"QUE COMAM BRIOCHES!"
"JÁ VIU ALGUÉM PEDINDO PÃO NA PADARIA? VOCÊ NÃO VÊ, PÔ!"
"QUE COMAM BRIOCHES!"
"JÁ VIU ALGUÉM PEDINDO PÃO NA PADARIA? VOCÊ NÃO VÊ, PÔ!"
Bolsonaro inaugurou ontem o auditório da Associação Comercial de São Paulo com um tosco discurso onde falou sete palavrões em poucos minutos.
A informação é da Folha de São Paulo. Entre outros xingamentos, ele disse que ocupar a cadeira de presidente é uma "merda", depois afirmou que todos os ministros dos governos anteriores "não sabiam porra nenhuma".
O recorde de palavrões presidenciais permanece com a famosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020. Foram 29 xingamentos: só "porra" ele falou oito vezes; bosta, merda e putaria foram quatro vezes cada um. Mãe de reporter, então, já foi mais xingada pelo sujeito do que genitora de juiz de futebol. Em janeiro de 2021, quando jornalistas perguntaram sobre um gasto de R$ 15 milhões em leite condensado, o elemento subiu no saltos. "Vai para p*** que p***. É para enviar no rabo de vocês da imprensa".
Há alguns anos, foram reveladas gravações secretas de telefonemas e reuniões do ex-presidente americano Richard Nixon. Havia um microfone que registrava o som ambiental do Salão Oval. Muitos palavrões ecoavam no gabinete. Nixon mandou substituí-los nas fitas por um sinal sonoro. E, nas transcrições, no lugar dos palavrões, havia uma expressão plantada por algum burocrata pedante: "Expletivo deletado". Lembrando que "expletivo" é a palavra que serve para realçar a frase, sem ser indispensável ao sentido.Provavelmente ninguém entre os que cercam Bolsonaro sabe que porra é a palavra expletivo e não há informação se outras reuniões como aquela de 2020 foram gravadas e um dia virão a público, mas imaginem, só imaginem, como é um jantar do Bolsonaro para ministros no Alvorada. . "Passa o sal, car4lho". "Desliga a mer4a dessa TV, é a pesquisa com o cu4ão do Lula na frente". "Não basta o STF querendo me fu4er, esse jantar está uma bo4ta". "Quem fez a po44a desse café, kct". "Acabou o jantar, vão trabalhar seus pu4os".
Tudo "expletivo não deletado".
Reprodução Jornalistas & Cia |
Do G1, hoje: Globo também não quer dar reajuste que recupere a inflação. |
São muito raras as greves de jornalistas. No passado, quando tinham apois dos gráficos, algumas paralisações eram capazes de afetar os veículos. São, também, quase invisíveis. As empresas de comunicação noticiam greves de metrô, de caminhoneiros, de Correios etc, mas historicamente não informam sobre manifestações de jornalistas.
A nota acima é do Jornalistas & Cia. Informa que jornalistas da Globo e Globo News no Rio, São Paulo e Brasília, protestaram diante das sedes da empresa em meio a uma dura negociação salarial. Os jornalistas pedem a reposição da inflaçao (10,75%), a Globo oferece 7%. A programação dos canais segui incólume.
por Ed Sá
Vai dar merda. Literalmente. A crise do fornecimento de gás para a Alemanha provocada pelas sanções à Rússia em reação à guerra na Ucrânia vai obrigar o país a reduzir dramaticamente a produção de... papel higiênico.![]() |
1989: à véspera do segundo turno - Adolpho Bloch, Luís Inácio Lula da Silva, Osias Wurman, Carlos Heitor Cony, Roberto Muggiati e Jaco Bittar |
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Antes do segundo turno - Pedro Collor, Mauro Costa, Oscar Bloch Sigelmann, Fernando Collor de Mello, Pedro Jack Kapeller, Arnaldo Niskier, Daniel Tourinho e Roberto Muggiati. Fotos Acervo Pessoal |
Num gesto impulsivo, Adolpho Bloch convidou Lula para almoçar na sede da Manchete no Rio na véspera do segundo turno, sábado, 16 de dezembro. Lula e comitiva vieram naquela manhã de São Paulo num jatinho. Adolpho recebeu calorosamente o líder sindicalista e o levou a visitar o escritório do ex-Presidente Juscelino Kubitschek no prédio do Russell, que havia se tornado uma peça de museu depois da morte de JK em 1976. Lembro de um episódio engraçado durante o almoço. A certa altura, Adolpho desconcertou Lula com uma pergunta a queima roupa:
– E o senhor gostaria de ter um mais moço que o senhor?
O líder petista titubeou:
– Não entendi, sêo Adolpho! Ter um o quê? Mais moço?...
– Um sogro, porrraa!
Ele não se conformava de ter um sogro quatro anos mais moço: o general Abraham Ramiro Bentes, pai de sua segunda mulher, Anna Bentes.
Um trunfo que Collor usou em sua propaganda no segundo turno foi apresentar na TV uma ex-namorada de Lula, Míriam Cordeiro, com a qual ele teve uma filha, Lurian. A ex acusou Lula de “racista” e de ter exigido que ela abortasse a filha. Collor também espalhou que, se eleito, Lula confiscaria a poupança, medida que ele próprio, Collor, adotou assim que foi empossado. Houve ainda o sequestro “cenográfico” do empresário Abílio Diniz, libertado no domingo das eleições, com os sequestradores apresentados pela polícia vestindo camisetas do PT. Ainda assim, Lula não se saiu tão mal e reduziu a vantagem de Collor do primeiro turno (66,05% contra 33,95%) para o segundo (53,03% contra 46,97%).
Vamos voltar ao “adolphês”, o linguajar críptico (e típico) do empresário que só os mais próximos conseguiam captar (Cony era mestre nisso). Por ter morado em Paris e em Londres, Adolpho sempre me requisitava como interprete para seus encontros internacionais. Mas muitas vezes me levava a tiracolo mesmo quando se reunia com brasileiros. Não esqueço seu primeiro encontro em 1979 – à cabeceira da longa mesa de jantar do prédio do 804 no Russell – com Leonel Brizola, que acabara de voltar do exílio.
Com os olhos brilhando, Brizola abriu o diálogo:
- Bloch, o socialismo é uma coisa tão bonita!
Adolpho desviou o rosto para o lado, naquele seu cacoete judaico-ucraniano de cuspir no chão. O Engenheiro não notou – ou fingiu que não notou.
Eleito governador do Rio de Janeiro em 1982 – nas primeiras eleições livres e diretas para governador desde 1965 – Brizola seria uma mãe para a Bloch. Não só abriu crédito ilimitado para a empresa, como, no primeiro Carnaval do Sambódromo, em 1984 – também o primeiro Carnaval da Rede Manchete – concedeu direitos exclusivos de transmissão a Adolpho, chutando para escanteio a TV de Roberto Marinho.
Dá para imaginar as benesses que cairiam sobre a Bloch caso Brizola fosse eleito presidente, mas ele chegou em terceiro, depois de Collor e Lula. Mas a Manchete sempre soube cativar o poder. Colocou Leopoldo Collor de Mello, irmão mais velho do Presidente, na chefia da Rede Manchete em São Paulo. Na presidência de Fernando Henrique Cardoso, o Primeiro Filho, Paulo Henrique Cardoso, ganhou um importante cargo na Rede Manchete, com direito a um luxuoso escritório privado.
Lula não chegou a pegar a Manchete – ou vice-versa – mas se a Bloch ainda sobrevivesse em 2002 com toda a certeza seria tratada a pão de ló pelo presidente petista, em reconhecimento ao apoio que recebeu de Adolpho – na contramão do poder – no segundo turno de 1989.
Empresários formando facção para conspirar contra a democracia não é novidade no Brasil. O livro "1964- a Conquista do Estado", de René Dreyfus, expôs, com nomes, a conspiração no meio fomentada pelo Ibad e outras instituições. Durante a ditadura, um grupo de empresários também amplamente conhecidos financiou a instalação de centros de tortura e assassinatos de opositores do regime militar.
Uma das mensagens dos bolsogolpistas |
O bolsogolpísta acima lamenta que o golpe não tenha acontecido em 2019. |
Por solicitação do ministro Alexandre de Moraes, do STF e do TSE, a PF abriu investigação sobre alguns dos bolsogolpistas, que atacam o Tribunal Superior Eleitoral e o Supremo Tribunal Federal. São alvos da operação desta terça oito empresários que fazem parte da citada facção do zap: Afrânio Barreira Filho (Coco Bambu); Ivan Wrobel (W3 Engenharia);José Isaac Peres (Multiplan); José Koury (Barra World); Luciano Hang (Havan); Luiz André Tissot (Sierra); Marco Aurélio Raymundo (Mormaii); Meyer Joseph Nigri (Tecnisa).
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Reprodução Folha de 22/8/2022 |
Reprodução O Globo - 1972 |
Em 1972, o período mais violento e infame da ditadura, Garrastazu Médici celebrava o Sesquicentenário da Indepêndencia do Brasil. Portugal, também sob uma ditadura, era governado por Marcelo Caetano, herdeiro político do ditador Antonio Salazar. E foi assim, com um pacto entre autocratas, que os restos mortais de Pedro I foram importados pelo Brasil.
Aqui, o governo militar organizou uma longa peregrinação da ossada pelo país. Pedro I não teve descanso: passou cinco meses entrando e saindo de aviões e, pior, ouvindo discursos ufanistas de prefeitos e governadores.
Meio século depois, a República continua a perturbar o imperador: o governo protomilitar de Jair Bolsonaro mandou vir de Portugal o coração do imperador acomodado em formol e guardado em algo parecido com um vidro de picles de luxo. O propósito: comemorar os 200 anos da Independência.
A história registra muitos casos parecidos, todos mórbidos. Expor o coração de alguém é o auge da invasão de privacidade? Talvez não. O Museu do Erotismo, em São Petersburgo guarda um vidro com álcool ou, quem sabe, vodca, com o suposto pênis de Rasputin dotado de 28 cm. Tal medida e não seus poderes sensoriais podem explicar o sucesso do bruxo entre todos os gêneros da corte dos Romanov.
Lênin repousa embalsamado na Praça Vermelha, em Moscou. Repousa não é bem o termo. O mausoléu é visitado diariamente por milhares de turistas. É um paradoxo, mas o único período em que Lênin descansou foi durante a Segunda Guerra Mundial quando, por precaução, diante da ameaça nazista às portas de Moscou, o corpo foi levado para a Sibéria.
Visitar o túmulo de Napoleão Bonaparte, em Paris, na igreja da Cúpula dos Inválidos, é também um progama turístico. O que nem todos os visitantes sabem é que falta algo aos restos mortais do "pequeno corso". Quando ele morreu no exílio, em 1821, o médico que fez a autópsia teria retirado o pênis, com o qual presenteou um padre da paróquia local. Desde então, o órgão percorreu roteiro impreciso. O padre, provavelmente, gostou do presente tanto que o guardou até a morte. Só em 1916, a partícula napoleônica chegou a um colecionador britânico e entrou em um bizarro mercado de compra e venda. Em 1977, um urologista teria adquirido a "bimba', que tem literalmente em repouso apenas 4 cm.
Comentaristas políticos supõem que Bolsonaro usará o resquício de D. Pedro como peça da campanha eleitoral. É possível. Entre os apoiadores do sujeito estão os monarquistas. Espera-se, pelo menos, para não extrapolar a bizarrice, que Bolsonaro não leve o coração para a anunciada motociata de 7 de setembro.
por Ed Sá
O termo tchutchuca, como todos sabem, bombou na internet.
Não foi a primeira vez que a gíria carioca foi usada para classificar um integrante do governo. Em 2019, o deputado Zeca Dirceu (PT-PR) mandou essa em fala na Câmara: "Paulo Guedes é "tigrão" com aposentados, professores e agricultores e "tchutchuca" com a turma mais privilegiada do país e os amigos banqueiros", mas foi o youtuber de direita Wilker Leão, um apoiador de Bolsonaro momentaneamente descontente, que colou o apelido no "mito". Wilker o chamou de "tchutchuca do centrão", em alusão à atração fatal do presidente pelo Centrão, a facção de políticos predadores de dinheiro público.
Tchutchuca é um termo popularizado por um sucesso do Bonde do Tigrão, grupo do funk carioca. Originalmente era um elogio às meninas bonitas dos bailes nos subúrbios do Rio, mas logo ganhou o sentido pejorativo de "vulgar", "fácil", "biscate" "vaca" e "cachorinha". Obviamente, o sentido que Wilker quis dar foi o das variações.
A velocidade com que o rótulo foi pregado na testa de Bolsonaro lembrou o efeito demolidor dos apelidos que Brizola, mesmo em tempos anteriores às redes sociais, dava aos seus adversários. Moreira Franco era o "gato angorá", cuja carascterística é "passar de colo em colo". Em 1989, Lula ganhou de Brizola o apelido de "sapo barbudo" em referência ao "sapo" que a elite brasileira poderia engolir: “A política é a arte de engolir sapos. Não seria fascinante fazer agora a elite brasileira engolir o Lula, este sapo barbudo?”, disse ele. Brizola chamava Garotinho, cujo nome já é um apelido, de queijo palmira", aquele vendido em formato de bola. “Garotinho é como uma bola, não tem lado e é oco por dentro“. O gaúcho também criou uma expressão que passou a ser muito usada para nomear a geração de políticos que apoiou o regime militar: "filhote da ditadura", como Paulo Maluf era chamado.
Para quem não conhece, aí vão trechos dos versos de "Tchutchuca".
Eu quero colo/Quero ver quem vai em dar colinho (...)
Vem, tchutchuca linda/Senta aqui com seu pretinho
Vou te pegar no colo/ E fazer muito carinho (...)
Vem, vem, tchutchuca/Vem aqui pro seu tigrão/
Vou te jogar na cama/E te dar muita pressão
Ouça AQUI
O lançamento do romance póstumo de Carlos Heitor Cony A Paixão segundo Mateus (Nova Fronteira) me levou a revisitar meus fantasmas religiosos da adolescência. Cony costumava dizer: “Sou ateu com nostalgia de uma fé que nunca tive”. Seminarista até os 19 anos, largou a batina antes de ser ordenado padre. Teve, portanto, uma convivência com o claustro, ao contrário de mim: abandonei a religião depois da Primeira Comunhão, traumatizado com aquela experiência atroz, na paróquia de Santa Teresinha em Curitiba. Primeiro, a confissão: você era obrigado a fornecer à entidade oculta por trás da treliça um cartel mínimo de pecados. Que noção de pecado pode ter uma criança de oito anos? Um menino mais esperto se forrou de balas Zequinha e bolas de gude “traficando” pecados para os menos imaginativos. Depois, o clima de pavor que cercava a ingestão da hóstia sagrada (“Muito cuidado para não morder o corpo do Senhorrrr!”...) Terminada a cerimônia sequer fui para o desjejum, apesar do convidativo Toddy com biscoitos. Saí atordoado para a rua, para o sol da liberdade, e passei muitos anos sem botar os pés numa igreja.
Foto Thomas Merton Center |
Em dezembro de 1941, ele se tornou monge trapista na Abadia de Nossa Senhora de Gethsemani, no Kentucky, da ordem cisterciense, conhecida pelo voto do silêncio. Ao longo de três décadas, Merton escreveu mais de setenta livros, a maioria sobre espiritualidade. Poeta, ativista social e estudioso de religiões comparadas, defensor do pacifismo e do ecumenismo, é considerado o construtor da ponte unindo as doutrinas do Ocidente e do Oriente.
Foi em Bancoc, na Tailândia, durante uma conferência ecumênica, que Merton morreu, em 10 de dezembro de 1968, aos 53 anos. Sua morte foi atribuída ao curto circuito de um ventilador, encontrado sobre seu corpo. Como não houve autópsia, ficou sem explicação o ferimento na base do crânio, com forte sangramento. Ironicamente, o pacifista Merton teve seu corpo transportado para os Estados Unidos num avião militar que voltava do Vietnã.
A década foi marcada por uma série de assassinatos políticos: o líder revolucionário do Congo Patrice Lumumba (61), John Kennedy (63) Malcolm X (65), o líder revolucionário marroquino Ben Barka (65), Carlos Marighela (69). O Secretário Geral da ONU, Dag Hammarskjöld, morreu em 1961 em Zâmbia num desastre aéreo – seu avião teria sido abatido a tiros. Em 1968, foram assassinados Robert Kennedy e Martin Luther King; o pintor Andy Warhol quase morreu depois de levar três tiros de uma feminista radical. A Teoria da Conspiração acabaria encampando a “eletrocussão acidental” de Thomas Merton entre os assassinatos políticos de 1968 no livro de Hugh Turley e David Martin O martírio de Thomas Merton: uma investigação (2018).
O texto da quarta capa, naquela linguagem vívida e atraente dos paperbacks, me atraiu irresistivelmente à leitura:
O Coração de um Homem
Cândida, reveladora e extremamente honesta, esta é a impressionante biografia de um jovem bem preparado que levava uma vida emocionante e sofisticada até os 26 anos de idade, quando ingressou num mosteiro trapista. Sua história se desloca de Paris ao Harlem, de células comunistas a uma cela de monge, de sessões de jazz até o silêncio da Abadia de Nossa Senhora de Gethsemani no Kentucky, de James Joyce a Duke Ellington. Sua revelação sensível e exuberante de uma profunda experiência espiritual fez dele um dos livros mais vendidos do nosso tempo.
“É para um livro destes que os homens se voltarão daqui a cem anos a fim de saber o que se passava no coração dos homens neste século cruel.” Clare Booth Luce, jornalista, fundadora da revista Time.
O mundo me levou para outros caminhos e a tentação da vida monástica ficou para trás. Só recentemente fiquei sabendo que existe um mosteiro trapista no Brasil. No pós-guerra, cinco monges da Abadia de Genesee, no estado de Nova York, partiram para fundar um mosteiro em nosso país. A comunidade começou no município da Lapa, Paraná, mudando-se em 1983 definitivamente para a cidade de Campo do Tenente. Veja o site oficial,
AQUI http://www.mosteirotrapista.org.br/
Thomas Merton teve uma relação especial com o Brasil. Sua biografia no site da Wikipedia reserva um capítulo especial, que transcrevo aqui:
No Brasil Thomas Merton tinha vários amigos e publicou um grande número de livros. Muitas são as pessoas, leigas ou religiosas, que consideram as leituras de seus livros marcos importantes das suas vidas espirituais. Foram lançados mais de 40 livros em português, graças ao envolvimento de intelectuais – como Alceu Amoroso Lima – e de monjas e monges beneditinos – como Dom Basílio Penido, Dom Timóteo Amoroso Anastácio, Dom Estêvão Bettencourt e, principalmente, da irmã Maria Emmanuel de Souza e Silva.
A história sobre o início de uma relação de trabalho e de uma amizade é contada no livro Thomas Merton: o homem que aprendeu a ser feliz, pela Ir. Maria Emmanuel. Ao longo de 13 anos trocaram mais de uma centena de cartas, cartões postais, "santinhos" e livros. Parte das cartas de Merton enviadas à Ir. Maria Emmanuel estão registradas no livro The Hidden Ground of Love: Letters on Religious Experience and Social Concerns (Letters, I).
Merton se correspondeu com outros brasileiros como Alceu Amoroso Lima, Dom Hélder Câmara, abades beneditinos, religiosas e religiosos e simples leitores, ao longo de sua vida. Ele também se interessava por vários autores brasileiros - em especial pelos poetas Manuel Bandeira e Jorge de Lima.
O continuado interesse por Merton, sua vida e suas ideias, levou à fundação, em 10 de dezembro de 1996, da Sociedade dos Amigos Fraternos de Thomas Merton - SAFTM.
Após ter cessado por longos anos a publicação de suas obras no Brasil, existindo apenas dois títulos em 1996, foram reeditados em 1999 os livros A Montanha dos Sete Patamares, Novas Sementes de Contemplação e Ascensão para a Verdade logo seguidos pela publicação de outros títulos nos anos subsequentes. Hoje já são 16 os títulos disponíveis, tendo se estabelecido um novo interesse em dar continuidade à publicação de antigas e novas obras. Além desses existem quatro livros sobre Thomas Merton. Os quase 30 outros títulos esgotados podem ser encontrados em sebos de todo o país.
Bem mais recentemente, fiquei sabendo que outro redator de Manchete, Irineu Guimarães – um défroqué (sem batina) que levou a experiência do claustro muito mais a fundo do que Cony – também se voltou para os trapistas. Foi ele quem traduziu o livro francês Les Mystères de la Trappe, edição bilíngue em latim e português, uma obra-prima da paciência, fruto do seu conhecimento do latim, publicada no Brasil em 1997 com o título Os Cistercienses.
Veja aqui a vida no mosteiro trapista de Campo do Tenente, no Paraná, num documentário da TV Estado.
https://www.youtube.com/watch?v=8bhFoienNss
Janaína Araújo. Reprodução TV |
Quem inaugurou o sistema no CRAS do Paranoá, DF – foi Janaína Nunes Araújo, 44 anos. Hipertensa, obesa, sofrendo de ansiedade, depressão e síndrome do pânico, ela não resistiu a oito dias sem atendimento na fila.
Janaínas não costumam morrer tão cedo, elas só passaram a existir depois que Leila Diniz deu esse nome a sua filha, nascida em 19 de novembro de 1971. A partir daí o nome que homenageia Iemanjá se tornou um favorito no Brasil. Entre as Janaínas que se destacaram está Janaína Conceição Paschoal, nascida em São Paulo em 1974, jurista, política e uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas nem todas alcançarão o sucesso como ela, que foi até convidada para vice de Bolsonaro. Muitas, provavelmente, são vítimas potenciais de feminicídio e outras podem até estar reservadas para o extermínio na fila, como a pobre da Janaína Nunes Araújo.
Woody Allen. Foto CBS |
Em Neblina e sombras, Donald Pleasence na mira do estrangulador; ao fundo, parte do letreiro Cul-de-sac. Foto Divulgação |
A marca registrada de Woody Allen: a fonte Windsor. Quase sempre ele escreve e dirige seus filmes; muitas vezes, atua também. |
Cena de Match Point: filme de Walter Salles em cartaz no Curzon Mayfair. Foto Divulgação |
O cineasta também tem seus escritores de estima. Em Match Point é Dostoievski de “Crime e castigo”, com a diferença de que o filme poderia se chamar Crime sem castigo. O romance do russo é citado também no mais recente Homem irracional: Joaquin Phoenix, um professor de filosofia especializado nos existencialistas, comete um “assassinato moral”, eliminando um juiz cruel especializado em desgraçar a vida alheia. Namora uma aluna – a única pessoa a saber que ele é o assassino. Quando outro homem é acusado do assassinato, namorada exige que o professor se entregue, ou ela o denunciará. Phoenix tenta jogar a jovem no poço do elevador, mas quem acaba caindo é ele, ao escorregar na lanterna de pilha que ele ganhou para ela na roleta de um parque de diversões em tempos mais felizes.
Os filmes de Allen estão cheios de discussões filosóficas e falam muito sobre o papel da sorte, ou do acaso, na vida ou na morte das pessoas. Tudo pode dar certo é outro filme que trata do tema. Cita até o Princípio da Incerteza de Heisenberg, mas Woody sabe lidar tão bem com o discurso intelectual (ou pseudointelectual) que nunca afasta o espectador, ao contrário, o atrai. Consegue se safar também quando cita a Melancolia de Ozymandias em Para Roma com amor. Esse filme, aliás, é parte de uma série de produções que fazem descaradamente a propaganda de cidades turísticas, como Meia-noite em Paris e Vicky Cristina Barcelona. Já chamaram Woody de o Midas do Celuloide: tudo em que ele toca vira ouro, sem comprometer o mérito do produto como obra de arte.
Foram 50 filmes nos últimos 54 anos, um presente anual para sua multidão de admiradores. Nos últimos tempos, ele se viu arrastado pelo tsunami moral do #metoo e injustamente cancelado. Mas Allan Stewart Könibsberg, nascido em 1º de dezembro de 1935 no Bronx e criado no Brooklyn, em Nova York, é osso duro de roer. Vamos torcer para continuar com ele por muito tempo mais.
por José Esmeraldo Gonçalves
A Copa do Mundo se aproxima e o assunto futebol ganha força fora do jornalismo especializado. As redes sociais questionam ultimamente se o torcedor deve comprar a nova camisa da seleção lançada essa semana. A discussão faz sentido e expõe opiniões distintas. Há quem ache que a camisa amarelinha deve ser resgatada do bolsonarismo que a tornou o uniforme de manifestações antidemocráticas. Outro grupo desistiu da amarelinha e considera que a extrema direita a emporcalhou de vez.
Em 1970, com a seleção na última hora invadida por militares - havia tantos milicos na comissão técnica que até parecia o atual governo - uma discussão semelhante agitava a esquerda: torcer ou não pelo Tri que seria usado pelo marketing da ditadura? Na época, à medida que o Brasil brilhava no México, a genialidade e a garra de Pelé, Rivelino, Tostão, Carlos Alberto, Jairzinho, Gerson e Brito e companhia conquistaram os torcedores. Alguns presos políticos confessaram depois em entrevistas e livros que ficou difícil não torcer pela seleção.
Pouco antes do Natal de 1969, embora a data da edição indique 1º de janeiro de 1970, a Fatos & Fotos publicou uma capa com Simonal fantasiado de Pelé e Pelé vestido de Simonal (curiosamente, como se vê, a revista deu mais importância à dupla de ídolos do que à morte do general Costa e Silva que teve direito apenas a uma chamada).
O cantor vivia o auge do sucesso, era uma unanimidsde nacional. Dois anos depois dessa capa, contudo, ele preparou para si mesmo uma tremenda armadailha: convocou amigos da polícia para pressionar seu contador, Raphael Viviani, e forçá-lo a admitir que havia desviado dinheiro da empresa Wilson Simonal Produções. A polícia, sabe como é, sequestrou e torturou Viviani que denunciou o crime e acrescentou que Simonal havia presenciado tudo. O caso explodiu nos jornais e nas revistas. Ao final, em rumoroso julgamento, o artista, condenado por extorsão e sequestro, foi preso por alguns dias, mas logo ganhou o direito de cumprir a pena em prisão domiciliar. Nunca foi inocentado, como muitos pensam, e a pena talvez pior do que o veredito da lei e que praticamente acabou com a sua carreira foi o boicote e o cancelamento, como se diz hoje. Ele também foi chamado de dedo-duro por alguns artistas, mas essa acusação nunca foi provada nem virou processo. Simonal tentou, por várias vezes, retomar o sucesso, mas a marca de ligações com a ditadura foi mais forte.
Em 1975, a redação da Fatos & Fotos, que funcionava no sétimo andar do prédio do Russell, foi surpreendida pela chegada de Simonal, o próprio. O cantor estava acompanhado de uma figura da Bloch, da publicidade, com notórias ligações com o meio policial do regime militar. Os dois conversaram com o diretor da revista sobre o desejo de Simonal de dar uma entrevista para a FF falando sobre a carreira, os novos rumos e passos, mas pediam a "garantia" de que a matéria não voltasse a falar do caso policial que havia sido objeto de várias matérias na Fatos & Fotos e na Manchete. A entrevista, pelo menos naquela ocasião, não foi feita, apesar de Simonal conhecer o repórter escalado, Luiz Carlos de Assis, da Amiga.
O Simonal dos tempos de sucesso tinha intimidade com a Bloch. As três revistas semanais da editora fizeram centenas de reportagens e entrevistas com ele, que atendia a todas, inclusive posar produzido para capas em horas de estúdio.
Na última quinta-feira, a propósito, a página Grandes Esquadrões e Grandes Jogadores, do Facebook, reproduziu a capa da Fatos & Fotos e recordou a polêmica acima, mas o principal tema do post era uma história sensacional. Simonal tinha passe-livre nos treinos e na concentração da seleção de 70 e se imaginava bom em tudo. Os jogadores bolaram uma pegadinha para o cantor convencendo-o que, com a dispensa inesperada do jogador Rogério, ele poderia ser convocado para preencher a vaga. Já estava no México, dizia que era bom de bola, argumentaram, mas Zagalo, que entrou na brincadeira, queria que ele particiasse de um treino. Simonal teria acreditado na gozação e o "treino" foi um desastre.
Leia a historinha completa no link abaixo
Mas quando fala isso, o Guedes quer mesmo é agradar Bolsonaro. Imediatamente depois das asneiras que diz deve telefonar babando para o chefe:
"Viu o que falei, presidente, viu, viu? Mandei bem, enquadrei os caras. Aprendi com o senhor. Conte comigo, estou aqui. Dona Michelle vai bem? Minhas lembranças para ela. Admiro sua senhora. E o senhor está com saúde? Graças a Deus. Tô gostando de ver. Vai ter 'live' hoje? Não vou perder. Um beijo no coração".
Veja o vídeo publicado no Figaro
https://video.lefigaro.fr/figaro/video/bresil-le-ministre-de-leconomie-juge-la-france-insignifiante/
Uma das fotos da matéria da Contigo: Geneviève, Jean Boghici e Sabine Boghici. A foto é de Márcio Nunes, reproduzida da edição de 20 de setembro de 2012. |
por José Esmeraldo Gonçalves
No começo dos anos 2000, a Contigo passou por uma reforma editorial que qualificou a revista como uma publicação que, além da cobertura de TV, seu campo de ação original, abria espaço para celebridades de todas as áreas: escritores, atletas, compositores, músicos, figuras da sociedade etc. Por volta de 2009, foi criada na revista uma rubrica chamada Gente & História destinada a entrevistas com personalidades selecionadas, era um espécie de espaço premium da Contigo. Como entrevistadores, a revista convidava, geralmente, escritores conhecidos.
A abertura da entrevista de Jean Boghici a Roberto Muggiati reproduzida da Contigo. |
Nesse trecho, a matéria cita Sabine Boghici |
Em 2012, como editor de redação na sucursal do Rio de Janeiro, chamei o jornalista e escritor Roberto Muggiati para colaborar na seção Gente & História. Uma das várias entrevistas que ele fez foi com o Jean Boghici, que foi fotografado por Márcio Nunes.
Colecionador e marchand, um dos maiores do Brasil, ele estava em evidência por um motivo acidental. No dia 13 de agosto, seu apartamento, uma cobertura na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, sofrera um incêndio que consumiu parte do imóvel. Ninguém se feriu, mas algumas obras de arte se perderam, entre as mais importantes, as telas Samba, de Di Cavalcanti, e Floresta Tropical, de Guignard. O colecionador ficou desolado. Mas a dor maior, como ele confessou à Contigo, foi a morte da Pretinha, sua gata de estimação.
Um dos quadros recuperados: O Sol Poente, de Tarsila do Amaral. |
Dez anos depois daquele incêndio, o sobrenome Boghici volta ao noticiário em um rumorosa caso policial. A Operação Sol Poeta da Delegacia Especial de Atendimento à Pessoa da Terceira Idade investiga um golpe milionário que teria sido comandado pela filha de Boghici, Sabine Boghici, e executado por ela e comparsas contra a viúva do colecionador, Geneviève Boghici, de 82 anos. Estima-se que o roubo somou mais de R$ 700 milhões.
O golpe começou em 2020. A viúva era mantida no apartamento, em cárcere privado, enquanto era ameaçada e extorquida pela quadrilha, que vendia as valiosas obras de arte e a obrigava a transferências milionárias. Foram roubados 16 quadros, joias e R$ 9 milhões em dinheiro. A polícia prendeu Sabine Borghici e os cumplíces Rosa Stanesco, a “Mãe Valéria de Oxóssi”, Gabriel Nicolau Traslaviña Hafliger, filho de Rosa, Jacqueline Stanesco, prima de Rosa e Diana; permaneciam foragidos Slavko Vuletic, pai de Diana e padrasto da Rosa, e Diana Rosa Stanesco Vuletic, meia-irmã de Rosa.
O golpe planejado por Sabine, segundo as investigações, começou quando, em ação combinada, a mãe dela foi abordada por uma mulher (que seria, segundo a polícia, Diana Stanesco), que se apresentou como vidente e lhe disse que Sabine estaria doente e não demoraria a morrer. Só escaparia caso fosse realizado um urgente "tratamento espiritual". Sabine convenceu a mãe a pagar pelo tratamento e, em apenas 13 dias, Geneviève tranferiu aos criminosos mais de 5 milhões de reais. Quando desconficou do golpe, a mãe de Sabine foi isolada - a quarentena determinada em função da pandemia de Covid ajudou a disfarçar o crime - e os funcionários da casa foram dispensados. Abriu-se, então, a oportunidade de roubo progressivo do patrimônio da idosa.
Do total de 16 quadros roubados, até agora apenas três foram recuperados, em São Paulo, e outros dois localizados em Buenos Aires.
Segundo a polícia, Rosa Stanesco Nicolau, a “Mãe Valéria de Oxóssi”, chegou a mandar Sabine Boghici, que seria sua namorada, a matar a mãe. Ainda de acordo com as investigações, os golpistas levavam os quadro sob a alegação de que precisavam ser "rezados".
Jean Boghici, que morreu em 2015, aos 87 anos, foi poupado do terrível e cruel drama familiar.
O casamento de imagem e música foi tão perfeito que nunca mais ouviríamos a velha valsa de Strauss sem a associarmos ao filme de Kubrick. Em 2016, no filme franco-germânico-austríaco Stefan Zweig: Adeus, Europa, um prefeito do interior da Bahia brinda o escritor com um “Danúbio” desafinado tocado por uma bandinha de coreto.
Em 2018, o então candidato a vice-presidente, general Mourão, declarou ao TSE que era indígena. Para a eleições desse ano, Mourão, agora candidato a senador pelo Rio Grande do Sul, diz que é branco.
Em menos de quatro anos, o general tomou um banho virtual de alvaiade e virou o Al Jolson brasileiro encenando "refilmagem" eleitoral de O Cantor de Jazz. Michael Jackson gastou milhões de dólares para embranquecer. Fez plásticas, evitou raios de sol e apelou para medicamentos. Mourão precisou apenas da caneta e de um formulário eleitoral.
Suspeita-se que os marqueteiros do agora nórdico Mourãosson temiam que os eleitores bolsonaristas do Rio Grande do Sul rejeitassem o indígena. (José Eesmeraldo. Gonçalves)
"A imperfeição é bela, a loucura é genial e é melhor ser absolutamente ridículo que absolutamente chato.”
· MARYLIN MONROE
Várias edições da revista Manchete, com Xuxa na capa, estão entre as "raridades" anunciadas. A Manchete se foi, Xuxa faz raras aparições na TV, os programas infantis no formato que ela e Angélica comandavam, ambas lançados pela Rede Manchete, não mais existem. As revistas com capas da Xuxa estão em leilão, lance mínimo de apenas R$1,00.
Câmera JVC |
Videocassete Sharp |
Antena externa de TV |
MinTV |
Teletrim |
Jô dizia que o processo que levou ao impeachment de Dilma "tinha cheiro de golpe". As "meninas" subiram nas tamancas. "É por isso que eu digo, com todo respeito à minha amiga Lúcia (Hipólito), tem cheiro de golpe. Você querer usar isso para depor"...
Jô não conseguiu completar a frase. A jornalista Ana Maria Tahan interrompeu bruscamente o apresentador. "Você é ingênuo!", imaginem, foi o que ela disse.
- "Quem é ingênuo"?, Jô se surprenedeu com a intervenção, mas continuou:
- "Se acontecer [o impeachment], não vai ser possível dar um jeitinho. E é por isso que o Brasil não acaba. Com tudo isso, vai se ajeitando, quebrando um galho aqui e outro. Agora, o que estou falando, não é que não é necessário, mas pode chegar a uma consequência que seria muito mais prejudicial ao Brasil do que a Lei da Responsabilidade Fiscal", afirmou.
E essa foi a previsão.
Jô foi foi um dos poucos jornalistas a entrevistar Dilma às vésperas do processo que levou ao golpe parlamentar. A entrevista aconteceu na madrugada de sábado, dia 13 de junho de 2015, e Jô foi massacrado por apoiadores do golpe na internet. Entre os detratores, estava o guru bolsonarista Olavo de Carvalho e o apresentador Danilo Gentili, relata Brasil de Fato.
Você pode ler a matéria completa do Brasil de Fato AQUI