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terça-feira, 14 de julho de 2020

A última vez que vi Sirkis (1950-2020) • Por Roberto Muggiati

Alfredo Sirkis e Cohn-Bendit, no Rio



Cronologicamente, a última vez que vi Alfredo Sirkis foi no relançamento de Os Carbonários na Livraria da Travessa do Leblon, em agosto de 2014, com a presença de Daniel Cohn-Bendit, o lendário Danny-le-Rouge de maio de 68.

Mas eu vi melhor Sirkis e conversei mais com ele em novembro de 2013, quando deu uma palestra no Centro Cultural Baukurs, em Botafogo, e autografou seu livro. Falamos sobre nossos caminhos cruzados nos Anos de Chumbo. Sirkis fez 18 anos em 8 de dezembro de 1968, No dia seguinte, uma segunda-feira, lancei em São Paulo meu primeiro livro, Mao e a China. Na sexta-feira, 13 de dezembro, foi assinado o AI-5, que acabava com a liberdade política e a liberdade de expressão no país. Sirkis partiu para a luta armada com o codinome de Felipe na VPR (Vanguarda Popular Revolucionária), liderada pelo guerrilheiro Carlos Lamarca. Participou do sequestro dos embaixadores da Alemanha em 1970 e da Suíça em 1971. Com o esvaziamento da guerrilha, Sirkis exilou-se no Chile, com o aval de Lamarca, que seria fuzilado em setembro daquele ano no sertão baiano. Mao e a China foi o último livro que Lamarca leu, fato revelado pelos jornais na cobertura de sua morte, com base na sua correspondência com a companheira Iara Iavelberg, ela mesma morta num “suicídio” por enforcamento forjado num cárcere baiano.

Apesar da minha participação ideológica aberta contra a ditadura, nunca vieram bater à minha porta.
Longe de mim reclamar. Restou-me escrever um autoperfil, O homem invisível dos Anos de Chumbo. Ao mesmo tempo, tenho uma profunda admiração por aqueles que foram à luta, foi uma história triste mas também bonita, nada a resume melhor do que a epígrafe de Alex Polari para Os Carbonários:
“Nossa geração teve pouco tempo
começou pelo fim
mas foi bela a nossa procura
ah! moça, como foi bela a nossa procura
mesmo com tanta ilusão perdida
quebrada,
mesmo com tanto caco de sonho
onde até hoje
a gente se corta.”

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Uma noite no Leblon com Danny-le-Rouge



Líder de Maio de 68 participa com Alfredo Sirkis do relançamento de Os Carbonários

Na foto de Luisa Albuquerque/Divulgação:
No debate, Sirkis à esquerda e Cohn-Bendit à direita.

Alfredo Sirkis na sessão de autógrafos. Foto de Luisa Albuquerque/Divulgação
por Roberto Muggiati (Especial para a Gazeta do Povo)
     Ambos são filhos de 68. Daniel Marc Cohn-Bendit completou 23 anos em 4 de abril daquele ano. Um mês depois, tornava-se mundialmente conhecido como Danny-le-Rouge, o grande líder do movimento estudantil de maio em Paris. Alfredo Hélio Sirkis completou 18 anos cinco dias antes da decretação do AI-5, em 13 de dezembro de 1968. Como a maioria dos militantes estudantis, caiu na clandestinidade durante os Anos de Chumbo.
     Passados 48 anos, Cohn-Bendit e Sirkis conversam sobre aqueles tempos no auditório lotado da Livraria da Travessa, no Shopping Leblon, antes dos autógrafos de relançamento de Os Carbonários em edição de bolso. Sirkis escreveu o livro em Paris e em Portugal no final de seus nove anos de exílio, em 1979. Suas memórias cobrem um período crucial da resistência armada à ditadura militar: os 43 meses entre outubro de 1967 e maio de 1971 e mostram a transformação de um jovem secundarista em guerrilheiro urbano (na capa do livro, Sirkis, aos 19 anos, empunha um revólver na prática de tiro ao alvo). Prêmio Jabuti de biografia em 1981, o livro tem uma prosa leve e ágil apesar do peso do tema, uma história de terror, com clandestinidade, perseguições, prisões e torturas. O título do momento em que Sirkis, prestes a partir para o exílio, vê no Metro Copacabana o filme italiano, L’ano del Signore, com o título português de Os Carbonários, por tratar daquelas sociedades secretas libertárias do século 19 que combatiam a tirania e o imperialismo. “As aventuras desses conspiradores e guerrilheiros derrotados no século passado evocaram ao autor umas tantas analogias com contextos distantes e muito posteriores,” escreve Sirkis em 1980.
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