domingo, 26 de julho de 2020

Carlos Heitor Cony escreveu... Cadaverbrás, a nova concessionária federal


Uma crônica de Carlos Heitor Cony escrita para o  Correio da Manhã nos anos 1960 circula na internet. As redes sociais, com razão, consideram-na atualíssima. Cony sequer imaginava que o Brasil, pouco mais de dois anos após seu falecimento, viveria essa tragédia política, econômica, moral, social e... mortal.

A Covid-19 atingiu o mundo inteiro, mas só aqui foi recebida pelo governo federal, a quem cabia coordenar o combate ao vírus, com cinismo, desprezo e crueldade. Somos o único país onde as autoridades maiores fizeram até campanha para combater não o vírus mas o isolamento social recomendado. O único país onde sobrou até verba no Ministério da Saúde, tão inoperante é. O único país que não deverá ter uma segunda onda da doença simplesmente porque ameaça ficar em uma interminável primeira onda. O único país que ao quinto mês da chegada no vírus ainda está em curva ascendente. O único país que criou um jargão idiotae irreal para as estatísticas de contaminação e mortes: o platô. E alguns estados até comemoram isso. Platô é o c******, é a estabilização no caos. Festejá-lo, em vez de buscar a curva descendente, é a incompetência confessada.

Nesse ritmo, o Brasil caminha acelerado para superar os Estados Unidos em todas as modalidades de estatísticas da Covid-19.

O Rio de Janeiro é um triste exemplo. A morte vai à praia. Bastou ensaiar o tal platô para a cidade entrar em liberou geral. Os resultado já aparece: a turma alegre que desfila sem máscaras conseguiu o que queria: o aumento do número de mortes nos grupos de risco.

O governo federal já pode criar a concessionária sugerida pelo Cony: a Cadaverbrás.

Não se pode mais alegar que Bolsonaro e Paulo Guedes não criam empregos. Há vagas para coveiros, marceneiros, motoristas de rabecão...

sábado, 25 de julho de 2020

Neymar e Mbappé: respeito...

Reprodução Folha de São Paulo
por Niko Bolontrin 

Ontem, pouco antes do jogo PSG X Saint Étienne, no Stade de France, Macron entrou em campo para cumprimentar os jogadores. Diante do presidente, Neymar e Mbappé repetiram uma postura comum dos jogadores quando são repreendidos pelo árbitros. Mãos para trás. Só que esse comportamento dos jogadores é defensivo e serve para evitar que o árbitro interprete algum movimento de mão como tentativa de agressão. Não era o caso, foi por força de hábito.
Macron, aliás, deu sorte a Neymar que fez o gol do título do PSG na final da Copa da França. Já Mbappé não pode dizer o mesmo: o craque francês torceu o tornozelo ao sofrer uma entrada violenta do Perrin.

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Ligue sempre a câmera do celular que o Brasil é o país dos panacas

Para deixar de ser um país do Terceiro Mundo - que voltamos a ser - o Brasil teria que acabar com a prática da carteirada, entre outras excrescências elitistas.

"Cidadão, não, engenheiro", "um analfabeto aqui", "você sabe com quem está se metendo"?, é o modus operandi dos panacas quando flagrados em desafio arrogante às leis.

Arrogantes porque se julgam acima do resto da humanidade. Resto é a palavra certa. Para esses anormais, que com frequência vivem do caixa público, somos contribuintes, mas somos o resto.

Esses elementos enxergam cargos e diplomas como se fossem títulos de nobreza. São "valentes" quando estão nos seus ambientes - Leblon, orla de Santos etc- e agridem funcionários públicos.

A câmera do celular chegou para expor esses otários preconceituosos.

terça-feira, 14 de julho de 2020

A última vez que vi Sirkis (1950-2020) • Por Roberto Muggiati

Alfredo Sirkis e Cohn-Bendit, no Rio



Cronologicamente, a última vez que vi Alfredo Sirkis foi no relançamento de Os Carbonários na Livraria da Travessa do Leblon, em agosto de 2014, com a presença de Daniel Cohn-Bendit, o lendário Danny-le-Rouge de maio de 68.

Mas eu vi melhor Sirkis e conversei mais com ele em novembro de 2013, quando deu uma palestra no Centro Cultural Baukurs, em Botafogo, e autografou seu livro. Falamos sobre nossos caminhos cruzados nos Anos de Chumbo. Sirkis fez 18 anos em 8 de dezembro de 1968, No dia seguinte, uma segunda-feira, lancei em São Paulo meu primeiro livro, Mao e a China. Na sexta-feira, 13 de dezembro, foi assinado o AI-5, que acabava com a liberdade política e a liberdade de expressão no país. Sirkis partiu para a luta armada com o codinome de Felipe na VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), liderada pelo guerrilheiro Carlos Lamarca. Participou do sequestro dos embaixadores da Alemanha em 1970 e da Suíça em 1971. Com o esvaziamento da guerrilha, Sirkis exilou-se no Chile, com o aval de Lamarca, que seria fuzilado em setembro daquele ano no sertão baiano. Mao e a China foi o último livro que Lamarca leu, fato revelado pelos jornais na cobertura de sua morte, com base na sua correspondência com a companheira Iara Iavelberg, ela mesma morta num “suicídio” por enforcamento forjado num cárcere baiano.

Apesar da minha participação ideológica aberta contra a ditadura, nunca vieram bater à minha porta.
Longe de mim reclamar. Restou-me escrever um autoperfil, O homem invisível dos Anos de Chumbo. Ao mesmo tempo, tenho uma profunda admiração por aqueles que foram à luta, foi uma história triste mas também bonita, nada a resume melhor do que a epígrafe de Alex Polari para Os Carbonários:
“Nossa geração teve pouco tempo
começou pelo fim
mas foi bela a nossa procura
ah! moça, como foi bela a nossa procura
mesmo com tanta ilusão perdida
quebrada,
mesmo com tanto caco de sonho
onde até hoje
a gente se corta.”

As pombas do Adolpho • Por Roberto Muggiati

"Pombas" -Desenho de Adolpho Bloch/ Arquivo Pessoal de Roberto Muggiati

Adolpho Bloch era autoritário, tirânico, perverso até. Afinal, comandava um império, tinha de se mostrar forte. Mas, em raríssimos momentos, baixava a guarda e mostrava a criança inocente que nunca deixou de ser. Colecionei alguns destes momentos na minha longa convivência de trinta anos com ele, de novembro de 1965 a novembro de 1995.

Remexendo velhos papeis nesta contingência covidiana, encontrei um desenho feito pelo Adolpho – duas pombas, como só ele sabia desenhar – com caneta Pilot naquela pequena folha em que o diretor da revista esboçava a diagramação para o chefe de arte. Jocosamente, assinou Adolpho Dias, um dos muitos cacófatos a que se prestava seu nome. (Não seria louco de deixar uma assinatura Adolpho Bloch solta pelo mundo...)

Isso deve ter acontecido naqueles poucos momentos descontraídos em que Adolpho se sentava diante da grande mesa em L da Manchete para jogar conversa fora com o editor e os redatores. Antes da entrada em cena da Rede Manchete. A televisão, o sonho dourado dos Bloch, não demorou a se transformar num grande pesadelo.

Outro momento raro em que Adolpho abriu a alma ele o fez só para mim. Já debilitado pela idade e pela doença, pediu-me que lhe desse o braço para descer aquela escadaria assassina, sem corrimão, do restaurante do 12º andar até o elevador. A TV tinha estreado com grande expectativa a novela Tocaia Grande, inspirada no romance de Jorge Amado. Não deu em nada. No meio dos degraus, Adolpho parou e disse: – Muggiati, estou fodido. Você não ia querer a minha vida, estou fodido!

Tocaia Grande estreou em 16 de outubro de 1995. Um mês depois, na madrugada de 19 de novembro, um domingo, Adolpho Bloch morria num hospital de São Paulo.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

Fotomemória: José-Itamar de Freitas (1934-2020) na redação da Fatos & Fotos, na Frei Caneca...

Aos 85 anos, o jornalista José-Itamar de Freitas, que dirigiu o Fantástico durante 16 anos, foi mais uma vítima da Covid-19. Zé Itamar fez história como diretor da Fatos & Fotos. Foi na semanal da Bloch que ele conquistou um Prêmio Esso, em 1965, com a série de reportagens "os Filhos Proibidos".
Aqui homenageamos o colega em forma de fotomemória; duas raras imagens feitas quando a Bloch ainda estava na rua FreiCaneca, ao lado de um timaço de jornalistas.


Na redação: Cordeiro de Oliveira, Nilo Martins, Orlandinho Abruonhosa, Nelio Horta, Laerte Morais Gomes, Leo Schlafman, Paulo Henrique Amorim, Hedyl Valle, Robertinho (barbeiro). Na mesa: José-Itamar de Freitas e Ney Bianchi. Foto: Arquivo Pessoal Nélio Horta

Leo Schlafman, Jaquito, Arnaldo Niskeir, Nilo Martins, Pilha, Claudio Mello e Souza, Macedo Miranda, José-Itamar de Freitas, Evaldo, Ney Bianchi , Ezio Speranza e Laerte Gomes. Foto: Arquivo Pessoal Nélio Horta

À direita, volver. Empresário bolsonarista é o novo dono do concurso Miss Brasil

Reprodução FSP

por O.V.Pochê

Concursos de miss entraram em decadência já há alguns anos. Perderam a forte repercussão em mídia que ostentavam no passado, mas resistem em alguns países. Nos Estados Unidos, focalizam o público latino. Não por acaso têm a cara brega de Miami. Também não por acaso, a marca Miss Universo já pertenceu ao igualmente cafona Donald Trump (ele vendeu os direitos em 2014). .
A Folha de hoje noticia que um empresário bolsonarista Winston Ling é o novo dono do concurso Miss Brasil. Ele quer que miss tenha "perfil empreendedor". Neoliberal, o novo patrão das misses deve impor inovações ao concurso. A matéria não entra em detalhes. Não sabe se o traje típico com a foto de Bolsonaro será adotado. Se criticar o isolamento e se rebelar contra o uso de ´mascaras será requisito.  Se defender armas para todos valerá pontos. Nem se o verde e amarelo será obrigatório.
O que está confirmado é que não haverá um grande evento, em função da pandemia, e a Miss Brasil será indicada por um júri.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Andando em má companhia: jornalismo de mercado perde mais um "idolo"

por Flávio Sépia

Você certamente já viu o painel "Impostômetro" bancado pela elite empresarial paulista e muito badalado pelos oligarcas da mídia. Só seria verdadeiro se ao lado aparecessem os números do "Sonegômetro".

Nesse tipo de crime, o Brasil está entre os primeiros no mundo. E também é o que dá mais moleza. Tem empresário que sonegou, fez acordo, e hoje paga o imposto surrupiado em módicas prestações que vão se arrastar por até 50 anos ou mais. Já o assalariado não tem acesso ao maravilhoso mundo da sonegação: seu imposto é descontado na fonte.

Os jornalistas neoliberais, que exaltam o "mercado", têm uma especie de carência por certos empresários de "sucesso". De tempos em tempos elegem um "herói" corporativo e babam na gravata do sujeito.

Há dezenas de exemplos.

Para ficar em um dos mais recentes, Eike Batista foi um notório ídolo desse pessoal. O homem era capa de revista, era paparicado por colunistas, era o C.E.O pop dos jornais e revistas.

Marcelo Odebrecht foi outro. Era o "príncipe" baiano. Deu no que deu.

O empresário Ricardo Nunes virou notícia ontem. Foi preso acusado de sonegação e lavagem de dinheiro. Basta ir ao Google para ver como o sujeito foi idolatrado. Um "gênio" dos negócios. Lendo algumas dessas matérias antigas você sai com a impressão de que com uns 20 caras como o criador da Ricardo Eletro o Brasil poria a China e os Estados Unidos de joelhos.

Pois é.

Mas não se preocupe, a mídia não sentirá muita falta do seu "idolo" caído. Em breve, outros tycoons à brasileira surgirão e farão sucesso nas editorias de economia até que seus livros contábeis virem prontuários policiais.

Que tal, pra variar, eleger como heróis os empresários honestos?

Ele existem.

terça-feira, 7 de julho de 2020

Em live da Mosaico Imagem, o fotógrafo Orestes Locatel, ex-Manchete, fala sobre suas fotos e trajetória profissional

Orestes Locatel. Foto: Reprodução
da live da Mosaico Imagem/Instagram
A Mosaico Imagem, agência de fotografia de Vitória (ES), tem feito lives com fotógrafos que narram bastidores de coberturas e contam histórias por trás de fotos marcantes.
Um dos entrevistados para a série História da Foto foi o fotojornalista Orestes Locatel, com importante trajetória na revista Manchete.
A Mosaico Imagem, fundada pelos fotógrafos Tadeu Bianconi e Gabriel Lordêllo,  atende a veículos como Veja, Istó É, Época, Exame, Super Intressante, Galileu, Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, UOL, Valor Econômico e O Globo e também presta serviços aos mercados publicitário, industrial e corporativo.
Veja o depoimento de Orestes Locatel AQUI

Por um punhado de samba, o histórico encontro musical de Ennio Morricone e Chico Buarque


Um registro histórico mostra a parceria de Ennio Morricone e Chico Buarque de Hollanda.

Ameaçado pela ditadura militar, o brasileira refugiou-se na Itália, em 1970. Por uma virtuosa coincidência, instalou-se nos arredores de Roma e tinha como vizinho o maestro.

Do encontro nasceu o álbum Per um Pugno de Samba (Por um Punhado de Samba), com Chico cantando em italiano com arranjos de Ennio Morricone

OUÇA AQUI

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Ennio Morricone, indimenticabili

Reprodução You Tube
1 Oscar.
E mais 1 Oscar Honorário.
4 Globos de Ouro.
1 Leão de Ouro
500 trilhas sonoras.
70 milhões de discos vendidos.
Bafta, David Donatello, Grammy...

Na estante de Ennio Morricone, as tantas estatuetas aglomeradas não praticavam o distanciamento social.
O maestro, arranjador e compositor italiano é um desses personagens que o mundo não esquecerá mesmo que faça um enorme esforço. Mesmo se um dia as salas de cinema forem história, como o Paradiso, o streaming  projetará sua obra através dos tempos. Sua música será ouvida até por quem ainda não nasceu.

O diretor Quentin Tarantino fez recentemente uma revelação curiosa sobre o modo Morricone de trabalhar. Segundo ele, o maestro compôs a trilha sonora de "Os Oito Odiados", com a qual ganhou o Oscar em 2016, apenas lendo o script. "Sem indicar cenas específicas, compôs para a atmosfera do filme", admirou-se o diretor.

Morricone morreu hoje, em Roma, aos 91 anos, vítima de complicações após uma queda. Ele escreveu seu próprio obituário.

"Ennio Morricone está morto. Anuncio a todos os amigos que sempre estiveram próximos de mim e também aos que estão um pouco distantes e os saúdo com muito carinho.

Impossível nomear a todos. Mas uma lembrança especial vai para Peppuccio e Roberta, amigos fraternos muito presentes nos últimos anos de nossa vida. Há apenas uma razão que me leva a cumprimentar todos assim e a ter um funeral privado: não quero incomodá-los.

Saúdo calorosamente Inês, Laura, Sara, Enzo e Norbert por terem compartilhado grande parte da minha vida comigo e com minha família. Quero lembrar com carinho as minhas irmãs Adriana, Maria, Franca e seus entes queridos e que elas saibam o quanto eu as amava.

Uma saudação completa, intensa e profunda aos meus filhos Marco, Alessandra, Andrea, Giovanni, minha nora Monica e aos meus netos Francesca, Valentina, Francesco e Luca. Espero que eles entendam o quanto eu os amava.

Por último mas não menos importante (Maria). Renovo a você o extraordinário amor que nos uniu e que lamento abandonar. Para você, o adeus mais doloroso."

 OUÇA ALGUNS SUCESSOS DA ENNIO MORRICONE AQUI


quarta-feira, 1 de julho de 2020

Data Panis - Iza na quarentena - Essa ´é a foto que está quebrando a internet nesse momento...

Reprodução Instagram

É castigo? Ou o cramulhão está no controle?

por O.V. Pochê 

Thomas Mann, Dostoiévski, Guimarães Rosa, Oscar Wilde e, claro, o Fausto, de Goethe, que deu origem à série. A literatura é pródiga em tramas de pacto com o diabo.

A política também.

A tradição conta que fazer acordo com o tinhoso não é difícil. Mas o freguês se complica se não pagar o prometido. E político não é exatamente a espécie humana que cumpre compromissos.

Aparentemente, o Brasil tem um político no topo da burocracia que trocou o poder por um trapo de alma e não pagou a fatura ao anjo das trevas. Se pagou, foi ludibriado. Ou a pátria amada não estaria sofrendo uma sucessão de pragas desde o ano passado. A maioria resultando em mortes.
* Grandes queimadas na Amazônia, em proporção jamais vistas.
* Derramamento de óleo nas praias, também em volumes inéditos e até hoje sem origem esclarecida.
* Volta do sarampo, doença que havia sido exterminada no país.
* Rompimento da barragem de Brumadinho
* Incêndio no Ninho do Urubu
* Massacre em escola de Suzano
* Incêndio no Hospital Badim
* Edifício Andrea, em Fortaleza, vai ao chão.
* Massacre policial em Paraisópolis.
* Pandemia de Covid-19, Brasil em segundo lugar no mundo em mortes.
* Ciclone do Sul do país.
* Recessão econômica
* Desemprego recorde
* Ameaça de nuvem de gafanhotos

segunda-feira, 29 de junho de 2020

Guedes e Bolsonaro: os pais da bomba da recessão econômica...

Se estivessem no Big Brother Brasil, os jornalistas de mercado da mídia conservadora jamais colocariam Paulo Guedes no paredão.
Eles são claque do ministro desde que Bolsonaro o anunciou na equipe.
Até nos piores momentos, dão um jeito de destacar algo supostamente positivo nas iniciativas do ex-colaborador da ditadura de Pinochet. A citada dupla de fracassados construiu a recessão desde o ano passado, antes mesmo da Covid-19.
O fã-clube midiático do Guedes não vai gostar desse relatório divulgado pela FGV e publicado pela Fórum. (O comentário acima é do blog. Você poderá a matéria da Fórum no link abaixo). 



LEIA A MATÉRIA COMPLETA NA FÓRUM AQUI

BRASIL PELA DEMOCRACIA E PELA VIDA - FAÇA PARTE DESSA LUTA




PARA SABER MAIS, VÁ AO SITE 
BRASIL PELA DEMOCRACIA 

domingo, 28 de junho de 2020

Milton Glaser: o designer pop





Milton Glaser
Até que ponto a arte de um designer que se fez no impresso seria igualmente indelével no digital?

A morte de Milton Glaser, ontem, em Nova York, aos 91 anos, levanta a questão. Os meios digitais produzirão um designer tão influente quanto Glaser? Um pôster visto no celular será tão permanente quanto exposto em uma parede? No futuro haverá um Louvre para a arte digital?

Os jornais associaram o designer gráfico americano à sua criação mais emblemática: o logotipo "I love NY", criado em 1976.

Era inevitável: poucos logos são tão famosos quanto o do coração que virou verbo.

O legado do novaiorquino vai muito além. Desenhou jornais e revistas de vários países e era mesmo imbatível em pôsteres e logotipos onde criatividade e exigência da comunicação direta como um feixe de raio laser eram levadas ao extremo.

Glaser criou muitos cartazes para festivais de música, através dos quais influenciou fortemente o visual dos anos 1960 e 1970. Veja algumas peças, acima.

Eram a cara daquelas décadas loucas.

E o ministro "copia-e-cola" ?

Quando a mídia conservadora noticiou o nome do novo ministro da Educação,  Carlos Alberto Decotelli, foram tantos os elogios que parecia que chegava ao posto um Aníbal Teixeira, um Jean Piaget, uma Maria Montessori. Alguém de tamanha grandiosidade na Educação que faria o Brasil esquecer Paulo Freire e Darcy Ribeiro.
Alguns dos 350 comentaristas da Globo News e CNN Brasil exaltaram a "capacidade técnica" do novo ministro e, principalmente, a "postura não ideológica". Teria bastado a qualquer um desses analistas acessar o twitter de Decotelli. É espantoso seu engajamento no "pensamento" olavo-bolsonarista.
Não demorou muito - agora que a web permite sondagens rápidas a arquivos os mais diversos - descobrir que o doutorado apregoado no currículo do ministro não existe: ele não o concluiu. Em outra láurea acadêmica surgiu uma evidência de plágio, a popular chupada de texto alheio através do igualmente popular ctrl-c/ctrl-v.
Além disso, há meses o jornalista Elio Gaspari aborda nas suas colunas uma estranha licitação para compra de laptops, feita pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, para distribuição em escolas. Embalada por uma alegre verba de R$ 3 bilhões, a compra permitiria que apenas uma escola em Minas Gerais recebesse mais de 30 mil laptops para seus 255 estudantes, enquanto outros 355 colégios receberiam mais de um computador por aluno. A Controladoria-Geral da União descobriu a esquisitice e o edital, publicado em agosto do ano passado, foi suspenso. Assim, o drible não se efetivou. O que Gaspari cobra até hoje é uma explicação: como o FNDE autorizou tal compra absurda? Quem foi o "joão-sem-braço" que tentou emplacá-la? Ninguém explicou. Nem Decotelli, então presidente do FNDE, nem o governo contaram para o distinto público o que aconteceu no lusco-fusco dos gabinetes.

ATUALIZAÇÃO em 29/06/2020 - Mais evidências de que o currículo do ministro bolsonarista é uma peça de ficção. Segundo O Globo, a Universidade de Wuppertal, onde Decotelli afirmou ter feito "pós-doutorado", informou que o sujeito não possui nenhum título daquela instituição da Alemanha.

sábado, 27 de junho de 2020

Publimemória: era dos carecas que o Aero-Willys gostava mais?


Este anúncio é de 1967. O Aero-Willys ainda era um carro desejado. A agência que criou a peça, da própria Willys, associava o carro aos "vencedores" e se orgulhava de ser o modelo o preferido do Tribunais de Justiça, Ministérios, Secretarias de Estado, a elite burocrática da ditadura. A campanha só não explicava porque a maioria dos "bem sucedidos" proprietários do Aero-Willys estampados na página tinham a careca como requisito. 

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Nas coberturas políticas em Brasília o "deep troath" virou figurinha fácil e o jornalismo perde com isso

O uso excessivo das expressões "fontes não identificadas", "fontes próximas", "pessoas ligadas a", "falei com um ministro agora", "nos bastidores do STF a interpretação é", "ouvi de uma autoridade do alto escalão que", "fiz uma apuração agora com uma fonte do Planalto" é de alto risco para o jornalismo. Nesse estilo, há até uma frase muito usada por comentaristas políticos e ainda mais pitoresca: "o Planalto interpreta"... Como assim? O Planalto fala?

Sabe-se que Bolsonaro não admite que o governo passe informações para certos veículos. Na famosa reunião do dia 22 de abril ele enquadrou ministros ao dizer que demitiria quem fosse elogiado pela Folha. Ataca a Globo e a Globo News também. Talvez por isso, o acesso à informação por parte dos profissionais dos veículos expurgados não deve estar fácil. Aparentemente, a CNN Brasil, por motivos já visíveis, tem maior mobilidade e acesso junto ao primeiro escalão do governo. E isso não é mérito. O uso de fontes não identificadas também não é. Se Watergate celebrizou uma fonte anônima, o Deep Troath, em um escândalo antológico, a Globo News, para citar quem usa o recurso com espantosa frequência, tem abusado da "garganta profunda" até em casos banais.

O fato é que Brasília está cheia de "gargantas profundas". Às vezes, a declaração colhida parece tão inofensiva, mais ilação do que informação, que o assinante não entende porque a fonte não se identificou. "Fiz uma apuração agora com uma alta autoridade e...". E aí vem uma impressão qualquer. Uma dessas "fontes" avaliou, por exemplo, que o tal vídeo da reunião ministerial era "devastador". A palavra "devastador" foi exaustivamente repetida naquela noite. O vídeo não tinha esse poder, como os fatos posteriores demonstraram. Nada foi "devastado", embora muitos brasileiros até preferissem esse apocalipse. A "ala militar", então, virou uma instituição. Pena que ninguém fale por ela ou fale qualquer coisa por ela. As "fontes" anônimas costumam destacar as aproximações de Bolsonaro com o STF e o Congresso como sinais de distensão na relação entre os poderes. Isso já foi avaliado repetidamente por vários comentaristas e um dia antes de Bolsonaro participava de manifestações que pediam o fechamento do STF. E aí?

O risco da banalização da "fonte próxima" é o jornalista se deixar usar e passar a mensagem que o governo quer para aquele momento. E aí o "fiz uma apuração agora" corre o risco de virar puro marketing bolsonarista e divulgar "bastidores" do interesse oficial.