terça-feira, 20 de outubro de 2020

Fotomemória da redação: Manchete engraxando coturnos...


A foto acima foi publicada na Manchete com data de capa de 25 de outubro de 1980. Na década de 1970 a revista passava vexames jornalísticos para não dizer outro nome, como esse, ao cobrir um encontro de ditadores sem um linha crítica sequer. 

Quarenta anos depois, Manchete virou memória, o general Figueiredo cavalgou para o inferno, Pinochet virou fast food para vermes, mas o que essa foto simbolizou está de volta ao Brasil: autoritarismo, democracia ameaçada, Justiça cooptada, militares em postos importantes, amigos do governo nadando em corrupção e cueca abonada pontificando no noticiário. Antes de ser o ditador de plantão, Figueiredo foi chefe do SNI, a Gestapo do regime. Na época, seu trabalho era dividir o país entre "bons" e "maus" brasileiros. Não por acaso, nesses dias, outro general de plantão no Planalto fez o mesmo: admitiu oficialmente que espiona compatriotas para caçar "maus brasileiros". 

A matéria da Manchete exagera na cara de pau e destaca "os aplausos do povo chileno a Figueiredo". Difícil acreditar, a não ser que "povo" seja lido como claque de apoiadores das ditaduras. Lá e cá. 

Um comentário:

Corrêa disse...

Nos anos 70 a grande mídia apoiava a ditadura. E sem surpresas já que apoiaram o golpe de 1964. Lembro que a Manchete fazia matérias sobre Transamazonica, Itaipu, em o Brasil Grande. Os jornais tiveram problemas com censura geralmente por noticias fatos que o regime considerava incomôdos, mas não por se opor à ditadura que tinham o apoia das instituições como Congresso, STF, grande parte das igrejas, as confederações e federações de empresários.