domingo, 22 de janeiro de 2023

Mídia - Nos jornais de hoje, o drama incômodo dos ianomâmi não ganha destaque




Ianomâmi em estado de desnutrição extrema. Reprodução Instagram 

Ontem, o Brasil acordou em choque. Na última sexta-feira caíram na rede fotos dramáticas da lenta agonia de crianças, adultos e idosos em uma das aldeias ianomâmi. As imagens foram distribuídas pelos líderes indígenas. Ontem, o presidente Lula partiu com urgência para Rondônia levando oito ministros na comitiva para providências imediatas para salvar a etnia. Somente este ano morreram 99 crianças. Quase 600 faleceram nos meses anteriores vítimas de desnutrição, pneumonia fome e contaminação por mercúrio lançado nos rios pelo garimpo ilegal que avança nos territórios das tribos. 

Os ianomâmi vivem um caos sanitário que tem as digitais criminosas de Jair Bolsonaro, seus ministros e seu vice-presidente. 

Em operação ativa desde 2019, o governo passado apoiou o garimpo e, em consequência, o narcogarimpo, desprezou e oprimiu os indígenas, desmontou a fiscalização e incentivou a brutalidade na Amazônia. Na prática, Bolsonaro, que muitas vezes proferiu frases racistas e ofensivas aos indígenas, liberou a barbárie na região onde hoje se concentram 20 mil garimpeiros ilegais. O quadro que se revelou ao país ontem vinha sendo denunciado nos últimos anos  - e ignorado - principalmente desde o começo de 2022 quando se agravou ainda mais.

As fotos divulgadas mostram indígenas esquálidos. São cenas inacreditáveis. 

Pois os três principais jornais da elite brasileira não deram grande importância à tragédia. Evitaram publicar as fotos dramáticas em uma espécie de "limpeza étnica" editorial. Dois deles deram chamadas na primeira página. O Globo nem isso. Nas páginas internas, pequenas e burocráticas matérias sem as fotos incômodas. Os jornais Estado de Minas e Correio Braziliense colocaram o assunto com maior importância nas respectivas capas. Para a maioria dos veículos foi como se o drama dos ianomâmi atrapalhasse o sábado dos editores que já estavam às voltas com a demissão do comandante do Exército. 

É óbvio que, considerando-se a hierarquização dos fatos, havia espaço para as duas notícias e com igual destaque. O chefe militar omisso quanto à tentativa de golpe e ao ataque aos poderes constitucionais foi descartado e rapidamente substituído. Já as mortes em Roraima vão permanecer na consciência dos governantes que não se identificaram com a causa indígena. 

Houve quem criticasse a criação do Ministério dos Povos Originários anunciada por Lula logo após a eleição. Pois aí está a razão. É para salvá-los antes que sejam exterminados. 

ATUALIZAÇÃO em 23/1/2022. O Globo finalmente destaca a tragédia dos ianomâmi. 


        

3 comentários:

Isabela disse...

A elite não tem empatia com indígenas. Daí os três jornais das famílias não darem importa às mortes dos yanonamis

Norões disse...

Que país permite isso! Que país votou em um Bolsonaro criminoso capaz de gestar uma tragédia dessas?

Heitor disse...

Peço que não caia no esquecimento e que o governo e a justiça condenem os culpados por esses crime