sábado, 30 de março de 2019

A mídia em 31 de março: vergonha alheia


Em 1964, a mídia brasileira apoiou o golpe. E não negou suporte à ditadura que se seguiu. O Globo, Jornal do Brasil, Correio da Manhã, Diário de Notícias, o Jornal, Tribuna da Imprensa, Folha de São Paulo, Estadão, O Cruzeiro, Manchete, Fatos & Fotos, TV Tupi, TV Rio, TV Record (a TV Globo só entraria no ar em 1965) e, nos estados, a imprensa regional praticamente em peso saudou os militares. Os líderes golpistas passaram a ser tradados como heróis e celebridades. No Rio, o Última Hora foi uma exceção e pagou caro por se opor ao golpe. O jornal foi destruído sem receber qualquer solidariedade dos demais veículos engajados na histeria antidemocrática. O Correio da Manhã, embora conservador e tendo apoiado a "revolução", abriu espaço para as primeiras críticas ao regime militar. Poucas e isoladas vozes de jornalistas tiveram alguns espaço para críticas antes da decretação do AI5 que radicalizou ainda mais o regime. Nos anos seguintes, mesmo com as primeiras evidências de torturas e assassinatos, a grande mídia permaneceu firme lustrando coturnos. Vários editores e repórteres chegaram a desafiar o cerco da censura, mas as corporações que controlavam jornais, revistas, rádios e TV se alinharam à ditadura. Não é só a Democracia, a mídia brasileira não tem o que comemorar no 31 de março. Foi o seu Dia da Vergonha, o marco zero de uma longa noite.

Um comentário:

J.A.Barros disse...

Nessa data, o medo se apossou de todo o brasil principalmente em empresas de grande vulto e por surpresa geral nas empresas jornalísticas que de imediato deram apoio ao golpe de estado dos militares.