por Niko Bolontrin
A Fifa bateu o martelo e a Copa de 2026 será disputada nos Estados Unidos, México e Canadá, inflada para 48 seleções. Com tantos times, muitos dos 80 jogos serão duros de ver. Várias seleções de perebas estarão em campo, pode crer.
Na verdade, mexicanos e canadenses receberão subsedes: 59 partidas e a final serão disputadas nos Estados Unidos; os vizinhos serão anfitriões de 10 jogos cada um.
Por trás dessa decisão tem uma briga de cachorro grande. Incomodada com o crescimento e a popularidade global da Liga dos Campeões da Europa e da Copa da UEFA, que reúnem os melhores times e as melhores seleções do mundo, a Fifa cava trincheiras e busca aliados. Para isso, faz três jogadas: cede a Copa aos Estados Unidos - que ampliou seu poder de pressão junto à entidade ao subitamente despertar para polêmicas investigações de corrupção no futebol -, inclui mais países no seu maior torneio e tenta criar um Mundial de Clubes com 24 participantes - 12 da Europa e 12 do resto do mundo - também sob seu escudo.
A Europa já anuncia que vai torpedear esse novo campeonato de clubes que, obviamente, concorreria com suas próprias e milionárias atrações.
A Fifa aguarda mais pressões dos americanos. Se vai ceder de novo o mundo só saberá em breve. Se a Copa de 2018 já incomoda Washington por ser na Rússia, a do Catar, em 2022, é quase insuportável. Com Donald Trump, as pedras se moveram no xadrez da região, o Catar foi isolado e passou a sofrer sanções por parte da Arábia Saudita, Emirados Árabes, Bahrein. Egito, Iemen e Líbia, aliados dos EUA. Países do Golfo Pérsico pedem à Fifa que tire a Copa do Catar. No meio do fogo cruzado, o presidente Gianni Infantino não parece disposto a resistir. Já foi decidido que a Copa de 2026 terá 48 participantes em vez de 32. Se a Fifa fizer o mesmo com a Copa de 2022, o minúsculo Catar terá problemas para receber tantos jogos. O país está construindo oito estádios, teria que fazer mais quatro ou mais seis. Já há na mesa a ideia de forçar Doha a dividir a Copa com o Bahrein, Dubai e Abu Dhabi, mas os governantes do Catar nem se dispõem a conversar com a Fifa sobre esse rateio tão inesperado quanto o prejuízo e a quebra de contrato que acarretará.
Ao dar a Copa aos Estados Unidos, Gianni Infantino ganha dois bônus: o FBI sai do pé da entidade e, segundo promessa dos organizadores, a Fifa vai faturar cerca de 14 bilhões de dólares, quase o triplo do que ganhou no Brasil e ganhará na Rússia.
A dúvida é saber se essa jogada vai garantir o futuro da entidade.
Talvez não.
A Copa de 2030 poderá ser na Argentina, Uruguai e Paraguai, como quer a Conmebol. Não se sabe ainda se países europeus concorrerão pra valer. Foi significativo o desinteresse deles em brigar para sediar a Copa de 2026. Aparentemente, a Europa não demonstra mais o mesmo empenho de antes. Tem, como disse acima, dois dos três torneios mais importantes do mundo, os melhores times e os melhores jogadores.
E estão empurrando a Fifa para a periferia do futebol.
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5 comentários:
Minha impressão é que a Copa tá decadente e ficar fora da Europa até 2034 só vai piorar. México ainda tem futebol profissional, Estados Unidos são um piada e Cabada é bom no Jockey. Mas para a FIFA o que vale é dinheiro e não bom futebol.
Americanos ainda vão forçar a barra para não ter Irã, Rússia, Venezuela, Catar, Síria e outros inimigos que podem arrumar até lá. E os torcedores do México vão poder entrar ou o muro que Trump constroi vai impedir?
É a Copa que o FBI ganhou prós Estados Unidos. Quem tem cu tem medo
Americanos organizaram uma otima copa com brasil campeão em 94. Vão fazer outra excelente.
A FIFA quer dinheiro. E os americanos vão pagar mais.
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