domingo, 14 de março de 2021

"Desculpa aí, foi mal" - Volkswagen lamenta atuação durante a ditadura e defende Estado Democrático de Direito

 


por José Esmeraldo Gonçalves

Alguns jornais publicam hoje um informe publicitário da Volkswagen. Entre outras empresas que atuavam no Brasil durante a ditadura, a montadora alemã foi acusada de colaborar com a ditadura militar. Ao comprar um simpático Fusquinha, o freguês ajudava sem saber o sinistro "consórcio" de empresários que instalavam e apoiavam núcleos internos e externos de informações e deduragem. Muitos, nem sempre ligados a grandes marcas, compareceram com ajuda financeira para instalação de centros de torturas e "casas da morte". A FIESP, por exemplo, representando a indústria paulista, era especialmente ativa na parcerias com a repressão. Os principais meios de comunicação apoiaram nas suas páginas o golpe de 1964 e a ditadura. Alguns deram uma passo a mais, como a Folha de São Paulo que, comprovadamente, chegou a ceder carros de reportagem para operações dos órgãos de segurança do regime militar. A Folha já reconheceu o erro, assim como o Globo que se manifestou em editorial: "a verdade é dura, O Globo apoiou a ditadura", assumiu. . 

Sem se importar com o que acontecia nos cárceres, a elite empresarial estava feliz. Afinal, não era incomodada com greves e, a pretexto de combater a "subversão", praticava espionagem, estimulava delações e reprimia reivindicações. 

Um  manifesto desses, como o da Volkswagen, é uma exceção. A Comissão da Verdade apurou que mais de 80 empresas estavam no esquema de terror. Chrysler, Ford, GM, Toyota, Scania, Brastemp, Kodak, Johnson & Johnson, Telesp, Embraer e outras escreveram um prontuário vergonhoso nos anos de chumbo. 

Nenhuma se manifestou e todas devem uma satisfação.  

O comunicado da Volkswagem em defesa do Estado  de Direito foi emitido tanto tempo depois que adquire uma nova conotação em um novo momento crítico: o da defesa da Democracia ameaçada. 

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