Quando a mídia conservadora noticiou o nome do novo ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, foram tantos os elogios que parecia que chegava ao posto um Aníbal Teixeira, um Jean Piaget, uma Maria Montessori. Alguém de tamanha grandiosidade na Educação que faria o Brasil esquecer Paulo Freire e Darcy Ribeiro.
Alguns dos 350 comentaristas da Globo News e CNN Brasil exaltaram a "capacidade técnica" do novo ministro e, principalmente, a "postura não ideológica". Teria bastado a qualquer um desses analistas acessar o twitter de Decotelli. É espantoso seu engajamento no "pensamento" olavo-bolsonarista.
Não demorou muito - agora que a web permite sondagens rápidas a arquivos os mais diversos - descobrir que o doutorado apregoado no currículo do ministro não existe: ele não o concluiu. Em outra láurea acadêmica surgiu uma evidência de plágio, a popular chupada de texto alheio através do igualmente popular ctrl-c/ctrl-v.
Além disso, há meses o jornalista Elio Gaspari aborda nas suas colunas uma estranha licitação para compra de laptops, feita pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, para distribuição em escolas. Embalada por uma alegre verba de R$ 3 bilhões, a compra permitiria que apenas uma escola em Minas Gerais recebesse mais de 30 mil laptops para seus 255 estudantes, enquanto outros 355 colégios receberiam mais de um computador por aluno. A Controladoria-Geral da União descobriu a esquisitice e o edital, publicado em agosto do ano passado, foi suspenso. Assim, o drible não se efetivou. O que Gaspari cobra até hoje é uma explicação: como o FNDE autorizou tal compra absurda? Quem foi o "joão-sem-braço" que tentou emplacá-la? Ninguém explicou. Nem Decotelli, então presidente do FNDE, nem o governo contaram para o distinto público o que aconteceu no lusco-fusco dos gabinetes.
ATUALIZAÇÃO em 29/06/2020 - Mais evidências de que o currículo do ministro bolsonarista é uma peça de ficção. Segundo O Globo, a Universidade de Wuppertal, onde Decotelli afirmou ter feito "pós-doutorado", informou que o sujeito não possui nenhum título daquela instituição da Alemanha.
Um comentário:
No brasil está faltando um Diógenes, o Cínico, com sua lanterna na procura de um profissional honesto, que venha a assumir qualquer posição na gerência deste país. Tá difícil do Diógenes encontrar esse homem ou sua lanterna está com a pilha muito fraca.
Postar um comentário