A maioria dos países da Américas do Sul e Central é politicamente coreografada por Washington. É como se fosse uma trágica chorus line comandada pelo Departamento de Estado. Da Segunda Guerra Mundial para cá, principalmente, a intervenção vem em ondas semelhantes que se espalham pelo continentes.
Vejamos: tivemos a onda dos golpes militares com a instalação de ditaduras sangrentas. Nicarágua, Brasil, República Dominicana, Argentina, Uruguai, Bolívia, Paraguai, Peru, Chile... o mesmo modelo autoritário - com militares e torturadores treinados pelos americanos - foi imposto a esses países e, série.
Quando se tornou impossível manter a liga de ditadores, até por causa da reação da opinião pública nos Estados Unidos, vieram as instruções políticas. Uma delas, a implantação do segundo turno nas eleições presidenciais, como uma forma de impedir ou retardar ao máximo a vitória de candidatos da esquerda e facilitar coligações da direita. Com o tempo, esse modelo intervencionista se esgotou. Candidatos fora do figurino conservador conseguiram a difícil maioria. A onda seguinte foi o golpe "institucional" mascarado por decisões do Legislativo e Judiciário de vários países. Em vez de levar militares para treinamento, como nas décadas de 1970 e 1980, os Estados Unidos conduziram levas de juízes e procuradores para fazer estágios e receber instruções de autoridades americanas. A estratégia para mobilizar a opinião pública? O alegado combate à corrupção, com foco dirigido e poupando as forças políticas corruptas aliada que aliás, permaneceram roubando nos pós-golpes nesses países (os desvos de milhões em verbas para combater a Covid-19 são exemplares nesse sentido). A nova temporada de golpes sob aparência legal atingiu Honduras, Equador, Paraguai e novamente o Brasil, com forte apoio das mídias conservadoras desses países. A esse estilo de golpismo do novo milênio acrescente-se agora o sistema de manipulação das redes sociais, de mentiras, de "narrativas, de impulsionamento massivo de fake news inaugurado pela eleição de Donald Trump e ascensão da direita radical e neofascista. Tal modelo foi adotado no Brasil por Bolsonaro e suas milícias para a ascensão do neofascismo. A balança da história parece pesar para o início de uma recuperação dos valores democráticos no continente simbolizado pelas eleições na Argentina, na Bolívia e pelo plebiscito que enterra a constituição herdada da ditadura assassina e corrupta de Pinochet.
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