terça-feira, 19 de novembro de 2024

Atentados simbólicos, ou, A vida imita a arte • Por Roberto Muggiati




• Em 1907, Joseph Conrad publicou O agente secreto, romance em que um grupo anarquista pratica um atentado contra o Observatório de Greenwich, em Londres – marco zero do fuso horário e símbolo supremo do Tempo e do “Império em que o sol nunca se punha”. A história se passa em 1886 e o agente encarregado do ato, Verloc – proprietário de uma lojinha de bricabraque e material pornográfico – acovarda-se e repassa a tarefa para seu cunhado Stevie, jovem irmão de sua mulher. Retardado mental, Stevie tropeça antes de chegar ao objetivo e cai sobre o artefato, que explode, destroçando seu corpo. Em vingança, sua irmã, Winnie, mata o marido com uma faca de cozinha. 
 

Em 1936, Alfred Hitchcock filmou o romance de Conrad com o título de Sabotage (no Brasil com o título lusitano de O marido era o culpado; em Portugal o título foi À 1 e 45). O Verloc de Hitch é, sugestivamente, dono de uma sala de cinema e os explosivos são rolos de filme. Em 1996, o britânico Christopher Hampton fez a sua versão, O agente secreto, com um elenco estelar: Bob Hoskins, Patricia Arquette, Robin Williams, Gérard Dépardieu e Christian Bale. Além disso, o livro de Conrad teve várias adaptações para o rádio e a TV e inspirou nada menos do que três óperas.

O agente secreto era o livro de cabeceira de Ted Kaczynski, o Unamomber, que matou três pessoas e feriu 23, entre 1978 e 1995, enviando cartas-bomba para pessoas que, segundo ele, estavam promovendo avanços tecnológicos que destruíam o meio ambiente.

Nas duas semanas que se seguiram aos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York, foi uma das três obras literárias mais citadas pela mídia norte-americana.


• Em Leviatã, romance publicado em 1992, Paul Auster narra a história de um intelectual nova-iorquino que um dia larga tudo e, intitulando-se “Fantasma da Liberdade”, sai pelos Estados Unidos explodindo réplicas da Estátua da Liberdade. Tempos depois, numa remota beira de estrada, enquanto fabricava mais uma bomba artesanal, ele morre – ou se mata – numa explosão. A história de Benjamin] Sachs é contada pelo melhor amigo, Peter Aron. Conheceram-se num bar do Greenwich Village em 1975, escritores iniciantes. Pete resume o martírio do amigo:

“Em 15 anos, Sachs viajou de uma extremidade de si mesmo à outra e, quando chegou àquele último lugar, duvido que soubesse mais quem era. Tanta distância tinha sido percorrida àquela altura que não lhe seria possível lembrar de onde havia começado”.

Um comentário:

  1. Vi um filme indiano Dois terroristas um plani, hilário os dois caras são de religião diferentes,

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