D'après Pablo Moraes |
Elizabeth II, solene, no Palácio de Buckingham em 2007 fotografada por Annie Leibovitz |
Em 2016 a rainha recebeu a fotógrafa no Castelo de Windsor. Mais descontraída, posou ao lado dos seus adorados cães da raça corgi. Foto de Annie Leibovitz |
Após a sessão de fotos, Annie Leibovitz e a rainha passeiam no jardim do Castelo de Windsor. Foto de Kathryn MacLeod |
O site da Vogue americana publica um álbum de fotos de Elizabeth II. Não é uma coleção qualquer . São imagens de Annie Leibovitz, que foi convidada a fotografar a rainha duas vezes: em 2007 e em 2016. As fotos também estão disponíveis no Instagram oficial @theroyalfamiliy.
Leibovitz escreveu em seu livro At Work, de 2008, “Tudo bem para mim ser reverente. Os britânicos estão em conflito sobre o que pensam do monarca. Se um retratista britânico é reverente, ele é percebido como apaixonado. Eu poderia fazer algo tradicional.”
Leibovitz fez fotos conservadoras, principalmente as de 2007, quando a fotógrafa teve apenas 25 minutos para retratar a soberana. A rainha parecia apenas cumprir seu papel de posar como parte do dever de public relations dos royals. A produção fotográfica nos ambientes do Palácio de Buckingham é solene, com pompa e reverência. Leibovitz teria preferido o cenário do Castelo de Windsor, o que só lhe foi concedido no segundo ensaio, em 2016, quando Elizabeth surge serena e receptiva.
VEJA O ÁLBUM COMPLETO NO SITE DA VOGUE, AQUI
por Milly Lacombe
Colunista do UOL 15/09/2022
Vera Magalhães virou alvo da violência Bolsonarista. Não são lobos solitários que investem contra o corpo e a dignidade da jornalista. São agentes bem orientados por um tipo de lógica de morte que há mais de quatro anos controla esse país em todos os níveis. O Bolsonarismo precisa da violência de gênero como um vampiro precisa de sangue. Esse é um dos pilares que estruturam a sociedade que bolsonaristas querem erguer.
Bolsonaro tem, mais do que um plano de governo, um projeto de sociedade. Nessa sociedade bolsonarista, homens andam armados, mulheres se curvam. Homens mandam, mulheres obedecem. Nesse projeto de sociedade, florestas viram pó, corrupção tá liberada (chamam rachadinha que é para não assustar), pessoas negras não apitam muito, LGBTQs podem morrer porque não fazem falta. Nessa sociedade, a lógica é miliciana do começo ao fim. Vera Magalhães foi escolhida por essa turma covarde para virar, literal e simbolicamente, o rosto do inimigo. A experiente jornalista foi, durante os 13 anos de administrações petistas, oposição bastante eloquente. E, ainda assim, seguiu podendo falar abertamente o que pensava de Lula, de Dilma e do PT sem ser agredida.
A Lava Jato nunca teve um olhar mais atento por parte dela, que deixou de ver o enviesamento escancarado da operação. Não precisaríamos da Vaza Jato para notar que alguma coisa errada estava se passando. Não precisaríamos da Vaza Jato para perceber quem era Sergio Moro. Bastava recorrer ao episódio do Banestado, aliás.
Enquanto Dilma foi alvo da fúria covarde da extrema-direita, Vera calou. Quando Cora Ronai e Miriam Leitão ridicularizaram a roupa e o andar de Dilma na posse, Vera calou. (...)
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https://www.uol.com.br/esporte/colunas/milly-lacombe/
Godard filma manifestações estudantis em Paris, em Maio de 1968. |
Uma das últimas fotos. O diretor, há dois anos, deu aula via Internet para a Ecole Cantonale d'Art de Lausanne. Foto Instagram ECAL |
No final dos anos 1950, um total desconhecido, explorou os meandros do Rio de Janeiro, metrópole fascinante que desfrutava seus gloriosos últimos dias de capital federal. Baseado nessa experiência, foi a única voz dissonante contra o premiado Orfeu Negro, criticando seu exotismo "cartão-postal". Discordava da direção de fotografia ao tentar competir, através de filtros coloridos e rígidos, com a suavidade da luz natural do Rio. Principalmente, julgava um anacronismo a profissão escolhida para o protagonista, a de motorneiro de bonde, um meio de transporte já quase extinto. Godard ficara empolgado pelos audazes motoristas de lotação cariocas, dirigindo suas naves loucas a uma velocidade absurda e fazendo ainda o papel de cobrador, com aquele vistoso leque de notas de cruzeiro dobradas na horizontal entre os dedos, colorido como uma cauda de pavão.
Cena de Acossado: (Michel) Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg (Patricia) caminhando pela Champs-Élysées |
À bout de souffle (1960) - C'est vraiment dégueulasse - YouTube
Em 1965, já no seu ciclo com a musa e mulher Anna Karina, Godard reescreve em cores a saga do herói marginal com o mesmo Jean-Paul Belmondo em Pierrot le Fou/O demônio das onze horas. No final, o suicídio espetacular, com um toque de humor negro: Pierrot envolve a cabeça em duas camadas de bananas de dinamite; assim que acende o rastilho de pólvora, se arrepende e tenta apaga-lo, mas já é tarde demais.
Pierrot le fou l'art la mort - YouTube
Na década de 1960 Godard fez 19 filmes. Um dos três rodados em 1963 foi Deux ou trois choses que je sais d’elle, uma crônica banal do cotidiano de uma dona de casa da classe média, casada, com dois filhos pequenos, que se prostitui para matar o tédio e completar o orçamento familiar. Usa como epígrafe: “Quando levantamos a saia da cidade, enxergamos o seu sexo.” Amy Taubin, crítica de The Village Voice, o saudou como uma das maiores realizações na história do cinema. Numa das cenas, a câmera se fixa nos refluxos da espuma de uma xícara de café espresso que parecem reproduzir a criação do universo a partir do magma primal.
2 ou 3 choses que je sais d'elle (Jean-Luc Godard, 1967) - YouTube
Do mesmo ano, Weekend – inspirado em La Autopista del Sur, de Júlio Cortázar – é uma comédia macabra passada no engarrafamento de uma autoestrada francesa e pródiga em travellings.
Jean- Luc Godard weekend car scene - YouTube
Em 1965, Godard fez Alphaville, une étrange aventure de Lémmy Caution, uma sinistra ficção cientifica distópica. Ricaços ignorantes cooptaram o nome para batizar o conhecido megacondomínio nos arredores de São Paulo. A propósito, num de seus filmes, Godard define o Club Méditerranée como “o conceito do campo de concentração aplicado ao turismo.”
Segundo o jornal Libération, Jean-Luc Godard morreu por suicídio assistido. Sua terceira mulher, Anne-Marie Miéville, afirmou: "Ele não estava doente, estava simplesmente exausto. Foi uma decisão dele e é importante que se saiba. ” O suicídio assistido é legalizado na Suíça, desde que o paciente não tenha ajuda de terceiros no momento da morte. Godard morreu na cidadezinha de Rolle, às margens do lago Léman, onde morou nos últimos 45 anos.
Aguarda-se em clima de suspense o anúncio da lista decenal de melhor filme de todos os tempos promovida pela revista Sight & Sound. Em 2010, Vertigo, de Hitchcock, desbancou Cidadão Kane, de Orson Welles, que ocupava o primeiro lugar desde 1962. Acossado figurava em 13º, numa pesquisa recente subiu para 12º. É curioso contrapor a câmara circular de À bout de souffle à câmera vertical de Vertigo. O amor figura com destaque nos dois filmes, mas, no de Hitchcock, ele segue a cartilha clássica de Hollywood, enquanto no de Godard é mais descolado, pós-existencialista. Hitchcock viaja ainda pelo sobrenatural, em atmosfera gótica. Godard trafega pelos tempos nervosos e violentos que estamos vivendo. Poderia a morte de Godard vir a exercer alguma influência na escolha do panteão de críticos e cineastas para 2022? O sigilo é absoluto, mas nunca o anúncio decenal da lista da Sight & Sound demorou tanto para ser divulgado, o que subentende um clima de indecisão. Aguardem. Em breve, nas melhores redes sociais...
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Reprodução Folha de São Paulo |
A internet virou esse jogo confortável. Com um clique, um leitor brasileiro tem acesso ao New York Times, ao Guardian, ao Le Monde e, se quiser, até à "Tribuna do Butão". Antes mesmo do correspondente tomar seu café da manhã um brasileiro de Quixadá, no Ceará, terá acesso às notícias do dia em Londres, Paris, Roma. Se quiser manter o emprego, o coleguinha da sucursal deverá gastar sola do sapato e correr atrás de matérias originais e exclusivas.
Mas ainda há quem tenha a tarefa facilitada. O jornalista Marcos Uchôa revelou à Folha de São Paulo, ontem, o motivo pelo qual devolveu o crachá e saiu da Globo. Uchôa negava- se a fazer o que chama de "jornalismo de calçada". A modalidade consiste em ter um correspondente em Londres, por exemplo, que vai para a calçada em frente e narra como se in loco estivesse o acontecimento do dia em Pequim, Cabul ou Moscou. O de Nova York vai na esquina e fala com desenvoltura de um fato em Varsóvia como se fosse um residente da capital polonesa. A Ucrânia está em guerra e não consegue exportar grãos? Fácil, o correspondente vai para um pier qualquer, mar ao fundo, e desanda a falar sobre embarques de milho e soja afinal liberados pelos russos.
O "jornalismo de calçada" nada mais é do que navegar em sites, pesquisar matérias de agências e sair para um "externa" a alguns metros da sucursal. Um "correspondente de calçada" pode ser tão onipresente que no mesmo jornal fala na "calçada de Berlim", sobre a crise do gás, e, pouco depois, direto do "meio fio de Taiwan", pode noticiar uma manobra militar da marinha chinesa.
“Enquanto eu tiver língua e dedo, mulher nenhuma me mete medo.”
Vinícius de Moraes (com rima), evocado por Ruth de Aquino a propósito do autobiográfico “imbrochável” presidenciável.
Xô, inominável!
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Foto Yui Mook, Pool via Reuters |
É tanta coisa que a jornalista Juliana Dal Piva levou três anos para investigar "O Negócio do Jair". O livro quebra sigilos escabrosos e revela antigas histórias dos anos 1990. São denúncias sustentadas em testemunhos, transcrição de gravações e autos judiciais. Taí, é um livro ideal para você levar para a sua seção eleitoral enquanto espera a hora de votar.
Em certas coberturas, alguns jornalistas não resistem a virar personagens do fato que narram. Um caso clássico da tevê ocorreu na trtansmissão ao vivo da chegada do homem à Lua. Hilton Gomes, da TV Globo, apresentava o evento. À medida em que descrevia a histórica cena se emocionava com as próprias palavras. Tanto que ao encerrar a transmissão, ele e Murilo Ney, que também participava da cobertura, se parabenizaram no ar. "Parabéns, Hilton, parabéns, Murilo", concederam um ao outro quase em lágrimas. Nunca ficou clara a função deles na NASA ao levar Neil Armstrong à Lua, mas se tornou evidente que os dois se consideravam participantes da epopeia.
Hoje, na Globo News, algo parecido aconteceu com a repórter Cecília Malan. Ela viveu seus minutos de súdita britânica ao aparecer vestida de preto para demonstrar seu luto pela morte da Rainha Elizabeth. Que, ao lado dos Windsor, a repórter receba os pêsames da audiência da Globo News.
1968: Elizabeth e Costa e Silva |
Na Embaixada Britânica, a rainha foi acossada pela sociedade carioca em noite de muvuca. Fotos Manchete |
Em 1968 arrumou as malas e fez sua única visita à Brasil. Foi a Recife, Salvador, São Paulo Brasília e Rio de Janeiro. Em cada uma dessas capitais viu-se obrigada a confraternizar com o pior do Brasil de então: os delinquentes da ditadura. Foi em outubro de 1968, dois meses antes do AI-5. Duas fotos são emblemáticas do tour real: uma pose ao lado do general Arthur da Costa e Silva (o que levou a mídia a títulos do tipo 'a rainha na corte do seu Arthur) e a imagem da sociedade carioca batendo cabeças coloniais no grande salão da Embaixada Britânica. Elizabeth refugiada em um canto - como se temesse um ataque dos zulus - e o society deslumbrado acotovelando-se como possível, pescoços contra nucas, pelves encoxadas em nádegas, uma típica viagem em uma trem lotado da Supervia. Em poucos dias, além do Arthur, Elizabeth apertou mãos sujas de governadores e empresários que, soube-se anos depois, se juntavam para montar centros de torturas em seus redutos. Não é uma página recomendável da sua longa biografia.
A rainha Pinah em um gringo sambista. |
Bolsonaro está na capa da revista The Economist dessa semana, que o define como "o homem que quer ser Trump" e acrescenta que o lambe-botas prepara sua "grande mentira" ao estilo deplorável do ex-presidente americano. A abertura da matéria da revista dá o tom da ameaça que ronda a democracia no Brasil.
"Joe Biden estava falando sobre os Estados Unidos quando alertou, em 1º de setembro, que “a democracia não pode sobreviver quando um lado acredita que há apenas dois resultados em uma eleição: ou vencem ou foram enganados”.
Ele poderia muito bem estar falando sobre o Brasil.
No próximo mês, seu presidente, Jair Bolsonaro, enfrenta uma eleição que todas as pesquisas dizem que ele provavelmente perderá. Ele diz que aceitará o resultado se for “limpo e transparente”, o que será. O sistema de votação eletrônica do Brasil é bem administrado e difícil de adulterar. Mas aqui está o problema: Bolsonaro continua dizendo que as pesquisas estão erradas e que ele está a caminho de vencer. Ele continua insinuando, também, que a eleição pode de alguma forma ser manipulada contra ele. Ele não oferece nenhuma evidência confiável, mas muitos de seus apoiadores acreditam nele. Ele parece estar lançando as bases retóricas para denunciar a fraude eleitoral e negar o veredicto dos eleitores. Os brasileiros temem que ele possa incitar uma insurreição."
Veja alguns trechos da matéria.
"Aproveitado para fortalecer o peso do exército na sociedade brasileira, o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro promove o modelo de escolas militares civis desde o berçário. No final do seu mandato, 500.000 menores deveram estar alojados nestas estruturas. Poucas semanas antes da eleição presidencial de 2 de outubro, professores e pais denunciam a disciplina dos alunos e uma séria ameaça à democracia "(...)
"Em um vídeo transmitido por um adolescente à TV Globo, um policial militar entra em uma sala e ameaça abertamente os estudantes que protestam: "Vocês estão presos, vocês têm o direito de ficar calados. Tudo o que você diz agora pode ser usado contra você no tribunal! Você tem o direito de chamar seu pai e sua mãe. A partir de agora, o silêncio é uma ordem! " (...)
"A escola em questão segue um modelo cívico-militar desde 2019 que permite que os policiais imponham a disciplina. Em tese, estes últimos não deveriam interferir no trabalho pedagógico, mas pouco a pouco invadem o campo educacional." (...)
"Em novembro de 2021, alunos da mesma escola estavam organizando uma exposição para o Dia da Consciência Negra. Seu trabalho, enfeitado com desenhos, evocava a violência policial contra jovens afro-brasileiros. Uma atividade que o diretor disciplinar da escola tinha muito pouco gosto, tanto que exigiu a retirada da exposição. Afirmando que a Constituição garante a pluralidade de ideias nas escolas, professores e os alunos se recusaram a cancelas a exposição." (...)
"As escolas militares civis, cujo modelo é promovido pelo presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, não se reportam diretamente ao Ministério da Defesa, mas foi criada uma subsecretaria específica dentro do Ministério da Educação gerenciada por um militar responsável por fortalecer o movimento iniciado por alguns estados e municípios graças ao apoio financeiro da Defesa." (...)
"O objetivo do governo tornado público em 2019 é a criação de 54 dessas estgruturas em cada unidades federativa. Um programa ambicioso que, em última análise, visava acomodar 500.000 alunos. Um ano depois, sob a liderança da Secretaria-Geral da Presidência da República, foram criadas 203 escolas em 23 dos 27 estados. Os complexos escolares são construídos principalmente em regiões pobres."(...)
"A disciplina militar é ensinada, a partir do acolhimento na creche, conforme circular do Ministério da Educação. É um projeto de “criminalização da infância popular”, resume o sociólogo Miguel Arroyo. É a mesma lógica que levou, no início do século XX, à militarização da Força Pública (o embrião da atual polícia militar) devido à preocupação da burguesia paulista diante das revoltas operárias." (...)
"Braços ao longo do corpo!" O dia para os alunos do centro de Ceilândia começa com um curso de disciplina militar". (...)
"Esse modelo educacional responde finalmente à militarização da administração e do governo. Desde que o ex-capitão chegou ao poder, já são mais de 6.000 militares em altos cargos em ministérios, órgãos federais e empresas públicas. (..)
LEIA A MATÉRIA COMPLETA AQUI
“Do ‘Eu tenho aquilo roxo’ ao ‘imbrochável’: 31 anos de #fake news.”
(BARÃO DE ITARARÉ, retorcendo-se indignado no túmulo.)
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A Escadaria do Convento, em 1958. Foto de Gil Pinheiro/Manchete. |
Hoje, o local chama-se Escadaria Salerón e se transformou em atração turística. Foto de Tania Rego/Agência Brasil |
Gil Pìnheiro, fotógrafo da Manchete, fez a foto do alto dessa página em 1958. Na época, o local era conhecida como Escadaria do Convento de Santa Teresa, construído em 1750. Assim como a expansão no bairro tem a ver com a instalação do convento, a escadaria foi construída para acesso à congregação e às missas abertas à população. Com o tempo, transformou-se na Rua Manoel. Alguns sites atribuem ao artista plástico Jorge Salerón a construção da escadaria. Errado. Salerón fez um trabalho admirável de restauração dos degraus, que decorou com azulejos pintados. O local virou atração turística e ganhou um novo nome: Escadaria Salerón.
GEORGE ORWELL
Na pior em Paris e Londres” (1933)
O Globo usa a palavra atentado |
O Estadão optou pelo "aponta a arma", mas usou o termo "atentado', no subtítulo. |
Clarín, que se opõe a Cristina, escolheu chamar de "atentado" |
La Nacion foi de "intenção de magnicídio'. |
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A turma 2022 de jornalistas bolsistas do World Press Institute. Progama abriu inscrições para 2023. |
O World Press Institute (WPI) oferece bolsas de estudos nos Estados Unidos no período de março a maio de 2023 para jornalistas iniciantes ou já no meio da carreira com pelo menos cinco anos de experiência profissional. O programa está aberto a jornalistas de jornais, revistas de texto, agências noticiosas, rádio, televisão e organizações jornalísticas online. Os candidatos devem estar disponíveis para viajar durante nove semanas a partir de março de 2023 e ser fluentes em inglês falado e escrito.
O grupo consistirá de dez bolsistas do mundo inteiro. O programa de bolsas oferecerá imersão nas práticas de governo, política, negócios, mídia, ética jornalística e cultura dos Estados Unidos através de um rigoroso cronograma de estudos, viagens e entrevistas.
O programa terá sua base em Minneapolis-Saint Paul, Minnesota, com viagens a Nova York, Chicago, San Francisco, Washington, D.C., e outras cidades importantes.
A bolsa cobre as despesas de viagem, acomodação e alimentação diária.
As inscrições se encerram no sábado, 1º de outubro de 2022. O nome dos bolsistas selecionados será anunciado em dezembro de 2022.
Visite este link do World Press Institute na internet para detalhes sobre como se inscrever:
https://worldpressinstitute.org/how-to-apply/
Roberto Muggiati, ex-diretor da Manchete, relatou em postagem anterior a curiosa história de uma edição especial da revista em russo. Os detalhes de bastidores desse inusitado projeto jornalístico estão no link
https://paniscumovum.blogspot.com/2022/08/memorias-da-redacao-o-dia-em-que.html
O que acrescento aqui são algumas memórias daqueles três dias que abalaram a redação e uma breve visão do conteúdo da edição.
Quando foi à Rússia em 1988, com uma agenda de quatro encontros com Mikhail Gorbachev, o então presidente José Sarney levou uma multidão de convidados. Tanto que o hotel Rossya, em Moscou, ao receber o pedido de reserva para 97 empresários, a maioria formada por presidentes ou vice presidentes de grandes empresas, e de 51 jornalistas, fora os diplomatas, informou que tinha apenas 120 quartos para receber os brasileiros. O Itamaraty partiu em busca de hotéis para acomodar os 21 sem-tetos.
Adolpho Bloch foi convidado para integrar a comitiva presidencial. Provavelmente, deve ter sido avisado com uma ou duas semanas de antecedência, mas só a poucos dias do embarque teve a ideia de fazer uma edição especial da Manchete, em russo, para levar na bagagem. O objetivo era distribuir parte da tiragem na Exposição Industrial Brasileira, aberta em Moscou, além de encaminhar centenas de exemplares a universidades, bibliotecas e ministérios da URSS. Adolpho, que era movido a instinto, farejou uma oportunidade. O esperto ucraniano que adotou o Brssil sabia que, mesmo às pressas, conseguiria patrocínios. Seu alvo eram os mega empresários brasileiros que estariam em Moscou tentando abrir para negócios as portas da "cortina de ferro" que Gorbachev implodia. O ideia e a viabilidade comercial eram da direção da Bloch: o pepino (que o Google diz ser "огурец", em russo), ficava com a redação.
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O expediente da equipe que fez o mais inusitado projeto de revista do jornalismo brasileiro: a Manchete em russo. |
O problema era, como Muggiati contou, a tradução e digitação das matérias em А, Б, В, Г, Д, Е (Ё), Ж, З, И, (Й), І, К, Л, М, Н, О, П, Р, С, Т, У, Ф, Х, Ц, Ч, Ш, Щ, Ъ, Ы, Ь, Ѣ, Э, Ю, Я, Ѳ, Ѵ. A. Isso mesmo, em cirílico, o alfabeto russo. Janir de Holanda, que editava a revista Conecta, da Bloch, especilizada em informática. computação e tecnologia digital, uniu-se aos editores e redatores da Manchete para ajudar a desenrolar um imbroglio tecnológico: o setor de composição a frio da Bloch era computadorizado mas não dispunha de fontes gráficas para o idioma russo. Tínhamos três dias para mandar a edição para a gráfica. Carlos Affonso, o competente produtor gráfico, suava frio como se estivesse na Sibéria. Pode-se imaginar a correria. No fim, o projeto do Adolpho deu certo. Deu tudo certo? Quase. A edição especial saiu com um erro e uma omissão. O erro deu-se na tradução de um título logo na abertura da revista. Era para ser "Mensagem ao Povo Soviético", para quem a revista se dirigia, e saiu, nada a ver, "Mensagem ao Povo Brasileiro". Ainda bem que na chamada de capa ("Brasil: retrato de um país") não deu zebra. A omissão foi não publicar uma só imagem de Mikhail Gorbachev, a quem a revista seria solenemente entregue. Enfim, passou essa indelicadeza com o anfitrião da comitiva brasileira, embora houvesse foto e texto selecionados sobre o líder soviético. A Embaixada da URSS no Braskil apontou o erro do título. Já a ausência da foto do Gorbachev na edição em russo foi amplamente compensada pela grande cobertura que a edição semanal da Manchete fez do encontro Sarney-Gorbachev, do jantar no Kremlin e das reuniões para intensificar os laços comerciais entre os dois países.
O objetivo do Adolpho foi alcançado: Grupo Pão de Açucar, Perdigão, Cutrale, Café Cacique, Citrosuco e Petrobras anunciaram na edição e entregraram as peças publicitárias à redação já devidamente traduzidas para o russo. Como consequência da abertura política liderada por Gorbachev, a Manchete foi a primeira revista editada no exterior, no idioma russo, a circular livremente na União Soviética para divulgar um país estrangeiro. A edição foi mostrada na TV local.
O governo chileno denunciou a armação eleitoral do brasileiro, convocou o embaixador do Brasil, em Santiago, a comparecer ao ministério do Exterior em protesto contra a calúnia.
Em sinal de "humilhação diplomática", o embaixador foi recebido apenas por um funcionário de escalão administrativo, vai ver, um estagiário ou estafeta. O Globo de hoje publica a a reação de Bori. O presidente chileno afirma que a América Latina deverá "reagir em conjunto" para impedir tentativa de golpe do Bozo nas eleições de outubro ("Se houver uma tentativa tal como aconteceu, por exemplo, na Bolívia, onde se denunciou uma fraude que não existia e se terminou validando um golpe de Estado, a América Latina terá de reagir em conjunto para colaborar para impedi-lo").
A edição da Time dessa semana estampa Boric na capa. Ele não é Roberto Carlos, mas a revista coloca o ex-lider estudantil de 36 anos como integrante da Jovem Guarda da América Latina.
Bolsonaro, contudo, não tem do que se queixar: sempre ganhará destaque na mídia evangélica, como na Folha Universal, nesse antigo registro do "histórico" momento em que o "bispo" Macedo "apresentou" o Bozo a Deus".