Gil Pinheiro e Ney Bianchi. Berlim, 1989. Reprodução |
Na noite de 9 de novembro de 1989, o Muro de Berlim começou a cair. Manchete logo enviou a dupla Ney Bianchi e Gil Pinheiro para testemunhar a queda da barreira que separava as Alemanhas Ocidental e Oriental.
Junto aos escombros, os repórteres registraram o day after, a euforia dos berlineses e a semente da reunificação que começava a germinar e que, finalmente, aconteceu
em 1990.
O texto brilhante de Ney Bianchi tangenciava a política e retratava a nova rotina e a redescoberta da cidade.
De volta ao Brasil, Ney e Gil colocaram na mesa de edição da Manchete, texto, fotos e alguns souvenirs especialíssimos: pedaços do concreto do muro que os soviéticos construíram em 1961. Os pedregulhos foram atração na redação. Todos tocaram as pedras e sopesaram a história.
Ney contou que ao longo do muro, a cada 100 metros, havia camelôs vendendo o próprio. "Pedras de todos os tamanhos arrancadas a golpes de picaretas nas fronteiras da Porta de Brandenburgo, do Checkpoint Charlie, da Invalidestrasse, da Postdamer Platz - onde quer que os guardas fingissem não ver os garimpeiros da muralha - eram negociadas", escreveu. Não havia preço de mercado. O cálculo era de acordo com a cara do freguês. Para americanos era mais caro: 45 dólares o quilo. Esse era o pedaço maior, o calhau. A lasca era vendida a 20 e a pedrinha a 2 dólares.
E, naquela noite, a saideira no bar do Novo Mundo foi com as pedras do Muro de Berlim pousadas na mesa.
Brindamos à história on the rocks.
Um comentário:
Tempo de grandes matérias e grandes fotos
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