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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Há 50 anos • BEATLES: Caetano traduz o “álbum branco” para a Veja • Por Roberto Muggiati

Veja/Reprodução/Clique 2x para ampliar

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Veja, 1968
por Roberto Muggiati

Na saída do filme Zuza Homem do Jazz, no Festival de Cinema do Rio, meu amigo Tárik de Souza, que trabalhava comigo na Veja em São Paulo há 50 anos, me faz uma reclamação – justíssima – com todo o peso de meio século.

Realmente, na matéria que publiquei no Panis sobre o turbulento primeiro ano da revista semanal de informação da Abril, esqueci de registrar outro feito da nossa editoria de Artes e Espetáculos. Em 22 de novembro de 1968 – uma sexta-feira – saía na Inglaterra o lendário “álbum branco” dos Beatles.

Seguindo as instruções de uma operação planejada com o rigor do lançamento de um foguete da NASA, nosso correspondente em Londres correu a uma grande loja de discos e comprou o vinil duplo, despachando-o imediatamente pelo malote da Varig para São Paulo. Na segunda-feira, 25/11, eu recebia o precioso álbum na redação e naquela noite mesmo, Tárik de Souza, repórter de música, ia buscá-lo em minha casa no Pacaembu e o levava esbaforidamente no seu Jeep para o apartamento de Caetano Veloso, na Avenida São Luís.

O tropicalista traduziu seis letras das trinta totais do revolucionário disco, que trazia as posturas politicamente ambíguas de John Lennon em Revolution 1 e Revolution 9.  Elas saíram publicadas na edição de 11 de dezembro de 1968 (prestem atenção: dois dias antes da sexta-feira 13 que nos brindou com o AI-5...).

A capa daquela edição era um besteirol pop sobre Pelé enquanto a Copa do México não vinha.

Curiosamente: a Realidade, mensal da Abril, foi na cola de nossa ideia e encomendou a tradução de letras do “álbum branco” a Carlos Drummond de Andrade. Se não me engano houve duas coincidências: Caetano e Drummond traduziram o curto e grosso Why Don’t We Do It In The Road?/Por que a gente não faz na estrada mesmo? e Blackbird/Pássaro preto. Pena que eu não tenho à mão as traduções do Drummond, mas posso garantir que foi um duelo mortal entre nossos dois grandes poetas, o mineiro e o baiano. Ah, sim, um detalhe típico daqueles Anos de Chumbo que começavam. Não conseguimos pagar o cachê combinado com Caetano porque ele estava preso incomunicável em local ignorado. Acho que o dinheiro depois foi repassado ao seu empresário Guilherme Araújo, quando Caetano e Gil iniciavam seu exílio londrino.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Realidade: depois da Manchete, mais uma revista vira livro

A capa do livro de José Hamilton Ribeiro e José Carlos Marao.
A edição número 2: Roberto Carlos, que diria, foi símbolo de rebeldia.

A revista Realidade número 1: Pelé, como um guarda da Sua Majestade. A matéria de capa daquela edição lançada três meses antes da Copa de 1966, na Inglaterra, trazia a chamada "Foi assim que ganhamos o Tri". Era uma reportagem sobre a preparação da seleção com um exercício de imaginação. Pelé se contundiu e o craque Eusébio atropelou o prognóstico.
por José Esmeraldo Gonçalves
Os jornalistas José Hamilton Ribeiro e José Carlos Marao lançam hoje em São Paulo, no Bar Posto 6, em Vila Madalena (o bairro mais "carioca" da cidade) o livro "Realidade Re-vista" (Realejo Editora), que revela em mais de 400 páginas os bastidores da redação e reproduz algumas matérias da célebre publicação da Editora Abril. A Realidade foi lançada em 1966 e circulou até 1976. Nas suas páginas, oferecia fotos de qualidade e textos autorais. O livro de José Hamilton e Marao vem se juntar a obras lançadas nos últimos dois anos, como "Jornal do Brasil, pautas e fontes", "A Rotativa Parou" (sobre o jornal "Última Hora") e "Aconteceu na Manchete, as histórias que ninguém contou", obras que reconstituem as trajetórias de publicações que marcaram a evolução do jornalismo brasileiro.