sábado, 11 de junho de 2016

"Fora Temer": povo protesta contra o golpe e denuncia tentativas neoliberais de retrocesso nas áreas sociais: da previdência à saúde, do meio ambiente à habitação...

SÃO PAULO




São Paulo. Fotos de Ricardo Stuckert/Instituto Lula e Paulo Pinto/agência PT

BRASÍLIA







Brasília. Foto de  Valter Campanato/Agência Brasil



RIO







Fotos de Fernando Frazão/Agência Brasil
Milhares de brasileiros foram às ruas, ontem, em 24 estados para protestar contra o golpe e gritar 'Fora Temer". Em faixas e cartazes, as multidões denunciaram as políticas que pretendem fazer retroceder o quadro social dos últimos anos nas áreas de previdência, saúde, educação e habitação, entre outras. O desmonte anunciado ultrapassa até mesmo medidas implantadas na última década em casos como os de políticas ambientais, agrárias e de demarcação de terras indígenas. Enquanto o mundo começa a questionar os resultados do neoliberalismo, que favoreceu apenas o mercado financeiro, o governo pós-golpe prioriza um política econômica ditada por especuladores.

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Gervásio Baptista visita o Palácio do Planalto e faz a crise rir...

Gervásio Baptista; emoção e...

...bom humor na visita do decano da fotografia, aos 94 anos, ao Palácio do Planalto, onde foi recebido pelo presidente interino. Fotos: Beto Barata/PR

Às vésperas de completar 94 anos, no dia 19 de junho, o fotógrafo Gervásio Baptista dava uma entrevista à TV Senado, na manhã de hoje, quando foi chamado ao Palácio do Planalto para um encontro fora da agenda com o interino Michel Temer. Gervásio é um habitué mais legítimo e uma testemunha mais íntegra da história política do Brasil do que muitos presidentes.

Pelas suas lentes já passaram Getúlio Vargas, Juscelino Kubistchek, João Goulart, o quarteto de ditadores militares, além de Tancredo Neves,  José Sarney (período em que foi fotógrafo oficial da Presidência), Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma. Para citar alguns gringos, John Kennedy, Fidel Castro e De Gaulle também posaram para o velho baiano.

A maioria passou ou vai passar. Gervásio ficou. É o decano da fotografia brasileira e uma lenda da Manchete.

Para a extinta revista, ele cobriu desde concursos de misses e Copas do Mundo à Guerra do Vietnã; da queda de Perón à Revolução dos Cravos; da Revolução Cubana ao golpe de 1964. É dele a última foto de Tancredo Neves, é dele a mais marcante foto de JK, a que mostra o presidente, cartola à mão, saudando a inauguração de Brasília e que foi capa da Manchete.

Por tudo isso, nesses tempos de crises e jogo político, o Planalto ganhou mais dignidade com a visita de Gervásio Batista. E bom humor também. Que este é uma das marcas do querido fotógrafo.

Universidade Federal do Paraná homenageia Daisy Benvenutti, ex-correspondente da Manchete na Itália e primeira aluna a se formar em Economia pela UFPR

Daisy Benvenutti. Foto de Samira Chami Neves/UFPR
Daisy Benvenutti; homenagem na UFPR. Foto de Samira Chami Neves




Daisy Benvenutti com a equipe da Desfile,em Veneza. A revista produzia especial de moda na cidade italiana.




A jornalista e economista Daisy Benvenutti, ex-correspondente na Itália da Manchete, Desfile e demais revistas da extinta Bloch Editores, foi homenageada pelo Coletivo Feminista, em evento realizado no dia 8 de junho, no Setor de Sociais da UFPR, como a primeira aluna a se formar em Economia, em 1953, pela Universidade Federal do Paraná.
VEJA EM VIDEO A TRAJETÓRIA DA JORNALISTA, CLIQUE AQUI

Assembleia de greve dos jornalistas de ‘O Dia’ e ‘Meia Hora’ será nesta terça-feira (14/06), às 15h

(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)

Participe da assembleia dos jornalistas de ‘O Dia’ e ‘Meia Hora’ para discutir os próximos passos e estratégias de mobilização da greve na Ejesa, que já dura 20 dias. A assembleia será nesta terça-feira (14/06), às 15h, no restaurante Miguelito (Rua dos Inválidos 204, Lapa).

O encontro da última terça-feira teve que ser transferido para o restaurante Miguelito por conta do fechamento imprevisto do restaurante Enchendo Linguiça – local onde a assembleia seria realizada anteriormente, e que constava no edital. Durante a assembleia, os jornalistas decidiram manter a greve com paralisações diárias à tarde na porta de jornal e deliberaram pelo envio de uma carta à direção da empresa pedindo a retomada do diálogo com os trabalhadores.

A realização da greve foi um verdadeiro ato de coragem dos jornalistas de ‘O Dia’ e ‘Meia Hora’ contra o descaso da empresa com o pagamento dos salários em dia – incluindo aí o 13º – e o cumprimento de direitos básicos, como o plano de saúde, o tíquete refeição e os depósitos de FGTS e INSS. Em 20 dias de pressão dos trabalhadores, com paralisações diárias na porta da empresa, a Ejesa pagou o salário atrasado de março, mas ainda não regularizou os de abril e de maio. Ainda há muita luta no horizonte.

Além de obstruir os escassos canais de diálogo com a comissão de redação e o Sindicato, a empresa demitiu ilegalmente uma dezena de jornalistas na semana passada – ferindo um princípio básico da lei de greve. A ilegalidade resultará em ações judiciais de reintegração (em que o trabalhador poderá retornar ao emprego e ainda receber o salário e os benefícios do período em que esteve afastado) e de indenização por danos morais.

Além de um passo importante para a luta dos jornalistas de ‘O Dia’ e ‘Meia Hora’ por seus direitos, a greve foi uma medida necessária para reduzir danos aos trabalhadores no cenário caótico em que se encontram as redações da Ejesa. É hora de intensificar a mobilização e a pressão sobre a empresa até que todos os salários, direitos e benefícios sejam regularizados.

Fonte: SJPMRJ

Procura-se o diretor de arte que sumiu com a perna esquerda de uma famosa atriz...


O seriado Pretty Little Liars, exibido no Brasil pela TNT Series, acaba de divulgar seu poster da nova temporada. Só tem um probleminha: Sasha Pieterse, a esquerda, ficou com apenas uma perna. O diretor de arte acionou a motosserra do photoshop e sumiu com a perna esquerda da garota.

Mobile View: nova tecnologia integra o digital ao impresso nas revistas da Abril...

por Ed Sá 
O Mobile View é a novidade da Abril para potencializar a interação entre as revistas da editora e os leitores.
A tecnologia permite que o usuário aponte a câmera do celular ou do tablet para a página e seja conduzido diretamente para o conteúdo digital exclusivo da publicação onde verá vídeos, galerias de fotos, gráficos etc.
A novidade acaba de estrear na Veja e nas próximas semanas chegará a Exame, Claudia, Estilo, Vip entre outros títulos.

Polêmicas na Alemanha: Uma brasileira acorda libidos em Munique e jogadoras alemãs tiram a roupa em Verl...

Reprodução/Twitter

por Clara S. Britto
A Europa tem muito com que se preocupar, da crise econômica e o desemprego até `a onda descontrolada de imigrantes, mas, nos últimos dias, a rede social registrou que facções moralistas do Velho Continente se incomodaram com, algo muito mais banal: um outdoor. Não se fala em outra coisa nos porões conservadores de Munique - onde Hitler já conspirou um dia - a não ser em um cartaz publicitário estrelado pela modelo brasileira Adriana Lima.  Segundo o jornal Süddeutsche Zeitung, a campanha publicitária da marca italiana Calzedonia está provocando polêmica. Já há até políticos denunciando  o outdoor como um "mau exemplo paras as jovens". Eu, hein?

Enquanto isso...
...Jogadoras alemãs mais liberais tiraram a roupa para comemorar a vitória em um torneio sub-19 de handebol na cidade de Verl. O time do Frederiksberg IF posou leve, solto e campeão ainda no vestiário e compartilhou a foto na rede social.
Reprodução


Memórias das redações - Conheça o site "FotoColeguinhas", de André Dusek, fotógrafo que trabalhou em Manchete e Fatos & Fotos


Reproduções do site FotoColeguinhas

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FMI admite que neoliberalismo é um fracasso




por Benjamin Dangl (para a Carta Maior)

Na semana passada, um departamento de investigação do Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou um informe no qual admite que o neoliberalismo é um fracasso.

O informe, cujo título é Neoliberalism: Oversold? (neoliberalismo: méritos exagerados?), é um sinal para que se abra uma esperança sobre a possível morte dessa ideologia.

O FMI está atrasado em apenas uns 40 anos. A jornalista canadense Naomi Klein escreveu um irônico comentário sobre o informe em seu twitter: “Então, os multimilionários criados (pelo neoliberalismo) devolverão o dinheiro, não é assim?”.

Muitas das descobertas do informe que atinge centro da ideologia neoliberal fazem eco ao que os seus críticos e vítimas vêm criticando há várias décadas.


“No lugar de promover o crescimento”, segundo o informe, “as políticas de austeridade impulsadas a partir das ideias neoliberais acabaram somente reduzindo as regulações, para limitar o movimento de capitais, o que, de fato, fez com que e aumentasse a desigualdade”.

Essa desigualdade “poderia por si só debilitar o crescimento…”. Portanto, segundo o informe, “os responsáveis políticos deveriam estar muito mais abertos à redistribuição (da riqueza) do que de fato estão”.

Entretanto, o informe omite alguns aspectos notáveis da história e do impacto do neoliberalismo.

O FMI sugere que o neoliberalismo foi um fracasso, mas que funcionou muito bem para 1% da população mundial, algo que sempre foi o propósito do FMI e do Banco Mundial.

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Juízes e promotores processam repórteres da Gazeta do Povo. Entidades opinam que ações configuram assédio judicial ao jornal




Repercute até internacionalmente a ação de juízes do Paraná contra cinco repórteres do jornal A Gazeta do Povo. Os magistrados se incomodaram com reportagens que denunciaram remunerações que ultrapassavam em mais de 20% o teto constitucional de R$30.417, 10..
As ações seguem uma tática que a Igreja Universal adotou há algum tempo ao processar jornalistas. Em uma espécie de logística processual, os juízes deram entrada na reclamação em diferentes cidades. São mais de 30 processos, o que obriga os repórteres a se deslocarem com frequência para dezenas de audiências, às vezes em datas quase coincidentes. Segundo a Gazeta, as reportagens tiveram como base informações públicas disponíveis do Portal da Transparência. O site Comunique-se revela que os repórteres pediram que o caso fosse levado ao STF já que os juízes e promotores locais que vão julgá-lo são parte interessada no processo, mas a ministra Rosa Weber negou  tal recurso. A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) vê o caso como de assédio judicial ao jornal. A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) apoia a Gazeta e os jornalistas intimidados. A Federação Nacional dos Jornalistas repudia o atentado à liberdade de imprensa e denuncia o constrangimento aos jornalistas.

Do Knight Center: WhatsApp cancela contas do jornal Extra

Fábio Gusmão, editor on line do Extra.
Foto reproduzida do Knight Center
por Heloisa Aruth Sturm (do Knight Center) 

O jornal Extra, do Rio de Janeiro, é conhecido internacionalmente como um pioneiro no uso de plataformas digitais de messagens, principalmente o WhatsApp, em sua comunicação  com milhares de leitores. Mais de 70 mil usuários do WhatsApp e leitores do Extra, no entanto, foram prejudicados pelo súbito cancelamento de contas do jornal porque os robots da plataforma de mensagens as identificam como possível spam, de acordo com o jornal.

Há duas semanas, a conta usada pelo jornal foi bloqueada pela quarta vez e, nesta segunda-feira, 6, o novo número divulgado há apenas quatro dias foi banido pelo aplicativo, afirmou Fábio Gusmão, editor online do Extra, em entrevista ao blog do Centro Knight para o Jornalismo nas Américas.
“O mais triste é que quando tem bloqueio por algum juiz, o CEO do WhatsApp faz um discurso liberátrio dizendo que são 100 milhões de brasileiros punidos. Mas e os meus 70 mil que são cadastrados e nos procuram? E as pessoas que estão agora neste momento sofrendo com abuso policial e nao têm canal pra falar com a gente?”, afirmou Gusmão.

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Atualização em 11/6 - O Extra informou ontem à tarde que sua conta no WhatsApp foi desbloqueada. Os leitores já podem voltar a enviar fotos, vídeos e áudios.

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Cantor Biel assedia repórter do portal IG e a revista Todateen tem que explicar às leitoras porque botou o funkeiro na capa...

Revista teve que explicar aos leitores porque pôs na capa
um cantor acusado de assediar uma repórter do IG. Segundo a editora da Todateen, a edição foi fechada
há várias semanas, antes da polêmica.
por Clara S. Britto
Nos últimos dias tem repercutido nas redes sociais uma denúncia de assédio sofrido por uma repórter do portal IG. A jornalista deu queixa à polícia após ter sido alvo de comentários e convites por parte do funkeiro Biel durante uma entrevista. O cantor a chamou de "gostosinha", além de revelar à jornalistas o que gostaria de fazer com ela: "Menina, se eu te pego, te quebro no meio".
Depois de receber milhares de críticas na web (tem também machistas que o defendem), Biel já prova algumas consequências do seu ato. A TV Globo suspendeu convite ao funkeiro para participações em programas, teria retirado da trilha sonora de uma novela um das músicas dele, até que a situação se esclareça totalmente, e a revista Todateen se justificou junto às leitoras porque a capa da edição que chegou às bancas é o Biel. A editora explica que a edição foi fechada há várias semanas, bem antes da polêmica.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Em comercial, Daniella Cicarelli ironiza os próprios "rótulos"...


por Clara S. Britto
Não deu certo como modelo, não deu certo como atriz, teve um casamento relâmpago com um ídolo mundial, ficou na geladeira e sumiu. São vários os "rótulos" pregados na imagem de Daniella Cicarelli. Este é o conceito, ou o texto reverso, de um comercial que a Cicarelli fez para a Nextel. O vídeo tem repercutido nas redes sociais. Há quem interprete a expressão "geladeira" também como uma leve estocada no ex-jogador Ronaldo, com quem ela se casou em um castelo, na França. Foi há mais de dez anos e o casamento durou 86 dias. Cicarelli também foi protagonista de um vídeo célebre e polêmico feito por um paparazzo espanhol, mas o comercial não invade essa praia. Por tudo isso, mais a carreira de apresentadora interrompida na TV, ela é a estrela do filme cujo tema são os "rótulos que não definem". A Nextel pretende, com a campanha "Tá nas suas mãos" (da agência LDC), fazer um paralelo entre os "rotulados" e sua própria imagem pública, ainda confundida com operadora que fornece apenas serviços de rádio.
O texto é inteligente e Daniella Cicarelli convence no seu surto cênico de "sinceridade".
VEJA  O VÍDEO, CLIQUE AQUI

domingo, 5 de junho de 2016

Mais de 50 anos depois do suspeito fim do bondes, o Rio recebe o VLT...

Foto de Fernando Frazão/Agência Brasil

Foto de Fernando Frazão/Agência Brasil

Foto de Fernando Frazão/Agência Brasil


Foto de Fernando Frazão/Agência Brasil

Foto: J.P.Engelbrecht/ Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro


A primeira linha do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que circula pelo Centro do Rio de Janeiro entrou em operação hoje, parcialmente, com apenas oito estações abertas e ainda sob horários restritos.
A inauguração da obra realizada pelo prefeito Eduardo Paes e que é um dos legados da Rio 2016 aconteceu neste domingo com direito a samba de Marquinhos de Oswaldo Cruz e atraiu cariocas de várias gerações, incluindo testemunhas do fim dos velhos bondes na cidade, nos anos 60. O Rio tinha, então, uma das maiores malhas ferroviárias urbanas do mundo. Uma canetada acabou com o sistema. O processo autoritário de extinção dos bondes correu sob suspeitas de corrupção, envolvendo interesses privados. O sistema foi substituído por contratos de compra de caríssimos ônibus elétricos que posteriormente  também foram retirados de circulação. A mesma decisão, que foi, além de tudo, burra (várias capitais da Europa modernizaram seus sistemas de bonde em vez de extingui-los) se repetiu com idêntica suspeição nas demais capitais brasileiras, com a desastrada e certamente lucrativa, para alguns, substituição por troleibus que, na maioria, não duraram muito.
Mais de 50 anos depois, o carioca volta a ter transporte sob trilhos nas ruas do Centro da cidade.


Plateia aplaude um "Fora Temer" no Programa do Jô


Aferir a popularidade do sem-voto Michel Temer é difícil já que o Ibope, geralmente sob encomenda do dinheiro público das confederações, e o Datafolha, por ter perdido o interesse, pararam de divulgar pesquisas a cada minuto como faziam na fase da conspiração do golpe sobre a popularidade de Dilma Rouseff. Mas as últimas pesquisas realizadas em abril e anteriores ao golpe dizem que se fosse candidato a presidente em eleições diretas Temer teria 1% ou 2% dos votos. Se for considerada a margem de erro de 3%, ele teria índice negativo e ficaria devendo voto ao eleitor brasileiro.
O indício mais recente de que o presidente do golpe é uma figura insignificante deu-se no programa do Jô Soares. Após ser entrevistado, o ator Guilherme Weber mandou um "fora Temer" e foi aplaudido pela plateia.
Veja o vídeo, clique AQUI

Delatores já são figuras obsoletas. Basta acessar a "nuvem": os dados estão todos lá... É só apontar o mouse-duro

por Omelete
O Brasil vive uma era de exaltação ao dedo-duro. No caso, cúmplices que livram a cara e ainda, pelos acordos, receberão milhões referentes a um percentual recuperado do total que ajudaram a desviar.

Sem entrar no mérito, ou demérito, caso a caso, a verdade é que a figura do 'cagueta' virou moda agora mas é frequente na história e no comportamento da brasileirada. Calabar, aliado dos portugueses, achou que Maurício de Nassau e a Companhia das Indias Ocidentais desembarcaram em Recife com mais grana do que os patrícios, com jeitão de quem vinha pra ficar, e passou a dar informações aos gringos. Deu-se mal porque portugueses, índios e negros se juntaram em Guararapes e botaram os holandeses pra correr.
E Calabar foi ser X-9 no céu.

Na Torre do Tombo, em Lisboa, há cartas que denunciam à corte mutretas de donatários nos tempos coloniais. A sangrenta Inquisição também montou uma vasta rede de delatores, que abasteceu de "hereges" prisões, salas de tortura e forcas, inclusive do Brasil Colônia. A delação institucionalizada sempre se ampara em "boas causas". No caso da Inquisição, matava-se e esquartejava-se em nome de Deus. Quer motivo maior?

A Bocca della Veritá, na entrada da igreja de
Santa Maria em Cosmedin, em Roma.
A boca recebia denúncias anônimas,
mas tinha o poder, segundo a lenda,
de morder quem estivesse mentindo.
A prática da 'caguetagem' tem dois símbolos universalizados: a Bocca della Veritá que, em Roma e Veneza, recebia denúncias anônimas, na maioria sobre conspiração, adultérios e bruxarias; e o indicador apontado, o célebre dedo-duro, o logotipo dos X-9.

Antes do golpe de 1964, organizações civis como o IBAD (Instituto Brasileira de Ação Democrática) e o IPES (Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais) incentivaram a delação de "comunistas" e montaram um rede de informantes, alguns até remunerados, que atuava em todo o país. É famosa, já sob o golpe, a devassa que houve na Rádio Nacional, poucos dias depois da derrubada de João Goulart, com demissões de "subversivos" com base em listão fornecida por colegas dedos-duros. Uma prática que foi reprisada em todo o Brasil, em centenas de repartições e até empresas privadas.

Na ditadura militar, a delação foi institucionalizada e, apesar de cada ministério e autarquia ter seu "serviço secreto" para vigiar servidores, foram recrutados dedos-duros avulsos em vários setores. Ser informante contava pontos no currículo para promoções ao longo da carreira.

No meio privado, em empresas e instituições, a delação também ganhou força. Arquivos liberados, hoje, no Rio e em São Paulo, revelam detalhes de reuniões estudantis, por exemplo, às vezes, meras discussões sobre jornaizinhos mimeografados sem grande expressão, com claros indícios de que, mesmo ali, entre jovens adolescentes, havia informantes infiltrados. Em várias redações, uns sujeitos suspeitos  eram geralmente contratados como "assessores". De fato, nem eram "suspeitos" já que pareciam "espiões portugueses" de óculos escuros, chapéu, bigode postiço e crachá indicando a função, tal a pinta que davam. Recentemente foram revelados documentos do Exército que pedem a atenção dos serviços de segurança a uma "campanha" promovida por alguns jornalistas contra "artistas colaboradores da Revolução". O documento sugeria que tais figuras estavam sendo perseguida por "subversivos" infiltrados na mídia. A mesma mídia, aliás, que também aderiu à caguetagem. O livro "Golpe de Estado", de Palmério Dória e Mylton Severiano, diz que o Globo denunciou 223 intelectuais que, segundo o jornal, "trabalhavam ativamente pela implantação do regime comunista no Brasil". Em dezembro de 1968, uma espécie de quadrilha institucional se reuniu para assinar o AI-5, que entre outras coisas suspendia direitos públicos e privados, incluindo aí a privacidade.

A tecnologia tende acabar com a figura, digamos, folclórica, do delator em modo artesanal. Como a agência norte-americana de espionagem, a NSA, já provou, smartphones, computadores, tablets, redes wifi, câmeras, rastreadores e uma infinidade de gadgets podem facilmente revelar mais informações sobre determinada pessoa do que um delator "pessoa física" jamais seria capaz de fazer. Todas essas informações ficam arquivadas em centenas de HDs. Um agente como o 007 cruzava o mundo em busca de uma informação. Hoje, Sua Majestade economizaria milhares de libras em passagens aéreas. Com um simples clique, James Bond pesquisaria todas as informações pedidas pelo M-16.

Pode crer: o dedo-duro como o conhecemos hoje já é obsoleto.

A delação, não. Basta consultar a "nuvem".

Os dados estão todos lá, de graça, em cumulonimbus carregadas, só esperando a hora da tempestade. Nem precisa premiar as delações. É só acionar o mouse-duro.