segunda-feira, 7 de março de 2016

O jornalista Sergio Costa, ex-Manchete e ElaEla, morre em Salvador, onde dirigia o jornal Correio


(do Correio da Bahia)
O jornalismo perdeu um de seus grandes mestres na noite deste domingo (6) em Salvador. Morreu o diretor-executivo do Jornal CORREIO Sergio Queiroz Costa, 55 anos. Ele foi vítima de um infarto em sua casa, em Salvador. Natural do Rio de Janeiro, Sergio veio para a Bahia em maio de 2009 para assumir a redação do CORREIO. Ele deixa mulher e três filhos.

Sérgio passou mal por volta das 18h40, em casa e foi socorrido por sua esposa, Rachel Vita. Médicos deram os primeiros socorros e uma ambulância do Samu chegou a ser acionada, mas o jornalista já estava sem os sinais vitais. O velório está marcado para acontecer nesta segunda-feira (7), das 7h às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Brotas, na Capela G.

Em setembro do ano passado ele passou para a diretoria-executiva do jornal, substituindo Luiz Alberto Albuquerque. Durante sua gestão no CORREIO, a equipe conquistou prêmios como Embratel, SND, INMA, Tim Lopes e foi seis vezes finalista do Esso. Sergio se formou em jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e fez MBA pela Fundação Dom Cabral. Na vida profissional, ele passou por grandes jornais como Folha de S. Paulo, O Dia, ambos no Rio de Janeiro, e atuou nas revistas Manchete e Ele e Ela, da Bloch Editores.

Amigos, colegas e autoridades lamentaram a morte de Sergio. O presidente da Rede Bahia, ACM Junior, ressaltou a competência e o profissionalismo do jornalista. “Perdemos um grande amigo, um grande profissional e uma grande pessoa humana. Competente executivo e jornalista de primeira linha, tinha o respeito e admiração de todos que conviviam com ele. Pessoas como Sérgio Costa sempre permanecerão nas nossas mentes e nos nossos corações. Que Deus conforte sua família e o acolha na sua infinita misericórdia”, disse.

Acionista e Diretora do CORREIO, Renata Correia lembrou que o diretor-executivo foi uma das principais peças para colocar o jornal como líder no mercado. “A imprensa baiana perdeu um grande jornalista, um profissional admirável, ético que colocou o Correio na liderança do mercado. Sérgio conquistou o respeito de todos e por tudo isto merece todas as homenagens”, ressaltou.

O prefeito de Salvador, ACM Neto, lembrou o perfil nato de liderança que o diretor-executivo tinha. “Foi um grande profissional e amigo, que veio para a Bahia e construiu um novo conceito de jornal que hoje é referência em todo o país. Além de sua competência e talento, Sergio Costa era, antes de tudo, uma pessoa que agregava, que fazia amigos. Muitos que o conheceram de forma profissional logo tornaram-se seus amigos. Um profissional equilibrado que sabia formar e cuidar de quem estava sob o seu comando”, afirmou.



(do G1/Bahia)

Jornalista Sergio Costa morre de infarto aos 55 anos, em Salvador
Sergio era diretor-executivo do jornal Correio desde setembro de 2015. 
Formado pela UFRJ, o jornalista tinha no currículo prêmios importantes.


O jornalista Sergio Costa, de 55 anos, morreu de infarto fulminante na tarde deste domingo (6) em Salvador. Ele era diretor-executivo do jornal Correio desde setembro de 2015; antes, ocupou o cargo de diretor de Redação por seis anos.
Sergio era carioca e se formou em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1982. Ele tinha especializações tanto na área editorial como em gestão administrativa, entre os quais um MBA  pela Fundação Dom Cabral. Com 34 anos de carreira, o jornalista já passou por veículos como Folha de São Paulo (sucursal Rio), O Dia (RJ), revistas Manchetes e Ele e Ela, da Bloch Editores, além da assessoria de imprensa da ONU em Nova Iorque.
No comando da equipe do Correio, ele conquistou prêmios jornalísticos importantes, como Embratel, Tim Lopes, e esteve seis vezes entre os finalistas do Prêmio Esso. No currículo dele há três premiações internacionais de excelência gráfica da Society for News Design, por edição de capas de jornais.
Sergio deixa mulher e três filhos. O velório acontece de 7h às 11h desta segunda-feira (7) no cemitério Jardim da Saudade, no bairro de Brotas. Depois, o corpo será levado para o Rio de Janeiro, onde será enterrado.
Pesar
O governador da Bahia, Rui Costa, que está na China em viagem oficial, lamentou a morte de Sergio. Lembrou que ele "adotou a Bahia para exercer a sua profissão". "A imprensa baiana perde um profissional que soube valorizar o seu trabalho e os colegas", escreveu.
O prefeito de Salvador, ACM Neto, por meio de uma rede social, também lamentou a morte do jornalista. "Um grande profissional de amigo, que veio para a Bahia e construiu um novo conceito de jornal que hoje é referência em todo o país. Além da competência e talento, Sergio Costa era, antes de tudo, uma pessoa que agregava, que fazia amigos", disse.
O presidente da Rede Bahia, ACM Junior, afirmou que Sergio era "competente executivo e jornalista de primeira linha, tinha o respeito e admiração de todos que conviviam com ele". Renata Correia, acionista da Rede Bahia e diretora do Correio, destacou que Sergio era um profissional "admirável, ético, que colocou o Correio na liderança do mercado".
João Gomes, diretor-executivo da Rede Bahia e presidente da Associação Baiana de Mercado Publicitário, declarou que "a Rede Bahia perdeu um profissional exemplar e a imprensa baiana perdeu uma referência de bom jornalismo". Para Moacir Maciel, presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade, foi "uma grande perda para o jornalismo e para o mercado". O presidente da Associação Baiana de Imprensa, Walter Pinheiro, reforçou que Sergio "contribuiu para o fortalecimento da imprensa baiana e nordestina".
Por meio de comunicado oficial, a Câmara de Vereadores de Salvador também lamentou a morte do jornalista. “Sergio Costa era um profissional respeitado que enriqueceu o jornalismo baiano. Além da competência na área jornalística, sempre buscava com diálogo, com equilíbrio e, sobretudo, com ética, o caminho do entendimento. Perdemos um amigo e neste momento de tristeza deixo em nome de todos os vereadores o nosso pesar. Que Deus conforte os seus familiares e amigos”, disse o presidente da Casa, vereador Paulo Câmara.

domingo, 6 de março de 2016

BRINCANDO DE ESPIÃO - O primeiro Natal do Muro de Berlim


POR ROBERTO MUGGIATI 

Berlim, inverno de 1961: o autor diante do Portão de Brandenburgo. Foto: Arquivo Pessoal


O jornalista no cenário da Guerra Fria. Ao fundo, a placa ACHTUNG! Sie verlassen jetzt WEST-BERLIN (ATENÇÃO! Você está deixando agora BERLIM OCIDENTAL). Foto: Arquivo Pessoal
E em uma ainda precária torre de vigilância (o Muro havia sido erguido apenas quatro meses antes) do lado ocidental do Portão, na Pariser Platz. Foto: Arquivo Pessoal

O filme de Spielberg Ponte dos Espiões me trouxe vivas lembranças da primeira visita a Berlim, em dezembro de 1961, quando o Muro tinha apenas quatro meses de idade. Eu diria – apelando para Shakespeare – que aquele foi o inverno do meu descontentamento. Terminara um curso de jornalismo em Paris, viajara o verão todo, vivera o sol da meia-noite na Finlândia e o sol do meio-dia na Itália e de repente, sem dinheiro, só me restava voltar para Curitiba.

"Ponte dos Espiões": Tom Hanks no papel de James Donovan,
o advogado que defende um espião soviético capturado
pelos americanos em plena Guerra Fria.
Como último recurso para ficar um pouco mais na Europa, lembrei o convite do governo alemão, feito ainda em Curitiba, antes de embarcar para a França. Reatei os contatos e, na noite de 10 de dezembro, um domingo, eu pegava um avião da BEA no aeroporto de Orly com destino à Alemanha. Depois de uma segunda-feira protocolar em Bonn, voei no começo da noite para Berlim. Aterrissei no aeroporto de Tempelhof vendo espiões por toda parte. A cidade me apavorava e ao mesmo tempo me fascinava. Imaginem uma megalópole partida ao meio: o lado ocidental, capitalista; o lado oriental, comunista. E essa metade capitalista estava incomodamente encravada em território comunista. Assim era a Berlim da época. Para tornar a divisão ainda mais concreta, os alemães orientais ergueram o Muro, na madrugada de 13 de agosto de 1961.
Madrugada de 13 de agosto de 1061:
começa a construção do Muro de Berlim.
Foto DP 
No dia anterior ao aniversário de quatro meses do Muro, fui levado por meus gentis anfitriões para posar diante do Portão de Brandenburgo. A série de fotos feita naquela terça-feira gélida, 12 de dezembro, foi distribuída para órgãos de imprensa de todo o Brasil. Uma delas mostrava o jornalista de 24 anos, representante da Gazeta do Povo, ao lado do sinistro cartaz: ACHTUNG! Sie verlassen jetzt WEST-BERLIN (ATENÇÃO! Você está deixando agora BERLIM OCIDENTAL). O Muro que eu vi de perto era uma muralha de blocos de concreto, cimentados uns sobre os outros, reforçada por cercas de arame farpado, além de 300 torres de observação, iluminação abundante, alarmes eletrônicos, centenas de cães de guarda, valas anticarro e antitanque e até arames de tropeço que disparam balas. Mais de 30.000 soldados orientais mantinham a vigilância ao longo dos 165,7 quilômetros totais — a soma do muro central (entre as duas Berlins) e das muralhas que separam Berlim Ocidental do território da Alemanha Oriental que a comprime – e oprime.
Em contraste com o frio das ruas, os alemães se mostraram muito calorosos. Além da tradição berlinense de hospitalidade, eles sabiam que sua própria sobrevivência dependia de um trabalho inteligente de relações públicas. Minha simpática personal interpreter, Ursula, levou-me um dia para almoçar num restaurante asiático. Atraiu-nos no cardápio um prato indonésio, Reistafel aos 48 temperos. O garçom disse era preciso encomendá-lo com 24 horas de antecedência. Encomendamos e voltamos lá no dia seguinte para saborear nosso sofisticado Reistafel. Às vezes eu me incorporava a um grupo de jornalistas brasileiros, também em visita oficial.
Montgomery Clift em "Julgamento em Nurembergue"

Judy Garland no mesmo filme

O Berlin Hilton em cartão postal dos anos 1960.  Então recém construído, o hotel era um centro nervoso
da Guerra Fria. Do terraço, era possível avistar os lados ocidental e oriental de Berlim.  
Uma noite fomos a um coquetel no terraço do Berlin Hilton, celebrava-se a estreia mundial do filme Julgamento em Nurembergue. Vi de perto meus ídolos Montgomery Clift e Spencer Tracy, e a musa do meu primeiro filme (O mágico de Oz), Judy Garland, uma ocasião rara: os três morreriam respectivamente cinco, seis e oito anos depois.
Curiosamente, o advogado interpretado por Tom Hanks em Ponte dos Espiões, James Donovan, foi o assistente do promotor dos EUA nos Julgamentos de Nurembergue, e o encarregado de apresentar as provas visuais. Por pouco não cruzei com James Donovan em Berlim: ele chegaria à cidade um mês depois, em fevereiro de 1962, para promover a lendária troca de espiões.
Na ilustração, o Ballhaus Resi, onde a Berlim do pós-guerra tentava recuperar o clima vintage da era dos cabarés.
A noitada mais divertida em Berlim foi no Ballhaus Resi, antigo salão de baile transformado em restaurante. O espetáculo no palco não era de humanos, mas de águas dançantes, “die schönsten Wasserspiele der Welt” — as mais bonitas do mundo. O salão imenso era todo tomado por mesas numeradas. Cada mesa era equipada com um telefone e um sistema de mensagens enviadas por “pneumáticos”: você via uma garota do seu agrado, escrevia um bilhete com o número das mesas (a sua e a dela), colocava o bilhete dentro de um cilindro e enfiava o cilindro na tubulação de ar comprimido que levava a mensagem à destinatária. (Era o autêntico “torpedo”, a expressão deve ter surgido daí...) Não só mandei, como recebi alguns torpedos: as garotas alemãs do pós-guerra já eram bastante salientes.
Era esse o clima da cidade sitiada que tentava recuperar o brilho da Berlim da década de 1920, os Anos do Cabaré. Mas o fantasma da Guerra Fria lançava uma sombra sobre tudo e sobre todos. Passados alguns dias, pedi para visitar Berlim Oriental, o “outro lado”. Não era uma descortesia, ao contrário, era tudo o que meus anfitriões queriam.
Enquanto a Berlim Ocidental – alimentada por verbas do mundo inteiro – era uma vitrine expondo as mais ricas benesses do capitalismo, Berlim Oriental era uma cidade pobre, escura e triste. Colocaram-me num ônibus de turismo que rodou uma tarde toda por Ostberlin. Foi uma visita insossa, coroada pela visita ao cemitério dos heróis soviéticos tombados na guerra contra o nazismo. Um imenso bloco de granito, que Hitler destinava ao Arco do Triunfo celebrando a vitória do Terceiro Reich, foi transformado num monumento aos gloriosos soldados vermelhos. Mostrei-me insatisfeito com a visita burocrática e meus obsequiosos anfitriões providenciaram no dia seguinte um táxi com um chofer autorizado a circular pelo lado oriental. Assim que atravessamos o famoso Checkpoint Charlie (ponto de travessia controlado pelos americanos), o chofer confraternizou demagogicamente com seus colegas orientais, oferecendo-lhes maços de cigarros. Apontava para a paisagem cinzenta e dizia: “Unterschiede! Unterschiede!” (“Veja só a diferença, o contraste!”) Após algumas voltas pela cidade, o táxi foi parar de novo no cemitério dos heróis soviéticos. (Ironicamente, 18 anos depois, visitando Berlim a convite, como editor da Manchete, repeti o mesmo roteiro com o infalível gran finale: a romaria ao cemitério dos soldados soviéticos.)
Houve ainda uma situação kafkiana em Berlim Ocidental: num centro de refugiados, entronizaram-me como uma espécie de juiz para ouvir e interrogar, com a mediação de intérpretes, um punhado de felizardos que haviam escapado do “inferno soviético.” Eram relatos cheios de horror, mas por vezes me pareciam ensaiados. Até que ponto eu podia confiar na sua sinceridade? Não passariam eles, como o chofer de táxi, de hábeis atores encenando uma farsa? No fundo, na sórdida guerra de propaganda da época, entre mortos e feridos não se salvou ninguém.
O mundo mudou, o Muro caiu, mas jamais esquecerei aqueles dias de desesperança da Guerra Fria, do tenebroso conflito entre duas ideologias que racharam o planeta ao meio, uma guerra travada no campo psicológico à sombra do terror nuclear. (Roberto Muggiati)

sábado, 5 de março de 2016

Odisseia espacial 2021: China vai a Marte comemorar os 100 anos do Partido Comunista

Jornada rumo a Marte: lançador Longa Marcha
por Jean Paul Lagarride
Segundo o Global Times, a China pretende pousar uma sonda em Marte, em 2021, como parte das comemorações dos 100 anos do Partido Comunista da China.
Apesar do cronograma apertado, Ye Peijian, comandante e piloto da nave Chang'e-1 e membro do partido, confia na missão. "Nossa equipe realizou o projeto de exploração lunar em 2013, como parte da missão Chang'e-3", disse, ressaltando que os cientistas chineses têm feito grandes avanços na questão de comunicação em distâncias acima de 400 milhões de quilômetros, mas alertando que a principal dificuldade será o pouso em Marte.

Ana Paula, que seria jornalista, é expulsa do Big Brother Brasil 16 por agredir um participante. Vale a piada: o jornalismo não precisava de mais essa crise...



Ana Paula dá um tapa em Renan. Reprodução
por Clara S. Britto
O Big Brother Brasil é visto como um programa desgastado, a cada versão perde audiência, mas resiste dentro dos novos padrões da TV aberta. A atual edição, a 16ª, tem se mostrado ainda capaz de gerar polêmicas. E tudo em torno de uma das participantes, que se apresenta como jornalista, a mineira Ana Paula Renault. Se há uma figura que personifique um tipo de personalidade corrente na atual e patética cena brasileira, a "coxinha", tá aí. O individualismo, a arrogância que fez questão de demonstrar, o fato de aos 34 anos ser sustentada pelo pai ex-deputado e atual presidente do Instituto de Previdência do Legislativo do Estado, parece um figurino sob encomenda.
Reprodução/TV Globo
Mas a pessoa agitou o programa com a sua notória agressividade. Rolou na web até a acusação, baseada em algumas trapalhadas do programa, como mudanças de regras, falso paredão, mudanças de apuração de votação etc,  de que havia o interesse da emissora em levá-la até o final.
Ana Paula voltou de quatro paredões. A casa a mandava embora e o público, desconfianças à parte, a mantinha dentro. Ela era a vilã, odiada e amada.
Só que nessa madrugada, Ana Paulo levou longe demais o seu papel e agrediu aos tapas um participante, o Renan. A Globo foi obrigada a expulsá-la do programa.
Foto Tatá Barreto/TV Globo/Divulgação
Foi a primeira vez que um participante foi chutado por ato de violência.
O que não se sabe é se, assim como houve um falso paredão, alguma nova interpretação, a armação de uma cena de pedido de desculpas em rede nacional, por exemplo, trará de volta a Ana Paula em versão soft. Como os próprios diretores admitem: tudo é possível no BBB.

Deu no Sensacionalista: a nova estratégia de defesa de Lula

Sensacionalista/Reprodução


Na luta pela sobrevivência, tem jornal impresso virando casa de apostas e agência de turismo


por Ed Sá
Para assegurar "um futuro sustentável a longo prazo", o inglês The Sun vai passar a funcionar como empresa de apostas e operador de agências de viagens, além de produzir notícias. Isso mesmo que você leu e é o que diz o jornal português Diário de Notícias.
Não se trata apenas de uma metamorfose restrita ao tradicional jornal inglês. Em todo o mundo, a mídia impressa busca alternativas. Haja criatividade. A mídia brasileira tem optado por soluções mais convencionais. Brindes, produção de conteúdo patrocinado e eventos. No momento, a estratégia mais comum nos grandes jornais brasileiros é a produção de eventos e seminários sobre os mais variados temas. Em um momento de crise, com o governo federal cortando verbas, os jornais do eixo Rio-SP têm se beneficiado do Sistema S, o patrocinador mais visível dessa proliferação de seminários e debates.  O outro eixo são os publieditoriais encomendados. Os principais veículos brasileiros criaram estúdios especializados em criar matérias com aparência jornalística para promover produtos do cliente. Nesse fim de semana mesmo, algumas revistas e jornais foram engajados em uma grande ação da Netflix de promoção ao lançamento do seriado House of Cards. Francis J. Underwood, interpretado por Kevin Spacey, está bombando na web em páginas e capas simuladas

Mas o caminho escolhido pelo The Sun é inovador. Em um país com grande tradição de apostas - cerca de 15 milhões de pessoas apostam regularmente -, o jornal certamente escolheu uma estratégia que direta ao seu público. Trata-se de uma parceria com o futebol inglês e a casa de apostas australiana Tabcorp para lançar Sun Bets, as apostas do Sun. Leia o jornal mas faça o jogo, é o mapa do caminho do Sun para sair do buraco.

O jornal também se tornará operador de turismo, aproveitando a divulgação dos seus cadernos de viagens. Em vez de publicar elogios sobre determinados destinos para onde vai "a convite", apenas em troca de passagens e hospedagens, deixando que agências de viagens faturem com a grana do seus leitores viajantes, o jornal montou sua própria estrutura de vendas de passagens e hospedagens.

Faremos qualquer negócio, parece sinalizar o editor. Não há dúvida de que os jornais vão continuar vendendo informação mas vão ser amparados, a cada dia mais, por novas plataformas de negócios. Especula-se que, no momento, as grandes corporações da mídia brasileira, com os juros nas alturas, como defende em editorias, está faturando mais no mercado financeiro do que nas suas atividades-fins. Mas essa é outra história. Falamos aqui, nessa análise, apenas do que diz respeito aos leitores.

Na verdade, imagine, apenas para ilustrar a nova era, que a velha mídia nada mais fará do que imitar simbolicamente o jornaleiro da esquina. O "italiano" que vendia basicamente jornais e revistas foi obrigado a transformar seu quiosque em ponto de venda dos mais diversos produtos: de refrigerante a recarga de celular, de brinquedos a doces e balas, de máscara de Cerveró a remédio pra queda de cabelo. É isso: não tá fácil pra ninguém.

CAMPANHA DA NETFLIX (HOUSE OS CARDS) EM REVISTAS E JORNAIS BRASILEIROS





A volta dos "Ghostbusters". Veja o trailer...

por Clara S. Britto
Vem aí o novo Caça-Fantasmas. Dan Aykroyd, Bill Murray, Ernie Hudson, Annie Potts e Sigourney Weaver, do elenco original, fazem participação. farão participações especiais. Chris Hemsworth também está no elenco como o secretário das Caça-Fantasmas. O diretor Paul Feig garante que fez um filme mais assustador e engraçado do que as primeiras versões, dessa vez com a ajuda de estrelas como Kristen Wiig, Melissa McCarthy, Kate McKinnon e Leslie Jones. no roteiro, tudo começa com um livro que defende a teoria de que fantasmas são totalmente reais. O filme estreia em julho, nos Estados Unidos. VEJA O TRAILER, CLIQUE AQUI

Diário espanhol El País passará a ser essencialmente digital

Mais um jornalão entrega os pontos. El País vai priorizar a internet. Mas ainda manterá, por uns tempos, a edição  impressa. "Até quando der" - informa o diretor Antonio Caño. Em carta aberta, ele anunciou a mudança: "Chegou o momento da transformação do El País num jornal essencialmente digital, numa grande plataforma geradora de conteúdos (...). Avançamos, ao mesmo tempo, na construção de um grande meio digital de cobertura global que possa responder às exigências dos novos e futuros leitores".prometedora".

Jornalistas acreditam que El País irá reduzindo aos poucos a tiragem impressa. E o próprio diretor é cauteloso: "Mas isso não significa que a batalha esteja ganha e a nossa sobrevivência garantida".A "revolução" que afeta os meios de comunicação social continua em curso e "o panorama é ainda muito confuso". Caño constata a progressiva transferência de leitores do meio impresso para o digital e vê alguns risco na nova mídia em forma de ameaças como os bloqueadores de publicidade e a "instalação da cultura da gratuitidade".

Ricardo Kotscho escreve sobre o pronunciamento de Lula após o ex-presidente ser solto pela PF

por Ricardo Kotscho (do Balaio do Kotscho)
Aos 44 minutos do segundo tempo, com seu time todo na defesa, quando parecia que o jogo estava decidido a favor dos adversários, o velho Lula foi ao ataque sozinho e mudou tudo de novo.

Quando saí para almoçar, a Lava Jato estava ganhando de goleada em todos os noticiários e comentários nos portais e nas TVs, que acompanhei desde cedo, ao ser acordado pela minha filha Mariana.

Volto duas horas depois, e o jogo já era outro. Aconteceram dois fatos novos e inesperados: Lula falou e, para minha surpresa, as emissoras de televisão transmitiram seu discurso ao vivo. Até antagonistas ferozes do PT vieram me contar que ficaram impressionados com seu discurso.

De fato, fui ver na internet, e o ex-presidente me lembrou seus melhores momentos no estádio de Vila Euclides, quando falava só para metalúrgicos em greve e se tornou, em pouco tempo, uma liderança política nacional, na passagem dos anos 70 para os 80 do século passado. Ali nasceria o PT. Eu estava lá.

Após quatro horas de depoimento numa sala do aeroporto de Congonhas, para onde fora levado pela Polícia Federal, sob "condução coercitiva", por ordem do juiz Sergio Moro, em vez de voltar para casa Lula foi para a sede nacional do PT, no centro velho de São Paulo, junto á praça da Sé, onde deu a sua resposta na linguagem crua que todos os brasileiros conhecem:

"Embora tenham me magoado, e eu tenha me sentido ofendido, ultrajado, apesar do tratamento cortês do delegado da Polícia Federal, queria dizer, se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo e a jararaca está viva."

Lula bateu duro na imprensa e no Ministério Público Federal. "Hoje, a primeira coisa que você faz é determinar quem é o criminoso e depois vai criar os crimes que ele cometeu. Eu, sinceramente, já passei por muitas coisas na vida, não sou de guardar mágoas, mas nosso País não pode continuar amedrontado. Não pode ver um juiz que ganhou premio da rede Globo, da revista Veja, e depois ter que prestar contas(...). É lamentável que uma parcela do MP esteja trabalhando em associação com a imprensa".

Nem o PT escapou da sua indignação. "O que aconteceu hoje era o que precisava para o PT levantar a cabeça.  Todo santo dia alguém faz o PT sangrar. A partir da semana que vem, quem quiser um discursinho do Lula, é só acertar a passagem de avião que eu estou disposto a viajar por esse País. Não é possível ver um País como o nosso sendo palco de um espetáculo midiático".

Em seu velho estilo palanqueiro, Lula ironizou as investigações que estão sendo feitas e denunciadas pela imprensa sobre dois pedalinhos de seus netos que foram encontrados no agora famoso sítio de Atibaia, um dos alvos da Lava Jato. "Se eles estão preocupados com os pedalinhos que a Marisa comprou por dois mil reais para os netos, eu gostaria de dizer que, se pudesse, dava um iate para ela. Eu quero saber quem vai me dar o apartamento, se é a Globo ou o Ministério Público. A Globo bem que poderia me oferecer um triplex em Paraty".

Ao chegar de volta à sua casa em São Bernardo do Campo, agora no final da tarde, Lula sentiu a mudança do vento: em lugar de conflitos entre manifestantes, como aconteceu de manhã, encontrou uma festa à sua espera, com a pequena multidão cantando "olê, olê, olá, Luuuula, Luuuuula", o refrão do jingle da sua primeira campanha presidencial, em 1989. Entre o passado e o presente, o nosso futuro balança, ao sabor dos ventos.

E vamos que vamos.

Acesse o Balaio do Kotsho, clique AQUI

sexta-feira, 4 de março de 2016

Prêmio Petrobras de Jornalismo 2015 tem recorde de inscrições

A edição 2015 do Prêmio Petrobras de Jornalismo teve um número recorde de inscrições: foram 1.255 reportagens recebidas entre 26 de outubro de 2015 e 26 de fevereiro de 2016, contemplando todas as regiões do país. O tema com mais inscrições foi Responsabilidade Socioambiental, com 433 trabalhos. A categoria especial Transparência e Governança Corporativa teve 71 reportagens inscritas.
A edição 2015 engloba matérias veiculadas entre 10 de abril de 2014 e 9 de julho de 2015 em jornais, revistas, emissoras de rádio e de televisão e portais de notícias na internet, nas categorias Nacional e Regional. Os temas são Petróleo, Gás e Energia; Responsabilidade Socioambiental; Esporte; Cultura e Fotojornalismo, além de Transparência e Governança Corporativa. Também será premiada a melhor matéria internacional feita por correspondente residente no Brasil.
Ao todo, serão distribuídos 34 prêmios, 17 da categoria Regional, 14 da Nacional, um da Internacional e um para a Especial (Transparência e Governança Corporativa), além do Grande Prêmio Petrobras de Jornalismo, para a melhor matéria inscrita entre todas as categorias e/ou veículos. Na edição 2015 será dado um único prêmio para reportagem veiculada em emissoras de rádio.
Os trabalhos serão avaliados em duas etapas. Na primeira, uma Comissão de Pré-Seleção, composta por oito jornalistas, vai selecionar 10 finalistas de cada categoria e tema. Na segunda etapa os trabalhos finalistas serão avaliados pela Comissão Julgadora, composta por seis profissionais renomados da imprensa. Os vencedores serão conhecidos em maio.

Fonte: Gerência de Comunicação/Petrobras


Globo News trolada ao vivo...


Se é ao vivo, segura aí. Um manifestante invadiu a imagem da Globo para mandar seu recado sobre o polêmico e abafado refúgio global, em Paraty, nesses dias de calor. A repórter Marina Franceschini olhou de lado, até parece que deu um "beijinho no ombro", e seguiu em frente. A trolagem foi no Congresso Nacional.

Colunista do Huff Post quer saber o que o pênis do Donald Trump tem a ver com política

"Desculpe-me, Trump, o que seu pênis tem a ver com política?" Foi a pergunta que a jornalista Amy Gibson fez ao pré-candidato à Casa Branca. Tudo porque o último debate dos republicanos na TV virou, segundo ela, um estranho concurso para ver que tinha o pau maior. "Foi um debate vulgar e absurdo que, literalmente, ficou abaixo da linha da cintura com Trump se gabando do tamanho de sua masculinidade". Trump insinuou que o adversário Marco Rubio tem mãos pequenas, e, como resultado, um pênis pequeno. Este respondeu que ele não devia se preocupar, estava tudo bem com o seu pênis.
A jornalista achou que esse tipo de observação cairia melhor no programa Saturday Night Live. "Trata-se de eleger um líder e não o tamanho do pênis do candidato", escreveu ela, que ilustrou sua coluna com um Trump fazendo biquinho redondinho, eu hein?, e carão de bombshell.

Patrões do rádio e tevê usam TJ para retirar direitos dos jornalistas ao piso salarial

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Sindicato dos Jornalistas de São Paulo divulga manifestos


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"Amanhã constroem um paredão na praça dos Três Poderes". A frase, acredite, é de Marco Aurélio de Mello


Deu no Sensacionalista...


Essa é a piada do ano? Vazamento? Como assim?


Isso deve ser um indício de que as revistas de fim de semana devem vir com esse vazamento. Tudo vaza, dizem que há até o vazador da Veja, o vazador da Época, o vazador da Folha etc, como uma espécie de equipe de reportagem frila ponto 2.


Em plena madrugada, horas antes da operação, o editor da revista Época já dava likes para a tropa de choque da PF. Como será alvo de novas investidas, o ex-presidente Lula tem sido aconselhado a pegar o celular do jornalista para se informar melhor sobre as fases da Lava Jato. Pelo menos, pode reservar com antecedência uma muda de roupa antes da chegada do aparato a São Bernardo. A imagem acima foi reproduzida da internet.

LUIZ INÁCIO FALOU...


Lula fala na TVT (TV dos Trabalhadores). Foto: Paulo Pinto/Fotos Públicas
PRONUNCIAMENTO DO EX-PRESIDENTE LULA APÓS SER LIBERADO PELA PF. 

PARTE 1 - CLIQUE AQUI

PARTE 2 - CLIQUE AQUI

Deu no DCM: "É HORA DE DEFENDER NAS RUAS NÃO LULA — MAS A DEMOCRACIA AMEAÇADA"


(por Paulo Nogueira, do DCM) 
Não é hora de atear fogo às vestes. Os dados estão rolando. Não estamos vivendo um novo 31 de março de 1964.
Não ainda.
A Operação Aletheia – que deveria se chamar Operação Globo – não define nada. Seu mérito maior, se é possível usar essa expressão, é revelar as intenções da Lava Jato e Sergio Moro, sob  as bênçãos dos Marinhos e, por extensão, da plutocracia.
O objetivo jamais foi erradicar a corrupção, mas derrubar o governo e acabar com Lula. (No triunfo supremo do cinismo, Aletheia é uma palavra grega que significa busca da verdade.)
A sequência dos acontecimentos é clara quanto a isso: o vazamento pela PF da alegada delação de Delcídio, o Jornal Nacional de ontem com conteúdo assassino e, na manhã desta sexta, um enxame de policiais fortemente armados para capturar Lula.
Tudo isso às vésperas de uma manifestação pró-impeachment.
A grande questão, agora, é como os defensores da democracia – não estamos falando apenas de petistas – reagirão.
A verdade estará nas ruas.
Caso os antigolpistas reajam como vigor – atenção: não confundir com violência – o golpe será abortado. Caso corra sangue de brasileiros, o que seria uma tragédia, todos sabemos de quem é a culpa: dos mentores da ação desta manhã.
Não é hora de lamentar a apatia suicida com que o governo tratou a Lava Jato. Como o ministro da Justiça recém-saído pôde cruzar os braços diante das barbaridades cometidas por Moro e pela PF? Como, em nenhum momento, o PT expôs a face real da Lava Jato? Como os governos Lula e Dilma continuaram a dar verbas bilionárias de publicidade para uma empresa com um histórico notável de golpes contra governos populares?
Isso tudo, as bobagens cometidas no meio do caminho, deve ser analisado depois.
Agora é hora de defender nas ruas não Lula, não o PT, não Dilma – mas a democracia.
LEIA NO DCM, CLIQUE AQUI

Movimentos sociais vão para a rua em protesto contra a articulação golpista


Dretórios do PTe movimentos de apoio ao ex-presidente Lula articulam-se para a realização de um ato público previsto para às 18h desta sexta-feira. O ex-presidente Lula, que foi liberado após prestar depoimento na Polícia Federal, foi ao encontro dos manifestantes no diretório nacional do PT.
“Vamos entrar a partir de hoje em estado de vigília. Estamos em alerta permanente. Convocamos toda a militância da CUT, dos partidos progressistas, das demais centrais amigas nossas para entrar em estado de alerta, porque o que está em jogo é uma tentativa de liquidar uma liderança do movimento operário e sindical brasileiro”, declarou o diretor executivo nacional da Central Unica dos Trabalhadores, Júlio Turra, durante encontro realizado um pouco antes do meio dia no diretório petista da cidade de São Paulo.
E a CUT lança a  'Frente Ampla em Defesa de Lula" e orienta as CUTs Estaduais e todos os seus sindicatos a iniciar imediatamente a luta para impedir este golpe. A primeira orientação para as CUTs Estaduais e sindicatos é construir a unidade em defesa do presidente Lula com todos os movimentos democráticos.
Vamos começar com uma vigília permanente no lugar mais apropriado em cada uma das cidades – pode ser a sede da CUT, um sindicato -, enfim, um local onde a militância possa demonstrar que está unida em defesa de Lula, enquanto aguarda orientações sobre os próximos passos.
É importante ter em mente que: 1) temos de organizar a luta; 2) fazer a vigília; 3) ação permanente será comunicada durante o dia de hoje.

Deu no JB: reação ao golpe

(do JB)
O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da OAB-RJ, alertou em vídeo em sua página em rede social que mandado de condução coercitiva só acontece quando alguém é intimado a depor perante o juiz e não comparece. Para ele, a ação da Polícia Federal contra o ex-presidente Lula na 24ª  fase da Operação Lava Jato é um "sequestro". O deputado ainda convocou a população para lutar contra o "golpe de Estado" que está em curso.

"Meus amigos, não nos iludamos. O que está em curso hoje aqui no Brasil é um golpe de Estado. Não aquele golpe clássico que os tanques vão para as ruas, as baionetas são apontadas, mas um golpe perpetrado pelo sistema de Justiça brasileiro, associado aos grandes meios de comunicação", ressaltou o deputado.

"Golpe de estado não se assiste de braços cruzados. Ou nós reagimos, ou nós asseguramos a nossa democracia que custou tanto sangue, custou tantas vidas para ser conquistada, ou nós vamos entrar num retrocesso sem precedentes", completou.
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Vazou, Istoé: a matéria que nasceu na calada da noite, a clonagem de uma capa histórica e a análise de uma polêmica edição


O jornalista Luís Costa Pinto foi o autor de duas matérias importantes no início do processo de impeachment de Fernando Collor: “Os Tentáculos de PC Farias” e “Pedro Collor Conta Tudo”. Ontem, Costa Pinto escreveu no Facebook o texto transcrito aqui no qual analisa a edição especial da revista Istoé, já nas bancas, com a suposta delação premiada de Delcídio Amaral, até aqui não reconhecida pelo próprio. 


1990: a famosa capa da Veja, ...

...que a Istoé desta semana, em edição especial a partir de documentos vazados, relacionou com a polêmica matéria sobre uma suposta delação
premiada do senador Delcídio do Amaral
por Luís Costa Pinto (do Facebook do autor)

Sobre o jornalismo e as
capas que “contam tudo”

"A revista Istoé antecipou sua edição do próximo fim de semana para hoje, quinta-feira.
Antes de analisar qualquer coisa, o ato de antecipar a circulação da edição impressa só mostra quão difícil é pensar as publicações nos dias de hoje.
Modernos fossem, os editores de Istoé podiam ter arrebentado numa edição eletrônica e podiam resguardar a outrora preciosa edição impressa para oferecer a seus leitores uma cobertura espetacular sobre os desdobramentos da crise. Afinal, revistas nasceram para analisar em profundidade os cenários e para explicar o porquê dos fatos.
Mas esse foi só um desacerto editorial. Deixemo-lo de lado.
Na capa da edição, o título ‘Delcídio Conta Tudo’ e uma foto do senador do PT do Mato Grosso do Sul com ar soturno e a cabeça levemente inclinada para baixo.
A ambição, inconfessa, contudo evidente e descarada, é remeter os mais velhos à histórica capa de Veja ‘Pedro Collor Conta Tudo’, de autoria central minha, mas fruto de um amplo e espetacular trabalho de equipe – repórteres, editores, correspondentes e diretores – num formato de redação e de publicação que já não existe mais. Não existe. Mimetizar a força de uma capa por similaridades gráficas é mais que equívoco: é má fé.
O texto de Istoé relata o acesso que a repórter teve a um texto que seria parte de uma delação premiada, não homologada, do senador Delcídio Amaral. No rol de denúncias, supostos fatos que serão graves se forem verdadeiros.
Alguns deles:
1- A presidente da República e o ministro da Justiça teriam feito gestões junto ao presidente do Supremo Tribunal Federal numa reunião extrapauta, no Porto, para que Ricardo Lewandowiski ajudasse num processo de esvaziamento da Operação Lava Jato.
2- A presidente da República teria pedido ao líder do Governo no Senado, o próprio Delcídio, para que ele confirmasse com um futuro ministro do Superior Tribunal de Justiça se ele concederia habeas corpus aos presidentes de duas empreiteiras – Odebrecht e Andrade Gutierrez – tão logo assumisse a vaga no STJ. E que o presidente do STJ teria auxiliado nessas gestões.
3- Que Dilma Rousseff, então ministra da Casa Civil, soubera com todos os detalhes do passo a passo da compra da refinaria da Petrobras em Pasadena (EUA).
4- Que Dilma Rousseff, então ministra de Minas e Energia e da Casa Civil, havia articulado com a CPI dos Bingos para que seu nome não fosse tratado lá dentro.
Não vale descer ao rol quilométrico de versões elencadas no papelório divulgado por Istoé, mas:
1- Delcídio Amaral nega a delação. Seus advogados, idem. Um dos advogados de Amaral é ex-presidente do STJ, Gilson Dipp, operador do Direito que construiu sólida reputação em Brasília. Eles não foram procurados antes da publicação do texto. Sequer para confirmar ou negar a existência da delação – ou para ajudar a melhorar a “apuração”. Por que?
2- O presidente do STF, Ricardo Lewandowiski, em que pese ter sido “elogiado” na edição de Istoé, não foi procurado antes da divulgação da revista. Por que? Deveria ter sido procurado, até para dar detalhes da conversa ocorrida no Porto, em Portugal. Lewandowiski negou que tenha ocorrido abordagem não-republicana na conversa entre ele, a presidente e José Eduardo Martins Cardozo.
3- O presidente do STJ também não foi procurado por repórteres de Istoé para dizer o que houve naquelas supostas gestões – para melhorar, para tentar derrubar a “apuração”. E até mesmo as reações dele já seriam notícia, em si, numa eventual reportagem.
4- O ministro Marcelo Navarro nega ter existido a conversa citada na suposta delação também negada. E também não foi procurado por repórteres de Istoé. Por que? Mesmo que Navarro negasse, havia reportagem se fato houvesse.
5- Regressar à compra de Pasadena, dizendo que Dilma sabia o que se passaria na reunião que levou à efetivação da compra da refinaria nos EUA, é chover no molhado numa obra já feita: a presidente já dissera, em outro momento, que soubera da compra por relatório preliminar – mas que não o lera antes da reunião do Conselho da Petrobras. E isso não é crime, é notícia velha. Por que não citar, em um parágrafo, que ela sabia o que já dissera que sabia?
6- A CPI dos Bingos não tinha rigorosamente nada a ver com Dilma. Nada. Foi ela, a CPI, a responsável por levar à queda de José Dirceu do ministério da Casa Civil. E Dilma assumiu o posto dele. E naquele momento ela não era nada, não era ninguém, no horizonte político nacional. Lula tirou o nome de Dilma da cartola depois da posse para o segundo mandato – e ali a CPI dos Bingos já não existia mais.
7- De resto, no texto da revista há dois parágrafos remetendo à renovação da tese do impeachment que não nasceram da pena jornalística. Saíram de uma mente policialesca. São indícios de digitais.
De volta ao jornalismo e ao trabalho que dá apurar reportagens que fazem, fizeram ou podem fazer História – e para desautorizar a remissão de Istoé à capa “Pedro Collor Conta Tudo”, de Veja:
A entrevista de Pedro Collor a Veja não foi nem o início, nem a bala de prata da crise política que levou ao desfecho do primeiro impeachment da História. Foi apenas o curso de um processo que se iniciara havia mais de um ano no cultivo de uma fonte, no trabalho de convencimento para que falasse o que sabia, na demonstração de independência do veículo (no caso, a revista) em relação ao governo com a publicação de reportagens anteriores que eram evidentemente ruins para o presidente de então (o do irmão de Pedro Collor). Mas no curso daquele processo uma vasta equipe de profissionais da revista colocou a apuração à frente de tudo – tínhamos certeza de que os rios de fatos correriam para o mar da boa apuração. E se deu assim, e não só na Veja. No meio do processo outras publicações deram furos essenciais para o processo – inclusive Istoé, com a revelação do motorista Eriberto França.
A entrevista de Pedro Collor a Veja não decorreu da eleição de uma publicação, pelo entrevistado, em detrimento das outras publicações. Longe disso: comecei a me aproximar de Pedro Collor em agosto de 1990, quando entrei em Veja, por orientação e sugestão de editores da revista. Minha área de responsabilidade ia de Alagoas ao Piauí, com base no Recife, e Pedro era a principal fonte próxima do poder federal nessa área. Por mais de um ano mantive uma rotina de ir a Maceió quase semanalmente com um único objetivo: consolidar a fonte. Isso era estratégia de jornalista, e empresas jornalísticas ousavam fazer esses investimentos.
Cultivar fontes é uma arte. É uma costura. Eu era um aprendiz naquele ofício, em 1990, mas vinha de uma escola em que aprendíamos a amadurecer à base de carbureto e a publicação para a qual trabalhava me dava todas as ferramentas para fazê-lo.
A Polícia Federal daquela época existia para servir à presidência – era um desvio colateral cultivado, ainda, pela ditadura militar da qual havíamos saído apenas em 1985.
O Ministério Público engatinhava – tinha sido criado pela Constituição de 1988 e fora montado a partir de uma costela do Palácio do Planalto com procuradores egressos de uma carreira em que investigar não era hábito.
A entrevista de Pedro Collor à Veja não foi a primeira reportagem do processo que incendiou o país e levou à cassação do presidente. Foi a quarta reportagem – e depois dela se deu todo um processo político e investigativo, no Congresso e por meio das instituições, catalisado por movimentos populares, que conferiu legitimidade a tudo.
Antes da capa ‘Pedro Collor Conta Tudo’ a Veja havia publicado uma reportagem com o próprio irmão do presidente sugerindo acusações mais graves, mas voltando atrás em muitas delas. A notícia era o desentendimento dentro da família presidencial. Algumas semanas depois, escorado em documentos passados por Pedro Collor, mas fruto de apurações também, de confirmações, e de uma antológica conversa que mantive com Paulo César Farias na suíte que ele ocupava num hotel de luxo em São Paulo (em que ele negou todos os papeis que tínhamos em mãos, mas em que ouviu do diretor de redação no ato que iríamos publicar a reportagem porque sabíamos que ele mentia em razão do comportamento que adotava na conversa interpessoal), fizemos a primeira grande reportagem sobre o tema. E não havia entrevista de Pedro até ali. Na semana seguinte, e com 40% da equipe de Veja mobilizada para apurar, confirmar, desmentir e melhorar as informações que obtínhamos na revista, Veja publicou a capa com o imposto de renda de PC mostrando que ele enriquecera no governo do amigo Collor. Naquele momento já tínhamos a entrevista com Pedro – mas ela não estava gravada e a direção de Veja se recusava a dar uma entrevista daquele teor contra o presidente sem gravação. Recebi a missão de voltar a Pedro Collor e a seguir insistindo com que gravasse, o que só consegui na semana seguinte. Ainda assim, as principais acusações de Pedro ao irmão Fernando Collor formam publicadas com apurações e outras versões – as oficiais – ao lado. Havia apuração. E não havia nem MP nem PF entregando papelório à noite e participando do processo – fazendo com que a apuração se escorasse em vazamentos. Havia apuração.
Por que um veículo de comunicação sai correndo para publicar, sem ouvir outros lados, o que recebe na calada da noite?
É claro que erros são cometidos no calor de um processo de apuração. Somos todos passíveis de errar. Somos passíveis, também, de ver jornalistas sendo usados em meio a processos políticos. Frank Underwood, em House of Cards, retrata isso bem quando se torna amante de uma das principais repórteres de Washington. Ali é ficção, mas baseada em fatos reais. Quando isso ocorre, diz-se que um veículo, ou um repórter, está sendo “operado” pelo detentor do “fato” ou do suposto fato. Será que isso ocorreu?
Por fim, o mais estranho em todo esse processo foi a eleição de Istoé para ser o veículo da vez. A revista é a terceira em circulação no país e tem importância secundária, hoje, no processo político. A ressurreição da publicação – mesmo que num fatídico beijo da morte caso tudo se prove uma barriga monumental – se dá justo na véspera da troca de comando em Veja (na próxima segunda-feira um jornalista de carreira equilibrada, de texto primoroso e de responsabilidade ética assume a direção de redação da publicação da Abril, e isso suscitou um debate paralelo nas redes sociais em relação a um suposto e improvável “enquadramento” de Veja pelo Governo). Por que os vazadores da suposta delação negada de Delcídio Amaral elegeram Istoé para entregar um papelório potencialmente bombástico?
Para reflexão: para alguns, “perder” a adesão de Veja à tese cataclísmica do impeachment seria como a derrota do general Von Hommel no norte da África por parte do Exército Nazista. Sem o norte da África os delírios totalitários de Hitler foram se enfraquecendo, a demora em dobrar a União Soviética na frente russa pesou e as duas derrotas juntas auxiliaram ao cenário conjuntural que permitiu aos aliados desembarcarem na Normandia. A analogia pode ser transposta para a cena política do Brasil de hoje. E o regresso (até aqui, imaginado, possível, provável) de Veja a uma linha mais sensata e fundada em apurações de fato, pode estar sendo lido por alguém como a derrota das divisões Panzer no Saara. Será que o Governo ainda é capaz de reunir três nomes de Estado numa Conferência de Casablanca? Em meio à guerra, Roosevelt, Stalin e Churchill, sob a assessoria de De Gaulle, reuniram-se no Marrocos. E nós? Temos ainda uma Casablanca?
Em meio a tudo isso, houve quem tentasse desmontar o texto de Istoé divulgando versões canalhas e sexistas sobre a vida pessoal da repórter que o assina. Desespero, calhordice. Ausência de lógica e de fatos se rebate com a exposição dos... fatos! 
Ao longo dos anos afastei-me das redações, sobretudo da Veja, do jornalismo e até do dia a dia do noticiário político de Brasília. Mas, ao ver a tentativa de mimetização farsesca da capa de Veja de 25 de maio de 1992 com essa da Istoé de hoje, senti-me obrigado a expor as diferenças entre um mundo e outro, entre um Brasil e outro, entre uma conjuntura e outra, para animar o debate."


ATUALIZAÇÃO (DO BLOG): A NOTA DE DELCÍDIO DO AMARAL E A POSIÇÃO OFICIAL DA ISTOÉ

* Comunicado de Delcídio do Amaral: "Em respeito ao povo brasileiro e ao interesse público, o Senador Delcídio Amaral e a sua defesa vêm se manifestar sobre a matéria publicada na Revista IstoÉ na data de hoje. À partida, nem o Senador Delcídio, nem a sua defesa confirmam o conteúdo da matéria assinada pela jornalista Débora Bergamasco. Não conhecemos a origem, tampouco reconhecemos a autenticidade dos documentos que vão acostados ao texto. Esclarecemos que em momento algum, nem antes, nem depois da matéria, fomos contatados pela referida jornalista para nos manifestarmos sobre fidedignidade dos fatos relatados. Por fim, o Senador Delcídio Amaral reitera o seu respeito e o seu comprometimento com o Senado da República".

* Nota da Istoé"O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) divulgou uma ambígua nota à imprensa. O ex-líder do governo afirma desconhecer os documentos publicados em reportagem de ISTOÉ sobre o depoimento dado por ele ao Ministério Público Federal em tratativas de delação premiada, mas não contesta o conteúdo das revelações publicadas. O depoimento foi colhido por integrantes da Operação Lava Jato e a delação de Delcidio aguarda a homologação no STF. Antes que as deleções premiadas sejam homologadas pela Justiça, é procedimento padrão que os delatores neguem seus depoimentos, sob pena de terem o acordo negado posteriormente. É esse o caso do senador Delcidio do Amaral. O acordo foi firmado com os procuradores e as declarações foram prestadas, mas o processo aguarda a aprovação do ministro Teori Zavaski".

quinta-feira, 3 de março de 2016

Fotografia - Exposição em São Paulo resgata a arte do fotojornalista cearense Luciano Carneiro, um dos lendários "caçadores de imagens" da revista O Cruzeiro

Piloto com treinamento de paraquedista, Luciano Carneiro saltou sobre a Coreia
ao lado das tropas americanas, em 1951. Do solo, registrou a segunda leva do ataque.
Foto de Luciano Carneiro/Acervo do Instituto Moreira Salles. 

Fidel Castro discursa em Havana, em 1959, após a vitória da Revolução
que derrubou o ditador Fulgêncio Batista.
Foto de Luciano Carneiro/Acervo Instituto Moreira Salles
São 150 fotografias que revelam uma época e celebram a arte de um dos maiores fotojornalistas brasileiros. Luciano Carneiro, um dos célebres "caçadores de imagens' do lendário time da revista O Cruzeiro, é o tema da exposição “Do arquivo de um correspondente estrangeiro” em cartaz no Instituto Moreira Salles, em São Paulo.
Luciano Carneiro, na Suiça,
durante a cobertura da Copa do Mundo de 1954.
Foto Acervo Instituto Moreira Salles
O cearense Luciano Carneiro chegou ao O Cruzeiro em 1948.  Começou como repórter em meio ao butatã de cobras que era a redação da então maior revista brasileira, mas logo se firmou como fotojornalista. Tornou-se, para usar um termo que se popularizava no pós-guerra, um globe-trotter. Foi correspondente internacional, cobriu guerras - uma delas, a da Coreia. Era piloto e paraquedista e foi nessa condição que saltou, em 1951, de um avião-transporte americano sobre as linhas inimigas, em Munsan. Cobriu a Copa do Mundo de 1954, na Suiça, e testemunhou a recuperação do Japão após as perdas dramáticas da Segunda Guerra. Foi capaz de ultrapassar os obstáculos burocráticos e ideológicos impostos pela Guerra Fria e desvendar em imagens as então quase impenetráveis Iugoslávia, de Tito, e União Soviética, de Nikita Khruschov. Fora da cobertura dos grandes acontecimentos, Carneiro era um imbatível farejador de flagrantes da "vida íntima" das grandes cidades e dos seus personagens. Na guerra ou nas ruas, suas lentes buscavam e encontravam um foco humanista. Seu trabalho guarda muita afinidade com a arte de um Robert Capa ou um Cartier-Bresson, a quem entrevistou em 1954, em Paris.
Sua última grande cobertura internacional foi a entrada de Fidel Castro em Havana e o comício da vitória dos guerrilheiros cubanos em 1959. No mesmo ano, no dia 22 de dezembro, Luciano Carneiro voltava da cobertura do primeiro baile de debutantes de Brasília, no Palácio da Alvorada, quando o Viscount (VASP) em que viajava com mais 31 passageiros e tripulantes chocou-se com uma aeronave Focker, da FAB, pouco antes de aterrissar no Galeão, no Rio de Janeiro. Ninguém sobreviveu. O fotojornalista tinha apenas 33 anos. Na semana seguinte, O Cruzeiro publicou suas últimas fotos. Sem título, sem textos, a matéria mostrava em uma das imagens, no reflexo de um espelho, como assinatura da sua última missão, o próprio fotógrafo.

* A exposição está em cartaz no Instituto Moreira Salles, Rua Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis, São Paulo. Pode ser visitada até o dia 19 de junho, de terça a sexta, das 13h às 19h; e aos sábados, domingos e feriados (exceto segunda), das 13h às 18h. Tel.: (11) 3825-2560


A ÚLTIMA MATÉRIA DE LUCIANO CARNEIRO
O Cruzeiro recuperou nos destroços do Viscount duas câmeras fotográficas com as últimas fotos feitas por Luciano Carneiro. O material parcialmente danificado foi publicado pela revista. Na foto acima, no Palácio da Alvorada, o reflexo de um espelho mostra, ao fundo, em meio às primeiras debutantes de Brasília, o fotógrafo em ação. Reprodução
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quarta-feira, 2 de março de 2016

Assembleia de jornalistas do Rio aprova fim do presidencialismo no Sindicato

(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)

Assembleia extraordinária aprovou, nesta noite de segunda-feira (29/2), o fim do presidencialismo na diretoria colegiada do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro. A medida representa um avanço na busca de um modelo de sindicato mais democrático e pautado na construção coletiva da luta em defesa dos direitos da categoria. Essa foi uma das principais mudanças aprovadas na assembleia convocada para a reforma do Estatuto do Sindicato e que se realizou entre 20h e 1h. Uma nova assembleia dará continuidade às votações no próximo 14/03, às 19h30, no auditório João Saldanha (Rua Evaristo da Veiga 16, 17º andar – Centro). Participe!
De acordo com o novo modelo aprovado, a diretoria colegiada será formada por 15 jornalistas profissionais e terá caráter deliberativo, com quórum mínimo de oito diretores. Dessa diretoria, cinco jornalistas vão compor uma Executiva, e os demais se dividirão entre 1º suplentes e 2º suplentes. A Executiva será formada pelas diretorias de Comunicação; Administração e Finanças; Jurídico; Relações Institucionais/ Combate às Opressões nas Relações de Trabalho; Formação. Para as reuniões da Executiva, o quórum mínimo será de três membros.
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Justiça publica decisão e dissídio dos jornalistas de rádio e TV já está valendo



(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)

Salários terão reajuste de 7,13% com mais 1% de aumento real

Multa por descumprimento é de 10% do salário e será revertida ao jornalista

Já está valendo a decisão do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 1ª Região que garantiu vitória aos jornalistas de rádio e TV do município do Rio no dissídio coletivo da Campanha Salarial 2015. Com a publicação do acórdão, o Sindicato cobrará das empresas a revisão imediata das cláusulas econômicas. A decisão prevê pagamento aos jornalistas de multa de 10% do salário-base do empregado em caso de descumprimento das cláusulas.
Os salários dos jornalistas de rádio e TV devem ser reajustados em 7,13% mais 1% de aumento real com retroatividade a 31 de janeiro de 2015, determina a decisão. A Justiça reconheceu o direito ao piso da lei estadual (R$ 2.432,72 para jornadas de cinco horas) e reajustou em 7,13% todas as demais cláusulas econômicas - auxílio alimentação, participação de lucros e resultados, abono, auxílio-creche, seguro de vida e auxílio-funeral. Foi acrescida cláusula que obriga a empresa a oferecer seguro de vida aos jornalistas designados para coberturas de risco.
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terça-feira, 1 de março de 2016

"Ateu e defensor do Estado laico, Fabio Porchat é bomba-relógio na Record"

por Daniel Castro (do Notícias da TV)
Fabio Porchat dava entrevistas ontem (29), logo após ser apresentando como novo contratado da Record, dizendo que terá total liberdade, que poderá fazer anedota da Igreja Universal e entrevistar líderes católicos. Piada pronta. Há um ano, Xuxa também chegou à Record dizendo que teria total liberdade. Como se sabe, desde outubro seu programa é gravado para que ela não fale bobagens no ar e não constranja os bispos da Universal. Em 2009, Gugu Liberato também disse que poderia levar o padre Marcelo Rossi ao seu cenário. Isso nunca aconteceu.
Porchat é humorista, vive de fazer piadas. Foi contratado para comandar um talk show, formato em que terá que fazer entrevistas e... piadas. Ele poderá até fazer uma ou outra gracinha sobre a Igreja Universal, mas logo terá suas asas cortadas. Quem manda na Record é o bispo Edir Macedo, líder da Universal. Humor não é o forte de Macedo, principalmente quando sua fé é confrontada.
Fabio Porchat é uma bomba-relógio na Record. Essa bomba vai explodir no momento em que ele, à frente de um programa essencialmente opinativo, revelar sua principal bandeira política: a defesa de um Estado laico. Ateu, Porchat é contrário à ocupação de cargos públicos por bispos, pastores, padres, pais-de-santo, enfim, por religiosos. Seu princípio bate de frente com o grande projeto da Igreja Universal, que é alcançar o poder, tanto que ela comanda um partido político, o PRB. O novo contratado da Record, por princípio, não admite que Marcelo Crivella, bispo da Universal e sobrinho de Macedo, seja senador da República.
Quem acompanha Porchat pelas redes sociais ou lê sua coluna no jornal O Estado de S.Paulo sabe disso. No Facebook, na semana passada, ele divulgou uma petição online "pelo fim das candidaturas de líderes religiosos para cargos políticos ou públicos", porque "uma bancada, com clara intenção de instaurar uma teocracia no país, vem sorrateiramente se infiltrando em todas as instâncias de poder".
No Estadão do último dia 21, Porchat foi contundente na defesa da laicidade do Estado. "O futuro de um país laico não pode depender das decisões de um cidadão não laico. Você pode crer no que você quiser, mas a partir do momento em que prega 'a palavra', digamos assim, está dizendo ao mundo que sua vida é regida por aquela crença, logo, você não consegue separar uma coisa da outra", escreveu. "Não poderíamos ter no governo alguém com título religioso, porque essa pessoa, antes de me defender, defenderia a sua crença, ou os praticantes daquela crença", acrescentou.
A opinião de Porchat é bem estruturada, tem fundamentos filosóficos profundos. "A religião é uma trava para muitas conversas que precisamos ter para evoluirmos como sociedade. Se alguns querem ficar presos a um livro escrito há quase dois mil anos, que fiquem, mas não me arrastem junto. Alguns dirão que evangélicos, judeus, católicos, enfim, também precisam de alguém que defenda seus direitos. Discordo. Antes de ser umbandista, muçulmano ou espírita, você é uma pessoa, portanto precisa de alguém que defenda o direito das pessoas. Independentemente de sua fé".
Porchat, logo em seu primeiro dia de Record, já demonstrou que será difícil de ser domado. Disse que que, se tudo der errado, ela paga a multa rescisória e vai embora, como fez José Luiz Datena em 2011, mas que não será um Britto Jr., preso a um contrato que permite que a emissora o tire do ar quando bem entender. Constrangido, o vice-presidente artístico da Record, bispo Marcelo Silva, teve que, diante dos jornalistas, afirmar que a fala de Porchat não era a fala da Record.
Anota aí: o bispo terá que dizer isso mais vezes.
NO SITE NOTÍCIAS DA TV, CLIQUE AQUI

Sindicato dos Jornalistas entra com pedido de dissídio em jornais e revistas

(do site do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro)
Diante do impasse criado pelos patrões que inviabilizou até agora o fechamento da campanha salarial de 2015 por meio de negociações diretas ou mesmo em mesas mediadas pelo Ministério do Trabalho, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro decidiu entrar com pedido de dissídio no Tribunal Regional do Trabalho. Há mais de um ano sem com os salários depreciados pela falta do reajuste inflacionário mínimo anual, os jornalistas empregados em jornais e revistas do Rio de Janeiro esbarram na intransigência patronal.
O processo de dissídio em jornais e revistas se inicia exatamente um dia depois da publicação na internet do Acórdão favorável a nossa categoria no segmento de rádio e TV, ao qual foram concedidos, em ação de dissídio julgada em dezembro de 2015, 7,13% de reajuste salarial, 1% de aumento real e o reconhecimento do direito ao piso salarial regional de R$ 2.432 para jornada de cinco horas.
Nesta quinta-feira (25/2), a mesa redonda no Ministério do Trabalho se encerrou em impasse. O sindicato patronal de jornais e revistas não levou uma nova proposta como havia acenado na mesa anterior. Pelo contrário, insistiu em tentar impor a mesma proposta que já havia sido recusada em mesa de negociação de 30 de setembro de 2015 com valor de piso R$ 800 abaixo do valor do piso da lei estadual. O patronato manteve ainda a sua recusa em assinar a convenção sem valor de piso, apenas com o índice de reajuste inflacionário pelo INPC acumulado na data base de 1º de fevereiro de 2015, de 7,13%, com o parcelamento do equivalente ao retroativo. O Sindicato dos Jornalistas afirmou que a categoria aprovou em assembleia no ano passado um impeditivo à diretoria de apreciar ou negociar quaisquer propostas com valores abaixo aos patamares de direitos salariais garantidos em lei.
O sindicato patronal ainda tentou propor o prolongamento das rodadas de mesas mediadas pelo MT, mas o sindicato dos jornalistas argumentou que, segundo a própria CLT (Artigo 616) o prazo para as negociações já se esgotou. Prova da má vontade das empresas é que sequer aceitaram espontaneamente garantir a manutenção da data base referente à campanha salarial de 2016, assim como até agora não marcaram uma data sequer para discutir a pauta de reivindicações que foi enviada ao sindicato patronal por nossa categoria ainda em dezembro de 2015.
O pedido de dissídio ocorre quando se esgotam as vias do diálogo e da negociação direta ou mediada. Dessa forma, a Justiça do Trabalho decide se acata ou não o pedido. Conforme a legislação em vigor, em geral, o dissídio só costuma ocorrer se o processo for de comum acordo entre as partes. Há, no entanto, exceções a essa regra, quando comprovada a intransigência ou má fé de uma das partes.
Fonte: SJPMRJ