a medalha olímpica, em Roma, em 1960, aos 18 anos. E a luta que lançou definitivamente sua carreira como fora de série no boxe profissional foi contra Sonny Liston, em 1964, de onde saiu como campeão mundial de boxe aos 22 anos.

A mudança de nome, em 1964, considerada uma ofensa contra a religião dominante no país (para ele, apenas a religião do homem branco que escravizou os negros), irritou tanto a mídia americana que, por uns tempos, muitos jornais só o chamavam de Clay ou de "Champ" e o acusavam de ter sofrido "lavagem cerebral". Por aqui no Brasil, também. A Manchete ainda chamava Ali de Cassius Clay pelo menos até o começo dos anos 70. Assim como a Fatos & Fotos, até meados da década.

Quando venceu Sonny Liston, um jornal publicou uma frase de outro boxeador, Floyd Patterson, negro como Ali: "a imagem de um muçulmano negro como um campeão mundial dos pesos pesados ​​envergonha o esporte e da nação". Ali, depois, humilhou Patterson no ringue.

Ao mesmo tempo em que se tornava ídolo em um país conservador e profundamente racista como os Estados Unidos, mais ainda na época, Ali trouxe a "America" para o ringue. A conversão ao Islã foi um golpe e a amizade com os líderes negros radicais Malcolm X e Elijah Muhammad, um soco no estômago dos brancos. Uma das suas frases - "eu não sou americano, sou um homem negro" -, ecoou como um cruzado no rosto de Tio Sam.
E a recusa em seguir para o Vietnã - ele afirmava "nada ter contra os vietcongs" - o levou aos tribunais e à prisão. Foi solto sob fiança, perdeu passaporte, o direito de lutar e o título mundial. Tornou-se um símbolo da resistência à guerra. Só três anos depois recomeçou a carreira. Voltou a ganhar o título mundial em 1974 e 1978, quando a história já lhe dava razão e a guerra do Vietnã, além da humilhação da derrota para Ho Chi Minh e Giap e do enorme custo em vidas, era reconhecida como um dos maiores desastres da política intervencionista americana:

Sua última luta - na verdade, um drama, já não tinha condições físicas e o Mal de Parkinson havia sido diagnosticado um ano antes - foi em 1981, quando Trevor Berbick o derrotou.

Muitas das suas batalhas no ringue entraram para a história do boxe, mas uma delas, contra George Foreman, em Khishasa, no Quênia, em 1974, é considerada a maior luta de todos os tempos.

Alguns jornais norte-americanos reproduzem hoje uma das suas últimas manifestações públicas: Ali enviou uma mensagem, por twitter, no dia 10 de maio, ao vocalista Bono, do U2. No texto, deseja feliz aniversário ao cantor, "um campeão dos direitos humanos e um amigo inspirador".

Dele, o presidente Barack Obama acaba de dizer: foi "um homem que lutou por todos nós".


Reprodução


Na capa da Manchete, em 1971, quando perdeu para Joe Frazier, a quem derrotou depois por duas vezes. Na chamada, "Cassius Clay". A Manchete, como parte da mídia norte-americana, demorou a aceitar o nome islâmico Muhammad Ali, religião que o lutador adotou em 1964. 


Nasce o mito; em 1964, reportagem da Manchete mostrava a luta com Sonny Liston. 

Com Pelé, nos anos 70, em Nova York

Nos anos 70, a Fatos & Fotos publicou em encarte especial a história de Muhammad Ali, que a revista ainda chamava de Cassius Clay,
 escrita por ele mesmo em parceria com  o escritor e ativista Richard Duham.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Essa não! Beatles estão voltando como zumbis no cinema

por Eli Halfoun
Já imaginou os Beatles transformados em zumbis? Pois é o que acontecerá no filme baseado no livro “Paul in undead” (Paul não está morto) de Alan Goldsher. O site Daeadline revela que o filme mostrará John Lennon como um zumbi guitarrista que mata a reanima Paul McCartney e em seguida faz o mesmo com Ringo Star e George Harrison. O filme é musical e de terror: ao mesmo tempo em que os Beatles zumbis tocarão músicas de sucesso seus quatro integrantes comerão cérebros dos fãs em todo o mundo. Ação também não faltará: os zumbis combaterão uma ninja chamada Yoko Ono e serão perseguidos por um caçador chamado Mick Jagger. Desse jeito o filme está mais para comédia do que para terror, musical ou aventura. (Na reprodução, a capa do LP Sgt Peppers que, segundo lenda dos anos 70, passava várias mensagens secretas, uma delas a de que Paul McCartney teria morrido)

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Beatles outra vez com Yellow Submarine

por Eli Halfoun
Lembra daquela animação (e quem não lembra?) chamada Yellow Submarine (de 1968), que tinha os Beatles vivendo aventuras em forma de desenho? O que era um desenho será transformado em filme produzido pela Disney e dirigido pelo cineasta Robert Zamecks. As novas-velhas aventuras dos Beatles estão em fase de pré-produção e só chegarão aos cinemas em 2012. O elenco está definido: o quarteto inglês será interpretado pelos atores britânicos Adam Campbell (Ringo Star), Cary Elwes (George Harrison), Dean Lennon Kelly (John Lennon) e Peter Serafinowicks (Paul McCartney). O diretor e também roteirista Robert Zamecks desenvolveu a história de um soldado chamado Old Fred que encontra os Beatles e viaja à Pepperland a bordo de um submarino amarelo. O diretor decidiu também que o filme terá 16 músicas dos Beatles dubladas pelo quarteto de atores. Como se vê o sonho não acabou mesmo.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Yoko Ono confirma livro sobre os Beatles

por Eli Halfoun
O blog já tinha noticiado, mas agora é oficial: em seu site (http://www.imaginepeace.com/) Yoko Ono confirma seu desejo de escrever sobre a sua vida ao lado de John Lennon e dos Beatles. Aos 75 anos a artista plástica japonesa e viúva do líder dos Beatles, revela também que o livro será lançado nos próximos cinco anos (haja paciência para esperar) e não se limitará à sua relação conjugal: Yoko dedicará pelo menos um capítulo para falar de suas maiores influências artísticas. Em relação à convivência com o grupo, ela revela no site que sempre que é possível comparece aos shows dos ex-Beatles Ringo Star e Paul McCartney com os quais,garante, mantém excelente relação. Yoko também quer acabar com as especulações de que ela teria sido a responsável maior pelo fim da banda.

sábado, 4 de julho de 2009

Baú do Gonça











Frio em Petrópolis, calmaria no sótão-escritório do Gonça, hora de revirar o baú de livros. De lá sai um pequeno tesouro, nem sei se o Nelson Motta ainda tem um exemplar, deve ter, vou perguntar, mas vale postar o achado neste eclético blog. A edição original lançada em 1968 pela The New American Libary é baseada no desenho animado Yellow Submarine, por sua vez inspirado em histórias que o jornalista Lee Minoff extraiu de letras das canções dos Beatles. Um ano depois, Nelson Motta fez uma inspirada adaptação brasileira para a Editora Expressão e Cultura, com "bolação" - diz o expediente - e orientação editorial de Fernando de Castro Ferro, "apoio moral" de José Carlos Oliveira, direção de arte de Chisnandes, paginação e montagem de Ventura. A capa anunciava: "Uma nova e explosiva dimensão em cinema. Um livro pra frente como nunca se viu - Os Beatles - Submarino Amarelo". A tradução, como não podia deixar de ser, usa e abusa dos termos da época. Pepperland, o país imaginario onde tudo acontece, virou Pilantrália. Superbacana, ademã, genial, vamos balançar... O surrealismo e a louca alegoria ainda permitiam um segunda leitura cheia de alusões ao momento que o Brasil vivia, sob os coturnos da ditadura. Há a Luva Dedo-Duro, os Azulões, dados a acessos de fúria e cercados de bajuladores, expressões como "tudo cinzento em Pilantrália". No final, a música vence os autoritários Azulões. Mas John, Paul, Ringo e George alertam na última página: "Temos um comunicado muito sério! Novos azulões, cada vez mais azuis, foram vistos na vizinhança da sua casa, amigo, gostaríamos de sugerir que você... comece a cantar!". E completava com um último aviso: "Os inimigos talvez não sejam azuis, podem ser... verdes".