Infartei há vinte anos e não tenho dúvida de que infartei em razão do cigarro. Cheguei a fumar naquela época três carteiras por dia, quando não chegava a quatro, quando trabalhava até de madrugada. Aprendi a fumar aos 14 anos imitando os meninos mais velhos da rua onde morava. Depois, adolescente, por achar elegante e me tornar mais homem além de ser um sinal para as meninas prestarem atenção no jeito com que levava o cigarro à boca. Nesse período da idade tudo parecia conspirar pra me levar para o vício do fumo. E acabou levando mesmo. Eram os amigos mais velhos que fumavam; era o pai em casa que fumava e por fim o cinema, avassalador, com os heróis e bandidos fumando um cigarro atrás do outro acabaram de me convencer de que fumar iria fazer de mim o herói, o vencedor, aquele que iria ocupar o primeiro degrau no pódio dos vencedores. Acho que a grande propaganda contra o fumo deveria ser dirigida aos jovens. O fumo ataca a eles porque estão receptivos e prontos a seguirem um exemplo que os torne um herói de si mesmo. A propaganda contra o fumo nunca atingirá os adultos porque estão viciados há muito tempo. Precisei sofrer um infarte para deixar de fumar.
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