quinta-feira, 22 de setembro de 2016

"David Zingg no Notícias Populares": MIS de São Paulo expõe imagens do fotógrafo americano que adotou o Brasil e, nos anos 60, trabalhou na revista Manchete

Caetano Veloso segura foto de João Gilberto, em 1986.
Foto de David Zingg/Divulgação MIS
por Ed Sá 
Será aberta dia 27 de setembro no MIS (Museu da Imagem e do Som, Av. Europa, 158, São Paulo) uma exposição de fotos de David Drew Zingg.

O tema são as imagens que Zingg fez no período em que trabalhou no Noticias Populares, da capital paulista.

Em 1986, ele se ofereceu para fazer um "estágio" no jornal. O rico universo da publicação de foco popular muito interessou ao fotógrafo.

Periferia, mulheres e personagens populares da cidade compuseram as cenas urbanas que atravessaram as lentes de Zingg na fase NP. Ao "sensacionalismo", marca da publicação, ele impôs uma nuance intimista e reveladora de tipos e figuras da periferia da metrópole.

Mas sua obra, claro, vai muito além e já foi objeto de exposições de espectro angularmente maior, reunindo fotos representativas de toda a obra

Zingg documentou, por exemplo, o Brasil dos anos 1960, de Brasília à Bossa Nova, fez capas de disco memoráveis, registrou o universo rural brasileiro, capturou belas mulheres, esportistas, monumentos arquitetônicos e líderes mundiais.

Em 1959, veio ao Brasil, enviado pela Life. Também trabalhou em outra ilustrada, a Look. O que era para ser uma pauta - a regata oceânica Buenos Aires-Rio - transformou-se em uma vida. Zingg descobriu o Brasil - morou aqui por mais de 40 anos -, onde realizou muitas reportagens, incluindo a construção de Brasília, tema que fascinou os editores da Life, ensaios, retratos, cartazes e campanhas publicitárias.

Ao se fixar no Rio procurou, por óbvia afinidade com veículos de fotojornalismo, a revista Manchete, onde atuou por cerca de três anos nos anos 1960.

João Gilberto, Vinicius de Moraes, JK, Leila Diniz, o carnaval, a festa móvel da Ipanema de então foram espelhados pelas suas lentes.
Leila Diniz em capa da Realidade
fotografada
por David Zingg. Reprodução

Pouco depois, na reta final da década, engajou-se no projeto da revista Realidade, em São Paulo. Na Abril ainda trabalhou para a Playboy, Cláudia e Veja.

Zingg costumava dizer que só o tempo confere a uma foto o valor que ela realmente tem.

O fotógrafo, que morreu em 2000 aos 77 anos, viveu para ver sua obra - hoje no acervo do Instituto Moreira Salles
-, reconhecida e admirada.

A mostra "David Zingg no Notícias Populares" ficará em cartaz no MIS de SP até o dia 4 de novembro.

Um comentário:

Rogério disse...

O Brasil devia fazer um museu da fotografia ondes todos esses trabalhos pudessem ser vistos sempre e não apenas de vez em quando.