domingo, 28 de março de 2021

Covid vai de ônibus, trem, barcas... Situação dos transportes públicos no Rio não é só problema, é crime

O víruscard em ação. Reprodução Twittter

por Flávio Sépia

Em muitos países desenvolvidos, o transporte público é estatal, assim como outros serviços do Estado ao cidadão. Veja-se o caso do Brasil: uma coisa é privatizar a Vale, com a ressalva de que isso foi feito com brutal prejuízo para o país. Agora mesmo, a Petrobras vendeu por baixíssimo preço, segundo especialistas do setor, uma refinaria na Bahia. Outra coisa é entregar serviços públicos. Privatizações de estradas prontas não resultaram na construção de um só quilômetro  de rodovia nova. Reparou? Empresários que se candidatam a assumir estradas só se interessam, claro, por aquelas quer estão construídas. Investem em praças de pedágio, dão uma maquiagem no acostamento e alegam os mais diversos motivos para não cumprir compromissos assumidos, como duplicações de pistas etc. 

Mas vamos aos transportes e o que têm a ver com a pandemia. Na Europa, o sistema público  continuou a prestar serviços à população. O metrô de Paris, por exemplo, não reduziu o número de trens urbanos. Disso resultou que a aglomeração nos vagões, em plena Covid-19, não chegou a extremos. Agora, comparemos com o Brasil. No Rio de Janeiro, a situação em ônibus, trens e barcas é dramática. Ao diminuir o fluxo de passageiros, desde o ano passado, as empresas simplesmente reduziram a frequência de trens, ônibus e barcas. Mais do que nunca, amontoaram os passageiro como gado. Explicaram quer precisavam reduzir o prejuízo. Atentar para o interesse público e a saúde da população, nem pensar, não é? A cena dantesca do transporte público abarrotado - falo do Rio mas a situação de repete em várias capitais - mostra um vetor de contaminação provavelmente bem mais perigoso do que praias. Aqueles vagões e ônibus fechados são o parque de diversões de um dos mais perigosos e mortais vírus que já assolaram a humanidade. As pessoas, especialmente os trabalhadores dos serviços essenciais e que não têm alternativas, podem morrer aos montes, mas o caixa das empresas não pode sofrer baixas. No modo Brasil de combater a pandemia há muito mais do que o negacionismo. Há o lucro acima de tudo e o vírus acima de todos.

Um comentário:

Corrêa disse...

Concordo inteiramente. As agências que deveriam fiscalizar e controlar o serviço público são aliadas dos empresários e nada se importam com os usuários. A lotação se repete em muitas capitais e infectologias apontam transportes como espalhador de vírus.