por deBarros
Antes de jogarmos pedras
nos estudantes, pelas cenas de vandalismo que aconteceram durante as passeatas,
que balançaram o sistema político brasileiro vamos parar e repensar o que vimos
nas transmissões pelas TVs brasileiras, principalmente as imagens transmitidas
pela TV Globo. O policial militar brasileiro não é um policial preparado para
agir contra manifestações políticas como passeatas de estudantes, ele é
basicamente preparado para agir contra marginais, traficantes de drogas,
estupradores, pedófilos, ladrões e assaltantes através da força física através
da violência. Nas imagens que focalizaram o assalto à Assembléia Legislativa do
Estado, percebi que havia policiais militares na calçadas e nas escadarias,
armados com fuzis e que dispararam balas de borracha contra o grupo de
manifestantes que cercava o Palácio Tiradentes além de bombas de efeito moral.
De repente, os manifestantes se agruparam e arremeteram contra os policiais
militares que se achavam plantados nos degraus da escadaria numa arrancada de uma
coragem assustadora obrigando os policiais a recuarem estrategicamente para se
refugiarem para trás dos portões do
prédio da ALERJ. Essa arrancada parecia
uma tropa de assalto determinada a arriscar as suas próprias vidas na tomada de
um “Bunker” inimigo. Com que armas eles avançaram contra os policiais armados?
As suas próprias mãos, pedras e pedaços de pau contra fuzis Ar-15, revólveres,
balas de borracha, Spray de pimenta, bombas de efeito moral e gás lacrimogênio.
Agora eu pergunto onde estava a violência? Quem mais estava preparado para
exercer atos de violência? A TV Globo divulgou imagens de policiais disparando
seus fuzis Ar-15 e revólveres na rua da Assembléia contra o grupo de
manifestantes que se agrupara naquele momento na rua 1º de Março, mas insistia
sempre mas imagens dos movimentos de baderna e destruição promovida por jovens
e também por elementos infiltrados nos grupos separados do eixo central da
passeata que continuava a desfilar pacificamente nas avenidas do Rio de
Janeiro.
Daí por diante, o cerco ao
Palácio Tiradentes se perdeu nos excessos dos manifestantes, levados pela ira e
pela revolta que se achavam possuídos e o vandalismo começou incendiando
carros, fazendo fogueiras, derrubando postes de sinalização e dessa loucura de
comportamento se aproveitou, – o que sempre ocorre em todas as passeatas – os
marginais e assaltantes para quebrar, invadir e roubar lojas comercias, além de
depredar Agências Bancárias. Aliás, os Bancos cujas Agências foram depredadas
não estão muito preocupados e chorosos com as suas Agências quebradas. Dinheiro
não lhes falta para as remodelarem e, como sempre, vão cobrar do governo o
custo das obras.
No final da década de
quarenta, estudava no Liceu de Niterói, e aconteceu um aumento de tarifas de
transporte de bondes e ônibus tanto em Niterói como no Rio de Janeiro. A
passeata de protesto, liderada pelos estudantes, começou no Rio de Janeiro,
inclusive depredando ônibus e bondes, e os estudantes do Liceu de Niterói entenderam
que não podiam ficar atrás do movimento e depois de se reunirem na Praça da
República, em frente ao Liceu, partiram para a passeata de protesto e no
primeiro ônibus que parou e ameaçou depredar saltou dele um homem bem vestido
se dizendo Comissário de Polícia – na época existia a figura do Comissário de
Polícia – tentando impedir o assalto ao veículo. Até hoje me lembro que do meio
do grupo saiu um colega, chamado Bira – nunca me esqueci do nome dele – que partiu para cima
do Comissário e deu-lhe um soco com tal força que ele rolou ao chão e fomos
todos acabar presos na Delegacia.
Na ocasião vim a saber que
protesto estudantil contra aumento de tarifas de passagens de veículos de
transporte de massa tinha se tornado uma tradição no país desde a Guerra do
Vintém, no século XIX, ainda sob a coroa Imperial.
Até hoje, esses protestos
vem se sucedendo sempre que ocorrem esses aumentos de tarifas. Esse ano, em
razão da divulgação desses protestos, pela rede social, o movimento tomou essa
dimensão nacional, primeiro contra o aumento de R$0,20 centavos nos preços das
passagens e logo depois se incorporou a ele outros protestos que viriam a
atingir diretamente o governo federal como cartazes contra a PEC 37, outros
pedindo a prisão imediata dos réus do mensalão e muitos contra a realização da
Copa do Mundo e contra a FIFA. Alguns muito originais como:
MENOS EU, MAIS NÓS; NEM PT,
NEM PSDB; COPA É O CARALHO; NÃO ME MACHUQUEM PORQUE NÃO TEMOS HOSPITAIS; CADEIA
AO MENSALEIROS; ELES NÃO NOS REPRESENTAM MAIS; SE A TARIFA NÃO BAIXAR SÃO PAULO
VAI PARAR e vai por aí afora.
PS.: Os ex-líderes
estudantis de ontem ignoram que quem precisa de linha é carretel