1968: Elizabeth e Costa e Silva |
Na Embaixada Britânica, a rainha foi acossada pela sociedade carioca em noite de muvuca. Fotos Manchete |
O reinado de Elizabeth II correspondeu, no Brasil, aos mandatos de 20 presidentes e ditadores. Juscelino Kubitschek a convidou para a inauguração de Brasília. A rainha não se animou. Perdeu a chance de prestigiar um dos raros governos democráticos no Brasil.
Em 1968 arrumou as malas e fez sua única visita à Brasil. Foi a Recife, Salvador, São Paulo Brasília e Rio de Janeiro. Em cada uma dessas capitais viu-se obrigada a confraternizar com o pior do Brasil de então: os delinquentes da ditadura. Foi em outubro de 1968, dois meses antes do AI-5. Duas fotos são emblemáticas do tour real: uma pose ao lado do general Arthur da Costa e Silva (o que levou a mídia a títulos do tipo 'a rainha na corte do seu Arthur) e a imagem da sociedade carioca batendo cabeças coloniais no grande salão da Embaixada Britânica. Elizabeth refugiada em um canto - como se temesse um ataque dos zulus - e o society deslumbrado acotovelando-se como possível, pescoços contra nucas, pelves encoxadas em nádegas, uma típica viagem em uma trem lotado da Supervia. Em poucos dias, além do Arthur, Elizabeth apertou mãos sujas de governadores e empresários que, soube-se anos depois, se juntavam para montar centros de torturas em seus redutos. Não é uma página recomendável da sua longa biografia.
A rainha Pinah em um gringo sambista. |
O então príncipe Charles, agora rei Charles III, deu mais sorte. Veio ao Brasil quatro vezes. A primeira em 1978, quando a abertura estava no horizonte político. Não precisou se encontrar com o general Geisel, que estava na Alemanda, mas conheceu alguns dos sabugos do regime. Pelo menos, tentou dançar samba com a bela rainha Pinah, da Beija Flor, o momento mais nobre da visita.