terça-feira, 12 de novembro de 2024

You Tube exuma polêmica que envolveu Clodovil e a revista Amiga

 O You Tube é tão voraz que costuma exumar antigas polêmicas em troca de cliques.  Agora faz circular um short (link abaixo) que tenta provar que Clodovil foi alvo de fake news antes da mentira ganhar esse rótulo em inglês. O apresentador, que morreu em 2009, conta que foi vítima de uma fake news veiculada em uma edição da revista Manchete."Pra falar de uma doença que eu não tive, ela botou na capa para vender", disse ele. No vídeo, o falecido Clodô cometeu sua própria fake news, em parte. No anos 1980, a revista Amiga, também da Bloch Editores, publicou uma reportagem sobre celebridades e a aids. Na época, o vírus devastador atingia muitos nomes do meio artístico. 

A chamada de capa da Amiga de fato era especulativa. Pelo menos um cantor processou tanto a revista quanto a Rede Manchete (esta por haver veiculado um anúncio promocional daquela edição equivocada na qual o locutor anunciava "a aids de", seguindo-se uma série de nomes de celebridades. 

Em tempo: o cantor em questão ganhou o processo em todas as instâncias. E Clodovil, em entrevista anterior publicada no site Terra, atribuiu à Amiga, corretamente, a polêmica matéria.


Veja o vídeo

https://www.youtube.com/shorts/ixYml-Xmddw

sexta-feira, 8 de novembro de 2024

Eu choro por ti, Huelva • Por Roberto Muggiati

Huelva. Foto Booking.com

Em outubro de 1960, antes de chegar a Paris para a bolsa de estudos, passei uma semana em Portugal e Espanha. Não era só turismo, eu tinha uma missão específica a cumprir: comprar em Sevilha uma mantilha para o casamento de minha irmã Regina. Depois de uns bordejos por Lisboa – e de uma corrida de touros em Santarém – parti para a Espanha. Tomei uma barca até a gare do outro lado do Tejo, onde embarquei num comboio (trem em bom lusitanês) para a fronteira com a Andaluzia. Lá trocamos o trem por um ônibus e sua primeira parada – para esticarmos as pernas e comer um sanduiche – foi na cidade Huelva, com população de menos de cem mil habitantes, caberiam todos no Maracanã. Era por volta das dez da noite e a praça principal, com uma iluminação exuberante que competia com a luz do dia, vibrava numa feliz celebração da vida. Huelva, minha primeira cidade espanhola, foi para mim, uma verdadeira epifania. Com imensa tristeza, vi agora na TV que ela figurava entre as cidades mais atingidas pelo desastre das chuvas. Uma desgraça a mais no noticiário nosso de cada dia e – para mim – com um tom particular de tragédia. 


quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Eleições em Sucupira



 
Da Folha de São Paulo - Clique para ampliar

Comentário do blog - O sistema eleitoral estadunidense é um dos mais bizarros do mundo. Os "pais da pátria" criaram regras destinadas a evitar surpresas. Apenas candidatos dos partidos Republicano e Democrata podem, na prática, se revezarem no poder. Ruy Castro, na Folha de São Paulo, definiu bem o imbroglio do voto, onde qualquer um pode acusar fraude e, no meio de tanta confusão, pode ter razão. O absurdo maior - e que já aconteceu vásrias vezes - é um candidato obter a maoria dos votos populares e perder a eleição para um concorrente menos votado, que arregimenta mais "delegados". Aí mora a mutreta que derrotou Hillary Clinton e, antes, Al Gore, ambos "por acaso" democratas.     

Faixa bolsonarista em Washington: " Trump, anexa nóis"

por O. V. Pochê

O que acontecerá no mundo a partir da posse de Donald Trump não é totalmente previsível. A caça aos imigrantes ilegais e legais, sanções comerciais contra inimigos e aliados, pauta de costumes sob direção conservadora, fogo na diversidade, na política de direitos humanos e nas campanhas contra o racismo, proibição do aborto sob quaisquer circunstâncias são esperados. Desacreditar a crise do clima será  prioridade. O resto só o magnata e seus assessores sabem.

O que Washington não perde por esperar é a invasão brasileira para a posse de Trump, em janeiro de 2025. Nas redes sociais já há sinais de formação de caravanas da extrema direita. A família Bolsonaro irá em peso. Até o Bozo vai recuperar o passaporte para reverenciar o seu Big Boss.

Mas alguém avise a Washington que a coisa não vai acabar aí. Especula-se que haverá show de Gustavo Lima e Jojo Todinho, o Veio de Havan já mandou fazer smoking verde. Regina Duarte vai apresentar no Salão Oval o monólogo "Me assedia Tio Sam", Ao pé do obelisco um grupo de "patriotas" vai cantar o hino dos Estados Unidos para um pneu. Cassia Kiss vai puxar um "louvor" na hora do discurso de Trump. Alguns "patriotas" protestarão porque receberam crachá de "cucaracha" para entrar na Casa Branca. "I am bolsonarista, friend do Trump, Eu love Trump, please, I am deputada in Brazil, I love America, não me prenda, I want kiss ass do Mr.Trump", assim vai se desesperar uma fã. Uma comitiva de jornalistas e comentaristas brasileiros de extrema direita irá fantasiada de proud boys, a  organização neonazista que fez campanha para Trump. A deputada que usa guirlandas de inspiração nazista distribuirá o adereço nas ruas. Evangélicos levarão banheira de plástico para batizar Donald Trump, se for preciso adentrarão a limusine presidencial. Filhos de bolsonaristas irão fantasiados de peru de Ação de Graças e seus pais interpretarão os pioneiros e os pais da pátria. No meio da multidão de camisas verde-amarela uma faixa revelará a nova palavra de ordem dos bolsonaristas:

"Trump, anexa nóis" ! 

Qualquer semelhança não será mera coincidência.

quarta-feira, 6 de novembro de 2024

Qualquer pingo de chuva paralisa um GP. Atualmente é mais perigoso ser motorista de aplicativo do que piloto de F1

por Niko Bolontrin 

O que Ayrton Senna, Alan Prost, Nígel Mansell, Graham Hill, Niki Lauda, Jim Clark, só para citar algumas lendas combativas da Fórmula 1, diriam das regras atuais e dos novos critérios para bandeiras amarelas e vermelhas nas corridas?

Hoje talvez seja mais perigoso ser motorista de aplicativo no trânsito das grandes cidades do que dirigir Ferrari, McLaren, Mercedes etc. Basta cair um pingo de chuva para a direção das provas tremer no Paddock e mandar recolher os bólidos à garagem. 

Não é mais possível identificar pilotos bons de chuva simplesmente porque chuva na pista no máximo vai espalhar resfriado, não mais é desafio para pilotos. 

Não por acaso, bandeiras amarelas e vermelhas têm decidido corridas e até títulos. Vestappen, por exemplo, será tetracampeão. Deveria, quando subir ao pódio, prestar uma homenagem à direção das provas e aos fiscais. Talvez erguendo as bandeiras amarelas e vermelhas como forma de agradecer pelos títulos conquistados sob irregularidades provocadas por sucessivas paralizações de provas que facilitaram seu trabalho.

 Críticas como essa são apenas murmuradas no circo da F1. E só muito discretamente chegam à mídia especializada. Claro, Red Bull é poderosa, faz campanhas publicitárias bilionárias e mostrou força ao superar todas as polêmicas que acumulou nas últimas quatro temporadas.

A irreverência certeira do Charlie Hebdo


 

Evandro Teixeira, 1936-2024, (*) - O mágico das imagens históricas

por José Esmeraldo Gonçalves

Durante 48 anos Manchete reuniu os mais prestigiados fotojornalistas brasileiros, de várias gerações. Semanalmente, como em uma grande exposição, as bancas - e eram milhares em todo o Brasil - penduravam exemplares abertos em páginas duplas com a foto mais marcante assinada por craques da fotografia. Como um curador, o jornaleiro sabia escolher a imagem da Manchete que mais atraíam atenção. Mas faltou um mestre naquele imensa mostra que transformava a Avenida Paulista, a Rio Branco e tantas outras ruas e praças no Brasil em uma galeria aberta e vibrante.

Evandro Teixeira nunca trabalhou na Manchete.

As coleções mostram apenas uma matéria assinada por ele adquirida da Agência JB. Outras raras imagens, especialmente de 1968, são creditadas à agência.

Editores de revistas ilustradas costumam se apaixonar por fotografias. De certa forma, aprendem a vê-las, mesmo que não ousem fazê-las. 

Muitas vezes, a primeira página do JB provocava nas redações da Manchete Fatos & Fotos alguma frustração que logo se transformava em irresistível admiração.

Evandro não esteve na galeria a céu aberto de Manchete e Fatos & Fotos nas bancas do país? Pena. As duas revistas saíram perdendo. Suas fotos inesquecíveis - Passeata dos 100 Mil, Tomada do Forte de Copacabana, Repressão da Cavalaria das PM na Candelária, Golpe Militar no Chile, Morte de Pablo Neruda e muitas outras publicadas no Jornal do Brasil - estão na memória do fotojornalismo brasileiro e mundial. 

Além disso, ganhou de Carlos Drummond de Andrade um poema que define o próprio fotojornalismo sob a lente mágica de Evandro. Quem mais?

Diante das Fotos de Evandro Teixeira 
(Carlos Drummond de Andrade)

A pessoa, o lugar, o objeto
estão expostos e escondidos
ao mesmo tempo sob a luz,
e dois olhos não são bastantes
para captar o que se oculta
no rápido florir de um gesto.

É preciso que a lente mágica
enriqueça a visão humana
e do real de cada coisa
um mais seco real extraia
para que penetremos fundo
no puro enigma das figuras.

Fotografia – é o codinome
da mais aguda percepção
que a nós mesmos nos vai mostrando
e da evanescência de tudo
edifica uma permanência, cristal do tempo no papel.

Das lutas de rua no Rio
em 68, que nos resta
mais positivo, mais queimante
do que as fotos acusadoras,
tão vivas hoje como então,
a lembrar como a exorcizar?

Marcas da enchente e do despejo,
o cadáver insepultável,
o colchão atirado ao vento,
a lodosa, podre favela,
o mendigo de Nova York
a moça em flor no Jóquei Clube,

Garrincha e Nureyev, dança
de dois destinos, mães-de-santo
na praia-templo de Ipanema,
a dama estranha de Ouro Preto,
a dor da América Latina,
mitos não são, pois que são fotos.

Fotografia: arma de amor,
de justiça e conhecimento,
pelas sete partes do mundo
a viajar, a surpreender
a tormentosa vida do homem
e a esperança a brotar das cinzas.

 

* Evandro Teixeira faleceu ao 88 anos, no dia 4 de novembro, vítima de pneumonia, no Rio de Janeiro. O fotojornalista cumpriu com brilhantismo uma extraordinária carreira profissional de 70 anos, 47 dos quais integrando a fabulosa equipe do Jornal do Brasil, onde fez história..  

sábado, 2 de novembro de 2024

Memórias da redação: o craque do fraque e o grito do rito • Por Roberto Muggiati


Arthur Moreira Lima (*) e o pianinho. Reprodução. Foto Lena Muggiati

Tivemos certa vez um entrevero, Artur Moreira Lima e a revista Manchete, representada por mim, seu editor. Em 1983, ele estava em evidência por sua campanha para eliminar as barreiras entre popular e erudito levando a música até os mais recônditos rincões do país no projeto Piano na Estrada, com palco e pianos sobre um caminhão. Combinamos que Renato Sérgio faria com ele uma de suas grandes entrevistas-perfis, com direito a não menos do que cinco páginas e uma foto de abertura de gala em página dupla. Moreira Lima apareceria de casaca negra, a toga do seu ofício sacramentada pela temporada no Conservatório Tchaikovsky em Moscou. Todo editor de Manchete tinha de ser também um produtor fotográfico. Achei que umas pitadas de cor contrabalançariam o excesso de preto. Sugeri à fotógrafa Lena Muggiati que levasse um desses pianinhos de brinquedo multicoloridos e pedisse a Moreira Lima que simulasse tocar nele. Uma piada visual daquelas que faziam a fama da revista, mas o rei Artur, apegado ao rito das salas de concerto, reagiu com um grito: “Não!”

Renato Sérgio chamou o VAR e ligou para mim. 

             – Muggiati, ele não quer fazer a foto com o pianinho.

–  Diga a ele que sem foto não tem matéria – fui peremptório.

O pianista parou para pensar e, em questão de segundos, mostrou toda a sua – para usar a palavra do momento, não aguento mais – resiliência. Afinal, cinco páginas da Manchete não é coisa de se jogar fora. 

A matéria foi um sucesso. Entre mortos e feridos, salvaram-se todos.

(*) Arthur Moreira Lima morreu aos 84 anos, em Florianópolis, no dia 30/10/2024

  

Na capa da Time: voto é seguro, diz revista. Mas Time não diz que Estados Unidos têm o mais caótico sistema eleitoral do mundo

 

Donald Trump está preparado para forjar "denúncias" de fraudes caso perca a eleição. Já é esperado que seus apoiadores tentarão criar casos de "manipulação" de votos. O que não é difícil diante do confuso e tosco sistema eleitoral dos Estados Unidos onde democratas, principalmente, obtiveram maior número de votos populares e mesmo assim perderam a eleição por não ganhar em um ou estados beneficiados com mais "delegados". Os Estados Unidos usam um sistema obsoleto criado pelos "pais da pátria", há mais de duzentos anos. No fundo é o sistema que Maduro gostaria de implantar na Venezuela.

Na capa da IstoÉ: o crime impune silenciado por acordo


Na semana em que burocratas federais, estaduais e municipais e representantes de empresas se reuniram para autodecretar uma espécie de anistia das suas culpas no desastre de Mariana, a revista IstoÉ denuncia mais um crime no rastro da tragédia. A Vale do Rio Doce utilizou produto cancerígeno para "despoluir" as águas do Rio Doce que utilizadas para abastecimento das populações e cidades à margem do curso d'água.

The Economist, a bíblia do neoliberalismo teme o autoritarismo deTrump

 


Na Carta Capital: o candidato a ditador

 


Comentário do blog: A Carta Capital analisa a possibilidade de vitória de Donald Trump. A eleição para a Casa Branca está indefinida nos estados decisivos. Se Trump perder vai denunciar fraude. Se ganhar, sai de baixo. Sua agenda de governo consiste em varrer a democracia como um furacão incontrolável. Os princípios do seu governo ele não esconde. Defende que Israel transfira os palestinos para um campo de concentração no deserto; vai caçar imigrantes ilegais e equipará-los a traficantes; chegou a defender pena de morte para imigrantes ilegais; vai forçar o fim da guerra na Ucrânia com a anexação de parte do país em favor da Rússia (os limites seriam as áreas ocupadas no momento do armistício; Trump vai endurecer a guerra comercial e não apenas com a China. Europa será vítima dessa ofensiva. Brasil também. Nos comícios de Trump, os prouds boys (grupo de neonazistas violentos) se destacam na platéia. São uma sinalização do que vem por ai caso Kamala Harris condeifa virar o jogo nessa difícil reta final.