por Omelete
Quando nasceu a internet? Não há uma precisão absoluta sobre a data. Na década de 1980, teve início a interligação de computadores em nível mundial. Mas o conceito de rede de informações, usando diversas tecnologias, começou na Segunda Guerra Mundial. E, desde 1960, universidades americanas estudavam a interligação de computadores para fins acadêmicos, enquanto instituições governamentais perseguiam os mesmos objetivos, com foco militar. Inglaterra e França desenvolviam pesquisas semelhantes. Mas só na década de 1990, tudo isso se juntou e a web foi efetivamente incorporada pelas pessoas, passando a influenciar comportamentos, opiniões, ideias e hábitos. Cresceu, ganhou vida própria.
E é isso que, aos poucos, torna-se um pesadelo para alguns setores. A web não respeita fortalezas, corporações, nem as grandes e nem as pequenas fortalezas. Não é revolucionária, mas não é conservadora, não é imbatível, nem absolutamente confiável, mas não se pode desprezá-la. É tudo isso ao mesmo tempo. Conecta quase 3 bilhões de pessoas. Quem vai pôr um laço no pescoço dessa pantera? Daí, algumas torres corporativistas, se agitam. Por trás do Uber, que roda sobre uma reserva de mercado, está a web. E isso vale para milhares outros aplicativos que ligam diretamente o usuário ao fornecedor. As reações são físicas - como no caso das agressões a motoristas do Uber -, comerciais (por parte de setores que querem acabar com a neutralidade da rede), políticas (por parte de lobistas que tentam influenciar legislações e impôr taxas fiscais) e até censórias, com teor ideológico e objetivos de conter opiniões. Agora mesmo, em Brasília, atuam junto ao Congresso milícias lobistas que tentam engessar novos modelos de negócio. A Netflix, por exemplo, é alvo de operadoras, de conglomerados de TV por assinaturas e aberta. O serviço streaming de vídeos, que veio para ficar, incomoda corporações e senhores de antigos engenhos.
A web também faz a velha mídia se mexer. E como faz. Para usar uma terminologia ultrapassada, os chamados "órgãos" de imprensa estão desorganizados diante da rede que veio para confundi-los. O monopólio da opinião aos poucos se abala. Ao mesmo tempo em que obrigatoriamente embarcam na onda, sabem que no momento em que entram na teia de informações passam a ser apenas mais um entre milhões e milhões de canais. Os leitores têm acesso ao contraditório que é, muitas vezes, onde mora a informação mais confiável. Conversando outro dia com um jornalista de uma geração intermediária entre a produção de informação na velocidade atual e o modo ainda quase artesanal de menos de duas décadas atrás, ouvi um comentário revelador. Não são apenas a velocidade e a concorrência acirrada que a internet impôs ao impresso. A interação incomoda muito mais. Antes, um repórter ou colunista escrevia sua matéria e, se editores e "aquários" de diretores não reclamassem, tudo ia bem. Hoje, a reação da rede social é uma incógnita exasperante para quem exercia o ato de opinar ou informar em mão única. Sim, as cartas à redação eventualmente metiam bronca, mas não só demoravam a chegar como eram, e são, meticulosamente selecionadas pelos veículos. Como fisicamente não podem mesmo publicar todas, o argumento da filtragem é conveniente para remover inconveniências. Sendo, assim, nunca houve "ameaça" do tamanho das rede sociais. Em certos casos, é um soco no estômago da arrogância. Acabou o conforto. "Haters" ou não, todos têm seu espaço para opinar. Melhor do que o silêncio obrigatório, uma espécie de transtorno compulsivo que era a velha regra. No mínimo, é bom ter como desabafar.
Hoje, por exemplo, uma colunista que não me parece pessoa a quem se possa encontrar em um bloco escreve que o atual carnaval está tingido de amargor. Sério? Não vi isso nas ruas. A pessoa diz que o carnaval é a máscara da tragédia do Brasil. Jura? A bateria que passou aqui agora não tinha nenhum baixo astral. A figura traça um quadro tenebroso, diz que o país está em ruínas, e aparentemente se incomoda com o fato de a massa ignara ficar nas ruas atrás de tamborim e não avançando sobre os formuladores do caos. Quase pensei em me internar em um mosteiro lendo Gustavo Corção até quarta-feira de Cinzas. Mas não vou. A tal pessoa generaliza e imagina pretensiosamente que é a voz messiânica dos brasileiros, é f... Não dá apenas suas opinião, fala gravemente em nome dos que não sabem pensar. Imagina, uma crise dessas e os desmiolados curtindo a festa. Ela deve achar que algupem tem que levar a "luz" as trevas populares. Diria, sem medo de errar, que o povão que cai no samba, essa bela tradição (e que gera recursos, o turismo, cria empregos e hotéis lotados no Rio, Salvador, Recife etc) trabalha mais para tirar o país da crise do que zélites e coxinhas de salão. Os Estados Unidos atravessaram crise, com desemprego, pessoas endividadas, incertezas (mesmo para os padrões deles) e não cancelaram o 4 de julho; a Espanha atolada não quebrou as castanholas; a Itália não parou de se reunir em tornos de pastas e vinhos; Portugal não tornou o bacalhau fora de lei. Então porque vestir a máscara da tragédia no meio da bateria? Mas, claro, quem preferir chorar sob o edredon, ralar o joelho na escadaria da Penha pra pedir anos dourados ou enterrar a cabeça na areia, esteja à vontade."Nóis vai se alienar", tá bom pra senhora?
Jornalismo, mídia social, TV, streaming, opinião, humor, variedades, publicidade, fotografia, cultura e memórias da imprensa. ANO XVI. E, desde junho de 2009, um espaço coletivo para opiniões diversas e expansão on line do livro "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", com casos e fotos dos bastidores das redações. Opiniões veiculadas e assinadas são de responsabilidade dos seus autores. Este blog não veicula material jornalístico gerado por inteligência artificial.
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4 comentários:
O interessante e o que me chamou a atenção, nos blocos de rua deste ano, foi a presença da mulher nas baterias dos blocos. Fiquei feliz com isso porque demonstra a participação da mulher, brasileira, em todos os movimentos sociais e com os tamborins ou os chocalhos acompanhavam com eficiência e ritmo a cadência da bateria. Nas Escolas de Samba já se nota também a presença da mulher nas suas baterias e olha, pra participar de uma bateria de Escola é preciso ter qualidade. Parabens meninas! vão em frente porque isso é o Carnaval.
Um artigo político, tudo vira política, tudo é deformado em nome da política, mas é fato que essas pessoas escrevem qualquer coisa e acham que é a opinião geral da nação.
Politicagem barata
Quem escreveu esse artigo foi uma tal de escritora Rosika ou parecido. Mas um tal de jorger Cunda lima também entrou ma mesma paranoia e disse que o carnaval é uma máscara cobrindo um cadáver. Esse pessoal deve procurar ajuda. Estão com fixação doentia na política
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