sábado, 20 de agosto de 2022

Morte e vida Janaína • Por Roberto Muggiati

 

Janaína Araújo.
Reprodução TV
O governo brasileiro continua inovando. Criou agora o "Benefício de Prestação Descontinuada", uma espécie de Assistência Funeral muito eficiente. Destina-se a pessoas deficientes, de baixa renda (ou sem renda), incapacitadas de trabalhar. São colocadas numa fila em módulo “Esperando Godot” (Godot nunca chega...) até que morrem, desobrigando o governo do pagamento de um salário mínimo, dinheiro que será desviado sabe-se lá para onde...

Quem inaugurou o sistema no CRAS do Paranoá, DF – foi Janaína Nunes Araújo, 44 anos. Hipertensa, obesa, sofrendo de ansiedade, depressão e síndrome do pânico, ela não resistiu a oito dias sem atendimento na fila.

Janaínas não costumam morrer tão cedo, elas só passaram a existir depois que Leila Diniz deu esse nome a sua filha, nascida em 19 de novembro de 1971. A partir daí o nome que homenageia Iemanjá se tornou um favorito no Brasil.  Entre as Janaínas que se destacaram está Janaína Conceição Paschoal, nascida em São Paulo em 1974, jurista, política e uma das autoras do pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Mas nem todas alcançarão o sucesso como ela, que foi até convidada para vice de Bolsonaro. Muitas, provavelmente, são vítimas potenciais de feminicídio e outras podem até estar reservadas para o extermínio na fila, como a pobre da Janaína Nunes Araújo.

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