domingo, 4 de outubro de 2020

Bar Planalto: quando Dida subia a rampa...

 


por José Esmeraldo Gonçalves

A Folha publica, hoje, uma matéria com o alagoano Lauderney Perdigão, amigo de Dida, o meia que fez história e glória no Flamengo. Os dois chegaram a jogar juntos nos aspirantes do CSA. Dida veio para o Rio, Perdigão seguiu outro rumo na vida, como bancário e jornalista. De longe, via a carreira vitoriosa do amigo, de quem recebia revistas e recortes de jornais. Tornou-se pesquisador e reuniu um grande acervo de publicações, camisas e fotos de jogadores alagoanos, como Dida e Zagallo, além de registros de outros craques. 


Nilton Santos e Dida: do clássico do Maracanã para as páginas da Manchete Esportiva

Guardou, por exemplo, a camisa que Pelé usou na inauguração do estádio Rei Pelé, de Maceió. Desde 1993, o estádio abriga o Museu Edvaldo Alves de Santa Rosa, o Dida. Entre os itens preservados estão coleções de revistas, incluindo a Manchete Esportiva. 

Lá pelo final dos anos 1980, começo dos 90, o Bar Planalto, no Flamengo, era point etílico de alguns jornalistas e fotógrafos da Manchete depois dos fechamentos. "Vamos subir a rampa"? Era a pergunta que nem precisava de resposta. Tínhamos mesa praticamente cativa no Planalto, ao lado do calçadão, e até garçons preferenciais: o Mesquita e o Campista. 

Um dia, passa um cara parecido com o Dida. Era o Dida. Parou para conversar com os locais do bairro, na mesa vizinha. Depois disso, o vimos várias vezes. Na época, o ex-jogador trabalhava nas divisões de base do Flamengo, mas desde que pendurou as chuteiras levava vida discreta. Sumiu da mídia esportiva. Quando procurado para entrevistas alegava não ter o que dizer. Aparentemente, circulava pelo bairro sem chamar atenção, a não ser, talvez, dos torcedores mais velhos que ali reconheciam o grande ídolo do Fla, tricampeão carioca em 1955, segundo maior artilheiro da história do clube depois de Zico e campeão em mundo de 1958. Foi titular contra a Áustria e substituído por Vavá no decorrer da segunda partida da seleção, contra a Inglaterra. No terceiro jogo, com a URSS, Pelé entrou no time, Vavá permaneceu (fez dois gols) e Dida não teve mais chances). Alguns anos depois deixou o Flamengo, foi jogar na Portuguesa, em São Paulo, e encerrou a carreira em 1968, na Colômbia. Vejo no Google que morreu em 2002. 

No seu caminho, Dida passava por uma banca de jornal bem diante do Planalto. No bar lotado, poucos sabiam que algumas décadas antes aquele senhor estampava capas de revistas e primeiras páginas de jornais que contavam seus gols nos clássicos de domingo no velho Maracanã. 

A reportagem de Josué Freitas, da Folha. mostra que o craque do Flamengo pode até ter feito tudo para ser esquecido. Mas não conseguiu.  É nome e tema de Museu.     

Um comentário:

J.A.Barros disse...

Dida tem uma história no Flamengo quando Fleitas Solich era o seu técnico. Há alguns anos passados, num jogo contra o Vasco, o Flamengo não vinha bem dominado pelo time vascaíno. No segundo tempo, o técnico paraguaio, Fleitas Soliche, fez duas substituições no time do Flamengo que com elas virou o jogo. Tirou dois jogadores e nos seus lugares entraram Dida e Babá, que arrasaram o time do Vasco e o Flamengo venceu o jogo. O lance foi inusitado e corajoso, porque, na época era uma temeridade tirar dois jogadores e substituir por dois reservas desconhecidos dos torcedores do time do Flamengo e da Imprense especializada . E Dida e Babá se tornaram titulares do time e Dida pela sua categoria chegou até a ser convocado pela Seleção Brasileira de futebol para a Copa de 1958, apesar de ser substituído no segundo ou terceiro jogo por Vavá, se tornou campeão da Copa de 58 na Suécia