quarta-feira, 17 de março de 2021

Alegoria do crime...

 por O.V.Pochê 

Imagine o seguinte: em determinado momento da história, cansados de interferências ideológicas por parte do Brasil, quatro países, Argentina, Bolívia, Chile e Venezuela declaram guerra ao patropi. Na correria, o Estado Maior convoca milhares de militares que estão ocupados em "boquinhas" nos ministérios. Só isso leva alguns dias. Muitos não queriam largar os cargos. Enquanto isso, a Intendência é encarregada de prover os insumos para a batalha. Mas aí ocorrem problemas do tipo:

* Um fabricante europeu oferece lotes de munição ao general responsável, que consulta o presidente e declina da compra ao saber que balas, projéteis, foguetes viriam da China. 

* A Intendência fecha a compra de uniformes, capacetes, botas, mas manda entregar no lugar errado: a tropa sem uniformes está em Manaus e a carga vai para o Amapá.

* Da fronteira, o comandante de campo avisa à Intendência que o combustível para carros de combate está acabando, vai durar um dia ou dois. O supremo general é avisado, nada faz, as tropas bolivianas entram com facilidade no território brasileiro e, pressionado, o três estrelas diz que não sabia de nada. 

* A Intendência traça um cronograma para abastecimento das tropas. Na semana seguinte, diz ele, receberão 10 mil toneladas de explosivos; 15 dias depois, 2 milhões de balas para fuzil; em 20 dias, chegarão 90 tanques e 50 lançadores de foguetes; em seis meses, mas balas. Com as tropas brasileiras cercadas, o general convoca uma coletiva para dizer que "problemas diplomáticos estão atrapalhando". E lamenta informar que há outras guerras no mundo e faltam insumos bélicos. Paciência.

* Na falta de munição e equipamentos no mercado, o general sugere que as tropas façam uns ataques preventivos usando produtos para guerra química denominados cloroquina e ivermectina. 

* O general determina que a Infantaria use coletes a prova de balas. Mas o presidente diz que isso vai contra o direito individual. O Estado não pode obrigar, isso é "comunismo". Manifestantes vão às ruas para protestar contra os coletes. O próprio presidente, acompanhado do supremo general vai às trincheiras mostrar que quem usa colete "é viadinho, é frescura".

* Um capitão de fragata sugere que convoquem urgentemente o porta-aviões MINAS GERAIS...

* As tropas brasileiras perdem quase 3 mil soldados por dia. O presidente diz que morrer "é da vida, todos vamos morrer". O general é destituído das suas funções. 

* O presidente nomeia um civil para cuidar da Intendência, algo como Churchill paraibano. E o novo comandante supremo afirma que a gestão da guerra, da tática à estratégia, terá "continuidade".  

* No dia seguinte, morrem 4 mil sodados. O presidente, irritado, comenta. "o que querem que eu faça? Não sou coveiro". 

* O Brasil perde a guerra e, finalmente, a nossa capital passa a ser oficialmente... Buenos Aires. Mas fica tudo bem. Durante a assinatura do armistício, os vencedores oferecem aos derrotados "boquinhas" nos ministérios do país ocupado e a paz volta a reinar.

Entendeu a tragédia brasileira?

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