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quarta-feira, 8 de julho de 2020

Andando em má companhia: jornalismo de mercado perde mais um "idolo"

por Flávio Sépia

Você certamente já viu o painel "Impostômetro" bancado pela elite empresarial paulista e muito badalado pelos oligarcas da mídia. Só seria verdadeiro se ao lado aparecessem os números do "Sonegômetro".

Nesse tipo de crime, o Brasil está entre os primeiros no mundo. E também é o que dá mais moleza. Tem empresário que sonegou, fez acordo, e hoje paga o imposto surrupiado em módicas prestações que vão se arrastar por até 50 anos ou mais. Já o assalariado não tem acesso ao maravilhoso mundo da sonegação: seu imposto é descontado na fonte.

Os jornalistas neoliberais, que exaltam o "mercado", têm uma especie de carência por certos empresários de "sucesso". De tempos em tempos elegem um "herói" corporativo e babam na gravata do sujeito.

Há dezenas de exemplos.

Para ficar em um dos mais recentes, Eike Batista foi um notório ídolo desse pessoal. O homem era capa de revista, era paparicado por colunistas, era o C.E.O pop dos jornais e revistas.

Marcelo Odebrecht foi outro. Era o "príncipe" baiano. Deu no que deu.

O empresário Ricardo Nunes virou notícia ontem. Foi preso acusado de sonegação e lavagem de dinheiro. Basta ir ao Google para ver como o sujeito foi idolatrado. Um "gênio" dos negócios. Lendo algumas dessas matérias antigas você sai com a impressão de que com uns 20 caras como o criador da Ricardo Eletro o Brasil poria a China e os Estados Unidos de joelhos.

Pois é.

Mas não se preocupe, a mídia não sentirá muita falta do seu "idolo" caído. Em breve, outros tycoons à brasileira surgirão e farão sucesso nas editorias de economia até que seus livros contábeis virem prontuários policiais.

Que tal, pra variar, eleger como heróis os empresários honestos?

Ele existem.