O príncipe Vlad, também conhecido como Dracul, recebe a hesitante duquesa-presidente Ilona, do Supremo Tribunal da Valáquia. |
por O.V.Pochê
A Valáquia atravessava profunda crise. Denúncias de corrupção, intervenção em feudos dominados por salteadores e distribuição de privilégios para os membros da Corte, inclusive com o pagamento ilegal de doze alforges de moedas de ouro a título de "auxílio-palácio", tudo isso abalava o reino.
Com o dinheiro dos tributos, a Valáquia presenteava ricos comerciantes, donos de tabernas, de estalagens e importadores de especiarias. Virgens das aldeias eram levadas para o deleite dos tutores como pagamento ao apoio aos decretos do príncipe Vlad. O próprio governante era investigado por corrupção na chamada Operação Lava Cocheira.
Nas montanhas e vales, os aldeões aguardavam ingenuamente que o Supremo Tribunal da Valáquia (STV), de Brasov, impusesse a lei e acabasse com os abusos da elite local. Por isso, foi com decepção que leram nas paredes da taberna, no jornal-mural Correio da Transilvânia, da imprensa alternativa da região, a denúncia de que Ilona, a duquesa-presidente do STV, havia se encontrado secretamente com o príncipe Vlad, também conhecido como "o empalador", tal sua crueldade com o povo.
Mais decepcionados ainda ficaram os aldeões ao saber de uma segunda e igualmente ignóbil reunião: Ilona concordou em receber o conde Dieppel, implacável e poderoso mercador, uma espécie de tutor maior do principado e dono de uma vasta e influente rede de jornais murais.
Dieppel, que mais tarde inspirou a lenda de Frankenstein, foi ao STV com o objetivo de pressionar a frágil Ilona a tomar decisões de interesse do seu feudo.
Já o sinuoso Vlad tinha preocupações mais pessoais quando na calada da noite da Valáquia se encontrou com a duquesa-presidente do STV. O príncipe queria reclamar que monges copistas a serviço do tribunal estavam vazando para os jornais murais manuscritos com acusações "infundadas" à sua pessoa. Vlad, o Dracul ou o Drácula aflito, também procurava saber se corria mesmo o risco de ir parar nas masmorras quando entregasse o governo da Valáquia ao primeiro candidato na linha de sucessão: o militar e ex-capitão lanceiro Becebal, o passa-cerol.
Lembra um "Game of Thrones" caipira.
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