domingo, 21 de maio de 2017

Fotografia - Temer e Jânio: os pés da crise...





Foto de Erno Schneider/Reprodução


Duas crises, duas fotos. No alto, imagem publicada na Folha de São Paulo, hoje, mostra Temer, no Jaburu, com passos indecisos, pés apontando para rumos opostos, como se vê no detalhe. A foto é de Pedro Ladeira.

Acima, a famosa e premiada foto de Erno Schneider, de 1961, para o Jornal do Brasil. Com essa cena, Schneider fixou o logotipo da renúncia de Jânio Quadros e ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo. Jânio, na época, não sabia se ia para a direita, esquerda ou se ficava no centro. Acabou defenestrando-se do cargo.

Temer, investigado no caso JBS, resiste a renunciar. O que não o impede de também trocar os pés. Simbolicamente, ele não sabe se caminha em direção ao seu "núcleo duro", aí representado por Moreira Franco e Eliseu Padilha, ou se segue o que lhe sugere o pé direito e se afasta da dupla que, por sua vez, já tem o filme queimado pela Lava Jato sob a denúncia de receber propina da Odebrecht.

Pode-se dizer que o flagrante de Temer não é tão expressivo fotograficamente quando o de Jânio, mas ambas as tristes figuras, no instante da foto, estão visivelmente com o GPS político avariado.

#jesuisaecim: alô militância gourmet, ajude um tucano carente a contratar um advogado...

Reprodução Facebook

por O.V. Pochê

Claro que as celebridades têm o direito de aderir ao curralzinho vip eleitoral que lhes pareça mais confortável. Nem foi a primeira vez. Um elenco de famosos embalou o Collor com entusiasmo e até frequentou a Casa da Dinda com patriotismo explícito. Mais recentemente, outros declararam decepção com Lula e Dilma. Nas últimas eleições, Aécio Neves foi exaltado pelo vip-ativistas e vários deles participaram da campanha do tucano.

O neto de Tancredo virou personagem da delação de Joesley Batista, com direito a diálogos edificantes. Algumas estrelas parças se disseram chocadas com as denúncias. Perplexas. Talvez por causa das carreiras, shows, gravações e da correria para presenças vips em pagodes, rodeios, cultos, velórios, desfiles e aniversários de BBBs e festas de firmas, os amigos não tiveram muito tempo de se enturmar com o backstage da política antes de comparecer à urna nas últimas eleições.

Daí, a surpresa. Se tivessem entrado no Google, em 2014, até no minuto anterior ao "confirma" da maquininha do TST encontrariam verbetes como "Lista de Furnas", "Mensalão Tucano", "Aeroporto de Cláudio", "Centro Administrativo". Mesmo que as informações não mudassem seus votos, pelo menos seriam poupados do "susto" que tomaram agora ao ouvir a trilha sonora de Joesley.

Nos últimos dias, parte da militância gourmet limou das suas redes sociais fotos de Aécio Neves. Isso não se faz. Cadê a solidariedade? Aécio foi buscar um troco na JBS, ô coitado, porque precisava de dinheiro para pagar advogado para se defender de rolos anteriores. Humildemente, confessou que pediu o pendura. Deu ruim. E acabou ganhando mais um processo. Ou seja, vai ter que reforçar o time de advogados. Isso custa dindim. Mas, cadê a bufunfa?

Daí que muitos dos seus apoiadores na classe artística e midiática ganham seus dinheirinhos honestos e estão com as contas bancárias recheadas. Nada mais justo então que façam agora uma lista-amiga e pinguem uns milhões no chapéu do tucano, que teria até vendido uma imagem de santo barroco que pertenceu ao vovó falecido para levantar um numerário. O homem tá necessitado, galera. Façam uma campanha, vendam umas rifas, montem um brechó, criem um crowdfunding, a popular vaquinha gourmetizada, e façam o antigo ídolo feliz.

Sugiro até a hastag: #jesuisaecim
   

sábado, 20 de maio de 2017

"Toma que o filho é teu": Demorou, mas a grande mídia aderiu ao "Fora Temer"...

Editorial do Globo 


Mídia aderiu ao "Fora Temer" mas
não às "Diretas Já". Reprodução
A mãe de todas as bombas, a JBS, provocou uma tremenda saia justa na moçada da mídia dominante.

Antes de o gravador de Joesley disparar novos "segredos" - mesmo após o vazamento da denúncia da Odebrecht que incriminou o ilegítimo - Temer era algo como a encarnação da suprema ética, o "nosso guia", alguém imbuído da missão divina de fazer as reformas a qualquer custo. Editoriais, colunistas e o noticiário exaltavam a pérola preciosa resgatada do lamaçal do Tietê, digo, do PMDB. Até que o raio paralisante da JBS caiu na redações. Nas primeiras entradas ao vivo, a perplexidade estava exposta em closes. Falar de Lula e Dilma seria mais voltagem do mesmo choque dos últimos anos. A notícia tinha ingredientes viçosos. Um típico caso jornalístico em que o homem (Joesley) mordeu os cachorros (Temer e Aécio). Não dava mais pra segurar, explode coração.

Nos primeiros minutos, ainda no susto e na velocidade dos acontecimentos, havia tensa cautela cada vez que Temer tinha que ser encaixado no texto. As análises eram timidamente superficiais, com um "se comprovadas as denúncias" exaustivamente encaixado entre centenas de vírgulas.



Ontem, a leitura dos jornais ou um simples zapear na TV mostravam outro clima: a opinião e a ênfase voltaram da folga e passaram a trabalhar. Um editoral do Globo foi a senha para levar Temer ao paredão do reality institucional do Planalto Central. Um dia antes, a Folha ousou dizer que os diálogos entre Temer e Joesley não eram "conclusivos". Veja e Época aderiram ao "Fora Temer". A Istoé, que vinha em uma trajetória de marcado adesismo, diluiu Temer ao lado de Dilma e Lula e tardiamente "descobriu" que a Lava Jato "não escolhe partidos". Só em Istoé.

Em outras circunstâncias históricas (1964),
o  "Basta" do Correio da Manhã.
Por coincidência, ressalvadas as circunstâncias históricas,  Veja destacou um "Basta!", na capa. Lembrou o Correio da Manhã, em 1964, quando a mesma interjeição pedia que Jango fosse derrubado.

A Época fez um capa tétrica do momento nacional inspirando-se em um bullying que Temer sofre: a conhecida referência ao seu visual de mordomo de filme de terror.

Em geral, para muitos coleguinhas não deve ter sido fácil acompanhar a brusca guinada. Mas à medida em que os veículos conservadores explicitaram posição e ligaram seus radares e GPSs políticos, diminuiu a tensão, âncoras, articulistas e colunistas dessas redações puderam relaxar e coreografar com mais precisão suas intervenções. Mesmo assim, haja equilibrista. Um deles, tido como "porta-voz informal de Temer", foi buscar ajuda no escritor Robert Stevenson, autor de "Dr. Jekyll and Mr. Hyde" para aliviar um pouco a barra e conceder a Temer pelo menos uma dupla personalidade. É preciso reconhecer a habilidade inserida na "opinião" que o dito jornalista construiu: "O presidente Michel Temer poderá ser levado a renunciar ao cargo por pressão do professor de Direito Constitucional Michel Temer, um homem tão cioso do cumprimento das normas constitucionais e dos princípios ético que regem a moral pública. O professor está envergonhado do ato praticado pelo presidente da República".

Por esse raciocínio de ficção, o Dr. Jekill Temer é inocente, a culpa foi do Mr. Hyde Temer. Se o culpado for para a Papuda, o STF vai ter que rebolar para saber o que fazer com o inocente.

Complicado vai ser se Mr. Hyde Temer fizer delação premiada e melar ainda mais a vida do Dr.
Jekill Temer. 

sexta-feira, 19 de maio de 2017

A casa caiu...

O Solar dos Neves, e São João Del Rei, sob cerco de manifestantes, ontem. Protestando contra a corrupção e pedindo "Fora Temer", eles queimaram um boneco de Aécio Neves. A foto é de Van UFSI
e foi divulgada no site Pop News.
Estátua de Tancredo Neves em São João del Rei ganhou um cartaz: "Que vergonha dos meus netinhos. Que vergonha". A foto viralizou no Facebook


Irmã e "estrategista" de Aécio, Andréa Neves
posou para "ensaio fotográfico" regulamentar antes de adentrar a
Penitenciária Estevão Pinto. Poderosa em Minas Gerais, ela costumava ligar para redações e pedir
cabeças de repórteres quando uma matéria a desagradava. Reprodução

Aécio na capa da Veja, em abril de 2017, quando foi acusado de receber propina
da Odebrecht. A família Neves não imaginava que o pior estava por vir nas fitas de
Joesley Batista.

Nos "bons tempos", quando era o "queridinho" da Veja,
que o favorecia em campanha para presidente.

A revista foi acionada pelo TSE
por fazer "propaganda eleitoral" ao veicular
publicidade de uma das edições
em plena reta final da campanha. 

Os Neves já viveram dias melhores. A delação de Joesley Batista, do grupo JBS, esmagou o clã com a força de uma tonelada de pães de queijo.

Aécio Neves foi afastado do cargo de senador e licenciado do posto de presidente do PSDB. Andréa Neves, a neta, vê o sol nascer quadrado; o neto de Tancredo Neves, Aécio, mostrou como é possível conseguir um "empréstimo" de 2 milhões de reais sem precisar ir ao banco; o Solar dos Neves, em São João del Rei, sede do feudo da família, foi cercado por manifestantes durante protesto contra a corrupção, com o devido "Fora Temer". O apartamento em que morou Tancredo, na Avenida Atlântica, no Rio, foi revistado pela Polícia Federal. Outros apartamentos, casas e a fazenda da família foram visitados. Pouco antes do escândalo JBS vir a público, Suzana Neves, prima dos irmãos Neves e ex-mulher de Sérgio Cabral, virou alvo de investigação por suspeita de receber dinheiro ilícito do ex-governador do Rio de Janeiro.

E, por falar em Tancredo, em uma involuntário marketing de oportunidade, acaba de ser lançado "Tancredo Neves, o príncipe civil".

Escrito pelo jornalista Plínio Fraga, o livro desmistifica o político mineiro. Além de mostrar sua habilidade como articulador político, revela episódios, digamos, incômodos. Uma das revelações é o mistério que envolve as "sobras" da campanha de Tancredo para a votação do colégio eleitoral da ditadura que o elegeu presidente: segundo o autor, dez milhões de dólares tomaram rumo ignorado. Fraga também cita uma acusação que remete ao tempo em que Tancredo foi vereador em São João del Rei e teria se beneficiado de um lei para o setor têxtil quando, por "coincidência", era proprietário de uma tecelagem na cidade.

Protagonista da política brasileira, Tancredo fez duas tentativas para comandar o país. Quando foi instituído o parlamentarismo no Brasil, em 1961, na verdade, um "golpe branco" contra o presidente João Goulart, Tancredo foi nomeado primeiro-ministro. Mas durou pouco no poder. Apenas nove meses depois, em plebiscito, os brasileiros fizeram o presidencialismo voltar e Tancredo foi defenestrado. Praticamente hibernou durante a ditadura para voltar como candidato a presidente via eleição indireta, em 1985. Mais uma vez, o destino lhe negou o poder. Com mais de 50 milhões de votos na última eleição presidencial, Aécio Neves quase chegou lá. Trabalhava, agora, para ser novamente candidato. Já não vinha bem nas pesquisas para 2018. O novo escândalo provavelmente eliminará suas chances. Ele sonhava em bater chapa com Lula. Dificilmente os nomes dos dois aparecerão na tecla "confirma" da urna eletrônica no ano que vem. Ambos têm preocupações agora mais urgentes do que ambições presidenciais. O mais provável é que esse trem já tenha deixado a estação sem levá-los como passageiros.

Deu capa...


quinta-feira, 18 de maio de 2017

Se Temer chamar o caminhão de mudança, quem vai morar nos palácios do Propinalto e do Alvoroço? Pode rolar uma vaga para despachante...

por Flávio Sépia

Pelé já disse que o brasileiro não sabe votar. Faltou de dizer que a grande mídia também não. Desembarcou da República Velha apenas quando forças urbanas começaram a minar a oligarquia agrária, conviveu com o ditador Getúlio Vargas e se beneficiou com verbas do Estado Novo, mas ajudou a demolir o governo constitucional do mesmo Vargas quando este deu um rumo tido como popular à sua gestão; com os militares e as forças conservadoras promoveu o golpe de 1964 e reinou ao lado dos coturnos por 21 anos; manteve a parceria no desastrado governo do "parça" Sarney; trabalhou para eleger Collor de Mello; apoiou com entusiasmo Aécio Neves para presidente, conspirou contra Dilma Rousseff e abraçou Michel Temer. Impressionante.

Ontem, a palavra mais pronunciada por âncoras foi "perplexidade"? Como assim? Temer e Aécio são citados em delações quase que diariamente. A irmã do Aécio, idem. O suposto operador do Planalto já é conhecido. As marcas de batom nas ilustres cuecas eram muitas. A bomba estava pronta, o estopim é que foi providencialmente apagado várias vezes nos últimos meses. Novidade mesmo são as gravações, que ainda não foram divulgadas.

Aparentemente, esse modelo de intervenção midiática não será quebrado. Como os aliados estão caindo como peças de dominó enfileiradas e Temer agora circula entre o Palácio do Propinalto, onde despacha, e o Palácio do Alvoroço, onde mora, a mídia dominante procura um novo "despachante". Aparentemente Dória é a bola da vez no radar midiático. Quem mais? Alkmin é praticamente um pato manco, tantas são as suas citações em merendas e metrôs paulistas; Serra anda sonolento e também frequenta listas de delatores; Luciano Huck ainda está na categoria balão de ensaio, mas ganhou aval de FHC; Barbosa, o herói do mensalão já não parece tão confiável para o "sistema"; Carmen Lúcia é cogitada; Henrique Meireles, ex-conselheiro da JBS?; Moro?; Bernardinho?; Marina;  Kim Kataguiri; Deltan Dallagnol? Bolsonaro?

Difícil saber o que vai acontecer nos próximos dias. Temer vai escrever uma carta de renúncia? Rodrigo Maia assume, convoca eleições e será efetivado?

Temer resiste e se sustenta com a muleta das reformas exigidas pelo "mercado". Ontem, o líder do governo no Senado, o notório Romero Jucá, ele também na lista de chamada da Lava Jato, já defendia que o importante é continuar trabalhando pelas reformas e pelo Brasil, zil, zil.

terça-feira, 16 de maio de 2017

Coréia do Norte, onde fica mesmo? Pesquisa do New York Times comprova que 64% dos americanos pensam que o país de Kim Jong-un fica na Austrália, Tailândia ou, quem sabe, em Papua Nova Guiné...

Reprodução NY Times

Em uma pesquisa interativa, o New York Times ouviu 1.746 adultos para saber até onde eles seriam capazes de apontar no mapa a localização da Coréia do Norte. Apenas 36% acertaram. Cada ponto assinalado em azul no mapa reproduzido acima corresponde a uma resposta dos entrevistados.

Não é novidade a ausência de conhecimentos geográficos no mundo red neck de Tio Sam. Outra pesquisa já aferiu que seis em cada 10 americano não tinham a menor ideia de onde ficava o país de Saddam Hussein, enquanto 75% da população não sabem apontar no mapa onde ficam Irã e Israel. E apenas metade dos americanos soube dizer quando pesquisada onde fica exatamente o Estado de Nova York.

O New York Times não informou se Donald Trump sabe onde fica a Coréia do Norte, que atualmente lidera uma lista de 144 países que o americano médio considera "inimigos".
Veja a matéria do NY Times, AQUI

Memórias da redação - Com bandejão gourmet na antiga gráfica, em Parada de Lucas, Fatos & Fotos comemora seu primeiro aniversário


Foi em 1962. Terá sido pelo prestígio das revistas, importantes na época (naquele ano a Fatos & Fotos rodava 200 mil exemplares), pela qualidade da comida servida no restaurante da Bloch, na gráfica de Parada de Lucas, ou pelo prazer do encontro em pleno verão carioca.

Era um janeiro sufocante, apesar dos paletós e gravatas à mesa. O cardápio era feijoada. Dá para imaginar a volta da caravana, a 40 graus, após a incursão ao bairro distante, na fronteira com a cidade de Caxias, sonolenta de carne seca, costela, pé, lombo e orelha da porco. O cerveja só podia ser Antarctica ou Brahma, que eram anunciantes e usavam os serviços de impressão de Lucas.

Lançada em 1961 e apontada como "o maior acontecimento jornalístico" daquele ano, a Fatos & Fotos celebrava seu primeira aniversário. O bandejão gourmet reuniu "tout le Rio".  O ex-presidente Juscelino Kubitscheck, o acadêmico Austregésilo de Athayde, recebidos por Adolpho Bloch e pelo diretor da F&F, Alberto Dines, além de socialites, empresários, publicitários e banqueiros, esta uma categoria historicamente fundamental para a liquidez da Bloch.

Sorridente, o ex-presidente Juscelino Kubitscheck estava animado. Certamente já sonhava com a campanha para a volta ao Planalto. Tinha até slogan: JK-65.

Dois meses depois, a Fatos & Fotos faria sua primeira grande cobertura internacional: a visita de João Goulart à Casa Branca, então sede da corte de John Kennedy, a Camelot reeditada.

Os três personagens não sabiam, mas os seus destinos já estavam sendo escritos, e bem longe dos seus projetos.

Kennedy não veria o fim de 1963, Jango, derrubado, partiria para o exílio em abril de 1964, a reeleição de JK-65 seria atropelada pelo golpe militar e o ex-presidente também se exilaria dois meses depois de a ditadura se instalar em Brasília.

A Fatos & Fotos continuou saindo, semanalmente, até março de 1985. Depois disso, voltou às bancas apenas em edições especiais de Carnaval ou de acontecimentos marcantes.  A Bloch faliu em 2000. O salão visto na reprodução acima foi ocupado por famílias de sem-tetos, até ir a leilão.

O mundo girou e só a Lusitana continuou rodando.

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Europa: o ranking do racismo segundo pesquisa da Harvard


A partir de um questionário interativo aplicado entre 2002-2015, a Universidade de Harvard mapeou os países da Europa com maior número de incidentes de características raciais.

O teste, chamado de "Project Implicit", induziu os participantes a associar termos positivos ou negativos com rostos de negros e brancos. Após a análise dos dados, os pesquisadores divulgaram os resultados agora em março.

O estudo concluiu que a maioria dos europeus "foi mais lenta" em associar rostos pretos com descrições positivas, mesmo entre aqueles que não demonstraram opiniões racistas explícitas. Mas atribuíram isso "às associações automáticas que temos em nossas mentes, associações que se desenvolveram ao longo de anos de imersão no mundo social".

O estudo recebeu críticas por "testar" apenas rostos de negros, não considerando outras etnias. E, por ter sido aplicado a partir de um site americano, teria atraído apenas pessoas mais jovens, que falam inglês, o que comprometeria a amostragem.

No mapa, quanto mais forte o azul, menor o preconceito contra negros no país indicado; a intensidade do marrom mostra a graduação de racismo nos demais países, quanto mais forte a cor, maior e intolerância. Foi atribuído um coeficiente a cada país. Na tabela proposta, países do Leste Europeu, como República Checa, foram classificados como os mais racistas "implícitos". A Sérvia registrou o menor índice de preconceito. Veja o ranking abaixo:

1- República Checa - 0,557
2- Lituânia - 0,444
3 - Bielorrússia - 0, 435
4 - Ucrânia - 0, 428
5 - Moldávia - 0,423
6 - Bulgária, 0,419
7 - Itália - 0,407
8 - Portugal e Eslováquia - 0,405
9 - Romênia - 0,392
10 - Polônia - 0,388
11- Espanha - 0,381
12 - Finlândia - 0,379
13 - Latvia - 0,377 e Montenegro - 0,377
14 - Hungria - 0,376
15 - França - 0,373
16 - Albânia - 0,371
17 - Islândia - 0,370
18-  Suíça - 0,368
19 - Alemanha - 0,365 e Grécia - 0,365
20- Dinamarca - 0,358
21- Holanda - 0,357
22 - Bélgica - 0,356
23 - Suécia - 0,355
24 - Áustria - 0,349 e Noruega - 0,349
25 - Grâ-Bretanha - 0,348
26 - Irlanda - 0,347
27- Croácia - 0,346
28- Bósnia Herzegovina- 0,335
29 -Eslovênia - 0,302
30- Sérvia - 0,298

Lei do décimo-terceiro faz aniversário com os direitos trabalhistas sob ataques...




O décimo-terceiro comemora 55 anos no próximo dia 13 de julho. Nessa data, em 1962, o presidente João Goulart assinou a lei que instituiu a gratificação salarial anual a ser paga pelo empregador no mês de dezembro. A lei aprovada pelo Congresso foi uma iniciativa do deputado Arão Steinbruch.

Houve forte resistência no meio empresarial e campanhas foram deflagradas na mídia conservadora. Trabalhadores organizaram protestos, piquetes e levaram caravanas a Brasília para convencer os deputados e senadores a aprovarem a medida. Ao contrário do que a direita apregoava, o décimo-terceiro não foi um desastre. O salário extra gerou benefícios para a economia ao injetar recursos no mercado e estimular o consumo.

Muita coisa mudou desde então.

O décimo-terceiro não vai ter bolo de festa. A lei permanece, mas em uma CLT desfigurada, que fragiliza as relações de trabalho, retira direitos, amplia a terceirização, altera jornada de trabalho, cria diaristas e horistas e determina que a negociação entre o patronato mais forte e categorias de trabalhadores muitas vezes mais expostas às manobras do empregador estará a cima da lei. O "negociado" valerá mais do que o "legislado".

Muita coisa mudou em 55 anos. Menos a visão colonial da elite dominante.

domingo, 14 de maio de 2017

Moysés Fuks, que há 60 anos deu nome à Bossa Nova, comemora 8.0


por José Esmeraldo Gonçalves

O ano de 2017 marca duas datas importantes da Bossa Nova.

O movimento musical recebeu o nome Bossa Nova em 1957, na sede do Grupo Universitário Hebraico, no Rio de Janeiro.

E ganhou o mundo em 1962, no Carnegie Hall, em Nova York.

Nara Leão, em rara foto no
show no Grupo Universitário
Hebraico, no Rio.
Arquivo Pessoal
Moysés Fuks.
O jornalista Moysés Fuks, que trabalhou na Manchete, dirigiu Fatos & Fotos e foi diretor de Marketing da Bloch, era então repórter do Última Hora carioca, onde Nara Leão fazia estágio sonhando ser jornalista. Como dirigente do Grupo Universitário Hebraico, ele organizou naquele ano o primeiro show do gênero, do qual participaram Silvinha Telles, Carlos Lyra, Roberto Menescal e a própria Nara.

Na época, para promover o show, Fuks redigiu em estêncil (para quem está chegando agora, era um papel-matriz para impressão em mimeógrafo) um pequeno release anunciando os artistas convidados "e um grupo bossa nova". Em seguida, a nota foi transcrita no quadro-negro à porta da sede da organização, um casarão de dois andares na Rua Fernando Osório, no Flamengo: "Hoje, Sylvia Telles e um grupo bossa nova".

"Era um grupo que juntava músicos de jazz e de samba. Pensei: como rotular essa apresentação que mesclava os dois gêneros? Eu já conhecia a palavra bossa, e na minha cabeça aquilo passou a ser uma bossa nova. Ou seja, criei o termo, como jornalista, na Última Hora, para batizar esse encontro", complementa ele sobre o origem de adequação da expressão.

Com aquele estêncil, Fuks tornou-se o primeiro jornalista a vincular a expressão Bossa Nova a um movimento que revolucionaria a música popular brasileira. Só um ano depois, em 1958, João Gilberto lançaria o compacto simples com as canções Chega de Saudade, de Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e Bim Bom, de sua autoria.

Melhor deixar o jornalista e escritor Ruy Castro - que também trabalhou na Manchete e Fatos & Fotos, descrever o episódio em trechos (abaixo) extraídos do livro "Chega de Saudade":






Em 2010, quando foi comemorado pela primeira vez o Dia da Bossa Nova (25 de janeiro), Moysés Fuks (visto aí ao lado da família, na Toca do Vinicius, em Ipanema) foi homenageado na Calçada da Fama, onde gravou suas mãos como um registro da sua participação na história da Bossa Nova.

Em 2010, Fuks voltou à sede do Grupo Universitário Hebraico,
o espaço que recebeu o show de Bossa Nova. Reprodução UTV

No mesmo ano, em entrevista à repórter Fabíola Ribeiro, da UTV, o jornalista falou sobre sua trajetória, a ligação com a Bossa Nova e voltou ao local onde aconteceu o show histórico.

Atualmente, Moysés Fuks, que acaba de comemorar seus 80 anos, faz uma participação às quartas-feiras no programa Rede Live, de Haroldo de Andrade Junior e é Assessor de Divulgação e Acervo do Iate Club do Rio de Janeiro.

A outra data histórica da música brasileira em 2017, além dos 60 anos do nome, são os 55 anos do célebre show do Carnegie Hall, em Nova York, no dia 21 de novembro de 1962, quando a Bossa Nova se lançou para o mundo e levou junto a expressão criada por um carioca de 20 anos, mais ou menos a idade dos jovens que protagonizaram o show pioneiro que ele promoveu no Grupo Universitário Hebraico. Nara Leão era uma adolescente, Carlos Lyra tinha 18 anos, Roberto Menescal tinha acabado de completar 20 anos. Mesmo João Gilberto, já profissionalizado, tinha 26  anos.

Acredite: a Bossa Nova, um fenômeno musical que se globalizou, foi criada e promovida por garotos.

Agora, respeite os cabelos brancos da rapaziada.

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Veja entrevista de Moysés Fuks sobre  sua trajetória e o ano zero da Bossa Nova. A entrevista tem três partes. Clique, abaixo, na sequência.
PARTE 1 - AQUI 
PARTE 2 - AQUI 

PARTE 3 - AQUI 



PARA VER O PROGRAMA REDE LIVE, DE HAROLDO DE ANDRADE JUNIOR, COM A PARTICIPAÇÃO DE MOYSÉS FUKS, CLIQUE AQUI 




Mundo em Manchete em Barcelona - Casal de Fórmula 1: Kelly Pìquet e o piloto russo Daniel Kvyat





Kelly Piquet em Moscou; ao lado da atriz Lindsay Lohan


Fotos: Reproduções Twitter
por Clara S. Brito

Durante a transmissão do GP da Espanha, em Barcelona, a TV mostrou a bela Kelly Piquet no boxe da equipe Toro Rosso, no piloto russo Daniel Kvyat. O próprio piloto postou no twiter há menos de uma hora a primeira foto no alto da página.  Filha do tricampeão mundial Nelson Piquet com a ex-modelo holandesa Sylvia Tamsma, Kelly trabalha no departamento de mídia da Fórmula E, categoria para carros elétricos da qual o irmão, Nelsinho Piquet, foi campeão em 2015.


Fato em foco: jornalistas-cardeais da direita sobem nas tamancas...

Reprodução/Publicado no DCM

Fato em foco




Reprodução o Globo/13/52017 - Foto de André Coelho


Meninos eu vi - Maria Candelaria, o filme que ganhou o Grand Prix no primeiro Festival de Cannes em 1946




por Roberto Muggiati

Quarta-feira, 17 de maio, começa a 70ª edição do Festival de Cinema de Cannes. É bom explicar de saída por que o primeiro da série famosa aconteceu em 1946, mas os 70 anos só acontecem agora, um ano depois do que deveriam.

A edição de 1968 foi cancelada – atingida em cheio pela rebelião estudantil de maio e pela invasão da Cinemateca de Paris por forças policiais.

Outra explicação: o evento de 1946 se chamava Festival du Film de Cannes e concedeu dadivosamente o prêmio máximo, o Grand Prix (a designação Palma de Ouro só surgiria a partir de 1955) a 11 dos 44 filmes inscritos.

Apesar da quantidade de agraciados, a competição foi disputadíssima. O filme mexicano Maria Candelaria ficou entre os eleitos, ao lado de outros dez, como Farrapo humano (Billy Wilder), Roma Cidade Aberta (Roberto Rosselini), Desencanto (David Lean) e Sinfonia pastoral (Jean Dellanoy).
Ficaram de fora, vejam só, diretores da estatura de Alfred Hitchcock (Notorious/Interlúdio), Jean Cocteau (A bela e a fera), Alberto Lattuada (O bandido) e René Clement (A batalha dos trilhos).
Maria Candelaria é um melodrama mexicano de altíssima qualidade. ~

Pedro Armendáriz e Dolores del Rio
Um resumo da ópera: em 1909, pouco antes da Revolução Mexicana, um casal de camponeses de Xochimilco, María Candelaria (Dolores del Río) e Lorenzo Rafael (Pedro Armendáriz) não consegue viver o seu amor em paz. María sofre preconceito por ser filha de uma prostituta e Lorenzo Rafael, um jovem indígena, é hostilizado por amá-la. Nada dá certo para eles. Don Damián, um comerciante ciumento que assedia María, faz tudo para impedir o casamento dela com Lorenzo. Quando María contrai malária, Don Damián se recusa a vender ao casal a quinina necessária para combater a doença. Lorenzo invade o armazém e rouba a quinina e leva também um vestido de noiva para María. É preso e María concorda em posar para um pintor a fim de levantar dinheiro para pagar a fiança do amado. Quando o artista pede a María que pose nua, ela se recusa. Ele termina o quadro usando outra modelo para o corpo nu, mas preservando o rosto de María.

O diretor Emílio Fernandez
Quando a turba odiosa de Xochimilco vê a pintura, acha que María posou nua e a mata a pedradas, numa cena de uma selvageria revoltante.  Vi esse filme na flor dos meus doze anos e fiquei chocado: nunca imaginara que o mundo podia ser tão cruel e injusto.
O filme é em preto-e-branco, com a fotografia magistral de Gabriel Figueroa, que trabalhou em 235 filmes ao longo de cinquenta anos, ao lado de cineastas como Luís Buñuel, John Ford, John Huston e Emilio Fernández, o diretor de María Candelária. No filme anterior que fez com Dolores del Río, Flor silvestre, Fernández a submeteu a uma série de grosserias e humilhações. Só seu alto senso de profissionalismo impediu Dolores de abandonar as filmagens. Secretamente apaixonado pela atriz, Emilio teve uma oportunidade de reconciliação, um almoço com ela na Sexta-feira Santa de 1943, dia do aniversário de Dolores. Enquanto a esperava no restaurante, nervoso, Fernández escreveu o roteiro de um filme em treze guardanapos. O escritor David Ramón conta, em sua biografia da atriz:

Gabriel Figueroa, diretor de fotografia.
“Na hora de dar o presente a Dolores, Emilio Fernández praticamente jogou um monte de guardanapos na mesa e disse: ‘É o seu presente de aniversário, o roteiro de um filme. Espero que goste, pois é o seu próximo filme, Xochimilco. É propriedade sua, se alguém quiser comprar, vai ter que comprar de você.’ Apesar da generosa oferenda, Dolores foi irônica: ‘Primeiro fiz o papel de uma camponesa. Agora, uma índia, quer que eu interprete uma índia... descalça?’”

Vi María Candelária nas condições mais exóticas, num cinema improvisado no balneário paranaense de Guaratuba. Naquela época o cinema não se restringia às salas urbanas, mas se espalhava pelos cafundós do Paraná, onipresente como o nome das Casas Pernambucanas pintado a cal nas pedras que margeavam as estradas mais remotas. Bastava ter um projetor, algumas latas com rolos de filmes e uma tela, ou um simples lençol branco, que estava criada uma sala de projeção. Meu tio e padrinho, José Muggiati Sobrinho, com esse equipamento básico, promovia sessões de cinema em Guaratuba no início dos anos 50. Ao fim da sessão, as cadeiras eram encostadas às paredes e o galpão se transformava em pista de forró para os pescadores locais. Acostumado com a produção banal de Hollywood, eu achava que o cinema era apenas diversão inocente. Ignorava que filmes como María Candelaria – e Ladrões de bicicletas, que vi pouco tempo depois – além do prazer estético que traziam, podiam também ser agentes de transformação da consciência social.

AtualizaçãoAnônimo E como tudo no Brasil acaba em samba, o nome Maria Candelária entrou no nosso imaginário com a marchinha que foi sucesso no carnaval de 1952 na voz do General da Banda Blecaute.Os sucessos de Carnaval dos anos 50 eram Lava-jato pura, uma poderosa ferramenta de crítica e protesto social. Veja a letra da própria Candelária, de Armando Cavalcanti e Klecius Caldas, e ouça Blecaute. 

Maria Candelária / É alta funcionária
Saltou de páraquedas / Caiu na letra "O", oh, oh, oh, oh
Começa ao meio-dia / Coitada da Maria
Trabalha, trabalha, trabalha de fazer dó oh, oh, oh, oh
A uma vai ao dentista / As duas vai ao café / Às três vai à modista
Às quatro assina o ponto e dá no pé / Que grande vigarista que ela é.


Clique AQUI para ver e ouvir Blecaute cantando a marchinha de 1952

sábado, 13 de maio de 2017

Jornalão é condenado a pagar multa a jornalista autor de frase "Chupa Folha" escondida em obituário

(do site DCM, com informações do TRT/SP)

A empresa Folha da Manhã, autora de uma reclamação trabalhista, foi condenada pelos magistrados da 5ª Turma do TRT da 2ª Região a pagar uma multa ao reclamado, um ex-jornalista da reclamante, por protelar decisões.


Na reclamação inicial, a empresa requereu indenização por danos morais, retratação pública e pedido de desculpas. Em seu último texto publicado no jornal Folha de S. Paulo – que faz parte da Folha da Manhã – na seção de obituários, o réu fez com que a inicial de cada parágrafo formasse a frase “Chupa Folha”, composição denominada de acróstico. O obituário foi redigido no dia 8 de junho de 2015 e publicado em 13 de junho do mesmo ano, três dias depois de o jornalista pedir demissão do periódico. A Folha afirmou que a publicação foi feita normalmente, pois a disposição do texto não foi percebida a tempo.

De acordo com a sentença, não ficou comprovada a lesão à imagem, bom nome e boa fama da autora. “Até porque, diante da pequena repercussão, é provável que a grande maioria dos leitores do jornal sequer tenha tomado conhecimento do fato”. Sem a comprovação da lesão à honra, o pedido de indenização por danos morais foi julgado improcedente.

Inconformada com a decisão, a autora recorreu da decisão. Analisando o recurso, o relator do acórdão, desembargador José Ruffolo, resumiu o julgado como uma “tentativa do próprio veículo de comunicação de coarctá-la (restringi-la) quando a atitude em estudo o desagrada, não está conforme a sua parcial visão de liberdade”.

Os magistrados da 5ª Turma entenderam ainda que o fato não teve repercussão popular, “restringindo-se a veículos de pouca relevância e que normalmente servem mesmo para apoquentar (aborrecer) os grandes grupos de mídia”. No que diz respeito à retratação por escrito pretendida pela autora, declararam ser ineficaz. “Como poderia ele fazer isso? Escrevendo outro acróstico dizendo, por exemplo, ‘NÃO CHUPA FOLHA’?”

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