Costa-Gavras já disse em entrevista que cinema é sempre político. Com projeção para a esquerda ou para a direita.
A atual curva ascendente do conservadorismo, do fundamentalismo, do neoliberalismo e até do neofascismo nacional está chegando às telas. Certos cineastas brasileiros correram para refletir essa tendência. "Polícia Federal, a lei é para todos", que vai virar trilogia, o longa-pregação do 'bispo" Macedo, que vem aí, o documentário sobre o guru da direita Olavo de Carvalho, lançado no ano passado e, em streaming (Netflix), a série "O mecanismo" são alguns exemplos. Pelo menos um desses filmes, aquele que celebra a Lava Jato, teve apoio policial e financiadores secretos.
Como futuro contraponto, talvez a trajetória e a execução de Marielle Franco interessem, um dia, a diretores que vão pensar sobre o grave momento e as incertezas que se colocam no Brasil atual.
Z DE BRASIL
Yves Montand na cena do filme "Z", de Costa-Gavras, em que o personagem inspirado no deputado Gregoris Lambrakis é perseguido, atropelado e morto. |
A vida e a morte da vereadora lembram "Z", o premiado filme de Costa- Gavras.
Inspirado em um fato real, "Z" revela a trama que levou à execução do político socialista Gregoris Lambrakis, na Grécia, em 1963. Os algozes do deputado, que Yves Montand interpreta no filme, usaram como arma o carro que o atropelou.
"Z" em grego clássico expressa um sentimento: "ele vive").
Forças corruptas da polícia e do exército da Grécia interferiram na apuração do crime e os investigadores concluíram que a morte de Lambrakis foi consequência de um banal acidente de trânsito. Coube a um juiz de instrução vivido no filme por Jean-Louis Trintignant desvendar a trama governista.
Mesmo assim, os criminosos foram condenados a penas leves porque as testemunhas do atentado morreram em circunstâncias não esclarecidas.
Em 1967, militares deram um golpe e implantaram uma ditadura que torturou e assassinou opositores até 1974. Motivada pela crise econômica que atingia a Grécia, a maioria da população apoiou, no início, aquela intervenção militar.
O resto é história.
ATUALIZAÇÃO EM 19/3/2018 - A coluna de Ancelmo Góis no Globo de hoje noticia projeto de um filme sobre Marielle Franco.
Reprodução/O Globo |
6 comentários:
A cultura também foi contaminada pelo discurso do ódio.Uma grande editora é especializada em lançar livros de hidrófobos da direita, outro livro que vem aí vai mostrar que até o humor virou neofascista.
Aqui o Globo juntou com reportagem sobre Marielle notícias sobre um assalto comum próximo ao local do atestado e aproximadamente no mesmo horário. Intenção subliminar de dizer que a execução da vereadora foi cconsequênciada violência da cidade?
Eu me preocupo, tá um ar estranho no país.
Acredito que o cinema e o teatro tem o seu fundo político e crítico. Ora, como não ser político e crítico qualquer manifestação artística criada pelo homem na sociedade. As obras literária de Shakespeare eram notadamente críticas e por demais políticas. O homem, tem a sua natureza essencialmente política. Tudo ao seu redor envolve política e consequentemente critico.
Rick, concordo com você, existe realmente um ar estranho no pais. Podemos estar as vésperas de algum acontecimento, talvez muito grave, que poderá mudar os rumos políticos deste desnorteado pais. Mas, mudar para melhor porque para pior é impossível.
A série "Mecanismo" nem havia estreiado e este bloguinho já criticava gratuitamente, fazendo o pior jornalismo: aquele de encomenda, do "parti pris", do "não-vi-e-não -gostei". É o velho comportamento fascistóide dos jornalistas esquerdopatas nacionais, órfãos de Lula.
Hoje, após sua estréia, a citada série mostra sua força: altìssimo nível cinematográfico da produção e sangue nas veias contra os populistas traidores da pátria, os que roubaram o seu, o meu e o nosso prometendo a utopia socialista para o povo iletrado que docemente acreditou vendendo seu voto por um prato de comida.
Cadeia é pouco para esses covardes!
"Mecanismo" denuncia as vísceras desta República de Bananas. Ė o "Terra em Transe" contemporâneo.
Sucesso!
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