domingo, 11 de outubro de 2020

Leila Cravo (1953-2020): o mistério que se foi...



Em 12 de novembro de 1975, há quase 45 anos, a atriz, modelo e apresentadora Leila Cravo foi ao Motel Vip's, no Rio, um programa comum a muitos cariocas. Naquela madrugada, ela foi encontrada nua, gravemente ferida, largada no asfalto da Avenida Niemeyer. Em apuração apressada, jornais e revistas embarcaram nas primeiras versões levantadas pela polícia: aos 24 anos, ela havia tentado o suicídio, depois de um fim de namoro, ou, simplesmente, caíra da sacada de uma das suítes. Quase uma no depois, a investigação não chegou a conclusiva provada. O namorado que acompanhou Leila ao Vip's, um empresário, afirmou que pagou a conta, saiu e a deixou no motel. O casal havia terminado o namoro. Funcionários confirmaram que o namorada de fato tinha se retirado mais cedo.  


Com base no relato de uma pessoa que teria testemunhado Leila Cravo se jogar do Vip's Motel, Manchete chegou a endossar a tese da suposta tentativa de suicídio demonstrada em gráfico, mas ao final do inquérito, nem a polícia não conseguiu evidências dessa versão.

Pouco depois da publicação das primeiras reportagens sobre o caso, alguns indícios começaram a escapar. A ditadura militar que encobria o Brasil não era um bloco coeso, como se sabe. Havia dissidências e um desses grupos, provavelmente para expor um antagonista, teria feito chegar a alguns jornalistas a suspeita de que duas figuras do alto escalão do governo teriam estuprado e espancado a atriz e em seguida refeito a cena do crime para fundamentar versões que não os incriminasse. 

Leila, que na época figurava nas capas das revistas Amiga, Fatos & Fotos, Manchete, O Cruzeiro e Status, dizia que não lembrava do que aconteceu, jamais sustentou qualquer versão, e o caso tornou-se um mistério que aos poucos foi esquecido. 

Leila Cravo, que morava na Urca, morreu de infecção generalizada no dia 5 de agosto, aos 66 anos, no Miguel Couto, o mesmo hospital para onde foi levada naquela madrugada de 1975, e onde a mídia fez plantão dias seguidos. Dessa vez, Leila não foi notícia imediata: sua morte só chegou à imprensa em  2 de outubro, quase dois meses depois.

A única matéria mais completa sobre a morte de Leila foi publicada no UOL pelo jornalista Paulo Sampaio, neste 9 de outubro. O mesmo profissional havia entrevistado a atriz para a revisa JP, em 2015. Dessa vez, ele conversou com Thatiana Cravo, 42, filha de Leila, que traçou um amplo retrato da vida e dos desencontros da mãe e apontou a versão que correu na época sobre os "altos funcionários" envolvidos no caso.

Aparentemente, Leila Cravo levou seu maior mistério.

LEIA A MATÉRIA DE PAULO SAMPAIO AQUI

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