por Gonça
A polêmica da vez é o livro distribuido pelo MEC, "Para uma vida melhor", de Heloisa Ramos. Deixando para os professores a discussão sobre a "norma culta" e a "lingua viva", vale a leitura do artigo de José Miguel Wisnik, hoje, no Globo, que deixa claro que a grande maioria das críticas na mídia partiu de quem sequer examinou o livro. "Leio o capítulo do livro em questão" - escreve Wisnik - "e vejo, no entanto, que a autora se dedica nele, a maior parte do tempo, a mostrar a importância da pontuação, da concordância e da boa ortografia na língua escrita". Quando usa o exemplo "nós pega o peixe!, Heloisa Ramos não prega o fim da concordância e nem diz que é assim que se deve escrever, mas destaca a importância de não se estigmatizar os usos populares da língua. "A chamada "norma culta" - escreve Wisnik - "preconizada pelos gramáticos, é uma entre outras variantes da língua, não necessariamente a mais, ou a única "correta". Desse ponto de vista científico e não normativo, procura-se contemplar a multiplicidade das falas, reconhecidas na sua eficácia comunicativa, sem privilegiar um padrão verbal ditado pelos segmentos letrados como único a ser seguido". O tema merece um debate sério sem a contaminação política e ideológica espalhada pela velha mídia, para quem no Brasil tudo é "governo" ou "oposição". Wisnik ainda cita Hélio Schwartsman que lembrou que as linguas românicas, português inclusive, não existiriam se os povos das províncias não falassem um latim imperfeito e o tornassem mais comunicativo ao eliminar o mecanismo das declinações.
2 comentários:
Confesso que não vi e não li o livro, mas a carga crítica foi tão grande que passei a acreditar nos que os criticavam. Que me sirva de lição. Não se pode condenar, simplesmente por condenar, o que não se sabe direito o que está acontecendo.
Pelo que está dizendo o Gonça, a Heloisa Ramos não errou em nada. O que ela procura demosntrar é que a lingua falada pelo "ermo populis" segue essa imperfeição. E é assim mesmo que se fala nas ruas e nas feiras. Temos pessoas que ao falar não conseguem se exprimir corretamente quando pluralizam a frase.
Bem, agora o mal está feito. O engraçado é que o ME deveria entrar no circuito e defender a professora., só se eles não leram o livro e acharam que ela estava errada mesmo. Desconfio que foi o que aconteceu.
nunca vi tanta besteira escrita sobre um assunto. Ou é má fé ou ignorância dos críticos. Sou professora e convivo com a realidade de linguagens populares, é um instrumento de comunicação válido, cabe ao professor, com aliás o livro que gerou a falsa "polêmica" deixa claro, conduzir o aluno à linguagem correta. Não se pode estigmatizar uma pessoa só porque fala "errado". hitler estigmatizou os diferentes, não esqueçam, e deu no que deu.
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