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quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Jonestown, 40 anos: na capa da Manchete, a tragédia que poderia ter acontecido no Brasil. Sabia disso?


A data passou quase em branco. No dia 18 de novembro de 1978, 914 pessoas morreram na Guiana, em uma comunidade religiosa denominada Jonestown.  As cenas dramáticas do maior suicídio coletivo de que se tem notícia chocaram o mundo.

Se as centenas de fotos que as agências despejaram nas mesas de edição da Manchete e da Fatos & Fotos impactavam profissionais calejados, imagine-se o efeito dramático das capas que, naquela época, ganhavam enorme visibilidade ao ser penduradas nas milhares de bancas de jornais das grandes e pequenas cidades.

Os corpos estendidos nas casas e gramados, sob as árvores ou caídos na lama, eram dos seguidores da Peoples Temple Christian Church Full Gospel (Templo dos Povos: Igreja Cristã do Evangelho Pleno) liderada pelo pastor Jim Jones. Durante semanas, desvendar o desfecho de Jonestown foi a pauta principal da mídia.

Cinco anos antes da tragédia, julgando-se perseguido por procuradores americanos que investigavam suas práticas, "curas" e as mais diversas formas de tortura psicológica e de extorsão de seguidores (entrega de propriedades e "propina espiritual" de 25% da renda de cada fiel), Jim Jones deixou a Califórnia e transferiu sua igreja para uma remota área na Guiana. Seria a sua franquia da Terra Santa ou do Paraíso, como pregava ao recrutar "ovelhas".

A chacina começou a se desenhar um dia antes. Leo Ryan, deputado democrata, chegou em Jonestown para apurar denúncias de pais sobre maus tratos aos filhos que aderiram à seita religiosa de Jim Jones. Ryan foi recebido pelo pastor e percorreu instalações da comunidade. À medida em que a comitiva fazia fotos, anotações e perguntas a alguns fieis, o clima tornou-se tenso. Jim Jones teria convencido seus seguidores de que o deputado era agente da CIA e que fuzileiros navais logo invadiriam o local. Poucas horas depois, quando se preparavam para embarcar em um avião em uma precária pista de pouso próxima a Jonestown, Ryan e três jornalistas foram assassinados. Em seguida, o pastor ordenou que os adultos dessem cianeto às cerca de 300 crianças da comunidade espiritual, antes de praticarem o suicídio em massa. O corpo de Jim Jones foi encontrado com marca de tiro na cabeça. Não foi confirmado se ele se suicidou ou se alguém o matou.

O ritual macabro de Jonestown rendeu reportagens, livros e filmes. Jamais foi inteiramente compreendida a submissão de tantas pessoas às ordens de um fanático.

Jim Jones montou na Guiana o que dizia ser
uma espécie de franquia do Paraíso.
O que foi pouco divulgado na época, mas revelado em livros que saíram nos anos seguintes, é que Jonestown poderia ter acontecido no Brasil. Em 1963, com o mundo em plena Guerra Fria e os Estados Unidos como alvo preferencial, Jones temia a hecatombe nuclear e acreditava que o Brasil estaria fora da mira dos mísseis balísticos. Passou algumas semanas em Belo Horizonte, onde chegou a alugar uma casa, e no Rio de Janeiro, em viagem de observação para uma futura instalação de uma aldeia da Igreja Cristã do Evangelho Pleno. Sem falar português ou sequer espanhol, ele conclui que o idioma seria uma barreira a mais. Foi durante esse tour à América do Sul que o pastor fez uma parada na Guiana, que foi colônia inglesa até 1966, e onde, em 1973, montou sua a comunidade cristã de Jonestown.

O Brasil escapou por pouco.

Escapou? 

terça-feira, 5 de abril de 2016

Viu isso? Bizarro. Faculdade de Direito da USP vive noite de pastor Jim Jones. Advogada que assina o pedido de impeachment dá a impressão de que queimou a placa-mãe durante discurso a favor do golpe



por Flavio Sépia
Acho positivo que, no meio da atual crise, o Brasil esteja se revelando: a direita saiu do armário, a esquerda busca a identidade perdida, o centro anda meio sumido. Tudo fica mais claro quando posições são assumidas e não confortavelmente dissimuladas. Mas o campo está minado e cheio de armadilhas. Quer ver uma? Há intelectuais e artistas, por exemplo, que admitem ir a manifestações a favor do golpe mas se preocupam em passar a mensagem de que não são de direita, não apoiam o Bolsonaro, não pedem a volta da ditadura. Ok, registramos a ressalva.

Mas eles devem concordar que se engrossam a multidão, estão na mesma trincheira do Bolsonano, do Marcos Feliciano, do Cunha, do Temer.

Bom, a turma do golpe agora ganha mais uma figura exótica. A advogada Janaina Paschoal, autora do pedido de impeachment, fez um discurso na histórica Faculdade de Direito, em São Paulo. É punk. O vídeo está viralizando na internet. Tirem as crianças da sala. É espantoso. Na minha cabeça, imaginei algo como um pastor Jim Jones apoplético e apocalíptico falando aos seus seguidores pouco antes de ordenar um suicídio coletivo na Guiana, há algumas décadas.

Janaína teve uma espécie de furor que a ciência define como messiânico. Não dá para saber o que é mais bizarro, se o discurso ou o aplauso do "pastor assistente" Hélio Bicudo.

Se o impeachment precisava de uma musa, Taí a moça.
Veja o vídeo do discurso. Clique AQUI.


SE PREFERIR, NA INTERNET CIRCULA UM VÍDEO DA JANAÍNA EM COVER DO IRON MAIDEN, CLIQUE AQUI