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sábado, 5 de março de 2016

Ricardo Kotscho escreve sobre o pronunciamento de Lula após o ex-presidente ser solto pela PF

por Ricardo Kotscho (do Balaio do Kotscho)
Aos 44 minutos do segundo tempo, com seu time todo na defesa, quando parecia que o jogo estava decidido a favor dos adversários, o velho Lula foi ao ataque sozinho e mudou tudo de novo.

Quando saí para almoçar, a Lava Jato estava ganhando de goleada em todos os noticiários e comentários nos portais e nas TVs, que acompanhei desde cedo, ao ser acordado pela minha filha Mariana.

Volto duas horas depois, e o jogo já era outro. Aconteceram dois fatos novos e inesperados: Lula falou e, para minha surpresa, as emissoras de televisão transmitiram seu discurso ao vivo. Até antagonistas ferozes do PT vieram me contar que ficaram impressionados com seu discurso.

De fato, fui ver na internet, e o ex-presidente me lembrou seus melhores momentos no estádio de Vila Euclides, quando falava só para metalúrgicos em greve e se tornou, em pouco tempo, uma liderança política nacional, na passagem dos anos 70 para os 80 do século passado. Ali nasceria o PT. Eu estava lá.

Após quatro horas de depoimento numa sala do aeroporto de Congonhas, para onde fora levado pela Polícia Federal, sob "condução coercitiva", por ordem do juiz Sergio Moro, em vez de voltar para casa Lula foi para a sede nacional do PT, no centro velho de São Paulo, junto á praça da Sé, onde deu a sua resposta na linguagem crua que todos os brasileiros conhecem:

"Embora tenham me magoado, e eu tenha me sentido ofendido, ultrajado, apesar do tratamento cortês do delegado da Polícia Federal, queria dizer, se quiseram matar a jararaca, não bateram na cabeça, bateram no rabo e a jararaca está viva."

Lula bateu duro na imprensa e no Ministério Público Federal. "Hoje, a primeira coisa que você faz é determinar quem é o criminoso e depois vai criar os crimes que ele cometeu. Eu, sinceramente, já passei por muitas coisas na vida, não sou de guardar mágoas, mas nosso País não pode continuar amedrontado. Não pode ver um juiz que ganhou premio da rede Globo, da revista Veja, e depois ter que prestar contas(...). É lamentável que uma parcela do MP esteja trabalhando em associação com a imprensa".

Nem o PT escapou da sua indignação. "O que aconteceu hoje era o que precisava para o PT levantar a cabeça.  Todo santo dia alguém faz o PT sangrar. A partir da semana que vem, quem quiser um discursinho do Lula, é só acertar a passagem de avião que eu estou disposto a viajar por esse País. Não é possível ver um País como o nosso sendo palco de um espetáculo midiático".

Em seu velho estilo palanqueiro, Lula ironizou as investigações que estão sendo feitas e denunciadas pela imprensa sobre dois pedalinhos de seus netos que foram encontrados no agora famoso sítio de Atibaia, um dos alvos da Lava Jato. "Se eles estão preocupados com os pedalinhos que a Marisa comprou por dois mil reais para os netos, eu gostaria de dizer que, se pudesse, dava um iate para ela. Eu quero saber quem vai me dar o apartamento, se é a Globo ou o Ministério Público. A Globo bem que poderia me oferecer um triplex em Paraty".

Ao chegar de volta à sua casa em São Bernardo do Campo, agora no final da tarde, Lula sentiu a mudança do vento: em lugar de conflitos entre manifestantes, como aconteceu de manhã, encontrou uma festa à sua espera, com a pequena multidão cantando "olê, olê, olá, Luuuula, Luuuuula", o refrão do jingle da sua primeira campanha presidencial, em 1989. Entre o passado e o presente, o nosso futuro balança, ao sabor dos ventos.

E vamos que vamos.

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terça-feira, 30 de outubro de 2012

Ricardo Kotscho: "Mídia derrotada mais uma vez pelo PT de Lula"

(Do Balaio do Kotscho - De Ricardo Kotscho para o R7)

Perderam para Lula em 2002.
Perderam para Lula em 2006.
Perderam para Lula e Dilma em 2010.
Perderam para Lula e Haddad em 2012.
A aliança contra Lula e o PT montada pelos barões da mídia reunidos no Instituto Millenium sofreu no domingo mais uma severa derrota.
Eles simplesmente não aceitam até hoje que tenham perdido o poder em 2002, quando assumiu um presidente da República fora do seu controle, que não os consultava mais sobre a nomeação do ministro da Fazenda, nem os convidava para saraus no Alvorada.
Pouco importa que nestes dez anos tenha melhorado a vida da grande maioria dos brasileiros de todos os níveis sociais, inclusive a dos empresários da mídia, resgatando milhões de brasileiros da pobreza e da miséria, e dando início a um processo de distribuição de renda que mudou a cara do País.
Lula e o PT continuam representando para eles o inimigo a ser abatido. Pensaram que o grande momento tinha chegado este ano quando o julgamento do mensalão foi marcado, como eles queriam, para coincidir com o processo eleitoral.
Uma enxurada de capas de jornais e revistas com quilômetros de textos criminalizando o PT e latifúndios de espaço sobre o julgamento nos principais telejornais nos últimos três meses, todas as armas foram colocadas à disposição da oposição para o cerco final ao ex-presidente, mas a bala de prata deu chabu.
Na noite de domingo, quando foram anunciados os resultados, a decepção deve ter sido grande nos salões da confraria do Millenium, como dava para notar na indisfarçada expressão de derrota dos seus principais porta-vozes, buscando explicações para o que aconteceu.
Passada a régua nos números, apesar de todos os ataques da grande aliança formada pela mídia com os setores mais conservadores da sociedade brasileira, o PT de Lula e Dilma saiu das urnas maior do que entrou, como o grande vencedor desta eleição.
"PT — O maior vencedor" é o título do quadro publicado pela Folha ao lado dos mapas das Eleições em todo o País. Segundo o jornal, o PT "foi o campeão em dois dos mais importantes critérios. Além de ter sido o mais votado no 1º turno (17,3 milhões), é o que irá governar para o maior número de eleitores".
De fato, com os resultados do segundo turno, o PT irá governar cidades com 37,1 milhões de habitantes, onde vive 20% do eleitorado do País. Com cidades habitadas por 30,6 milhões, o segundo colocado foi o PMDB, principal partido da base aliada.
"Em relação aos resultados das eleições de 2008, o total de eleitores governados por prefeitos petistas crescerá 29% em 2013, quando os eleitos ontem e no primeiro turno deverão assumir", contabiliza Ricardo Mendonça no mesmo jornal.
Do outro lado, aconteceu exatamente o contrário: "Já os partidos que fazem oposição ao governo Dilma Rousseff saem da eleição menores do que entraram. Na comparação com 2008, PSDB, DEM e PPS, os três principais oposicionistas, terão 309 prefeituras a menos. Puxados  para baixo principalmente pelo DEM, irão governar para 10,5 milhões de eleitores a menos".
Curiosa foi a manchete encontrada pelo jornal "O Globo" para esconder a vitória do PT: "Partidos ficam sem hegemonia nas capitais". E daí? Quando, em tempos recentes, algum partido teve hegemonia nas capitais? Só me lembro da Arena, nos tempos da ditadura militar, que o jornal apoiou e defendeu, quando não havia eleições diretas.
O que eles estarão preparando agora para 2014? Sem José Serra, que perdeu de novo para um candidato do PT que nunca havia disputado uma eleição, o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, eleito com 55,57% dos votos, terão que encontrar primeiro um novo candidato.
Ao bater de frente pela segunda vez seguida num "poste do Lula", o tucano preferido da mídia corre agora o risco de perder também a carteira de motorista.

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terça-feira, 28 de setembro de 2010

A guerra Governo X Imprensa. Leia entrevista do jornalista Ricardo Kotscho no portal BBC Brasil

Do BBC Brasil:
"Na entrevista à BBC Brasil, Kotscho critica duramente o papel da imprensa, diz acreditar que as empresas jornalísticas do país rejeitam uma possível vitória de Dilma e afirma que a mídia está se sentindo "derrotada" no atual processo eleitoral. Mas o jornalista reserva também uma crítica ao presidente Lula, dizendo que ele está errado em sair a público para criticar o trabalho dos veículos de comunicação."
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